Os impasses da economia global e a China

Como segunda economia do mundo, há duas maneiras pelas quais a crise da China impacta o Brasil: a maneira direta, pela redução das exportações de commodities; a maneira indireta, pelos impactos na economia global.

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Os impactos diretos são contornáveis. De um lado, há uma redução na quantidade e nos preços das exportações. Por outro lado, a maxidesvalorização do real, no ano passado, repõe os ganhos dos exportadores e permite o reequilíbrio das contas externas, mesmo com a queda nas exportações.

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O problema são os impactos indiretos, a perda de dinamismo da economia mundial, que não se consegue recuperar da crise de 2008.

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Como alerta o economista Paul Krugman, o problema não é a economia, mas a política e a ideologia.

As últimas décadas foi um período marcadamente dominado pelo capital financeiro. A partir dos anos 70 tem início um prolongado processo de desregulação da economia mundial que conferiu ao capital financeiro não apenas a influência majoritária sobre as políticas econômicas como sobre o establishment acadêmico.

Desde o século 19 tem sido um movimento cíclico, entre o câmbio regulado (sob o padrão ouro, antes, sob o padrão dólar depois) e o livre fluxo de capitais.

Há todo um histórico de crises financeiras quando se abre mão da regulação: no final do século 19, nos anos 20, nos anos 80, 90. Já existe uma exaustiva literatura econômica analisando o processo. A falta de regulação induz o mercado a criar novas ferramentas financeiras nas quais aparentemente o risco fica diluído entre vários elos da cadeia. Até que um evento qualquer provoca um efeito em cadeia, resultando em crises sistêmicas.

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Como diz Krugman, foi o mercado quem provocou a crise e a desigualdade. Por si, não resolverá esses problemas. Há a necessidade da atuação do setor público. E aí se esbarra em questões ideológicas, políticas e no que Krugamn taxa de “fetiche do déficit”.

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Em todo processo de crises estruturais de sistemas políticos, há o problema do dia seguinte, o vácuo que se cria até que ideias alternativas ganhem consistência política.

O controle político é obtido através da parceria acadêmica e de um discurso que chama ao senso comum, do sacrifício que conduz ao pote de ouro no fim do arco-íris. É o mito da lição de casa – que nada tem a ver com a necessidade de políticas fiscais e monetárias responsáveis. Essa construção foi facilitada pela permissividade monetária do FED, criando um clima artificial de crescimento da economia norte-americana.

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2008 significou o fim do sonho, mas não da hegemonia financista sobre o Banco Central Europeu e sobre as principais economias europeias e do que Krugman taxa de “fetiche do superávit”.

A economia global enfrenta uma deficiência de demanda agregada, fruto da crescente desigualdade entre países e do que ele classifica como “onda irracional de austeridade fiscal”.

Os do topo gastam menos do que os da base, de modo que o dinheiro se move para cima e a demanda cai. É o caso da Alemanha que tem mantido superávits externos recorrentes. Essa posição europeia afeta a economia norte-americana que sofre de forma mais suave o rigor fiscal do que na Europa. Mesmo assim, a mão de obra no setor público caiu 500 mil pessoas, em relação ao período pré-2008.

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Há uma enorme poupança empoçada, especialmente nos fundos de longo prazo – os fundos soberanos e fundos de previdência. A infraestrutura, os serviços públicos e os investimentos ambientais são setores preferenciais. Mas não há projetos devido à obsessão com a questão fiscal e o viés ideológico contra qualquer ativismo nas políticas públicas.

Em outros momentos, esse impasse resolveu-se com guerras.

Felizmente, é uma hipótese ultrapassada.

Luis Nassif

41 Comentários

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  1. Maxidesvalorização é a palavra da moda no Brasil

    Quando a maxi de no mínimo 40% vai ocorrer é a pergunta de 10 Bilhões de Reais.

    Que vai de ter de ser feita é certeza absoluta, o Brasil está insolvente.

    Se vai ser útil para melhorar as condições do povo e da Nação é que é a dúvida. Será que a Dilma acorda com vontade e a tempo?

