Fora de Pauta

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Lourdes Nassif

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  1. Anuncio de TV da XP

    Anuncio de TV da XP Investimento, musica de filme de terror ao fundo, um bunker de concreto que parece uma casamata da Segunda Guerra, um ator feissimo, de cara amassada, roupeta modinha, camiseta com paleto desconstruido , um falso chique que parece um desfile  de churrascaria, , tudo muito feio, assustador,  um mundo pos hecatombe nuclear, uma das publicidades mais feias já apresentadas na TV, para não ficar solteira tem tambem a do “tudo digital”, o banco que não tem nada, nem talão, nem cartão, nem cafezinho, nem simpatia, nem nada, só tem investimento no meio de escombros.

    Essa é a era pos-nizam de uma das publicidades mais bonitas e gentis do mundo, virou essa coisa agressiva e esteril.

    Luis Nassif Online | GGN

  2. Os desafios da inteligência brasileira

    Uma das metáforas mais representativa da realidade brasileira é a da casa-grande e a senzala. Sua força se assenta na tradução da realidade. Poucos ricos de tez clara e mãos lisas e muitos extremamente pobres marcados pela labuta a pleno sol.

    Dizer, todavia, que se trata de uma situação imutável, por conta de séculos de escravidão, é imaginar uma sociedade estática. Uma história imutável.

    Não sendo isso verdadeiro, como a realidade social brasileira poderá ser transformada?

    Imagino três caminhos, deveras improváveis. Afinal, não se muda mais de três séculos de história facilmente.

    O primeiro deles é ilusório.  Apostar num gesto de compaixão dos mais afortunados, sonhando com o paraíso na terra.

    O segundo, temerário. Aguardar a revolta dos excluídos. Seria o mesmo que torcer pela barbárie.

    O terceiro, ensina Aristóteles, é virtuoso, pois está no meio do caminho. Apelar para a inteligência dos “remediados”.

    Aqueles que não são miseráveis e, tampouco, muito ricos. Em termos de faixa de renda eles estariam abaixo do “1%” e acima de um salário mínimo de renda média familiar. Na classificação de Jessé de Souza, representaria a soma da classe média com a classe dos batalhadores.

    A sabedoria a ser empregada por esse imenso contingente populacional consistiria em usar a roda, não querer inventá-la.

    E qual é a roda, no campo da política, empregada em todo país desenvolvido?

    A democracia. Leia-se, o respeito ao voto popular.

    Esse, portanto, é o maior desafio da inteligência brasileira no campo político. Aceitar que o desenvolvimento se conquista com respeito à soberania popular expressa nas urnas. Em outras palavras, a inteligência está em perceber que o subdesenvolvimento brasileiro está na rejeição ao voto popular.

    E qual é a roda no campo econômico?

    O livre mercado. Leia-se, o combate férreo a sua concentração.  Esta foi a grande sacada da modernidade capitalista. Criar um ente público, monopolizador da violência, capaz de impedir trustes e cartéis – mega corporações destruidoras da concorrência entre os agentes econômicos, motor do desenvolvimento.

    Portanto, o maior desafio da inteligência brasileira no campo econômico é aceitar que mercados concentrados inibem o desenvolvimento. A concentração deve limitar-se a escala ótima de produção, num dado mercado e numa dada tecnologia.

    E qual é a roda no campo geopolítico?

    O interesse nacional. Ou seja, todo país tem interesses que, primeiramente, competem e, num segundo momento, se aliam estratégica e taticamente com outras nações.

    Portanto, o maior desafio da inteligência brasileira no campo geopolítico é aceitar que o interesse nacional vem em primeiro lugar. E isso quer dizer que, quanto mais poderoso, geopoliticamente, for o outro país, maior a cautela para se estabelecer relações de qualquer tipo com ele.

    Em resumo, respeito ao voto, igualdade de competição e interesse nacional são os três maiores desafios da inteligência brasileira.

    Colocar em prática essas três questões, por um lado, afronta diretamente os interesses do “1%”, e por outro, passa ao largo do conhecimento e, consequentemente, capacidade de mobilização da “ralé” (JS). Daí o desafio dos “remediados” em se colocarem como vanguarda.

    Desenhando.

    Enfrentar o poder econômico, especialmente dos grandes bancos, e ideológico, particularmente da Rede Globo, é o maior desafio dos brasileiros “remediados” – aqueles que não têm jatinho, helicóptero, ilha e iate na sua declaração do imposto de renda, mas passam ao largo do flagelo da fome e das intempéries do clima.

    Somente a inteligência dessa parcela da sociedade brasileira será capaz de fazer a roda a história girar e, assim, sepultar de vez a casa grande e a senzala.

