Leitura em tempos de textos visuais

Por: Eliana Rezende

 

Fenômeno estranho o que estamos assistindo.

A invasão imagética tem sido de tal ordem e magnitude que outro dia parava e pensava sobre o que eram simples textos. Ideias justapostas em parágrafos e que, em sendo construídos, chegavam a ocupar páginas inteiras.

Hoje temos uma economia de sentidos que possibilita o uso de textos curtos mas não mais em formas de parágrafos justapostos, mas de imagens. E nesta profusão de conteúdos sintéticos com perfil de fotografia vamos encontrando de tudo: de frases de autoajuda, palavras de ordem, desafios cognitivos, tentativas de pequenas piadas e críticas sociais, até o seu posposto: incitamento ao ódio, violência, xingamentos, xenofobias, preconceitos.

Os textos – se escritos são pura e simplesmente economia silábica e há todo momento saltam dos mesmos listas, enumeração e pontos: sempre temos a sensação de que saímos de vez de um texto de Word e entramos direto numa apresentação em PPT.
Cansativo, repetitivo.

Ou seja, a sociedade passou a ser amplamente imagética e pergunto-me quase que ao mesmo tempo em que respondo que isto ocorre por demanda de velocidade e pressa. Ler passa a ser um item de luxo e a máxima “uma imagem comunica mais que mil palavras”, parece ser o objetivo perseguido.

Seria isso ser bem vindos à Era da Informação?

No rol das imagens, e talvez por ser ainda mais rápido, são acrescidos sons e imagens. Os vídeos ganham popularidade na forma inversamente proporcional em que conteúdo, forma e compreensão se perdem.

A cultura visual economiza silabas e cria como forma de interação emoticons.
Para quê uma frase inteira?!
E assim seguimos, cada vez mais produzindo cifras de todas as ordens.
O século XXI nunca esteve tão próximo de uma escrita cuneiforme!
Imageológica. Icônica!

Como digo, inovação não tem sido o forte das redes sociais. Como explicar tanta proximidade com a escrita cuneiforme em tempos digitais?

O pior é que numa escrita cuneiforme existia todo um domínio e construção sígnia, o que definitivamente não ocorre aqui. Em geral, as pessoas nem sabem escrever por extenso muitos de seus emoticons.

O que salta aos olhos são que as pessoas estão perdendo a habilidade e motricidade para a escrita, estão indo para a mais simplória das  simplificações imagéticas, auxiliados cada vez mais pelas tecnologias que surgem em seus Smartphones, que tentam todo o tempo “adivinhar” e completar palavras. Atualmente basta uma sílaba ou letra para que se tente imaginar os pensamentos de quem escreve. 

E a próxima pergunta: “porque será?”

E de novo, respondo que, talvez porque ainda sejamos os mesmos seres primitivos que encontramos em formas simplificadas de comunicação a solução de tudo o que ignoramos ou não nos interessamos em saber ou fazer.

Se curtir e compartilhar é mais fácil do que construir, articular, verbalizar, porque perder este tempo?

____________________

Posts Relacionados: 

Em Tempos de Tintas Digitais: Escritos e Leitores – Parte I

Pensados a tinta e escritos à máquina 

Chegamos ao fim da leitura?

Você ainda escreve carta?

Geração Touchscreen

Nossa vida é nossa primeira ficção 

Contradições em vidas modernas

*
Siga:

O Blog em sua página do Facebook:

Meu Portal: ER Consultoria | Gestão de Informação e Memória Institucional

No Twitter: @ElianaRezende10

No Instagran: elianarezende2801

 

 

 

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador