Morre o diretor de redação da Folha, Otavio Frias Filho

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Foto José Antônio Teixeira/Assembleia Legislativa de SP

Jornal GGN – Morreu na madrugada desta terça-feira, dia 21, em São Paulo, o jornalista Otavio Frias Filho, aos 61 anos. Otavinho, como conhecido, era diretor de redação da Folha e estava com 61 anos de idade. Também escritor e ensaísta, otavinho lutava contra um tumor no pâncreas e estava internado no Hospital Sírio Libanês.

O jornalista foi diagnosticado com a doença em setembro de 2017, e morreu às 3h20 desta terça. O velório acontecerá a partir das 11h30 e a cremação às 13h30, no cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra.

Ele esteve no comando da Folha por 34 anos. Foi um dos responsáveis pela implantação do “Manual da Folha”, que define o estilo do jornal.

Formado em direito e com pós-graduação em ciência política, escreveu peças de teatro e livros. Nos últimos anos, escrevia uma coluna no caderno Ilustríssima, de cultura.

Era casado com Fernanda Diamant, editora da revista literária Quatro Cinco Um e deixa duas filhas, Miranda e Emília. Deixa também os irmãos Maria Helena, médica, Luis, presidente do Grupo Folha, e Maria Cristina, editora da coluna Mercado Aberto.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

57 Comentários

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  1. Que a folha tenha, agora, o

    Que a folha tenha, agora, o mesmo destino que teve a abril. Não vou fazer papel politicamente correto. Não lamento. Foi um elemento que ajudou a causar tanto mal ao país.

    1. Que o capiroto o abduza !!

      Que líderes do PT não aceitem coações(chantagens) para comparecerem chorosamente ao velório.

      Alô Suplicy, Mercadante, Haddah etc…Tô de olho em vocês !!

  2. Qual a relevância dessa morte para a Revolução?

    Um cachorro morder um homem não é notícia. Mas se um homem morder um cachorro… e não tiver vacinado…

    Apesar de frieza contra os pobres e deserdados, que a terra lhe seja leve

  3. Segundo ele,falar inglês era
    Segundo ele,falar inglês era condição fundamental para eleger-se presidente da República (do Brasil). Contudo,contrariado pela realidade,passou a produzir jornalismo padrão VEJA,tornando-se ,também,pioneiro do “fake press”,segundo seu idioma.

  4. Caro Nassif
    Em conversa com o

    Caro Nassif

    Em conversa com o diabo esses dias, ele me avisou que o inferno ira aumentar território para caber mais umas 5 milhões de almas de brasileiros, depois do golpe de 2016.

    É bom que ele consiga logo ese espaço.

    Já desceu mais um.

  5. Grande perda, deu espaços pra gente de esquerda ter coluna etc

    do pouco que li, ele pensava(coisa rara) e escrevia bem (idem).Um dos méritos foi ter convidado a que achava e acho a mais pensante,libertária e corajosa de toda a imprensa,a escritora Marilene Felinto,q terminou pedindo demissão por não admitir uma 1ª censura. M.Felinto resolveu tirar seu belíssimo site do ar.Tem uma crônica em que só não dizia que jornalistas são lindos. Mesmo na imprensa alternativa onde ficou pouquíssimo tempo. Uma perda.Voltei a assinar a Folha de S. Paulo,infinitamente melhor do que acessar e “ler” em monitor. Mesmo que chegue de tardezinha em Recife (Tenho acesso UOL e podia e posso acessar a FSP, mas prefiro pular de galho em galho, ler coisas plurais, devagarinho, e ver como somos frágeis, com poses).

  6. O valor da vida
    Não se deve alegrar com a morte de adversários porque é um desrespeito ao ciclo democrático da Vida – a morte não é castigo ou justiça, e é a única que realmente é para todos.
    Mas lamentar também não é obrigatório, ainda mais em se tratando de um cidadão que nem depois de descobrir doença tão ameaçadora mudou sua visão mesquinha sobre seu país e o povo que mal vive.

    Em respeito ao momento de dor da família, aquilo que eles não costumam ter por seus adversários, ofereço silêncio sobre o legado (os adjetivos ficam para depois do luto a ser respeitado…) do morto.

    Sampa/SP, 21/08/2018 – 09:56 (alterado às 10:00).

