Funai irá nomear evangelizador na chefia do setor de índios isolados

Ricardo Lopes Dias afirmou que já aceitou o convite feito pelo presidente do órgão federal, Marcelo Xavier. A situação ainda não foi oficializada

Registros capturados pela Funai de indígenas de recente contato do povo Xinane. | Imagem: Reprodução/Funai

Jornal GGN – A Fundação Nacional do Índio (Funai) prepara a nomeação de um teólogo e missionário da organização evangélica americana Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB) para ocupar a coordenação-geral de um dos setores mais delicados da pasta, os índios isolados. Em entrevista ao jornal O Globo, Ricardo Lopes Dias afirmou que já aceitou o convite feito pelo presidente do órgão federal, Marcelo Xavier. A situação ainda não foi oficializada. 

A organização evangélica da qual Dias faz parte, atua na evangelização de indígenas na Amazônia desde os anos 1950. Em 1990, a Funai chegou retirar a entidade de área indígena no Pará, pelo contato com os índios zoés. Nos últimos anos, os evangélicos tentaram retomar o trabalho na mesma comunidade, mas novamente foram repelidos pelos indigenistas da Funai, de acordo com informações do jornal Folha de S.Paulo. 

A cotação de Dias para chefiar o setor de povos isolados vai contra a postura adotada pela Funai últimos anos, que vinha resistindo à atuação de evangélicos junto às comunidades isoladas e de recente contato, já que esses grupos são os mais vulneráveis e que requerem a maior proteção do governo federal.

Apesar de ir contra sua posição exercida até então, Dias chegou afirmar que caso seja nomeado para o cargo, não vai promover a evangelização de indígenas. “Minha atuação vai ser técnica. Não vou promover a evangelização de índios”, disse ao Globo.

Mas, questionado se iria mudar a política de não-contato adotada pelo governo brasileiro desde o final dos anos 1980, Dias não garantiu nada.

“Ainda é cedo para eu falar sobre isso. Na realidade, eu serei apenas um coordenador e terei que implementar a política da direção do órgão. O que eu posso dizer é que não vou mudar o que vem dando certo. É claro que se houver coisas que a gente deva mudar, vamos mudar”, disse o missionário.

A coordenação-geral de índios isolados é responsável pelo gerenciamento de 11 frentes de Proteção Etnoambienal e de 19 bases espalhadas em sete estados da Amazônia, que trabalham na supervisão da saúde e da segurança dos índios isolados e de recente contato.

Redação

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