Instituto Butantan, de SP, põe Brasil na corrida mundial pela vacina contra coronavírus

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Mantido pelo governo estadual, Instituto Butantan testará uma vacina desenvolvida por chineses em 9 mil voluntários. Se tudo der certo, o imunizante estará disponível em junho de 2021

Jornal GGN – O Instituto Butantan, mantido pelo governo de São Paulo, anunciou nesta quinta (11) que fechou uma parceria com a empresa chinesa Sinovac para realizar no Brasil a última fase de testes clínicos para o desenvolvimento de uma vacina contra coronavírus.

A vacina, que usa um vírus inativo, está na fase 3, um dos estágios mais avançados do mundo, concorrendo com imunizantes desenvolvidos pela Universidade de Oxford e pela empresa Moderna, nos Estados Unidos, por exemplo.

O diferencial, segundo o diretor do Butantan, Dimas Covas, é que o instituto paulista já domina a tecnologia utilizada nos estudos por causa de sua experiência com a vacina da dengue. Se tudo der certo – ou seja, a vacina mostrar eficácia após ser testada em 9 mil brasileiros, e a Anvisa liberar o registro rapidamente – em junho de 2021 ela já estará disponível para a população brasileira.

“Se a vacina se mostrar segura e eficaz, ela vai para registro nos órgãos de controle e, depois disso, vai para produção. Nós já temos a planta e a capacidade de produção. Falta mostrar eficácia e registrar. Por isso temos essa previsão de ter a disponibilidade da vacina em junho do próximo ano”, disse.

O GGN acompanhou a coletiva de imprensa do governo do Estado em Dimas Covas ofereceu detalhes sobre a parceria que coloca o Brasil na “corrida” mundial pela vacina.

Confira os principais pontos abaixo:

***

1- A PARCERIA COM CHINESES

A parceria entre o Butantan e a empresa Sinovac precede a pandemia de coronavírus. Representantes do governo do Estado já visitaram a fábrica chinesa, que estava de olho em co-desenvolver outros tipos de vacina com o Instituto. Segundo Dimas Covas, “as condições que a Sinovac nos oferece nessa parceria são as melhores.” A empresa prometeu, por exemplo, que pode enviar doses da vacina que já está em produção na China ao Brasil, enquanto o Butantan não dá escala à sua produção própria.

Dimas ressaltou que o Butantan também conversa com a empresa Astrazeneca – que fabricará a vacina em desenvolvimento pela Oxford – mas ressaltou que, neste caso, o laboratório estrangeiro utiliza uma tecnologia que o Instituto não domina.

2- INVESTIMENTO

A parceria para realizar a fase 3 no Brasil, com 9 mil voluntários em todo o País, custará ao Butantan a bagatela de 85 milhões de reais em investimentos. Os recursos serão do próprio Instituto, que é mantido pelo governo do Estado. Segundo Dimas, o investimento não deve ser entendido como um risco desnecessário, já que a vacina ainda está na última fase de teste.

“Evidentemente a fase 3 não significa que ela vai funcionar, mas ela não entra na fase 3 sem sinais de que vem sendo muito efetiva. Ela chega agora numa fase que é desafio de campo. Agora é para valer. Nove mil voluntários, vamos ver se protege, qual o grau de proteção, se ela é efetiva. Quando a vacina chega nessa fase, já foi feito um grande investimento nas fases anteriores. Mas ela é muito promissora, por isso estamos fazendo esse estudo.”

3 – REDE DE VOLUNTÁRIOS

A seleção e teste dos voluntários Brasil afora será feita por centenas de centros de estudos, uma rede que o Butantan já utilizou durante o desenvolvimento da vacina para dengue. Os detalhes, como o perfil ou faixa etária dos voluntários, serão definidos em conjunto com a empresa chinesa. Mas “o Butantan é o líder do estudo”, diz Covas.

4 – ESCALA DE PRODUÇÃO

A expectativa do Butantan é produzir a vacina em escala suficiente para atender uma ampla demanda, e não apenas o Estado. São Paulo, aliás, não é detentor da produção. “A produção do Butantan é voltada para o programa nacional de imunização.” Caberá ao Ministério da Saúde definir sua distribuição, posteriormente.

Já sobre a capacidade de produção, segundo Dimas Covas, “estamos falando de milhões. Na nossa fábrica de gripe, nós produzimos 1 milhão de vacinas por dia. Estamos tratando de produção em larga escala, para atender de fato a população do Brasil.”

Segundo ele, “no primeiro momento, a vacina poderá vir da China, que já tem produção em grande escala. E, no segundo momento, será produzida no próprio Butantan em larga escala.”

5 – A TECNOLOGIA 

A vacina que entra na fase 3 no Brasil a partir de julho utilizada um vírus inativo. De acordo com a explicação de Dimas Covas, “um coronavírus é introduzido em célula do tipo VERO. Ela é cultivada em laboratório. O vírus se multiplica. No final, o vírus é inativado e incorporado na vacina aplicada na população.” Além disso, “junto com a vacina é colocado um adjuvante para melhorar a resposta imunológica.”

O diferencial do Butantan é justamente o domínio sobre a tecnologia das células VERO. “Essa é a grande vantagem. O Butantan já produz a vacina da dengue nessa tecnologia. Daí a oportunidade desse acordo.”

Segundo Dimas Covas, existe um total de 136 vacinas contra coronavírus em desenvolvimento no mundo todo. Somente 10 estão em fase de estudos clínicos.

POLITIZAÇÃO DA VACINA

Durante a coletiva de imprensa, o médico João Gabbardo, que integrou a equipe de Luiz Henrique Mandetta no começo da pandemia de coronavírus, no Ministério da Saúde, fez um apelo para que a questão da vacina não seja objeto de polarização.

“O Instituto Butanta, com essa parceria, coloca o Brasil na vanguarda da possibilidade de protegermos a população com a vacina. Só espero que dentro desse processo de polarização que a gente convive diariamente, não se crie agora um movimento contra a vacina. Espero que a gente tenha, nesse aspecto, união do país para o desenvolvimento e conclusão desse processo e que tenhamos a possibilidade de proteger a população.”

O infectologista Sergio Cimerman, do Hospital Emílio Ribas, endossou o discurso de Gabbardo. “As fake news, os achismos até recentemente divulgados, isso tem que acabar e imperar justamente a questão da realização da vacina, que pode nos livrar dessa pandemia. É importante que as pessoas não parem de tomar as medidas preventivas.”

Ele ressaltou que a “vacina vai chegar a partir do ano que vem”, mas isso não significa que o distanciamento social e as medidas de higienização podem ser suspensas. “As medidas de prevenção têm que ser intensificadas. É o que a gente tem até o presente momento.”

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

1 Comentário

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  1. VÍRU$$$ ARTEIRO, DE CHANCES DE MORRER DE 5%(é menos, não estou contando.as fraudes)
    Obs:BEMVINDOS A REVOLUÇÃO 4.0 DE EXPLORAÇÃO DAS DOENÇAS,O MUNDO NÃO SERÁ O MESMO(eu q decido sim)
    Obs2:Meu cérebro tá borbulhando/fervilhando(vixeeee!)
    Obs3:,VEJO MUITAS COISAS !!

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