Jornal GGN – As Forças Armadas brasileiras têm um papel cada vez mais ambíguo dentro do Brasil: depois de apoiar as instituições democráticas por mais de trinta anos após o final da ditadura e ficarem em papel secundário na política, a eleição de Jair Bolsonaro em 2018 mudou o cenário.
O ex-capitão do Exército nomeou diversos ex-militares para cargos de alto escalão no governo, e agora que seu cargo está em risco, ele passou a levantar abertamente a ideia de uma intervenção militar na política brasileira ao declarar que as Forças Armadas não iriam aceitar “decisões absurdas” do Congresso Nacional ou do Supremo Tribunal Federal (STF).
Para os jornalistas Bryan Harris e Andres Schipani, do jornal britânico Financial Times, tais comentários foram uma reação de Bolsonaro às investigações que ele e sua família são alvo dentro do STF, em caso que pode levar à anulação do resultado das eleições de 2018 ou mesmo ao impeachment.
Em artigo traduzido e publicado no jornal Valor Econômico, os articulistas ressaltam que Bolsonaro participou de diversos eventos do lado de fora das bases militares, onde apoiadores defendiam intervenção armada para a deposição das autoridades que adotavam medidas de confinamento em meio ao avanço da covid-19 pelo país.
Embora Bolsonaro esteja tentando reduzir a temperatura política neste momento, a possibilidade de o país passar por uma nova recessão, a ideia de que o governo lidou mal com a pandemia e a continuidade das investigações sobre a família do presidente poderiam gerar nova turbulência.
Caso isso se confirme, os militares seriam um acelerador ou freio para o instinto autoritário de Bolsonaro? Enquanto militares dizem que as Forças Armadas não adotariam o mesmo tipo de intervenção registrada no Brasil anos atrás, analistas independentes dizem que a grande presença de militares dentro da governança civil representa um risco à democracia por si só – atualmente, mais militares estão presentes no Poder Executivo agora do que na época da ditadura, e o atual ministro da Saúde é um general da ativa que seguiu as ordens de Bolsonaro para que a cloroquina fosse ministrada a pacientes com covid-19.
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Nassif: no governo da caserna Democracia é como a Itabira, de Drummond ---- "apenas um retrato na parede; mas como doi"...
PS: e a Bala continua com toda razão!