    Mentes curiosas querem saber.

    1. Quem tem olho fundo, chora primeiro

      Enquanto eles se protegem em ativos reais e ouro, você fica esperando que eles lhe digam quando se assustar KKKKKKKK!!!!!!!!!!!

      Citigroup Says “It’s Too Early To Panic”; Here’s Why

      But don’t worry: according to Citi’s Brent Donnelly, “It is too early to panic.”

      Here’s why:

        

      First is a link from Bloomberg on how the first day of the year does not predict the rest of year.

       

      The chart is mine and shows the 14 times we saw a >1% drop on Day 1 of the year, then what happened on Day 2. Mostly rallies

      And while we are confident that Citi will promptly advise when the right time to panic finally arrives, there is another popular saying: “he who panics first, panics best.

      1. Probabilidade de uma crise Chinesa é de 100%

        “It’s Coming To A Head In 2016” – Why Bank of America Thinks The Probability Of A Chinese Crisis Is 100%

        Some sobering words about China’s imminent crisis, not from your friendly neighborhooddoom and gloom village drunk, but from BofA’s China strategist David Cui.

        Excerpted from “2016 Year-Ahead: what may trigger financial instability”, a must-read report for anyone interested in learning how China’s epic stock market experiment ends.

        A case for financial instability

        It’s widely accepted that the best leading indicator of financial instability is rapid debt to GDP growth over a period of several years as it’s a strong sign of significant malinvestment. Based on Bank of International Settlement’s (BIS) private debt data and the financial instability episodes identified in “This time is different”, a book by Reinhart & Rogoff, we estimate that once a country grows its private debt to GDP ratio by over 40% within a period of four years, there is a 90% chance that it may run into financial system trouble (Table 1). The disturbance can be in the form of banking sector re-cap (with or without a credit crunch), sharp currency devaluation, high inflation, sovereign debt default or a combination of a few of these (Table 2).

         

        As Chart 1 demonstrates, China’s private debt to GDP ratio rose by 75% between 2009 and 2014 (i.e., since the Rmb4tr stimulus), by far the highest in the world(we suspect a significant portion of the debt growth in HK went to China). At the peak speed, over four years from 2009 to 2012, the ratio in China rose by 49%.

        Other than sovereign debt default, China has experienced all the other forms of financial instability since the open-door reform started in late 1970s, including a sharp currency devaluation in the early 1990s (Chart 3) and hyper-inflation in the late 1980s and early 1990s (Chart 4). China also needed to write-off bad debt and recap its banks every decade or so. Banking sector NPL reached some 40% in the late 1990s and early 2000s and the government had to strip off some 20% of GDP equivalent of bad debt from the banking system between 1999 and 2005.

        When debt problem gets too severe, a country can only solve it by devaluation (via the export channel), inflation (to make local currency debt worth less in real terms), writeoff/re-cap or default. We judge that China’s debt situation has probably passed the point of no-return and it will be difficult to grow out of the problem, particularly if the growth continues to be driven by debt-fueled investment in a weak-demand environment. We consider the most likely forms of financial instability that China may experience will be  a combination of RMB devaluation, debt write-off and banking sector re-cap and possibly high inflation. Given the sizeable and unstable shadow banking sector in China and the potential of capital flight, we also think the risk of a credit crunch developing in China is high.

        In our mind, the only uncertainty is timing and potential triggers of such instabilities.

        Why 2016 can be a dangerous year

        Since 2011, there had been a round of debate about the potential of hard landing and financial instability every year in the market. So far, the financial system has held up reasonably well, notwithstanding some periodic short term volatilities. Many view the absence of any severe disturbance as proof of the government’s ability to tame financial sector volatility and believe that the risk of this happening has diminished over time. We disagree. We believe that the government has maintained a superficial stability largely by debt-funded stimulus and an ever-greening of bad debts. These strengthened various implicit guarantees which have been generating destabilizing forces beneath the surface – a classic case of short term stability breeding long term instability. It’s our assessment that the longer this practice drags on, the higher the risk of financial system instability, and the more painful the ultimate fall-out will be.

        Whether the government intended for it or not, we summarize that investors and other market participants have been counting on five government guarantees over the years: 1) the government will prevent a sharp slowdown in GDP growth by running pro-growth macro policies, including fiscal stimulus; 2) up until about two years ago, the government would always appreciate RMB vs. the USD, at least moderately a year; and since then, the government will not allow a sharp devaluation of RMB; 3) since about 2014, the government will always support the A-share market; 4) the government will not allow major debt default; and 5) the government will always hold up the property market because it’s so essential to the financial system and local government income.

        In our view, so far these implicit guarantees have helped to maintain public confidence in the financial system or prevent investors from realizing the risks. However, as stated earlier, they are also creating powerful destabilizing forces. For example, the GDP growth guarantee means that the best strategy for many businesses over the past few years was to keep borrow and expand during any downturn, anticipating government stimulus; the RMB guarantee means that carry-trades designed to arbitrage interest rates and RMB appreciation became prevalent; the A-share market support prompted many investors to use leverage, counting on the government being the buyer of last resort; the no-default guarantee means many investors turned a blind eye to potential default risks (or simply not aware of them) and fund uneconomic projects; the property guarantee drove a significant portion of national savings into one of the most unproductive areas of the economy and the financial system has increasingly become a hostage to the property market via direct lending or through collaterals.

        The problem with this stability-maintaining strategy is that many of the goals are conflicting so maintaining all of them are logically irreconcilable. For example, the government have tried to hold up growth by pumping money into the system – China’s M2 growth has been among the fastest in the world since the global financial crisis (so in our view, debating about whether China should QE or not is beside the point).

        Moreover, if we properly account for local government borrowing, the government as a whole has probably been running fiscal deficit close to 10% of GDP a year over the past few years. With this type of macro policies, it’s difficult to see how RMB can stay stable and how debt growth can be controlled. Another example is that to hold up the A-share market, the government has borrowed from the PBoC and commercial banks. This may crowd out private lending and hurt growth, or accelerate money growth and hurt the RMB.

        It seems to us that the government’s policy options are rapidly narrowing – one only needs to look at how difficult it has been for the government to hold up GDP growth since mid-2014. A slow-down in economic growth is typically a prelude to financial sector instability. Putting it all together, it seems to us that many of these conflicts may come to a head in 2016.

        * * *

        There is much more in the full report, but here is the reco summary:

          

        We expect the key market theme in 2016 to be financial system instability as a few destabilizing forces seem to be coming to a head. We forecast HSCEI to decline by about 7% to around 9,000 (range for the year: 7,400-12,800), and SHCOMP, by about 27% to around 2,600 (range: 2,200-4,000), by 2016 YE. Our year-end targets had not factored in a credit crunch scenario because the timing of which is difficult to predict.Should it occur, we expect the indices to end below the low bounds, possibly substantially so.

        Just remember: if the Chinese government catches you selling, arrest, or far worse, awaits.

    2. O Brasil não está insolvente.

      O Brasil não está insolvente. Pelo contrário. Vejam  gráficos abaixo. A situação final de 2015, a ser atulaizado, não mudou nada de maneira significativa.

       

      Mais dados aqui:

      ..

       

       por 

      image

      Reservas Internacionais x Dívida FMI - em U$ bilhões - BRASIL - Evolução - 1995 - 2006

       

       

      .

      .

       

      1. Ficht e Moodys concordam comigo

        Gráfico de 2013, cadê a sequência com a projeção para 2016, que é o que importa.

        A relação dívida pública/PIB está crescendo rapidamente, ou seja está acelerando a velocidade com que não conseguiremos honrar nossos compromissos, o que é igual a estar insolvente. O que importa é o futuro e não o passado.

        O Brasil precisa projetar confiança, sem isto o risco Brasil leva as taxas de juros para a estratosfera. O negócio é rápido, basta o ponteiro da balança mudar de lado, como o da Dívida/PIB que estava diminuindo e agora está aumentando, a crise infernal está em meados de março.