  7. Não podemos esquecer, também:

    Não podemos esquecer, também: foi a folha que deu o pontapé inicial na opereta bufa “IL MENSALONE” que, no frigir dos ovos, acabou desembocando no golpeachment. A folha também tem sua parcela de culpa nesta onda de ódio e ascenção do fascismo.

      1. Lo Frete serviu de escada

        Lo Frete serviu de escada para a atuação histriônica da primadona, que depois confessou que seus instintos mais primitivos haviam despertado…

  8. Como esse homem foi ruim para

    Como esse homem foi ruim para o povo brasileiro e para o Brasil, defendendo seu interesses de classe e seus próprios interesses.

  9. Era péssimo mas era o menos pior

    O Brasil está numa situação muito complicada…

    Já prevejo uma guinada ainda mais reaçonária e direitista para imprensa brasileira. 

    A Folha de São Paulo ainda tentava manter as aparências com uma cota de “esquerdistas” moderados e inofensivos. Fazia uma auto-crítica capenga… mas fazia.

    Os outros jornalões são um tanque de guerra ideológico/patronal que passam por cima de tudo. Sinceramente, Estadão eo Globo são desprezíveis… não existe nenhum tipo de abertura ou oxigenação… é guerra peramnente.

    Geralmente as próximas gerações tentam se mostrar mais “radicais” e “rebeldes” que a anterior… tentam mostrar que “o sonho não acabou”… tentam mostrar “mais engajamento”. Substituem talento por iniciativa… aí já era…

    As velhas alianças  de “cavalheiros” estilo PSDB/Mídia estão morrendo com a geração Serra/Frias… isso seria ótimo se houvesse algum perspectiva de melhoria… MAS EU NÃO VEJO NENHUMA!!!

    É visível que a “geração Dória” não conseguiu exercer a mesma influência dentro dos jornais que a geração Serra/Alckmin… temo que a próxima geração venha reestabelecer o velho laço… só que ainda mais próximo.

    Nossa mídia se tornará um MBL.

  10. Bons ventos!

    Já vai tarde!

    E os “republicanos” de meia tigela do PT que não ousem ir ao velório, muito menos elogiar esse direitista velhaco!

  11. Nassif;
    Não é somente porque

    Nassif;

    Não é somente porque morreu que devemos esquecer o quanto mal ele fez ao povo brasileiro, principalmente ao povo mais carente.

    Com respeito, mas com espirito crítico não podemos nos calar sobre o que este “cidadão” fez e deixou de fazer, o pior que sempre na direção errada.

    A manipulação da verdade e de mentes é certamente uma falta imperdoável. Pergunto o que adiantou para ele, o que ele está levando para sua sepultura.

    Que a terra lhe seja leve, porque a conciência deve estar muito pesada.

    Genaro

  12. Recebo com tristeza essa
    Recebo com tristeza essa notícia. Não pelo falecido e seu biquinho de menino mimado que não fará falta mas pelo povo brasileiro.
    A sucessão destes grupos midiáticos golpistas é terrível e cada novo capô quer um golpe para chamar de seu.
    Golpistas!

    1. A única tristeza…

      A única tristeza que eu sinto com essa notícia é que ele não tenha durado o bastante para ver o Lula dando a volta por cima desse golpe que ele fomentou.

      De resto, não vou me rebaixar a nível de me regozijar com a morte de qualquer ser humano, por mais por mais que tenha feito por merecer. Só cabe aqui o meu mais completo desprezo.

  13. O ódio patológico que Otavinho tinha do Lula

    Já trouxe este texto aqui umas 18 vezes, prometo que é a última, por motivos óbvios.

    Livro: Do Golpe ao Planalto – Ricardo Kotscho – Cia. Das Letras. 2006. 

    Capítulo: Rumo à Vitória 2000 – 2002 – página 225

    (…)

    O único problema mais sério que tivemos no relacionamento com a imprensa ao longo da campanha aconteceu por culpa minha. Lula já havia mantido encontros e participado de almoços com os dirigentes dos principais meios de comunicação, mas resistia a atender ao convite da Folha para o tradicional almoço com os diretores, editores e repórteres especiais. Quase toda semana, “seu” Frias ou alguém a seu pedido repetia o convite, que eu voltava a levar a Lula. Este alegava que noutras ocasiões tinha ficado contrariado com a maneira pouco cortês como fora tratado no jornal. Tanto insisti, que ele acabou me autorizando a marcar o almoço. Impôs, no entanto, que o número de participantes fosse reduzido, para que pudesse conversar melhor com o “seu” Frias.

