Ordem de ‘evacuação imediata’ por Israel leva pacientes a deixarem às pressas hospital em Gaza

Israel assegura que o Hamas, no poder nos territórios palestinos, utiliza o estabelecimento como base militar.

Com o colapso do Al-Shifa, o maior hospital de Gaza, o que restou de centros médicos em funcionamento foram ainda mais sobrecarregados. Foto: Reprodução/TV Al Jazeera

da RFI

Ordem de ‘evacuação imediata’ por Israel leva pacientes a deixarem às pressas hospital em Gaza

Segundo a ONU, 2,3 mil pacientes, cuidadores e pessoas deslocadas estão abrigadas no hospital. Após os avisos que ecoaram por Gaza, centenas de pessoas começaram a deixar o local.

O exército israelense também telefonou para o diretor do hospital para exigir “a retirada de todos”. O diretor Mohammed Abou Salmiya já havia recusado, esta semana, uma ordem semelhante, alegando a complexidade da operação. Cerca de 120 pacientes, entre eles bebês prematuros, não têm condições de serem removidos, alega o hospital.

Há dias, soldados israelenses entraram nos serviços de al-Chifa, “prédio por prédio”, para interrogar as pessoas e revistar o complexo médico, o maior da Faixa de Gaza, segundo o exército israelense. A eletricidade parou de funcionar há vários dias e os chefes de departamento relatam que várias dezenas de pacientes morreram “porque equipamentos médicos vitais pararam de funcionar devido à queda de energia”.

Combustível a conta-gotas

Nesta sexta (17), uma primeira entrega de combustível chegou à Faixa de Gaza depois da autorização de Israel, a pedido dos Estados Unidos. Dois caminhões-tanque de combustível devem poder ingressar por dia no território palestino, para abastecer infraestruturas básicas, inclusive hospitais, e telecomunicações. A escassez afetou os geradores e interrompeu a entrada de ajuda humanitária nas regiões.

A Autoridade Palestina, responsável pela passagem de Rafah, na fronteira egípcia, anunciou sexta-feira à noite que foram entregues 17 mil litros de combustível para alimentar os geradores da empresa de telecomunicações de Gaza. Até agora, Israel recusou-se a deixar passar o produto, alegando que poderia beneficiar as atividades militares do Hamas, o movimento islâmico palestino no poder em Gaza desde 2007 e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, pela União Europeia e por Israel.

A população do pequeno território, encurralada na guerra desencadeada pelo ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, enfrenta “um risco imediato de fome”, alertou o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM).

“Os mercados quase não estão funcionando. Dos 200 com o quais temos o hábito de trabalhar, apenas 50 ainda estão abertos, ou seja, só 25%. E nestes, quase não tem mais comida” disse Alia Zaki, porta-voz do PAM, ligado à ONU, em Jerusalém, em entrevista por telefone à RFI. “Até o pão, que é a base do regime alimentar palestino, se tornou inacessível, porque as padarias precisam se combustível ou gás para ligarem os fornos. Então vemos as pessoas comendo os ingredientes crus, com as mãos. Elas usam pedaços de papelão e até embalagens plásticas para tentar fazer um fogo para poder alimentar as suas famílias”, relatou a porta-voz, à repórter Amélie Beaucour.

Novo ataque mata ao menos 26

De sexta para sábado, um ataque atribuído a Israel contra três edifícios em Khan Yunes deixou 26 mortos e 23 pessoas gravemente feridas, segundo o diretor do hospital Nasser, desta cidade do centro da Faixa de Gaza.

De acordo com a ONU, mais de dois terços dos 2,4 milhões de residentes da Faixa de Gaza foram deslocados pela guerra. A maioria fugiu para o sul com o mínimo que tinha e sobrevive ao frio que se instala.

Conforme as Nações Unidas, 70% da população não tem acesso à água potável no sul do território, onde o esgoto começou a fluir para as ruas.

Com AFP

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Redação

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