    Por fim, alguém poderá perguntar, mas por que envolver os batalhadores e não apenas a classe média nessa vanguarda?

    Porque não se rompe um poder secular com um exército tão pequeno. E, pensando bem, talvez esteja aí o maior teste de intelegência da grande parcela do povo brasileiro – identificar seus aliados e seus adversários (e aqueles incapazes de se mobilizarem para a luta mais imediata).

    1. Um comentário que merece ser transformado em post

      Rpv (quinta-feira, 25/05/2017 às 01:26),

      Muito bom. Cabe bem que o seu comentário seja transformado em post.

      Normalmente não vinha aqui no Fora de Pauta e tive sorte porque o espaço está bem instrutivo. Há o comentário de Alexi enviado quinta-feira, 25/05/2017 às 06:29, e é o primeiro depois do seu, com um texto de um suposto Diretor, que é muito bom e também considero que vale a pena ser transformado em post. Não sei se o texto é dele. Se for é ainda mais fácil que o comentário vire um post.

      Vim aqui porque pensei que seria bom se um texto de Matias Vernengo pudesse ser reproduzido aqui no blog de Luis Nassif. O post “Back of the envelope calculation: BNDES lending and the Marshall Plan” de segunda-feira, 15/05/2017, e de autoria de Matias Vernengo pode ser visto no blog dele NakedKeynesianism no seguinte endereço:

      http://nakedkeynesianism.blogspot.com/2017/05/back-of-envelope-calculation-bndes.html?m=1

      E voltando ao seu comentário diria que um dos pontos cruciais a que você remete diz respeito a compreensão do sistema de mercado como o melhor sistema para garantir aumento de produção e o reconhecimento de que o aumento de produção proporciona melhoria na qualidade de vida. Pode ser que o sistema capitalista chegue a exaustão antes e não consiga mais assegurar o crescimento, estágio em que ele deveria ser substituído. Até lá, entretanto, continua sendo o que proporciona mais aumento de produção.

      Esse é um ponto que a esquerda precisa aceitar. Só que esse ponto ainda se estende, pois é preciso que a direita aceite que o sistema deixado a própria sorte é concentrador e a desigualdade exagerada conspira contra o próprio sistema. Então sem o Estado para fazer a correção não se caminha para a civilização.

      E faço um pequeno contraponto a sua defesa do combate aos trustes e carteis. Eu até considero que há espaço para fomentar as grandes empresas. E então cinquenta anos depois faz-se o que os Estados Unidos fizeram com a ITT na década de 80.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 25/05/2017

  3. O Gal. que foi chamado para defender uma quadrilha de ladrões
    O FRACASSADO GOLPE DE UM GENERAL QUE FOI CHAMADO PARA DEFENDER UMA QUADRILHA DE LADRÕES E ACEITOU EXÉRCITO ABANDONA TEMER, QUE JÁ COGITA RECUAR E ANULAR DECRETO Depois da péssima repercussão do decreto em que convocou as Forças Armadas, no que seria mais um crime de responsabilidade de Michel Temer, o chefe das Forças Armadas, general Eduardo da Costa Villas Bôas, lavou as mãos e disse que a polícia do Distrito Federal tem condições de garantir a lei e a ordem; “Acredito que a polícia deva ter ainda a capacidade de preservar a ordem. Ficamos em uma situação de expectativa caso algo fuja ao controle”, declarou; abandonado, Temer já cogita revogar o decreto se as manifestações contra suas reformas em Brasília estiverem mais calmas até o fim da noite; o governo do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, também peitou Temer e diz que ele agiu forada lei. http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/297589/Ex%C3%A9rcito-abandona-Temer-que-j%C3%A1-cogita-recuar-e-anular-decreto.htm Veja também: GOLPE DA GLOBO, DOS CANALHAS E DO GAL. ETCHEGOYENAté que os Golpistas possam ir em cana No Conversa Afiada: https://www.youtube.com/watch?v=PX8CA8IQAGk 

  4. Seria engraçado se não fosse trágico

    Caro (muito caro) Senador

    Junto com agradezer a sua gentileça de me colocar na diretoria desta grande enpresa, atendendo o seu pedido fazo aqui o meu primeiro voltetím trimestral.

    Os resultados foram b…pra c…..Eu nei maginava como era fácil pegar minério pronto e vender para a China. É um p…de um negósio.

    Tem outras prantas meio fuleiras. Aqui em Minas tinha um diretor que era um b… do c…. e fez puras c…. Para outra vez, devemos mandar um cara que a gente possamos matar antes de fazer tanta m….