    Em razão de algum mal-estar ocorrido em almoços anteriores, dos quais não participei, o clima já não pareceu muito amigável desde o momento em que “seu” Frias recebeu Lula e José Alencar. Otávio Frias Filho ficou calado, enquanto Lula não parava de falar dos seus planos para o país e da importância de ter um vice como Alencar. Assim que os comensais sentaram à mesa, Frias Filho disparou a primeira pergunta: se Lula se sentia em condições de governar o país, mesmo sem ter se preparado para isso, não sabendo nem falar inglês. O candidato fez uma expressão de incredulidade, olhou prá mim como quem diz: “E eu tinha que ouvir isso?”, engoliu em seco e deu uma resposta até tranqüila diante daquela situação constrangedora.

    Como se tivessem sido ensaiadas, as perguntas seguiram no mesmo tom hostil ao convidado até que, já quase na hora em que seria servida a sobremesa, alguém quis saber como ele se sentia ao aceitar uma aliança com Paulo Maluf. O argumento era que, se o PL apoiava Maluf na eleição para governador de São Paulo, o candidato do PT a presidente também estaria se aliando ao político que mais combatera durante toda a história do partido. Não havia porém, nenhuma aliança em São Paulo entre o PP e o PT, que disputava a mesma eleição tendo como candidato o deputado federal José Genoíno. Foi a gota d’água. Lula não respondeu; levantou-se, dirigiu-se a “seu” Frias e comunicou: “O senhor me desculpe, mas não posso mais ficar aqui. Vou embora. Não posso aceitar isso, em nome da minha dignidade.”

    Ficou todo mundo paralisado. “Seu” Frias levantou-se também. Antes de sair, Lula ainda disse a Otavinho, o único que permaneceu na sala:”Eu não tenho culpa se você está nervoso porque teu candidato vai mal nas pesquisas”. Para ele, a Folha estava apoiando José Serra. Pegando no braço do candidato, “seu” Frias o acompanhou até o elevador e depois até o carro, no estacionamento, com os outros todos caminhando atrás. “Nunca tinha acontecido isso antes na nossa casa”, lamentou.
    (…)

     

    1. À atenção do Edson Moraes – comentário das 12:17h.

      Pode ficar indignado com os comentários, mas após ler o do Fernando J, em tela, sou mais uma a te indignar. Repetirei uma frase usada pelo porteiro do meu prédio :   Está muito bem “morrido”  !!!

  14. Praga de petista pega

    Praga rogada por petista pega e um a um os golpistas estão sumindo.

    O Eduardo Cunha está na cadeia enquanto a mulher e a filha se divertem com as propinas arrecadadas, o PSDB e o PMDB estão sendo riscados das urnas, a Abril está sendo devorada pelos credores, o dono da Folha de SP partiu desta para pior, o cheirador de Minas sumiu do coração dos coxinhas.Não estou comemorando nada, só como jornalista, relatando os fatos.

    1. é da condição humana

      Todo mundo morre, meu caro. A imprensa oligárquica do Brasil me provoca náuseas e eu não sentia nenhuma simpatia pelo herdeiro falecido. Mas tumor no pâncreas não é castigo: é doença, fatalidade que nos iguala. Quando uma desgraça atinge alguém de quem não gostamos, o melhor é ficar em silêncio – nem mostrar um pesar hipócrita nem fazer o que muitos estão fazendo aqui.  

  15. O governo Dilma, apesar de

    O governo Dilma, apesar de ser do povo e para o povo, cometeu erros homéricos na economia, e agora a culpa da situação calamitosa do país é da imprensa? Taí o André Araújo, colunista econômico que volta e meia aborda esse assunto. 

    1. Tem gente que vê mas não enxerga

      Quer dizer que o Brasil tá na situação atual não por causa dos golpistas, do Congresso Nacional, que boicotou o governo dilma, da Lava Jato que destruiu as empreiteiras e desvalorizou a Petrobrás a fim de que os Gringos a comprem a preço de banana em fim de feira e também por culpa da imprensa Pibinho?

      O Sujeito vive com a cabeça na Monarquia e quer fazer análise de conjuntura.

      Vocês querem o presunto? Apressem-se pois o Coxinha não demorará a ser cremado.

