O caso do Picasso do INSS, por Luis Fernando Verissimo

Enviado por superperplexo

Do O Globo

O CASO DO PICASSO

Do Artigo “Imagens” de Luiz Fernando Veríssimo publicado ontem (10ago14) em O Globo

O caso do Picasso autêntico que era cópia como exemplo de um hábito reincidente de certa imprensa de ver ou fabricar escândalos onde não há nenhum

O Millôr pulverizou a frase feita “Uma imagem vale mil palavras” desafiando: “Diga isso sem palavras”.

No recém-lançado filme de Jorge Furtado, “O mercado de notícias”, um semidocumentário sobre a imprensa brasileira, é lembrada a descoberta há alguns anos de um quadro de Picasso numa dependência do INSS, denunciada pela imprensa como um escândalo, prova da ignorância de servidores que não sabiam o tesouro que tinham na parede, e/ou de desperdício indefensável de dinheiro público.

O Picasso do INSS rendeu várias reportagens, e, como se não bastasse a indignação já provocada, o prédio em que estava pegou fogo — ameaçando a preciosa obra! Que, é claro, de preciosa não tinha nada. Era um pôster reproduzindo um retrato de mulher do Picasso como se pode comprar em qualquer loja de museu do mundo, emoldurar e botar na parede gastando muito pouco.

Jorge conta o caso do Picasso autêntico que era cópia como exemplo de um hábito reincidente de certa imprensa de ver ou fabricar escândalos onde não há nenhum —e vá esperar retratação quando a denúncia é desmentida.

Mas o filme de Jorge, com depoimentos de gente como Mino Carta, Bob Fernandes, Janio de Freitas, Cristiana Lôbo, Renata Lo Prete, Fernando Rodrigues, Geneton Moraes Neto, Leandro Fortes, Luis Nassif, Mauricio Dias, Paulo Moreira Leite e Raimundo Pereira, acaba sendo um elogio da nossa imprensa. Se mais não fosse, pela qualidade dos depoentes. 

Redação

22 Comentários

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    1. Entre esses jornalistas

      Entre esses jornalistas entrevistados no filme, existem Picassos originais e existem posters que voce pode emoldurar e pendurar na parede, baratinho. Ao gosto do freguês, ou melhor, espectador, cara.

      O Jorge Furtado sempre confia na inteligência do público. Nada é totalmente mastigadinho.

  1. Onde, quando?

    Se alguem souber algo sobre o filme “O Mercado de Notícias” de Jorge Furtado a que Veríssimo se refere, por favor me conte. Se é novo, onde tá passando e como assisti-lo.

  2. na Folha de hoje

    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/180029-folha-corrige-informacao-de-2004-citada-em-filme-sobre-jornalismo.shtml

     

    Folha corrige informação de 2004 citada em filme sobre jornalismo   Quadro que está no INSS não é um trabalho original de Picasso 

    PEDRO HENRIQUE KUCHMINSKI 
    DE SÃO PAULO 
    A Folha corrige nesta edição uma informação publicada há dez anos. Em março de 2004, o jornal noticiou, com destaque na “Primeira Página”, que havia um quadro do artista espanhol Pablo Picasso (1881-1973) pendurado em uma das salas da direção do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) em Brasília.

    O assunto voltou à tona agora, com o lançamento de “Mercado de Notícias”, do cineasta Jorge Furtado. Um trecho do filme mostra o equívoco cometido pela Folha e por outros veículos de imprensa.

    “Trata-se apenas de uma reprodução autografada”, diz Francisco Orru de Azevedo, que, à época responsável pela recomposição do acervo histórico e cultural do INSS, é citado na matéria de 2004.

    Quatro especialistas em arte ouvidos pela Folha concordam com Azevedo em que a possibilidade de o quadro ser original é mínima. Segundo a assessoria de imprensa do INSS, a obra não foi avaliada.

     

     

  3. Imprensa é uma palavra

    Imprensa é uma palavra global, não serve para o Brasil!

    Imprensa aponta para os donos do poder mercantil!

    PIG e não-PIG é mais específico!

  4. O filme é imperdível : no

    O filme é imperdível : no Rio,  pra variar,  numa única sala,  no Espaço Itau, na Praia de Botafogo,  sala 5 . O contraponto entre os depoimentos de jornalistas dos mais diversos órgãos,  muito bem pontuados pelo excelente diretor, e a utilização de uma peça do século XXVII  sobre o tema  são sensacionais. Excelente filme.  Brasileiro,  para enfado dos detratores do nosso Cinema.

     

  5. E o caso dos velhinhos

    E o caso dos velhinhos terminais de câncer obrigados a trabalhar no Reino Unido?  Todo mundo tem rabo a esconder….rsrs

     

  6. O filme deixa a desejar (embora não seja de todo mau)

    O critério do diretor de entrevistar apenas jornalistas que admira, deixa de fora assassinos de reputação (p.ex, Veja) e da imprensa popular (como Caros Amigos, Brasil de Fato,… ) e temas relevantíssimos como a distribui$$ão da propaganda das várias esferas de governo.

    Nosso Luis Nassif está entre os entrevistados.

    Mestre Veríssimo qualifca bem o filme ao chamá-lo de “um semidocumentário”.

     

     

    1. Só se fala noutra coisa

      Parece que você gostaria que eu tivesse entrevistado (e divulgado nas telas dos cinemas) o trabalho dos cretinos que fazem de tudo para aparecer. Espere sentado. Nestes tempos em que a fama e a infâmia são sinônimos, a melhor maneira de combater quem faz da calúnia e da difamação um modo de vida é, sempre que possível, ignorá-los. 

       

      O tema da distribuição de verbas públicas é um dos capítulos do filme.

       

      A definição do Veríssimo é precisa, o filme é, em parte, um documentário. (Em parte, uma peça de teatro, de Ben Jonson.)

       

      O site do filme (www.omercadodenoticias.com.br) traz toda a pesquisa do filme e as entrevistas, na íntegra.

      1. Em primeiro lugar e mais

        Em primeiro lugar e mais importante: parabéns por ter feito um filme s/  importantes questões de nossa atualidade. Sei que não é facil e vi que conseguiste fazer isto num prazo relativamente curto. Não houve intenção de desmercer o trabalho.

        Em 2.o lugar, de fato eu teria preferido que questões como as tentativas ignominiosas de assassinatos de reputação e outras armações (concentração dos veículos; ditadura dos patrões; entre outras) tivessem sido tratadas de forma MUITO mais crítica e incisiva do que o foram (não necessariamente dando voz ao infames ; de fato, meu comentário pode dar margem a esta indesejada interpretação). 

        Também é verdade que que o filme aborda a questão da verba governamental de propaganda . Para o meu gosto o fez de forma muito tangencial: salvo a colocação de Fernando Rodrigues achando que verba nenhuma deveria ser aplicada,  não lembro de outra. Na minha modesta opinião o critério técnico de distribuir a verba de acordo com a audiência – praticado no fim do governo Lula – parece ter sido, sim, um alento para uma imprensa mais plural, o que Fernando pareceu negar com suas colocações).

        Sua dica sobre o site [http://www.omercadodenoticias.com.br traz toda a pesquisa do filme e as entrevistas, na íntegra] é ótima e pertinente. 

        Antes e agora, achei que vale a pena colocar lenha nesta fogueira para estimular que as pessoas vejam o filme e discutam sua temática.

         

         

    2. O filme tem a presença de

      O filme tem a presença de outros jornalistas da midia progressista, além do Nassif, como Leandro Fortes e Mino Carta. E o termo “semidocumentário” refere-se à mistura de elementos ficcionais e documentais, não tem nada a ver com juízos de valor sobre a qualidade do filme.

  7. A barriga de O Mercado de Notícias

    Furtado considerou a bolinha de papel como uma barriga da Globo.

    Não foi. A bolinha de papel foi estelionato eleitoral em rede nacional de TV durante campanha eleitoral à presidência da República.

    Não foi lapso, engano nem erro no calor do fechamento da edição.

    Foi pensada, planejada, preparada e executada.

    Foi crime, até hoje nunca investigado.

     

    O atentado da bolinha de papel revisitado

     

    O Mercado de Notícias, do cineasta Jorge Furtado, está chegando aos cinemas nesta quinta-feira, 7 de agosto, em várias cidades brasileiras.

    O filme é baseado na peça de teatro elisabetano The Staple of News, que descreve o surgimento da imprensa. Foi escrita em 1625 por Ben Jonson, o segundo maior dramaturgo inglês da época.

    O primeiro era William Shakespeare…

    Quatrocentos anos depois, pouca coisa mudou. O filme traz algumas das “barrigas” mais famosas e divertidas do noticiário recente.

    Uma delas – praticamente inédita, apesar de publicada pela Folha – aborda o valioso quadro de Picasso pendurado nas paredes do INSS em Brasília ao lado de um retrato de Lula. Não vou entrar em detalhes para não estragar a diversão de quem for ao cinema.

    Mas há uma barriga de Furtado no filme. A bolinha de papel do Serra foi incluída entre as barrigas da imprensa.

    A bolinha de papel e a bobina do Molina não foram uma barriga.

    Foram uma nova versão de outra novela da Globo: Barriga de Aluguel.

    O Mercado de Notícias confirma que havia cinco câmeras gravando a imagem de Serra, sob ângulos diferentes. Todas elas mostram que alguém atira delicadamente uma bolinha de papel no candidato.

    Possivelmente, um de seus próprios seguranças.

    Serra posou de vítima de agressão “petista” e fez até tomografia, requisitada por Jacob Kligerman, um médico carioca que foi secretário de César Maia e presidente do Instituto Nacional do Câncer nomeado pelo próprio Serra.

    Não há uma imagem única que mostre o rosto do arremessador, mas todas mostram a bolinha sendo atirada por alguém de pele escura e manga azul, ao lado de alguém de camisa vermelha. Ambos eram seguranças de Serra.

    Embora essas cinco imagens não possam comprovar quem atirou a bolinha, trata-se de evidências mais fortes do que as suposições que levaram os manifestantes paulistas Fabio Hideki Harano e Rafael Lusvarghi à prisão. As perícias do Gate e da Polícia Científica já comprovaram que eles não portavam explosivos.

    Já a perícia da bolinha de Serra nunca foi feita pela Justiça. Foi feita pelo perito Ricardo Molina para o Jornal Nacional, da Globo, a pedido de Ali Kamel.

    Molina concluiu que a bolinha que foi gravada cinco vezes, inclusive pela Globo, era na verdade um rolo de fita adesiva, ainda assim inofensivo.

    O rolo de fita tornou-se famoso como a “bobina do Molina”.

    A Globo dedica uma página inteira de seu site de memórias para se justificar, incluindo até mesmo, como Furtado, as imagens da concorrência. E diz que houve duas agressões: primeiro a bolinha que pode ter sido lançada pelo segurança e, depois, a bobina do Molina.

    A verdade é que não temos prova de nada, por que nada disso nunca foi investigado.

    A prova desse crime contra a boa fé pública, em rede nacional de televisão, não está nas imagens da bolinha.

    Está na edição da bobina do Molina, encomendada pela Globo, que também encomendou outro laudo pericial para respaldar o primeiro, antes mesmo que ele fosse contestado.

    Preventivamente.

    Tudo por conta própria, sem qualquer incômodo contraditório por parte do Ministério Público.

    Nem sequer a justiça eleitoral tomou qualquer providência a respeito, seja para apurar, seja para evitar a repetição.

    Apenas o Dr. Kligerman recorreu ao STF, por Lula ter sugerido a farsa. O ministro Celso de Mello mandou arquivar o processo.

    Ficou por isso mesmo.

    Enquanto essa investigação não for feita, o Brasil continuará nas mãos de Pecúnia, a bela, valiosa e poderosa estrela do Mercado de Notícias, que jornalistas e poderosos não desistem de tentar conquistar a qualquer preço.

    1. veja o filme

      Alô Jura

      Obrigado pelas referências ao filme.

      Você reproduz aqui o mesmo post publicado no DCM. (http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-atentado-da-bolinha-de-papel-revisitado/)

      Em nenhum momento afirmo que o episódio da bolinha de papel foi uma barriga jornalística, ao contrário.