    Outro cara arrebentou com dois forno lá no norte. Nós contratamos um americano para ajudar, um cara com nome de refrigerante, o Ram Pap, ruim de serviço, que ficou mais de 2 anos trabalhando numa planta do lado dessa e não deu muito certo.

    Fechamos duas prantas no Canadá, que parece que fica perto de Belorizonte, na saída para o Rio.

    Me encontrei com muito político e gente importante da TV que nem sabia que trabalhavam na minerazão. Numa exposizão de Belorizonte fiz fila para poder tirar um selfy com o Merval, aquele bigudim da Globo. Também, no IBRAM, tirei uma foto com o John Dória, que parece que entende muito de minerazão. Ele vinha acompanhado a Belorizonte de um monte de diretores assim como Eu. Alguns já conhecia do meu tempo de diretor na CEMIG, naquele outro bico que o senhor me deu.

    Chefe, vou a preciçar de mais 2 milhão para pagar advogado. Pois um f…da p… deu a descarga e soltou reyeito no rio da cidade. Já tenho dois juiz e um promotor que estão trabalhando pra gente.

    Sobre os passarinhos preocupe não, que já dei uma mala de alpiste para cada um, mas ainda vai faltar, pois tem passarinho pra c….por aqui.

    Espero que o senhor possa continuar fasendo carreira e mantendo normalmente as suas aspirações. Se for a Nova Yorqui de um abrazo a nosso amigo, aquele cantor sertanejo com nome de jogador de futebol.

    Atensiosamente,

    O “Diretor” 

  5. O país das cocaínas voadoras

    2 exemplos de que tem coisa no Brasil que voa, e depois some:

    Avião com 430 quilos de cocaína apreendido em Minas Gerais, notícia de 16/02/2017:

    http://www.pragmatismopolitico.com.br/2017/02/aviao-com-430-quilos-de-cocaina-e-apreendido-em-minas-gerais.html

    cocaína avião minas gerais PF

     

    E o famoso helicóptero dos 450 quilos, apreendido pela PF perto da cidade de Afonso Cláudio, ES, em 2013:

    https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2013/11/25/pf-apreende-450-kg-de-cocaina-em-helicoptero-da-familia-perrella.htm

    Em operação realizada neste domingo (24), a Polícia Federal do Espírito Santo apreendeu 450 kg de cocaína em um helicóptero da Limeira Agropecuária, empresa do deputado estadual por Minas Gerais Gustavo Perrella (SDD)

    Todo mundo solto, livre e leve.

    Menos o consumo de coca, que não é livre – serve para prender os ppp de sempre.

  6. Ué, mas o Fernandinho Beira-Mar não está preso?

    Notícia que saiu ontem no jornal O Tempo, MG.

    Mas, pergunto, se Fernandinho Beira-Mar  está preso, como é que ele controla uma quadrilha?  

    Dá propinas para ter celular no presídio? Dá propinas para fazer reuniões no presídio com o pessoal de sua gangue? 

    http://www.otempo.com.br/capa/brasil/pf-faz-opera%C3%A7%C3%A3o-em-5-estados-e-no-df-contra-quadrilha-de-beira-mar-1.1477810

    JULGAMENTO FERNANDINHO BEIRA MAR

  7. Há pouco vi no Youtube a

    Há pouco vi no Youtube a conversa gravada e divulgada entre Machado e Renan, divulgada antes do impeachment. 

    É um papo de um malandro irrecuperável. Renan consente tudo que o interlocutor diz contra Janot e a Lava Jato, enquanto ambos planejam o que poderia vir a ser o governo com a queda de Dilma, que já ali foi colocada como derrotada iminente. Dizem que precisam de um plano B. Dizem que poderia pôr Temer no poder e Lula como vice. Para Machado, nessa conversa, Renan é o tudo, o único capaz, com todos os poderes para dar o ponta pé final na estada de Dilma no poder.

    Mas, entre tudo que ouvi que mais me deu gosto amargo na boca, foi Renan afirmar que ele era dos poucos que tinha contato direto com Dilma, como quem diz que ele seria o único a exercer poderes para dribá-la e derrubá-la como um jogador mestre.

    Isso me fez lembrar do dia em que Viana, ainda na presidência da Câmara, foi ao alvorada na companhia de Renan, quando Dilma já estava a pão e água por ordem de Temer. Noticiava-se que em torno do alvorada se ecnotrava uma guarda de segurança de Temer para revistar todos que tentassem visitar a Presidenta de então, mas que sendo ambos presidentes das duas Casas do Congresso, a passagem seria livre.