       

      “HAMLET: Pode-se pescar com um verme que haja comido de um rei, e comer o peixe que se alimentou desse verme.
      O REI: Que queres dizer com isso?
      HAMLET: Nada; apenas mostrar-vos como um rei pode fazer um passeio pelos intestinos de um mendigo”.

      William Shakespeare

       

  16. Homenagem póstuma
    Como singela homenagem póstuma ao defunto, em honra ao manual de redação por ele criado e da resultante linha semântica editorial por ele edificada e também em deferência à verdade dos fatos, objeto excelso do jornalismo, as manchetes, os comentários e as referências sobre o defunto deveriam sempre o adjetivar com clareza.

    Por exemplo, a notícia sobre seu fim poderia ser:

    MORRE O OLIGARCA FRIAS FILHO!

  17. O que realmente importa

    Ele esteve no comando da Folha por 34 anos. Foi um dos responsáveis pela implantação do “Manual da Folha”, que define o estilo do jornal.

    Formado em direito e com pós-graduação em ciência política, escreveu peças de teatro e livros. Nos últimos anos, escrevia uma coluna no caderno Ilustríssima, de cultura.

    Mas faltou falar da “moderninha”, talvez sua principal contribuição à história da humanidade. É para ele o que a cerejeira foi para Lucullus.

  18. Não foi o cancer que o matou,

    Não foi o cancer que o matou, foi desgosto de ver o cancer que ele ajudou a criar e dominar o Brasil. Ou talvez o desgosto do seu fracasso em não conseguir derrotar o Lula. Que vá em paz, que o Brasil continua na guerra suja que ele ajudou a fazer.

  19. O cara morreu com 61 anos, se
    O cara morreu com 61 anos, se não tivesse tanto ódio, raiva e rancor do Lula/PT poderia ter vivido muito mais.

    O seu rancor lhe corroeu por dentro e alimentou seu câncer.

    Deus que me perdoe. Não desejo mal de ninguém, mas se o capeta abraçou não posso fazer nada.

    Que vá para os quintos dos inferno. Que o capeta lhe reserve uma área Vip bem no centro da churrasqueira.

  20. Impressionante!

    Deprimente o nível da maioria dos comentários aqui. É essa gente que defende a democracia? E ainda têm a cara de pau de falar de “discurso de ódio” só do outro lado. Vergonha alheia!

    1. Queria o que? O cara é de uma

      Queria o que? O cara é de uma máfia que fode o Brasil há mais de 50 anos? Um monte de beijinhos, flores, declarações hipócritas de sentimentos? Basta lembrar que os Frias sacaram dinheiro em pleno confisco do Collor e enviaram para o HSBC Suiço, enquanto nos enganava com aquela conversinha de que eram contra a corrupção, sonegação, queriam um Brasil melhor. Naquela época eu assinava esse jornal vagabundo e nem sabia que eles tinham ajudado a ditadura a transportar torturados. E depois participou ativamente do golpe de 2016, mentiu, enganou, blindou a tucanalha e ajudou a levar o país para a situação atual. Eu não lamento nem comemoro, apenas desprezo este verme.

    2. sei lá

      Beato Edison eu perdoo sempre a quem quer ser perdoado, no caso desta figura menor a se achar maior escudado em folhetim partidário a destilar ódio tenho as minhas duvida se este era o seu desejo, não tenho a resposta fico com a minha e de muitos opinião.

    3. O meu ódio é o melhor de mim

      No poema de título “A Flor e a Náusea”, o Carlos Drummond escreveu:

      “9…)

      Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
      Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
      Porém meu ódio é o melhor de mim.
      Com ele me salvo
      e dou a poucos uma esperança mínima.

      Uma flor nasceu na rua!
      Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
      Uma flor ainda desbotada
      ilude a polícia, rompe o asfalto.
      Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
      garanto que uma flor nasceu.

      Sua cor não se percebe.
      Suas pétalas não se abrem.
      Seu nome não está nos livros.
      É feia. Mas é realmente uma flor.

      Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
      e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
      Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
      Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
      É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio”.

    4. Eu defendo a ditadura do proletariado

      Eu não defendo a democracia das minorias privilegiadas, eu defendo a ditadura da maioria trabalhadora sobre a minoria parasitária.

    5. A época do “Lula Paz e Amor”

      A época do “Lula Paz e Amor” acabou. Agora só defendo uma coisa: a morte dos inimigos do país. Semearam o ódio. Agora que saboreiem a colheita.

