Fim de provas da Castelo de Areia pode brecar Lava Jato sobre o PSDB

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Paulo Preto, José Serra, Geraldo Alckmin e Adir Assad – Montagem: Viomundo
 
Jornal GGN – Antes de ser anulada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 2010, a Operação Castelo de Areia expôs as atuações da Camargo Corrêa em esquemas de corrupção e já tinha colocado na mira de inquéritos e diligências nomes como o do conselheiro afastado do Tribunal de Contas de São Paulo, Robson Marinho, e do ex-diretor da Dersa Paulo Preto, acusado de desviar dinheiro para campanhas de José Serra, em 2010.
 
Os indícios levantados pelas buscas e apreensões e avanços da Operação foram tantos que as análises atuais dão conta de que, se não fossem brecadas por supostas irregularidades nas interceptações telefônicas, os rumos da investigação seriam similares à Lava Jato, mas atingindo mais partidos e personagens políticos.
 
Entretanto, se a Lava Jato já foi considerada questionável pela parcialidade das investigações em alguns partidos, foi findada a opção que poderia ampliar as apurações, como a retomada de parte dos andamentos da investigação da Castelo de Areia, para somar às novas acusações. Uma nova decisão da Justiça Federal determinou a destruição das provas obtidas na Castelo de Areia, de 2009 a 2011.
 
Documentos, planilhas, trocas de mensagens eletrônicas, relatórios, entre outros indícios apreendidos em residências e escritórios de ex-executivos da Camargo Corrêa, além obviamente dos grampos já considerados ilegais, devem ser anulados, por determinação do juiz Diego Paes Moreira, da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
 
Quando se chegava à proximidade das acusações de nomes do PSDB, como José Serra, enquanto governador de São Paulo em 2010, que teria recebido dinheiro ilícito, desviado, para sua campanha, além de ter mantido controle de influências sobre possíveis esquemas e repasses dentro da estatal paulista Dersa, a delação premiada de Paulo Veira de Souza, o Paulo Preto, pode ser esvaziada sem provas.
 
Apontado como o principal operador de esquemas tucanos paulistas, além de Serra, também do atual ministro de Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, e do governador Geraldo Alckmin (PSDB), uma vez que o engenheiro entrou na Dersa como diretor de Relações Institucionais ainda em agosto de 2005, quando Alckmin capitaneava seu primeiro governo no Estado.
 
Além dessa delação, também poderá ser prejudicada pela medida os depoimentos do empresário Adir Assad, que assinou recentemente acordo de delação com o Ministério Público Federal (MPF) e prometeu entregar esquemas de empreiteiras em obras do PSDB em São Paulo.
 
O descarte de todos os documentos obtidos pelos investigadores da Castelo de Areia foi determinado no último dia 10 de agosto, após três ex-dirigentes da Camargo Corrêa entrarem com recurso, sob o argumento de que a Operação foi anulada pelo Plenário do STJ há seis anos. Até 2011, a procuradora Karen Kahn, então responsável pelo caso, já tinha apresentado denúncia contra diretores da empreiteira e doleiros e também solicitado a abertura de diversas investigações e inquéritos contra tucanos e outros agentes públicos, envolvendo contratos de obras.
 
A Castelo de Areia seria retomada, ainda, pelo ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que mencionou as investigações do passado em sua negociação de acordo com os procuradores. Palocci teria arrolado o ex-presidente do STJ, Cesar Asfor Rocha, que teria recebido subordo de pelo menos R$ 5 milhões da empreiteira para arquivar a investigação na Corte. Todos os acusados negam as práticas dos crimes.
 
A mesma procuradora, Karen Kahn, havia pedido a prorrogação do descarte dos materiais até uma definição sobre o acordo de Palocci com o MPF. Ela ressaltou que a destruição dos inúmeros documentos poderá prejudicar a apuração das afirmações do ex-ministro. Agendado para o dia 23 de agosto, o fim das provas com a fragmentação dos papeis, rompimento de mídias e exclusão de arquivos foi desmarcado após um pedido de vista da Procuradoria da República de São Paulo. Ainda não se sabe se há data para o novo fim dos papéis.
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

8 Comentários

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  1. CANALHAS PROTEGEM CANALHAS E VICE VERSA.

    ISSO É A PROVA CABAL QUE OS “”BANDIDOS DE TOGAS”” SÃO CÚMPLICES DOS BANDIDOS DA “QUADRILHA TUCANALHA”, OS TUCANOS, ,QUE SÃO OS ELEMENTOS PERNICIOSOS , VULGARMENTE CHAMADOS DE POLÍTICOS DO PSDB, – Partido Só De Bandidos -.

  2. É impressionante!

    O descaramento com o qual roubam o Brasil e os Brasileiros é incrível!

    A justiça se tornou guarda costas de bandido rico!

    Não tem como este país dar certo!

    1. Claro que tem! É só afastar

      Claro que tem! É só afastar interesses privados da administração pública. Nunca mais votar em quem vem com esse discurso de “levar à vida pública a ‘eficiência’ da iniciativa privada”. Uma, que essa eficiência é mito. E outra que, junto com a pretensa eficiência, vem a orientação destruidora do tudo que é público.

      Enfim é só afastar a raposa dos ovos.

    2. Claro que tem! É só afastar

      Claro que tem! É só afastar interesses privados da administração pública. Nunca mais votar em quem vem com esse discurso de “levar à vida pública a ‘eficiência’ da iniciativa privada”. Uma, que essa eficiência é mito. E outra que, junto com a pretensa eficiência, vem a orientação destruidora do tudo que é público.

      Enfim é só afastar a raposa dos ovos.

  3. Justiça cúmplice. Sempre foi

    Justiça cúmplice. Sempre foi assim. O que acontece agora é que temos redes sociais e internet. Assim, ficamos cientes de toda a rede de proteção aos meliantes da classe rica. Não são e nunca foram elite. Quem usa aventalzinho proteje outro de aventalzinho.

    1. ah….

      Nada como um dia após o outro. A Verdade Vos Libertará. Então foi esta corja de ratos que como metastases se entranharam no Estado Brasileiro que fizeram Política prometendo Transparência, Democracia, Justiça? AntiCapitalistas todos. Toda a sujeira qe levou um país a miséria era o Governo Militar e Paulo Maluf? 2017. Pena que levaram 40 anos, mas a verdade é revelada. E toda a Imprensa Brasileira se beneficiou do convívio e apoio a estes bandidos. Quem hoje condena RGT, Veja, Folha…escreveram muito por aquelas redações, muitos dos seus artigos ajudaram a fortalecer a Cleptocracia de ratazanas usando pele de cordeiro. Agora posam de antagônicos à cumplicidade da podridão. Irão se degladiar frente a Maluf e Militares?Podem ficar com os dois. Tenho certeza que é a sua lógica, afinal ladrão que rouba ladrão pode ter cem anos de perdão? Quem não tem perdão é uma Sociedade que acredita que punguistas podem comandar seu país. 

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