Não precisa de crédito mas de um governo que mobilize e compre, comentário de MARCO ANTONIO CASTELLO BRANCO

Por MARCO ANTONIO CASTELLO BRANCO
comentário no post Coronavírus: Pacote de Bolsonaro é “para enganar trouxa”, diz Kennedy Alencar

A pandemia na qual nos encontramos implica reconhecê-la como um de estado de guerra. Guerra sanitária, mas guerra. A evidencia histórica mostra que em momentos de guerra o governo central assume a posição de grande coordenador da alocação dos recursos humanos e materiais da nação. Em períodos de guerra nunca existiu preocupação com déficit público. O governo central usa sua prerrogativa de emissor soberano e aumenta a quantidade de moeda disponível para fazer andar a economia. E faz isso comprando armas, munições, pagando soldo aos recrutas convocados para servir em armas, construindo a infraestrutura necessária para movimentar exércitos e respectivas provisões.

Os efeitos do COVID 19 na economia do país são idênticos àqueles gerados por um ataque bélico que, além de destruir vidas, paralisa a capacidade operacional dos agentes econômicos. O isolamento social que ele impõe interrompe o intercâmbio de materiais e serviços entre pessoas e empresas destruindo o fluxo de moeda. Nesse instante de completa paralisia, aumentar a disponibilidade de crédito para as empresas e colocar dinheiro no bolso das pessoas não é capaz de trazer de volta as trocas de materiais e serviços. Ameniza a fome mas não produz a comida de que as pessoas necessitam para sobreviver.

O que o Brasil e o mundo precisam nesse momento de calamidade sanitária e desordem econômica não é de um emprestador de último recurso capaz de imprimir moeda sem constrangimentos. O Brasil e o mundo precisam agora é de um governo que tem a possibilidade ilimitada de imprimir moeda para sustentar sua função indelegável de comprador de último recurso. Um comprador competente que além de armas e munições sabe comprar, e por isso é capaz de induzir a indústria nacional a voltar a produzir, equipamentos hospitalares, remédios, camas, os edifícios em que devem ser instalados, as ambulâncias que transportam doentes e as estradas onde precisam trafegar e principalmente o serviço indispensável de médicos, assistentes, enfermeiros, assistentes sociais e de todos aqueles que servem a vida, e não a morte.

Lamentavelmente o Brasil vive o paradoxo ser governado por militares que se mostram incapazes de mobilizar e conduzir a nação no seu esforço de guerra contra o COVID 19.

MARCO ANTONIO CASTELLO BRANCO

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