    Ontem, após aquele discurso de ocasião de Renan, contra a atitude insana de Temer em ordenar as tropas do Exército para intimidar as manifestações, senti, fundo, que ali se encotrava mais uma vez o espelho de Sarney, que nunca perdeu tempo em defende seu próprio bolso, a custa de qualquer mentira, desfarsatez, ou dissimulação. Foi o que senti. Para meu espanto, vi também Lindnberg e outros petistas batendo palmas para quem mais trabalhou em favor do impeachment, embora do jeito que disse ter feito as coisas para o seu colega, tão bandido quanto ele.

    Moro e Janot foram tratados pelos dois sem cerimônias. Renan e Machado exploraram bastante a posição nefasta do juiz e procurador segundo o que pensavam deles. Mas, lembro-me também que foi um dos períodos em que Moro sumiu, desapreceu, ficou mudo. Nunca se referiu a nenhum desses grampos, nem mesmo sobre Jucá, que disse o que disse sobre a Lava Jato. 

    Vale dizer, que após Machado, veio a lista de Fachin, tempos depois, ou apenas recentemente, e, tal como aquela gravação divulgada em toda a imprensa, já morreu no nascedouro a lista também

    Não chamaria Dilma de uma mulher burra, porque não a vejo como tal. Porém, tudo que aconteceu a ela tem muito a ver com ingenuidade, desde as eleições até sua derrubada, essa mulher foi dura na queda contra alguns, mas acomodada, ingênua, e mansa para os que a rodeavam. 

  8. TEMER JOGA “BOMBA NUCLEAR”… MAS NO PRÓPRIO PÉ

    TEMER JOGA “BOMBA NUCLEAR”… MAS NO PRÓPRIO PÉ! 24/5: O DIA EM QUE O GOLPE FOI DERROTADO

    Cadê o meteoro?

    – Temer/Jungmann/Maia dão um baita tiro no próprio pé – mais para míssil nuclear (!): o “blefe” da “intervenção militar”…

    – … queimou na largada!

    – Isso porque ninguém na Praça dos Três Poderes teve culhão para bancar o Exército – de novo! – descendo o cacete no… próprio povo que jurou defender!

    – Insólito: Meirelles, gay semi-assumido (!), delirou que podia se tornar Presidente – no Brasil da homofobia assassina?!

    – Peraí… “Presidente”? Portanto “Comandante-em-chefe”? Da repressão? Tocada pelos… ~machões~ fardados?! Esquece, Meirelles! (rs)

    – Veja por que Lula é um estadista: o que é “Política” com “P” maiúsculo.

    – Na qualidade de Estadista, Lula não se opõe a um freio de arrumação, sob Nelson Jobim. Para ~começarmos~ o looongo caminho de volta à democracia, ao Estado de direito e à normalidade institucional.

    – Agora é com a Esquerda: a bola está na marca do pênalti! Começamos a transição pós-golpe, de volta à democracia? Ou não?!
     

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  9. Dez posseiros executados pela
    Dez posseiros executados pela polícia do Pará

    Ontem, dez posseiros foram assassinados pela polícia do Pará no município de Pau d’Arco, a 60 km de Redenção, sul do Pará. Uma coletiva foi convocada pela Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Segup) para tentar esclarecer os fatos. Um inquérito foi instaurado para apurar a conduta dos agentes de segurança. Não houve feridos na força policial.

    “Foi um ato criminoso. A polícia tinha que ter a competência necessária para esse tipo de ação, e não realizar assassinatos como os que ocorreram. Foi um massacre, e de inteira responsabilidade do governo do Estado do Pará”, disse o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

    O Massacre de Eldorado do Carajás foi a morte de dezenove sem-terra que ocorreu em 17 de abril de 1996 no município de Eldorado do Carajás, no sul do Pará, decorrente da ação da polícia do estado do Pará.

    Dezenove sem-terra foram mortos pela Polícia Militar do Estado do Pará. O confronto ocorreu quando 1.500 sem-terra que estavam acampados na região decidiram fazer uma marcha em protesto contra a demora da desapropriação de terras.
    Segundo o legista Nelson Massini, que fez a perícia dos corpos, pelo menos 10 sem-terra foram executados a queima roupa. Sete lavradores foram mortos por instrumentos cortantes, como foices e facões.

    O comando da operação estava a cargo do coronel Mário Colares Pantoja, que foi afastado, no mesmo dia, ficando 30 dias em prisão domiciliar. O ministro da Agricultura, Andrade Vieira, encarregado da reforma agrária, pediu demissão na mesma noite, sendo substituído, dias depois, pelo senador Arlindo Porto.

