Lava Jato volta a mirar Dirceu, João Santana e Mantega

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – A nova fase da Operação Lava Jato, que prendeu o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega na manhã desta quinta-feira (22), está sendo chamada de “Operação Boca de Urna” pelo PT. Apesar de trazer como principal mira um contrato da Petrobras que beneficiou empresa de Eike Batista, os investigadores restringiram as miras à Mantega, ao ex-ministro José Dirceu e ao marqueteiro do PT, João Santana.
 
Para o partido, a 34ª fase é apenas mais uma tentativa de desgastar a imagem da sigla nas vésperas das eleições municipais de 2016. “Foi uma desumanidade inaceitável”, disse o presidente do PT, Rui Falcão, que se disse “revoltado” com as circunstâncias em que Mantega foi preso. O ex-ministro estava acompanhando a sua esposa no Hospital Albert Einsten para fazer uma cirurgia, em São Paulo.
 
Leia mais: Mantega é levado pela Lava Jato em prisão temporária
 
Além de Mantega, a Operação intitulada Arquivo X teve como mira as empresas Mendes Júnior e OSX, do empresário Eike Batista. Em depoimento à Lava Jato, o empresário afirmou que foi pressionado a assinar um contrato falso com empresa de publicidade para repassar R$ 2,35 milhões ao PT, em 2012. Segundo ele, Mantega, que naquele ano era presidente do Conselho de Administração da Petrobras, havia pedido um repasse de $5 milhões pelo Grupo OSX à sigla.
 
O nome da etapa da investigação faz referência ao envolvimento de empresas de Eike Batista, que usavam a letra X em seus nomes. Mas o empresário não foi alvo de prisão nem de condução coercitiva, ainda que confessado o suposto pagamento. De sua empresa, foi preso o ex-presidente Luiz Eduardo Carneiro.
 
Além dele, o juiz Sergio Moro determinou a prisão temporária do empresário Luiz Eduardo Neto Tachard, do diretor de negócios industriais da Petrobras Ruben Maciel da Costa Val, do engenheiro Danilo Souza Baptista, do diretor de desenvolvimento de negócios da Mendes Júnior Luiz Claudio Machado Ribeiro, do consultor ligado à área de energia Francisco Corrales Kindelán e do analista de sistemas Júlio Cesar Oliveira Silva, que não foi detido porque está na Espanha e deve se apresentar à Polícia Federal.
 
A OSX de Eike teria fechado um contrato “ideologicamente falso com empresa ligada a publicitários já denunciados na Operação Lava Jato”. A empresa mencionada é a Tecna/Isolux, da qual os investigadores apontam relação com o publicitário João Santana, marqueteiro de campanhas do PT, já condenado por Sérgio Moro, e levando como beneficiário José Dirceu e “pessoas a ele relacionadas”.
 
A empresa seria responsável por fazer a “lavagem de dinheiro oriundo de crimes”. Um dos repasses teria ocorrido em abril de 2013, com a transferência de US$ 2,35 das contas de Eike para os publicitários. Meses antes do suposto “pedido” de Mantega, a empresa de Eike ganhou um contrato para a construção das plataformas P-67 e P-70, no valor de US$ 922 milhões, ao lado da Mendes Júnior.
 
Os investigadores garantem ter “prova testemunhal e documental” de que o repasse de mais de R$ 6 milhões pelo Consórcio Integra Ofsshore com base no contrato falso “foi transferido no interesse de José Dirceu e de pessoas a ele relacionadas”.
 
Além disso, apontam que “no período dos fatos, empresas do grupo Tecna/Isolux repassaram cerca de R$ 10 milhões à Credencial Construtora, já utilizada pelo ex-ministro-chefe da Casa Civil para o recebimento de vantagens indevidas”.
 
Ao todo, foram mobilizados 180 policiais federais e 30 auditores fiscais para cumprirem 49 ordens judiciais, sendo 33 mandados de busca e apreensão, 8 mandados de prisão temporária e 8 mandados de condução coercitiva nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal. Sergio Moro também determinou o bloqueio das contas dos detidos nesta fase.
 
Segundo os investigadores, o consórcio formado pela empresa de Eike com a Mendes Júnior não detinham tradição no mercado específico de construção e integração de plataformas, mas viabilizaram a contratação pela Estatal mediante o repasse de valores a pessoas ligadas a agentes públicos e políticos.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

11 Comentários

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  1. Estão roubando o Brasil.

    Enquanto a  justiça e o MPF, perseguem o PT; Temer, meios de comunicação e Cia do golpe, fazem a maior roubalheira no País e do mundo, estão vendendo (roubando)tudo que puder o mais rápido possível.quando o povo acordar já será tarde; é o golpe perfeito.

    1. lula agora

      por isso, vantuil, o lula tinha de vir a público dizer que nenhum ato praticado por esse estado golpista será reconhecido após o retorno da normalidade democrática. nem os títulos emitidos por esse governo serão reconhecidos no futuro, assim como negociações de terras, pre-sal etc.

      lula tem prestígio internacional suficiente para isso.