        1. Não têm moleza, só pauleira pela frente

          A “Perfect Storm Is Coming” Deutsche Warns As Baltic Dry Falls To New Record Low

           

          Following disappointing China PMI data and a collapse in US ISM Manufacturing imports data, the fact that The Baltic Dry Index has collapsed to fresh record lows will hardly be a surprise to many. However,as Deutsche Bank warns, a “perfect storm” is brewing in the dry bulk industry, as year-end improvements in rates failed to materialize, which indicates a looming surge in bankruptcies.

           

          At 468, The Baltic Dry Index is now at a new record low…

           

          And US Manufacturing imports suggest things are getting worse, not better…

           

           

          Which leads Deutsche Bank to warn of…A Perfect Storm Brewing

            

           The improvement in dry bulk rates we expected into year-end has not materialized. And based on conversations we’ve had with several industry contacts, we believe a number of dry bulk companies are contemplating asset sales to raise liquidity, lower daily cash burn, and reduce capital commitments. The glut of “for sale” tonnage has negative implications for asset and equity values. More critically, it can easily lead to breaches in loan-to-value covenants at many dry bulk companies, shortening the cash runway and likely necessitating additional dilutive actions.

           

          Dry bulk companies generally have enough cash for the next 1yr or so, but most are not well positioned for another leg down in asset values

           

          The majority of publically listed dry bulk companies have already taken painful measures to adapt to the market-some have filed Chapter 11, others have issued equity at deep discounts, and most have tried to delay/defer/cancel newbuilding deliveries.

           

          The additional cushion, however, is likely not enough if asset values take another leg down; especially given the majority of publically listed dry bulk companies are already near max allowable LTV levels.

           

          The move to sell assets in unison can lead to a downward spiral, where the decline in values leads to an immediate need for additional equity to cure LTV breaches.

          Source: Deustche Bank

  2. Balança Comercial registra superávit de US$ 19,7 bilhões em 2015

    ——“As exportações cresceram 10% em quantidade em 2015, mas a redução de 22% nos preços internacionais mitigou o ganho obtido com a alta das quantidades exportadas. Se a quantidade em 2015 fosse vendida pelo preço médio de 2014, teríamos receitas extras de cerca de US$ 37 bilhões”——

    04/01/2016—Assessoria de Comunicação Social do MDIC

    Brasília (4 de janeiro) – O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) divulgou nesta segunda-feira os dados da balança comercial do ano de 2015. No ano passado, houve superávit de US$ 19,681 bilhões, o melhor resultado desde 2011, revertendo o déficit alcançado em 2014 de US$ 4,054 bilhões.

    No ano, a média diária das exportações foi de US$ 764,5 milhões, 14,1% abaixo da média diária registrada no ano anterior (US$ 889,7 milhões). Já a média diária das importações foi de US$ 685,8 milhões, desempenho que foi 24,3% menor que o registrado em 2014 (US$ 905,7 milhões, em média, por dia útil).

    Segundo o secretário de Comércio Exterior, Daniel Godinho, a queda dos preços das commodities influenciou diretamente o resultado da balança comercial de 2015. “As exportações cresceram 10% em quantidade em 2015, mas a redução de 22% nos preços internacionais mitigou o ganho obtido com a alta das quantidades exportadas. Se a quantidade em 2015 fosse vendida pelo preço médio de 2014, teríamos receitas extras de cerca de US$ 37 bilhões”, afirmou. De acordo com o secretário, minério de ferro, produtos do complexo soja e petróleo foram os itens mais impactados pela queda dos preços internacionais.

    Durante a coletiva de imprensa, Godinho destacou o crescimento das exportações de automóveis e a expectativa positiva em relação ao setor para o ano novo. “Tivemos um crescimento de 75,5% em unidades nas vendas para o México, de 5,8% para a Argentina e de 12,8% para o Uruguai. Com os acordos automotivos firmados com esses países e o câmbio como facilitador, acredito que teremos resultados positivos em 2016”.

