Donald Trump piscou, traiu seus radicais, em um ensaio do que será Bolsonaro amanhã, por Luis Nassif

A lógica de Trump era radicalizar ainda mais, na saída, para manter o controle do Partido Republicano. Parte relevante dos eleitores republicanos acreditava nas teorias conspiratórias dele

No mercado, menciona-se o termo “piscar” quando o jogador vacila em momentos decisivos das apostas. Desde o final do ano, Donald Trump estimulou diretamente as manifestações no Capitólio no dia 6 de janeiro, data da confirmação da vitória de Joe Biden. No dia da invasão, apareceu no Twitter com o estilo atrevido de sempre. Depois da invasão e dos anúncios de mortes, não se pronunciou condenando a invasão. Mais: sabendo da organização da movimentação, não providenciou a Força Nacional para defender o Capitólio.

Sua manifestação condenando às manifestações soaram patéticas, mostram que ele piscou e representam enorme tiro no pé.

A lógica de Trump era radicalizar ainda mais, na saída, para manter o controle do Partido Republicano. As pesquisas de opinião confirmavam que parte relevante dos eleitores republicanos acreditava nas teorias conspiratórias divulgadas por ele.

Aí, ele deu um passo maior que a perna ao estimular a invasão do Capitólio. As violências perpetradas pelos invasores chocaram grande parte da Nação, provocaram críticas generalizadas, inclusive de políticos republicanos e – pior – resultaram em mortes. Esse conjunto de desdobramentos tornaram Trump não apenas passível de impeachment, como de um processo criminal inevitável. E, aí, o estrategista de um lance só – a radicalização em qualquer hipótese – vacilou.

Como será lida, por seus seguidores, sua desculpa tatibitate, engrossando o coro contra os invasores?

1. Fraqueza.

O super-homem caiu na real e, em vez dos latidos habituais, miou, submeteu-se ao império das leis, ele que usava o marketing do anti-sistema para crescer.

2. Traição.

Vai ficar claro como a luz do dia que os radicais de Trump nunca passaram de massa de manobra dele. Depois de estimulados por Trump a invadir o Capitólio, foram deixados à sua própria sorte.

Piorou em tudo sua posição. Poderá até se livrar do impeachment, devido ao pouco tempo que resta para sua saída da presidência. Mas não se livrará dos processos penais, responsabilizado pelas mortes ocorridas e pelas ameaças à democracia americana. Que irão se somar aos inúmeros processos já em andamento, sobre seus abusos nos negócios e no exercício da Presidência.

Mais, expõe ao mundo a falsa coragem dos radicais, como ele e o próprio Bolsonaro, perante seus próprios seguidores.

Não se tenha dúvidas de que Bolsonaro será o Trump amanhã.

Luis Nassif

8 Comentários

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  1. Não há quadros no Bolsonarismo.

    Tentar ele vai tentar sempre, como já o fez em maio de 2020, nos atos contra o STF.

    Para chegar em 2022 com apoio de pelo menos 48% do eleitorado, seria necessário um retomada vigorosa da economia até às eleições de 2022, perder por muito pouco.

    O liberalismo econômico não tem as respostas necessárias, muito pelo contrário.

    Serão necessárias medidas keynesianas, e dos mais próximos ao Bolsonarismo, apenas Delfim Netto seria capaz de levar adiante, mas com 92 anos dificilmente conseguiria suportar a maratona de reuniões necessárias para a gestão, mesmo considerando a eficácia das atuais vacinas disponíveis, sem elas seria impossível.

    O principal problema é que Delfim Netto não deixou herdeiros na direita, todos abraçaram o liberalismo econômico.

    E com esses que estão aí, estamos caminhando a passos largo para depressão econômica, mesmo considerando um rápida recuperação econômica da economia americana sob o comando de Janet Yellen(https://en.m.wikipedia.org/wiki/Janet_Yellen)—(https://www.federalreservehistory.org/people/janet-l-yellen).

    E o Bce sob o comando de Christine Lagarde(https://www.ecb.europa.eu/ecb/orga/decisions/html/cvlagarde.pt.html)

    E a provável vigorasa recuperação da economia chinesa.

    A menos que o PT volte,
    Vamos perder mais um bonde

  2. Aqui o problema é que os militares – e militares geralmente tem um só neurônio, e, ainda por cima é defeituoso – estarão a postos para defender este vírus mortal que nos governa.
    Tem o mesmo RNA.
    E os daqui não hesitarão em atirar contra o povo.

  3. O problema insolúvel para se defenestrar Bolsonaro, pelo menos para os conspiradores do golpe de 2016 tanto os daqui como os do Grande Irmão do Norte, é como fazer isso sem abrir espaço para um retorno da esquerda, é esse dilema que mantem o bode na sala, nesse aspecto Bolsonaro tem sucesso onde Jânio Quadros fracassou, esse tentou emparedar a direita com a ameaça de um governo comunista com a posse do seu vice João Goulart mas para o seu azar a direita pagou para ver, no caso do Bozo a direita contemporânea não se atreve a bancar a aposta, o resultado é esse impasse continuo que pouco a pouco vai corroendo o país e destruindo qualquer possibilidade de reconstrução da nação.

  4. Acho que Trump esperava uma multidão maior, que tomaria por um dia ou mais o Capitólio, o que inviabilizaria uma evacuação imediata como ocorreu. Então ele tentaria impor aos republicanos aquela narrativa da fraude. Aliás, ouvi na CNN que ele teria ligado a alguns congressistas em plena invasão dos bárbaros para propor isso. Quanto desespero, hein?! E burrice monumental.

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