  2. Não vejo saída…

    Esses moros e assemelhados vão até o fim na destruição do PT e da esqueda brasileira, que não tem forças para detê-los. Esses “salvadores da pátria” só serão destronados, defenestrados e achincalhados  quando se voltarem “ingenuamente” contra a verdadeira bandidagem. Esses sim tem cacife, força e poder para destruir qualquer juizinho e promotorzinho que resolva se interpor em seu caminho. Protógenes que o diga! Só então alguns deles (o que não forem definitivamente cooptados pelo sistema podre) vão se dar conta da barbaridade, retrocesso e injustiça que cometeram com seu messianismo de araque. Mas isso talvez demore muitos anos…. Infelizmente.

  3. Será que nenhum dos ministros

    Será que nenhum dos ministros do stf nomeados por lula/dilma vai se manifestar contra esse abusos. Será que não vão tomar nenhuma providência?

    O maior problema agora para o PT e a esquerda de modo geral é a PARCIALIDADE TOTAL do mp e do judiciario. Isso só não vê quem  não quer.

    De novo para ze cardoso: Zé será que as instituições ainda estão funcionando perfeitamente?

  4. A chave pra conseguir a

    A chave pra conseguir a liberdade é apontar o dedo pra alguém do PT. Todo mundo já sacou isso. Até o Marcos Valério que tinha um monte do coisa pra falar sobremo mensalão do Azeredo preferiu inventar uma estória estapafúrdia sobre a morte de Celso Daniel pra ver se conseguia alguma coisa. 

  5. Com o PT e o Lula acuados, a elite impõe recuos sociais

    Os parasitas sociais, concluiados com o Judiciário, com o Legislativo, e agora com o executivo, com a imprensa golpista e com a classe média, acuaram o PT e o Lula. Agora, com Lula e o PT na defensiva, os parasitas sociais estão com as mãos livres para impor ainda mais sacrifícios aos trabalhadores e desempregados, tudo para beneficiar ainda mais os capitalistas.

  6. Se eu deMoro mais aqui eu vou morrer…(in “O Grito”, Agnaldo

    Moro conseguiu em dois anos uma fantástica façanha: quebrar a Empresa que tinha descoberto a galinha dos ovos de ouro, ou melhor, a galinha dos ovos de petróleo. A Petrobrás, há 3 anos era uma das maiores petroleiras do mundo, uma das 500 maiores empresas do mundo capitalista e num zás-trás, Moro, formado pela faculdade de direito de maringá, pr, detonou a Petrobras.

    Queimou milhões de empregos e pasmem, não chamou nenhum tucano acusado nas “delações premiadas”, porque isso não vinha ao caso. Coincidentemente, nas redes sociais, internautas esperneiam dizendo que o escritório onde trabalha Ms.Moro defende interesses de certa petroleira estrangeira. O sr. genitor do juiz de primeira instância foi fundador do PSDB de Maringá, partido inimigo do PT  Eu diria que são “relações” perigosas e mais perigoso ainda, o meretríssimo, perdão, o meritíssimo não se considerar suspeito e passar os Processos de Moscou, digo, da Operação Lava-Jato para outro juiz que seja tão honesto quanto ele.