    Godinho ainda destacou que o atual cenário terá um impacto bastante positivo para as exportações de produtos manufaturados. “Em 2015 tivemos uma redução significativa no déficit da balança de manufaturados, que passou de US$ 109,5 bilhões em 2014 para US$ 71,9 bilhões em 2015. Como resultado, os industrializados responderam por quase 52% da pauta de exportações brasileira”, afirmou.

    Para 2016, Godinho reafirmou que a expectativa é que o saldo comercial da balança alcance o patamar de US$ 35 bilhões. Para o ano, o principal desafio, segundo ele, é o andamento do acordo entre Mercosul e União Europeia. “Nossa expectativa é trocar ofertas e concluir o acordo de livre comércio com a União Europeia. A proposta do Mercosul está pronta. Aguardamos uma definição dos europeus”.

    Resultado janeiro-dezembro 2015
    As exportações das três categorias de produtos registraram retração em 2015 no comparativo com 2014: básicos (-19,5%), manufaturados (-8,2%) e semimanufaturados (-7,9%).

    Com relação à exportação de produtos básicos, houve diminuição de receita de minério de ferro (-44,8%), petróleo em bruto (-27,1%), carne bovina (-18,5%), carne suína (-18,2%), farelo de soja (-15,9%), fumo em folhas (-11,6%), soja em grão (-8,8%), carne de frango (-8,5%), café em grão (-6,9%) e algodão em bruto (-3,7%). Por outro lado cresceram as vendas de milho em grão (28,9%) e minério de cobre (11,2%).

    No grupo dos manufaturados, a retração é, principalmente, de óleos combustíveis (-61,8%), máquinas para terraplanagem (-30,1%), motores e geradores (-18,3%), bombas e compressores (-12,4%), açúcar refinado (-12,3%), motores para veículos e partes (-10,7%), autopeças (-9,9%), polímeros plásticos (-6,8%) e plataforma p/extração de petróleo (-0,8%). Por outro lado, cresceram as exportações de tubos flexíveis de ferro/aço (39,7%), laminados planos (24,5%), aviões (19%), veículos de carga (10,1%), óxidos e hidróxidos de alumínio (8,9%), automóveis de passageiros (6,6%) e papel e cartão (3,7%).

    No grupo dos semimanufaturados, as maiores quedas ocorreram nas vendas de ferro fundido (-24,2%), couros e peles (-22,2%), açúcar em bruto (-19,8%), ferro-ligas (-16,7%), alumínio em bruto (-13,5%) e semimanufaturados de ferro/aço (-4,7%). Por outro lado, cresceram catodos de cobre (91,2%), madeira serrada (8,4%), ouro em forma semimanufaturada (7,0%), óleo de soja em bruto (6,9%) e celulose (6,9%).

    Já nas importações, o acumulado entre janeiro e dezembro de 2015, quando comparado com mesmo período de 2014, registrou queda em combustíveis e lubrificantes (-44,3%), bens de capital (-20,2%), matérias-primas e intermediários (-20,2%) e bens de consumo (-19,6%).

    Dezembro de 2015
    O resultado da balança comercial em dezembro foi um superávit de US$ 6,240 bilhões, valor muito superior ao alcançado em dezembro de 2014, de US$ 298 milhões. No mês, a média diária das exportações foi de US$ 762,9 milhões, 4% abaixo da média diária de dezembro de 2014 (US$ 764,5 milhões), e 10,5% acima do registrado em novembro de 2015 (US$ 690,3 milhões). Já a média diária das importações no mês (US$ 479,2 milhões), teve queda de 38,7% no comparativo com dezembro de 2014 (US$ 781,5 milhões) e de 24% sobre novembro de 2015 (US$ 630,5 milhões).

    No mês, as exportações de produtos básicos somaram US$ 6,470 bilhões, as de manufaturados US$ 7,488 bilhões e as de semimanufaturados US$ 2,469 bilhões. Na comparação com dezembro do ano passado, houve queda nas exportações de produtos básicos (-15,3%) e semimanufaturados (-1,8%), enquanto cresceram as vendas de manufaturados (8,7%).

