Operação foi adiada para não interferir na disputa eleitoral, admite relator

Furna da Onça foi postegada para evitar a falsa percepção de que a operação tinha motivações políticas

Jornal GGN – Relator da Furna da Onça no TRF2, o desembargador Abel Gomes rompeu o silêncio e publicou uma nota no domingo (17) admitindo que as autoridades decidiram não deflagrar a Operação Furna da Onça em meio à disputa presidencial que acabou elegendo Jair Bolsonaro para não passar a “falsa percepção” de que a investigação tinha “motivações políticas”.

“O fundamento foi que uma operação dirigida a ocupantes de cargos eletivos, deputados em vias de reeleição inclusive, como foi a Furna da Onça, não deveria ser deflagrada em período eleitoral, visto que poderia suscitar a ideia de uso político de uma situação que era exclusivamente jurídico-criminal, com o objetivo de esvaziar candidatos ou até mesmo partidos políticos, quaisquer que fossem, já que os sete deputados alvos da Furna da Onça eram de diferentes partidos”, afirmou Gomes.

Flávio Bolsonaro não era alvo da Furna da Onça. Porém, para provar delações premiadas contra deputados e assessores delatados no esquema Cabral, a Lava Jato do Rio anexou aos autos daquela operação o relatório do Coaf que citava movimentações suspeitas de funcionários da Assembleia do Rio. Dessa forma, Fabrício Queiroz e outros nomes do gabinete de Flávio apareceram no relatório.

Segundo informações da Folha, o empresário Paulo Marinho, ligado a Bolsonaro, revelou que um delegado do RJ procurou o gabinete de Flávio para informar que a Furna da Onça seria deflagrada, e recomendar “providências”, como exonerar imediatamente Queiroz e outros assessores investigados.

A Furna da Onça foi deflagrada em 8 de novembro. Em 6 de dezembro, o Estadão divulgou matéria especificamente sobre o caso Queiroz, com base no relatório do Coaf.

O GGN mostrou em primeira mão que, àquela altura, o Ministério Público estadual, que investiga as rachadinhas de Queiroz, já tinha outros relatórios do Coaf sobre Queiroz e aliados. E sabia, também, da ligação do miliciano Adriano Nóbrega – suspeito de participar da execução de Marielle Franco – com o gabinete de Flávio.

3 Comentários

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  1. PF DO RIO VAZOU INFORMAÇÃO NA ÉPOCA DE DELEGADO ‘MORISTA’

    POR FERNANDO BRITO · 17/05/2020 – TIJOLAÇO

    A ânsia “morista” da grande mídia tem destacado que Alexandre Ramagem, o preferido de Jair Bolsonaro estaria envolvido na Operação Cadeia Velha, da qual teria se originado a “Furna da Onça”, na qual surgiu a investigação sobre a “rachadinha” de Fabrício Queiroz e o gabinete de Flávio Bolsonaro.

    Calma, porque a história é bem mais complicada.

    O aviso de “um delegado da PF” a Flávio Bolsonaro, segundo afirma seu suplente, Paulo Marinho, deu-se em outubro de 2018. Nesta ocasião, Ramagem já estava afastado do Rio de Janeiro há seis meses, porque foi nomeado, em 29 de março de 2018, Coordenador de Recursos Humanos da Diretoria de Gestão de Pessoal do Departamento de Polícia Federal. Deste cargo ele só sairia após as eleições, no dia 29 de outubro, para chefiar a segurança do já então presidente eleito.

    Quem chefiava a PF do Rio de Janeiro quando aconteceu o vazamento da informação era, vejam só, o delegado Ricardo Saadi, o mesmo que Bolsonaro – segundo o próprio Moro – queria trocar desde agosto de 2019 e que estava no cargo desde fevereiro de 2018.

    Saadi foi, em outubro do ano passado, depois de sair da chefia da PF no Rio, nomeado Chefe do Serviço de Repressão a Crimes Financeiros da Coordenação de Repressão à Lavagem de Dinheiro da Coordenação-Geral de Repressão à Corrupção e Lavagem de Dinheiro da Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado, um cargo que, é claro, não seria preenchido sem a anuência de Sérgio Moro.

    Será que o então superintendente não sabia de uma operação que envolvia vários deputados estaduais, inclusive o presidente da Assembleia Legislativa? Será que um caso de tamanha importância não estava, ao menos, ciente de que o caso envolvia um candidato a presidente?

    É bom que se ponha atenção à apuração deste caso. Há sinais de que pode ter havido mais cumplicidade de que a de um delegado bolsonarista que resolveu defender o seu “mito”.

  2. Escória! Ficaram anos criminalizando o PT e do presidente Lula, liberaram “delações ” premiadas com esse intuito,atropelaram todas as leis e,agora,com a maior cara de pau,posam de preocupados com o processo eleitoral.
    Escória!

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