    6. Entre o Frias e tu, que tu preferirias que morresse?

      Tem que romper no procedimento. Dai já abre a pupila e o capeta abarca ela

      Esse ferimento se revoltou quando disseram isso com a Dona Marisa?

      1. Claro!

        Evidente que também não gostei de certas reações as mortes de dona Marisa e, claro que em outras circunstâncias, da Mariele. A diferença é que daqueles tipos de pessoas eu não esperava atitudes diferentes.

  21. Foi o seu jornal que classificou a ditadura militar de Ditabrand
    _Renata Mielli, coordenadora geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), sobre Otavio Frias Filho:_

    “Otavinho, como era conhecido, foi um dos donos de jornais mais paradigmáticos da história recente. Conduziu seu jornal com um olho no mercado e outro na opinião. Fez reformas importantes para o jornalismo, obrigando outros impressos tradicionais a se renovarem. Sua Folha, foi o primeiro – talvez um dos poucos – jornal a assumir editorialmente a defesa de direitos humanos.

    Mas, na economia e na política, nunca pestanejou em defender os extratos mais ricos da sociedade, o rentismo e a agenda neoliberal. Foi o seu jornal que classificou a ditadura militar de Ditabranda e, ao fazer isso, jogou na lata do lixo toda essa postura progressista que tentou cultivar.

    Um amigo jornalista lembrou ontem do almoço em que o diretor de redação da Folha humilhou Lula ao perguntar se ele seria mesmo candidato a presidente mesmo sem saber inglês ou possuir um diploma de nível superior. Lula se levantou e foi embora. Otávio era arrogante, era um dos expoentes da elite econômica cultural, e agia como tal. Seu jornal adotou nos últimos anos a mesma linha dos outros veículos da mídia hegemônica tradicional – contribuiu para a criminalização da política, para cindir a sociedade, espalhando preconceito e ódio.

    Foi esse jornal que num “furo de reportagem” estampou em manchete de capa uma ficha falsa de Dilma Rousseff no período da ditadura, em plena campanha eleitoral de 2014. Naquela ocasião, a preocupação com a desinformação (fake news) ainda não tinha virado moda. Se tivesse, certamente a etiqueta que esta notícia receberia das agências de checagem seria falso.

    A nossa moral cristã tem uma mania de, depois da morte, canonizar as pessoas. Que Otavinho seja lembrado pela história pelo que fez de positivo, mas também pelo que fez de negativo para o jornalismo e para o Brasil.”

    https://www.facebook.com/653199517/posts/10156582865219518/

  22. Otavinho, por Laurindo Lalo Leal Filho
      

    Laurindo Lalo Leal Filho

    12 min ·  Com a honrosa exceção de Samuel Wainer não vejo em nenhum outro empresário da mídia motivos para elogios. Todos eles sempre foram os vocalizadores dos interesses patronais. No caso do falecido diretor da Folha de S.Paulo a abertura para idéias progressistas nos anos 1980 e o apoio às diretas-já foram apenas opções mercadológicas para enfrentar o seu concorrente conservador. Não havia nenhum compromisso ideológico tanto é que, conquistada a liderança no mercado, o jornal bandeou-se para uma linha de apoio incondicional ao neoliberalismo. Pouco antes do golpe de 2016 publicou editorial na primeira página que é um primor na defesa do desmonte do Estado e no ataque às conquistas dos trabalhadores. Resume a tal “ponte para o futuro” adotada posteriormente pelos golpistas. Tanto é que foi um dos propagandistas do golpe chegando a publicar repetidamente, na forma de serviços, os locais, as datas e os horários onde aconteceriam manifestações, como se fossem as atrações da semana, tal qual o cinema ou o futebol. Com Lula o antagonismo era pessoal. O famoso almoço em que perguntou como Lula queria ser presidente sem falar inglês nunca lhe saiu da memória. Testemunhas contam que ao se dirigir para o elevador, interrompendo o almoço diante de tanta mediocridade, Lula foi alcançado pelo Frias pai que se desculpou e pediu que retornasse à mesa. Em seguida mudou o filho de posição colocando-o longe do então candidato a presidente. Uma humilhação jamais perdoada, respondida com uma oposição sistemática aos governos petistas. Que o digam as capas com pedalinhos em Atibaia ou com a ficha policial falsa da Dilma.

  23. Hipócritas

    Hipocrisia abunda.