  7. O Xadrez de Mantega

    O grupo é o mesmo e tem o mesmo modus operandi. Como fizeram no famoso mensalão, para formar o quadro precisavam triturar inocentes. Para isto precisaram criar um crime para Pizollato, Isto é transformaram a visanet em orgão do estado, esconderam provas e documentos e Pizollato foi julgado num fórum “Privilegiado”. Precisavam do tesoureiro e do presidente do Partido, e lá foi Delúbio e Genoíno. Afora a figura de Dirceu, pois precisavam de um Capo di tutti capi. Misturaram tudo isto com a fisiologia de Jefferson e seu partido, que foi transformado em herói e vítima. A acusação, organização criminosa e formação de quadrilha. ( Curiosamente ao final do processo depois da teoria de Dominio do Fato, inocentaram os réus, da acusação de formação de quadrilha.  Em sua empáfia  pensaram que enfim o PT estava destruído. Três eleições depois,  voltam a carga com o mesmo modus operand. Prenderam um tesoureiro, Vaccari e  mais uma vez Dirceu, acusado e condenado sem que as provas tenham vindo a público. A acusação também é nebulosa, mas puniram até sua mãe, sem que ainda a sentença estivesse transitada em julgado. Afinal, ainda não foi julgado até a última instância. O Supremo criou então uma lei anticonstitucional onde, por lei presumivelmene inocente,  fica preso sem condenação final O objetivo, deixar Dirceu na masmorra.  Jamais vão parar até destruir Dirceu. Pois Dirceu é prova viva do crime cometido pelos seus acusadores. Como no caso da mulher violentada, ele jamais pode ser perdoado, não pelo crime, mas sim por ser testemunha viva do crime.  Agora precisam  erradicar o PT e para isto precisam caracterizar que as contribuições de campanha, apenas do PT, são sujas. Quem sabe cassar o partido. Afinal já fizeram isto com o PTB de Brizola.  Precisam para isto um Ministro de Estado, precisam para isto um ex-presidente. Assim a delação de Eike, que não é uma delação e nem  acusação é apresentada na TV como: “Eike  acusa o Ministro”. E mesmo que no vídeo vazado nenhuma acusação esteja presente, a presdigitação de Bonner e companhia  acompanham a peça juridica de Moro.  Em nenhum momento Eike disse que foi coagido e até disse que “democraticamente” doava quantias iguais a todos os partidos. ( Mas Moro fez ouvidos moucos às doações ao seu PSDB). O juiz Moro em seu parecer apresenta coincidências inverossímeis, como por exemplo o resultado de uma licitação e assinatura do contrato no mesmo dia de uma conversa. Isto chega a ser infantil. Como é infantil afirmar, mesmo depois de saber de toda a critica sobre a morosidade dos processos licitatórios , e ou dos vários estágios por qual passa um processo de tal monta. Mesmo depois de se saber por quais orgãos e por quantos conselhos. O juiz acha suspeito que a conversa, negada pelo Ministro, e  que segundo o proprio Eike, foi um pedido, resultou num ato   em um orgão que sequer era da alçada do Ministro e se transformou  em  um contrato no mesmo dia. Em sua peça juridica, Moro diz que é uma curiosa coincidência. E em cima desta coincidência  Moro  emite uma ordem de prisão preventiva. Uma ordem que depois de mêses na gaveta, é “coincidentemente,  executada logo após a Petrobrás, acabar com o privilegiamento da Indústria Nacional e anunciar que vai gerar emprego nos Estados Unidos comprando duas plataformas . A acusação vem ainda com a pecha de que as companhias não tinham competência.  Depois do vazamento no golfo do México, ou da famosa P36  (2001-FHC) e Enchova (1984), todas construídas fora do Brasil,  temos várias plataformas construídas em Estaleiros brasileiros, funcionando e muito bem.  Mas Moro alega incompetência.  Isto é, esta acusação de Moro serve bem a interesses dos grupos de petroleo. Ao mesmo tempo pode jogar a pecha sobre o governo do PT, não de favorecimento ao emprego nacional, mas sim à corrupção. Sem nenhum parecer técnico a peça jurídica é apresentada à imprensa, com outras estranhas coincidências. Prendem um ministro e liberam no ar a pergunta do inquiridor. ” quase que forçando Eike  a dizer que  foi para o PT e não para a campanha não é isto” . Claro que Merval , Cristiana e Lo Prete, vão utilizar isto depois para absolver Temer e PMDB, no TSE. Mais uma coincidência; após meses na gaveta, a notícia é solta no dia da manifestação das centrais sindicais, que curiosamente sumiram do noticiário; outra coincidência, a acusação de Moro vem depois de aceitar a acusação contra Lula e  repetindo as palavras de Aécio, vai dizer que a presença de um MInistro demonstra a tese de uma organização criminosa. A confiança do grupo é tão grande que sequer escondem os vídeos  onde Eike desmente as acusações, ou os vídeos onde as testemunhas  desmentem a acusação no caso do triplex. Neste mesmo  dia a regularização do aeroporto de Aécio,( provavelmente para helicopteros), é lançada na mídia para não ser notada. E finalmente a triste coincidência, de forma humilhante o ministro, no mesmo hospital em foi vaiado, é preso ao pé do leito de sua esposa.

    Por isto e por outras me parece que  tanto no caso do Mensalão, ou no atual , não existe inteligência  nos atos, mas sim desfaçatez,  truculência e poder. As peças jurídicas são construidas em conjunto com a mídia e com interesses bem definidos. O timing é incrivelmente planejado. Mas não se tem qualquer receio  de que  as pessoas honestas percebam, a obra de ficção. Pois planejamento  não é inteligência  nem criatividade, (Eichman também planejava) o planejamento pode ser como o  roteiro de muitas novelas  na TV, onde  já se sabe o final no primeiro capítulo. Os temas, os tópicos  e as acusações são feitas num roteiro, com a conivência  ou mesmo participação de alguns membros do STF. Eu me pergunto, porque um decano justificaria  uma prisão preventiva  de um ex ministro, ao pé de um leito de hospital?  Como já disseram em outra ocasião, o fizeram porque assim a literatura o permite.  Nem mesmo se fosse culpado, se justificaria tal absurdo, mas o Decano tinha que dar seu aval para a imprensa.  E assim vão querer Mantega, da mesma forma como precisaram de  Pizzolato, porque é necessário para formar o quadro.  O problema deste xadrez, é que um jogador , algema  e venda o outro sob a mira de seus canhões,  e ainda assim tem muito medo. O problema deste xadrez é que malgrado falarem tanto da inteligência entregaram o país à indigência,à senilidade e a ganância. Nada disto ocorreria sem o cinismo estampado pelos âncoras de quase todos os jornais. Mesmo depois de tanta desfaçatez é curioso ver antigos jornalistas transformados em espectros, incapazes de se posicionar. Todos vão se transformando em Casoys ( È uma vergonha!!) e Waacks que comandam conscientemente os outros na tal estrada asfaltada de péssimas  intenções rumo ao inferno. E todos vão a Kamel.

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