    Uma semana depois do massacre, o Governo Federal confirmou a criação do Ministério da Reforma Agrária e indicou o então presidente do Ibama, Raul Jungmann, para o cargo de ministro. José Gregori, que na época era chefe de gabinete do então ministro da Justiça, Nelson Jobim, declarou que “o réu desse crime é a polícia, que teve um comandante que agiu de forma inadequada, de uma maneira que jamais poderia ter agido”, ao avaliar o vídeo do confronto.

    O então presidente Fernando Henrique Cardoso determinou que tropas do Exército fossem deslocadas para a região em 19 de abril com o objetivo de conter a escalada de violência. O presidente pediu a prisão imediata dos responsáveis pelo massacre. O general Alberto Cardoso, ministro-chefe da Casa Militar da Presidência da República, foi o primeiro representante do governo a chegar a Eldorado do Carajás.

  10. FLAVIO DINO: ‘Melhor saída para a crise é Lula e FHC numa mesa”

    Do site bbcbrasil.com

     

    http://www.bbc.com/portuguese/brasil-40039386

    Flavio Dino, governador do Maranhão

    Diante da possibilidade de queda do presidente Michel Temer e da profunda perda de credibilidade do sistema político, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), defende que a melhor solução para a crise é uma saída negociada pelos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, as “duas únicas lideranças nacionais”, na sua avaliação.

    Ambos já articulariam nos bastidores a sucessão de Temer, mas não há informação de que tenham tido conversas diretas. A forte polarização eleitoral entre PT e PSDB parece um empecilho para um acordo, já que os dois partidos tentam sair dessa crise fortalecidos de alguma forma para a eleição de 2018.

    “O único caminho que enxergo para a política é um acordo PT-PSDB, Lula e Fernando Henrique numa mesa. Neste momento de muita precarização da política, uma conversa direta seria um fato altamente positivo, uma mensagem importante de busca de recomposição da institucionalidade”, acredita Dino.

    Defensor da realização de eleições diretas antecipadas, o governador opina que o cenário mais provável hoje é a queda de Temer, seguida de eleição indireta do novo presidente pelo Congresso.

    Se isso ocorrer, Dino sugere que a esquerda participe da eleição indireta, negociando a suspensão das reformas trabalhista e previdenciária até a eleição de 2018, para que as urnas decidam se apoiam essas propostas.

    Quem seriam os ‘presidenciáveis-relâmpago’ para o caso de Temer cairPor que as investigações sobre o atentado em Manchester provocaram uma crise entre o Reino Unido e os EUA

    “Só haverá eleição direta havendo mobilização popular nessa direção. A classe social dominante não quer eleição direta agora”, afirma.

    Confira os principais trechos da entrevista com Dino, que antes de assumir o governo do Maranhão, foi também deputado federal e magistrado, tendo presidido a Associação dos Juízes Federais do Brasil.

    BBC Brasil – A base aliada de Temer se mantém razoavelmente unida. Na sua visão, estão apenas ganhando tempo enquanto negociam uma saída, ou o senhor vê chance de o presidente concluir seu mandato?

    Flávio Dino – Há muita movimentação de bastidores em busca de uma alternativa. O problema é que há muita indefinição porque os fatos políticos estão sendo produzidos de fora para dentro do sistema político (pelas investigações). O pessoal diz assim: ‘ah, o candidato na linha indireta pode ser a, b ou c’. Mas sempre tem um ponto de interrogação: ‘será que esse resiste, que esse outro resiste?’. Se não aparecer essa alternativa, aí reside o 5% de chance que ele tem de ficar.

    O ideal para todo mundo do sistema político é que a solução se dê via TSE (Tribunal Superior Eleitoral, pela eventual cassação da chapa eleita em 2014, formada por Dilma Rousseff e Temer, em julgamento marcado para início de junho). Isso dá uns quinze dias mais ou menos até o julgamento, o que também contribui para essa inércia (de Temer ainda permanecer presidente).

    Lula recebe a visita de Fernando Henrique Cardoso, no Hospital Sírio Libanês, à época de internação de dona Marisa Letícia, em fevereiroDireito de imagemRICARDO STUCKERT/INSTITUTO LULAImage captionHá relatos na imprensa de que FHC e Lula estejam articulando sucessão a Temer, mas não conversando diretamente

    BBC Brasil – Mas há risco de a saída do TSE ser lenta, já que cabem recursos?

    Dino – Isso juridicamente, mas, politicamente, hoje ele já está por um fio. O TSE pode cortar esse fio, e aí não tem como resistir mesmo que processualmente tenha esse ou aquele recurso.

    BBC Brasil – Se isso acontecer, há a discussão de o que vem depois, se seria uma eleição direta ou indireta. No caso da cassação via TSE, há uma ação no Supremo que poderia levar a eleição direta, certo?