    Como se a morte do oligarca Frias Filho, apoiador do golpe que segue matando gente de fome, violentando a democracia, etc., etc., etc., devesse ser seguida de algum tipo de complacência respeitosa para com seus malfeitos.

    E mais, posso falar em primeira pessoa, o pluralismo propalado por ele quanto ao seu jornal é uma fraude, vide o tratamento nada democrático e pluralista, diria ao contrário, que flertava desavergonhadamente com o crime da calúnia ao perseguir comentaristas dissidentes e preservar a pelintragem dos perfis falsos disseminadores do, este sim, verdadeiro discurso de ódio da canalha fascista.

    Não acuso em vão, tenho provas!

     

     

  24. Depoimentos: Nilson Lage
      

    Nilson Lage

    2 min ·  Da única vez em que vi Otávio Frias filho, lembro-me da mão molhada e pendente que me estendeu Bóris Casoi.
    Boris entra nessa história porque fora designado pelo velho Frias, o pai tão chegado aos militares da linha dura, para tomar conta do filho, recém-empossado diretor redator-chefe da Folha de São Paulo. Eu visitava o jornal, em missão da Federação Nacional dos Jornalistas, no contexto de uma briga da empresa com o sindicato de São Paulo. 
    O menino Frias comprara um computador mainframe e, como os vendedores lhe disseram que dispensava revisão (porque a digitação na matriz gráfica era feita pelos repórteres), demitiu o corpo de revisores inteiro, sem considerar que boa parte das matérias – e anúncios – vinha, na época, em papel ou por teletipo. E jornalistas erram.
    O jornal passou a sair cheio de cacos, mas o garoto não deu o braço a torcer; contratou subeditores, pagando salários bem maiores, para fazer o serviço de revisão. Era impossível, porque não havia terminais de segundo nível (“inteligentes”) em número bastante para recuperar e corrigir os arquivos. Também não havia como duplicar o computador, porque o modelo comprado (com bom financiamento), dado por modular, era ponta de estoque.
    Eis dois traços marcantes do jovem Otavinho; a arrogância e o desconhecimento do negócio em que se metia. De positivo, boas intenções: firmou linha editorial oposta ao arcaísmo do Estadão; criou um conselho editorial de alto nível, coisa civilizada; e deu poder a jovens jornalistas com verniz universitário para implementar um jornalismo “estilo americano”. Também americano foi o modelo de gestão: forçar a competição entre as pessoas para obter o máximo rendimento. Regras rígidas, comando hierárquico.
    Já aí várias escolhas duvidosas; frases curtas, “uma proposição por período”, ordem direta funcionam bem na cobertura impessoal da fatos urbanos e cerimoniais. Não é necessariamente o caso de matérias de testemunho, em que transparece a impressão subjetiva, ou análises políticas e econômicas embutidas no noticiário. Textos curtos são mais lidos, mas o leitor preferencial, o formador de opinião, aprecia o detalhe e preza a sensação de completude. O individualismo contamina o trabalho em equipe, cria insegurança, limita da liberdade, induz ao erro.
    Muitas das boas intenções de Otavinho perderam-se na teia dos negócios: terminou cometendo indignidades tais como aquelas que atribuía aos mais velhos, no nível profundo do conflito de gerações.
    Talvez se deva relevar o fato de que viveu um meio empresarial provinciano e presunçoso, em ambiente político em que se fabricaram fortunas como as de Serra ou Temer, glorificam-se picaretas como Dória e – espantoso – a granfina Marta posou tanto tempo de líder de um partido de trabalhadores.

     

  25. Um negociante da mídia,

    Um negociante da mídia, espero que a FSP tenha o mesmo destino do grupo Abril. A Globo veremos sendo vendida em breve para os Marinhos, quem viver verá. O Estadão é igual “merda”, boia e não afunda. O jornalismo acabou a mais de 10 anos.

  26. E seu legado fica

    Eu tinha guardado num canto da memoria uma imagem de um Otavinho ainda jovem, reformulador da Folha nos anos 90 e tal. Mas eis que o tempo passa para todos. Morreu num momento tão triste para seu Pais, que se encontra, sobretudo por responsabilidade da imprensa à qual dirigia, num beco quase sem saida. Talvez acontecera no Pais o que não ocorre desde a colonização: rebeliões. Se for assim, até as revoltas serão devidas ao trabalho insano de uma imprensa antipetista.

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