      No filme, mostro que há fortíssimas evidências de que a bolinha de papel foi atirada por um dos seguranças de Serra.

      E questiono o fato de, apesar destas fortes evidências, nenhum jornalista (nem dos grandes jornais e tevês, nem dos blogs ou revistas alternativas) ter investigado (até hoje) aquele homem e suas motivações. Ninguém investigou a bolinha que todos viram, preferiraram falar de um suposto objeto que ninguem viu e que, supostamente, teria atingido o candidato.

      Minha opinião (pura hipótese) coincide com a sua:  houve uma tentativa de armação, de criar um fato eleitoral, talvez um crime, como você diz.

      Você diz que o perito Ricardo Molina “concluiu que a bolinha que foi gravada cinco vezes, inclusive pela Globo, era na verdade um rolo de fita adesiva”. Não é verdade. Molina não nega a existência da bolinha (seria impossível fazê-lo) mas afirma, no Jornal Nacional que, minutos depois, um outro objeto, segundo ele uma bobina de fita adesiva, atingiu Serra.

      Só que ninguém viu ou conseguiu provar que este objeto existiu. E mais: está provado que nenhum objeto atingiu Serra no momento em que Molina afirma que isto aconteceu. A tal bobina é pura especulação.

      O fato –  que deveria ser sempre a matéria prima do jornalismo – é que uma bolinha de papel atingiu Serra e que há fortíssimas evidências de que ela foi arremessada por um de seus seguranças. Este fato, inquestionável, nunca foi investigado, até hoje.

      Escrevi um long post em meu blog sobre este assunto, no dia 23 de outubro de 2010:

      http://www.casacinepoa.com.br/o-blog/jorge-furtado/fazendo-fita

      Para quem tiver qualquer dúvida, sugiro que assista o filme.

      x

       

      Ótima análise técnica demonstrando que a suposta fita, se existisse, apareceria em vários frames do vídeo, ao contrário do que declarou o perito contratado pelo Jornal Nacional:
       
      http://decom.cesnors.ufsm.br/jornalismo/2010/10/23/e-serra-na-fita/ 
       

       

       

      1. Faltou ligar o fio da bobina

        Obrigado pelas discordâncias, concordâncias e esclarecimentos.

        A bolinha é um dos casos apresentados junto com as outras barrigas, como o seu genial “furo de reportagem” sobre o Picasso do INSS, que ninguém mais percebeu.

        Por isso deduzi que você considerou o caso uma barriga, além de não haver uma denúncia explícita do crime – na minha opinião, estelionato – e nem uma abordagem exatamente sobre a bobina do Molina, crime ainda mais explícito, por ser mais facilmente comprovável por uma perícia, como você mesmo acabou de mostrar agora.

        Eu mesmo sou o autor do texto do DCM, assisti o debate com você no lançamento em São Paulo e sugeri uma suíte sobre os blogueiros, para não dizer sobre o novo jornalismo “em linha” ou rede.

        Obrigado pela atenção e parabéns pela enésima vez pelo filme, que vem no momento exato, como acredito que você tenha previsto com faro de repórter que é.

        Abraço.

  8. Filme Mercado de Notícias

    O Filme é fantástico e gostaria de conseguir o filme 

    para passar aos meus alunos para discutirmos os pontos.

    O que penso que é meu dever levá-los a pensar e não ficar

    achando que tudo que se diz na imprensa é verdade, apenas porque a maioria 

    está falando sobre o assunto. 

    E algo ainda pior. Achar que as “notícias” do whats app  e  facebook e outras  redes sociais são  verdade!

    Lembram da morte do Youssef no dia do segundo turno da eleição de 2014 em que

    se dizia que o PT havia mandado matá-lo??? E milhares de cabeças fracas divulgaram em

    suas redes sociais como se fosse verdade. 

    Uma coisa é escolher o seu candidato e o seu lado, mas se apaixonar, perdendo por completo o

    raciocínio a ponto de não conseguir discernir o que não tem ou não lógica   é muita burrice.

     

     

     

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