    Dino – É, há um debate jurídico que seria não pela PEC (proposta de emenda constitucional) do deputado Miro Teixeira, mas pelo próprio TSE de considerar que, no caso de anulação do mandato, deveria haver eleição direta. É uma tese jurídica boa, sustentável tecnicamente falando.

    Agora, sinceramente, só haverá eleição direta havendo mobilização popular nessa direção. E esse é um ponto de interrogação muito mais do que qualquer juridiquês. Se não houver mobilização popular, é muito difícil o Congresso ou o TSE ir para esse caminho, porque se choca com o desejo meio que universal da classe política, da elite, de um certo nível de estabilidade. A classe social dominante não quer eleição direta agora.

    BBC Brasil – A manifestação de quarta-feira em Brasília não pareceu tão grande a ponto de reverter esse consenso de elite que o senhor aponta, concorda?

    Dino – Eu achei uma manifestação importante. Eu concordo que ela em si mesma não tem essa força de reverter a hegemonia dominante, agora temos que ver a continuidade ou não (dessa mobilização).

    Acho que o efeito principal foi ampliar o isolamento do Temer, o fragilizou, sobretudo pela medida equivocada (já revogada) de convocar o Exército. Quando você vai para o extremo, é lógico que você constrói isolamento, até pelo modo como foi anunciado, muito atabalhoado, dizendo que foi pedido pelo Rodrigo Maia (presidente da Câmara), mas não foi.

    BBC Brasil – A manifestação foi marcada por muita violência. Houve erros dos dois lados?

    Dino – Acho que a responsabilidade principal foi dessa concepção muito cerceadora do exercício de liberdade de manifestação. Isso ficou mais evidente quando veio esse decreto desastroso, desnecessário e ilegal da convocação do Exército. É claro que depredar o patrimônio público é errado, quero deixar clara minha condenação a isso também. Mas o debate é o que gera (a violência)? O que gera é essa visão muito repressiva.

    Vou dar um exemplo prático: as manifestações sempre foram na frente do gramado do Congresso. Tanto que aquele espelho d’água foi construído (em 1999) justamente para ser uma divisão entre o gramado e o prédio. Agora criaram essa moda de que não pode chegar no gramado, sem nenhuma razão. E aí você cria uma tensão, ‘daqui ninguém passa’. Pode pegar todas as fotos da história brasileira, protestos pela emenda Dante de Oliveira (em 1984 para convocar eleições), na Ditadura, tinha manifestação ali e agora não pode mais. Então, você cria uma série de protocolos, digamos, excessivos, cerceadores, que estimulam a tensão.

    Se não houver uma providência política num prazo curto, a tendência é que a gente viva esse ambiente, com o suposto andamento das tais reformas, que vão acabar conduzindo a cada vez mais conflito.

    Temer, no discurso de quarta-feira passadaDireito de imagemLULA MARQUES / AGPTImage captionAvaliação de Flavio Dino é de que ‘Temer está por um fio’

    BBC Brasil – Por que o senhor defende as eleições diretas?

    Dino – É quase que uma saída tipicamente parlamentarista. No parlamentarismo você tem duas crises. Uma, que é apenas de governo, você resolve com um novo gabinete. Já quando você tem uma crise mais sistêmica, o que o chefe de Estado faz? Ele convoca novas eleições. A gente está numa crise bem mais aguda do que uma mera crise operacional. Então, por simetria com o que acontece no parlamentarismo, o remédio seriam de fato novas eleições, um banho de urna.

    Eu pessoalmente, acho que se fosse esse o pacto, uma repactuação da política, deveria haver eleições gerais, de fio a pavio, pegar o Congresso, governadores, etc. Mas faço sempre questão de frisar, para não correr o risco de o leitor achar que minha abordagem é ingênua, estou apenas colocando o que eu acho que seria o certo. Hoje, não é o mais provável.

    O mais provável é o consenso da elite que é trocar o Temer por outro que faça as reformas previdenciária e trabalhista.

    BBC Brasil – Para algumas pessoas, uma eleição direta agora seria pegar um atalho fora da Constituição e enveredar para um caminho de instabilidade, abrindo espaço para eleição de um aventureiro. Como o senhor vê esses argumentos?

    Dino – Em primeiro lugar, você sempre deve comparar os argumentos com a realidade. Nada é mais instável do que temos hoje. Segundo, falar em regra do jogo a esta altura? Fizeram um impeachment absurdo para colocar um governo que não se sustenta, que só fez aprofundar a crise. Esse discurso não tem base empírica.

