Entrevista: Oposição erra ao ficar anunciando golpe de Bolsonaro, diz Aldo Fornazieri

Johnny Negreiros
Estudante de Jornalismo na ESPM. Estagiário desde abril de 2022.
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"O que tem que ser dito é que um golpe vai ser barrado, não triunfar. Um golpe implica em Bolsonaro na prisão". Assista

Aldo Fornazieri, cientista político e professor da FESPSP. Foto: Reprodução/Twitter

Em entrevista ao programa TVGGN 20 Horas [assista abaixo], o cientista político Aldo Fornazieri descartou a possibilidade de um golpe de Estado em favor de Jair Bolsonaro. Para ele, os militares não embarcariam em uma ruptura institucional.

“Ele (Bolsonaro) vai tentar algum tipo de golpe, se perder as eleições. Quanto a isso, não tenho dúvida, Trump também tentou, mas não teve êxito. Um golpe sem a participação das Forças Armadas não têm êxito”, explicou o cientista político.

Fornazieri se referiu à invasão ao Capitólio, nos Estados Unidos. No dia 6 de janeiro de 2021, apoiadores de Donald Trump invadiram a sede do congresso americano, tentando impedir a posse do então eleito presidente Joe Biden. Extremistas alegavam que a vitória do democrata perante o republicano havia sido fraudada.

LEIA: Detalhes de como Trump se envolveu na invasão ao Capitólio começam a ser revelados em horário nobre da TV americana

Ministro é político

Segundo o entrevistado, a imprensa erra ao tratar o Ministro da Defesa, Paulo Sérgio de Oliveira, como representante do Exército.

“Tem que distinguir generais que estão no governo das Forças Armadas enquanto instituição. Tem que distinguir o Ministério da Defesa em relação às Forças Armadas enquanto instituição. O Ministro da Defesa não representa as Forças Armadas, ele é um Ministro do governo. Muitas vezes eu vejo a grande imprensa se referindo às Forças Armadas quando o Ministro da Defesa fala. Mas ele fala como um membro do governo, ele é um cargo de confiança política.”

Aldo Fornazieri criticou Paulo Sérgio, que, segundo o especialista, “foi cooptado pelo bolsonarismo”. O Ministro tem estado ao lado de Bolsonaro, em seus discursos golpistas e ataques às urnas eletrônicas.

Oposição erra ao falar em ruptura

Na visão de Fornazieri, o campo progressista “erra” ao “ficar anunciando que vai ter golpe”. Para ele, é preciso que o discurso da oposição defenda a punição jurídica dos agentes públicos que defendem ou tentam uma ruptura institucional.

“O que tem que ser dito é que um golpe vai ser barrado, não vai triunfar. Um golpe implica que o Bolsonaro vai terminar na prisão, como a ex-presidente golpista da Bolívia. Tem que ser exatamente esse o discurso da oposição”, finalizou.

Assista

Confira à íntegra da entrevista de Aldo Fornazieri, no TVGGN 20H.

Johnny Negreiros

Estudante de Jornalismo na ESPM. Estagiário desde abril de 2022.

2 Comentários

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  1. De fato, até ontem eu acreditava que eles até poderiam dar um golpe, mas não teriam condições objetivas para se manter no poder pela falta de apoio popular, apoio político, apoio internacional, apoio da imprensa, apoio empresarial…

    A informação veiculada ontem de que possivelmente Bolsonaro já teria convencido Biden de que a vitória de Lula seria mais danosa aos interesses dos EUA, me fez rever um pouco essa avaliação e acendeu em mim um sinal amarelo. Biden se encontra em um momento de fragilidade muito grande. A aprovação interna ao seu mandato é perigosamente baixa e com as pesquisas de opinião indicando que os Democratas possivelmente levarão uma lavada nas eleições de novembro, perdendo Câmara e Senado para os Republicanos, me fez crer que Bolsonaro talvez possa conseguir a sustentação internacional indispensável para se manter no poder após o golpe. Isso mudaria o jogo consideravelmente.

    O apoio de Biden não precisaria ser explícito: um acidente, atribuído a causas “naturais”, ceifando a vida do candidato no topo das pesquisas seria suficiente para tranquilizar os norte-americanos em relação aos seus interesses supostamente ameaçados pela ascensão de Lula.

    Neste ponto, democratas e republicanos são muito parecidos.

    Obtido o apoio norte-americano, isso explicaria a desenvoltura e a falta de cautela com que Bolsonaro não mais se vexa ao claramente ameaçar o país de ruptura institucional. Como efeito colateral, o apoio a um golpe por parte dos EUA poderia ser, tal como em 1964, suficiente para fazer setores das FFAA embarcarem na aventura do golpe. Sem o apoio norte-americano, o risco de uma aventura desse tipo seria muito grande e o julgamento e a prisão de todos os envolvidos seria inevitável. Risco este que, mesmo para militares porras-loucas, só seria encarado se tivessem o respaldo de Biden.

    É preciso, portanto, que as forças democráticas de um lado sinalizem ao governo norte-americano para que não se prestem a esse tipo de manobra e que por outro lado lembrem aos incautos locais que, desta vez, a consequência de qualquer eventual participação em ato golpista será a cadeia. Desta vez, sem a tal da anistia recíproca, será cana firme. Aliás sugiro que essa seja a palavra de ordem a ser brandida em alta voz até 01 de janeiro de 2023.

  2. Quando eu era criança lá em MORORÓ MIRIM,,,, terra do PLÍNIO SALGADO, do MIGUEL REALE…. e da grande escritora EUGENIA SERENO ….o povo falava em DITADURA DO PROLETARIADO… agora Ditadura do DICK LIMP… é a primeira vez.

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