    No caso desse mecanismo das indiretas previsto pela Constituição para situação de dupla vacância (dos cargos de presidente e vice), o sistema funcionaria bem, ao meu ver, se fosse em situações normais de temperatura e pressão. Não é o caso, hoje você vive na verdade solavancos derivados da quebra da ordem constitucional (pelo impeachment de Dilma).

    Acho que democrata verdadeiro concorda que a única coisa que estabiliza a política na democracia é o respeito à soberania popular.

    Plenário da Câmara dos Deputados em foto de arquivoDireito de imagemWILSON DIAS/ AGÊNCIA BRASILImage captionNo caso de eleição indireta, caberia ao Congresso definir sucessão presidencial até próximas eleições

    BBC Brasil – O senhor tem defendido que Lula seja candidato em 2018. Se houver a eleição direta antecipada, considera que ele seria o melhor candidato da esquerda?

    Dino – Sem dúvida. De todas as grande lideranças nacionais, é quem tem maior legitimidade para tentar reconduzir uma repactuação do país. Lula não é bom só para a esquerda, é bom para todo mundo que acredita na democracia política.

    Ele pode, ao fazer um governo de diálogo como fez no passado, conduzir um caminho que não seja de confrontação, que ao meu ver foi o grande erro do Michel (Temer). O Michel veio adotar uma agenda de mais confronto e, portanto, de mais isolamento social.

    Qual é o problema dele? As denúncias, a gravação, claro, e ter só 4% de aprovação. Você já pega um país dividido, polarizado, e vai para um caminho de venezualização, de radicalização. Deu no que deu.

    BBC Brasil – Mas fica uma dúvida justamente sobre essa possibilidade de Lula ser uma pessoa capaz de repactuar, porque ele também tem adotado um discurso mais radical e desperta forte rejeição em parte da sociedade.

    Dino – Parte minoritária (da população o rejeita). Você tem que distinguir o sentimento da população do que é sentimento das elites política e econômica.

    BBC Brasil – Lula aparece liderando as pesquisas de intenção de voto, mas com altas taxas de rejeição.

    Dino – É, mas em queda, numa conjuntura de muita polarização, apanhando muito. Em condições normais, essa rejeição cai. O único caminho que enxergo para a política é um acordo PT-PSDB, Lula e Fernando Henrique numa mesa. Eu já falei isso vinte vezes. De lá para cá, as coisas só pioraram. Efetivamente, com todos os seus defeitos, são os dois únicos líderes nacionais que sobraram, com autoridade política para chamar todo mundo, para reunir.

    Não vejo como a política, tão debilitada hoje, gerar novas opções. Nas urnas, claro que eu, uma pessoa de esquerda, prefiro o Lula, até porque Fernando Henrique não parece disposto a disputar uma eleição direta. Não sendo o Lula, você só consegue enxergar alternativas externas à política, que são esses aventureiros tipo Doria (prefeito de São Paulo) e outros, que vão colocar o país num rumo de imprevisibilidade.

    BBC Brasil – Mas no início da entrevista o senhor falou sobre como os acontecimentos desestabilizadores têm vindo de fora para dentro da política e sobre o risco de um novo presidente continuar sendo bombardeado por denúncias. Lula parece estar nessa posição.

    Dino – Acho que, com respaldo popular, numa eleição direta, ele adquire musculatura e tempo suficientes para vencer isso. Não é uma análise apaixonada, porque de fato eu não sou lulista e historicamente o Lula nunca me apoiou na vida. Aliás, aqui no Maranhão, sempre foi contra mim (e aliado com o grupo adversário, do ex-presidente José Sarney).

    Em uma análise objetiva, hoje, juridicamente, o que tem contra o Lula até agora é de uma fragilidade técnica abissal. ‘Ah, o apartamento era dele, o sítio não era bem dele, mas era para ser, a reforma tinha a ver com contrato da Petrobras’. Não tem uma conta, não tem um diálogo, não tem uma gravação, não tem um dinheiro, não tem nada que justifique uma condenação criminal.

    Parto dessa premissa de que, uma vez eleito por voto popular em eleição direta e com apoio da sociedade, quebrando um pouco esse clima de sectarismo, processualmente as coisas caminhariam mais racionalmente.

    BBC Brasil – Mas vê o risco de Sergio Moro condená-lo?

    Dino – Infelizmente vejo, por esse ambiente geral criado em torno dessas acusações.

    BBC Brasil – E isso poderia impedir a candidatura do Lula, ou talvez não houvesse tempo de haver a condenação em segunda instância também no caso de uma eleição antecipada?

    Dino – Em condições normais não haveria tempo nem em 2018, mas a gente não vive condições normais. De fato a Justiça se politizou, se partidarizou muito, me refiro ao sistema de Justiça como um todo, abrangendo polícia, Ministério Público. Então, é muito difícil fazer análise política sem levar em conta esse ingrediente.

    BBC Brasil – Notícias da imprensa já apontam que Fernando Henrique e Lula estão articulando para a sucessão de Temer, mas não teriam conversado diretamente entre si. Essa conversa direta seria importante?

    Dino – Sim. Pelo que eu estou sabendo, é uma conversa entre interlocutores. Neste momento de muita precarização da política, uma conversa direta seria um fato altamente positivo, uma mensagem importante de busca de recomposição da institucionalidade. Você não tem jogo institucional no Brasil hoje: o Congresso funciona precariamente, a Presidência da República, os partidos, os próprios governadores estão muitos enfraquecidos.

    BBC Brasil – Mas a disputa eleitoral entre os dois partidos parece um empecilho a isso. Perguntei ao vice-presidente do PSDB, Alberto Goldman, e ele disse que essa conversa entre Fernando Henrique e Lula não seria possível porque, na visão dele, o PT só está interessado em desgastar o governo para se fortalecer para 2018. Como você vê esse empecilho?

    Dino – Esse empecilho é fruto de uma visão equivocada segundo a qual alguém se salva em meio à tragédia geral. Quando na verdade, você tem que salvar o sistema político, sua credibilidade, autoridade, para aí recuperar sua operacionalidade.

    BBC Brasil – Numa eleição indireta, qual seria a estratégia da esquerda?

    Dino – Nós da esquerda devemos colocar dois pontos sobre a mesa. Primeiro, normalidade política até a eleição, em 2018 – acertar o calendário eleitoral e as regras de 2018. E, segundo, haver a suspensão das reformas trabalhista e previdenciária, até que o povo decida.

    Vocês (referindo-se a partidos da base de Temer) defendem as reformas, ok, mas esse programa não foi votado pelo povo. Então a gente consulta (o povo), vocês vão para a urna e defendem. Se ganharem, vocês fazem.

    A esquerda deveria participar da eleição no Congresso com essas condições, sem isso não faz sentido participar e legitimar esse negócio.

    BBC Brasil – Que nomes poderiam emergir de um acordo desse, na hipótese de o outro lado topar esse acordo?

    Dino – Claro que tenho minhas preferências, mas não posso me manifestar agora, até por questão de orientação partidária. Mas eu acho que tem aí uns três ou quatro nomes que topariam.

    BBC Brasil – Mas o senhor vê a base do governo disposta a entrar num acordo desses? Parece que eles querem aprovar as reformas, não?

    Dino – O plano A da direita continua sendo fazer eleição indireta e empurrar as reformas para a frente. Só que daqui a pouco os parlamentares não topam mais, porque vai ficando cada vez mais próximo da eleição de 2018 e essas reformas são muito impopulares. Então, acho que há uma chance (de acordo).

    BBC Brasil – Ainda está muito incerto como seria uma eleição indireta. Qualquer um poderia ser candidato, mesmo sem ter filiação partidária?

    Dino – Teria que votar uma lei (com as regras do pleito indireto), porque o Supremo, na ausência da lei sobre eleição indireta, tem entendido que se aplica o regime geral das eleições diretas, ou seja, precisa haver desincompatibilização (de cargos do Executivo, Judiciário e Ministério Público, seis meses antes), filiação partidária, etc. O Supremo já decidiu isso duas vezes em casos de eleições indiretas para governos estaduais.

    De forma que o único caminho jurídico de viabilizar candidaturas de fora do sistema político, por exemplo alguém do Judiciário, seria votar uma lei no Congresso fixando os requisitos. Aí você poderia flexibilizar para, por exemplo, permitir candidatos com filiação partidária 48 horas antes (do pleito), que é uma ideia que circula. Tem gente até já escrevendo esse projeto de lei. Tem muita conversa em curso.

    Agora, o Congresso só se anima a votar a lei para uma pessoa de fora concorrer se ficar claro que nenhum congressista tem condições.

      

     

  11. Chacina da polícia no Pará
    Com o Nassif, nota 10. Com um detalhe. Moro em Palmas, Tocantins. De quando em vez antecipo uma notícia quente para o FORA DE PAUTA, mas alguém aí da equipe do Nassif decide pesquisar a veracidade da notícia e reproduz o assunto a posteriori nas páginas de noticias do Blog. Cadê a ética do FORA DE PAUTA. Otavio Barros.

    Dez posseiros executados pela polícia do Pará. qui, 25/05/2017 – 16:23. No Fora de Pauta.

    “Dez camponeses são mortos no Pará em ação da PM”, qui, 25/05/2017 – 16:27. No espaço de notícias.

    OTAVIO BARRROS

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