    Entre os básicos, os produtos que mais influenciaram a queda das exportações foram petróleo em bruto (-39,4%), minério de ferro (-36%), café em grão (-27,8%), carne suína (-22,2%), fumo em folhas (-16,8%), carne bovina (-15,4%), carne de frango (-6,9%), minério de cobre (-5,9%) e farelo de soja (-5,3%). Por outro lado, cresceram as vendas de soja em grão (282,9%), milho em grão (67%) e algodão em bruto (24,5%).

    Já as exportações de semimanufaturados foram influenciadas principalmente por ferro fundido (-59,3%), alumínio em bruto (-31,1%), ferro-ligas (-23,2%), couros e peles (-23,1%) e açúcar em bruto (-2,5%). Por outro lado, cresceram as vendas de óleo de soja em bruto (108,9%), catodos de cobre (51,3%), ouro em forma semimanufaturada (26%), celulose (15,1%) e semimanufaturados de ferro/aço (14,1%).

    No grupo dos manufaturados, quando comparado com dezembro de 2014, cresceram as vendas de plataforma para extração de petróleo, tubos flexíveis de ferro/aço (179,4%), bombas e compressores (76,2%), automóveis de passageiros (72%), etanol (66,1%), motores e geradores (31,3%), aviões (24,3%), açúcar refinado (17,2%), veículos de carga (11,1%), papel e cartão (7,3%) e calçados (0,3%).

    Pelo lado das importações, decresceram as compras de combustíveis e lubrificantes (-61,9%), bens de consumo (-40,0%), matérias-primas e intermediários (-31,6%) e bens de capital (-29,3%).
    No grupo dos combustíveis e lubrificantes, a retração ocorreu principalmente pela diminuição dos preços de petróleo, carvão, gás natural, óleos combustíveis, gasolina e nafta.

    No segmento bens de consumo, as principais quedas foram observadas nas importações de automóveis de passageiros e partes, máquinas e aparelhos de uso doméstico, móveis, partes e peças para bens de consumo duráveis, objetos de adorno, vestuário, produtos alimentícios, farmacêuticos, produtos de toucador e bebidas e tabacos.

    No segmento de matérias-primas e intermediários, decresceram as aquisições de produtos minerais, partes e peças de produtos intermediários, produtos agropecuários não alimentícios, produtos químicos/farmacêuticos, acessórios de equipamento de transporte, produtos alimentícios e matérias-primas para agricultura.

    Com relação a bens de capital, decresceram os seguintes itens: maquinaria industrial, partes e peças para bens de capital para indústria, acessórios de maquinaria industrial e máquinas e aparelhos de escritório e serviço científico.

    Acesse aqui os dados completos da balança comercial brasileira

    Assessoria de Comunicação Social do MDIC

    URL:

    http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/noticia.php?area=5&noticia=14263

  3. Balança pode ter superávit de US$ 50 bi em 2016

    Balança pode ter superávit de US$ 50 bi em 2016, diz ministro Nelson Barbosa
    publicação:08/12/2015 17p8—atualização:08/12/2015 17p7—Brasília—-Mariana Branco – Repórter da Agência Brasil

    A balança comercial brasileira pode ter superávit de US$ 50 bilhões em 2016, disse hoje (8) o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Nelson Barbosa. De acordo com Barbosa, trata-se de uma projeção do banco de investimentos Credit Suisse.

    “É uma previsão de mercado”, ressaltou o ministro. Segundo Barbosa, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior é quem cuida da previsão oficial do governo para o saldo comercial. Até o momento, o ministério só divulgou projeção para o saldo de 2015, de superávit de US$ 15 bilhões. A projeção citada por Barbosa está acima da previsão para o saldo da balança do mais recente boletim Focus. A pesquisa semanal divulgada pelo Banco Central, feita nas principais instituições financeiras do país, estima em R$ 31,4 bilhões o saldo da balança comercial para 2016.

    Barbosa disse ainda que o desafio do governo é aumentar os investimentos, tanto públicos quanto privados, apesar do momento de dificuldade econômica. Segundo o ministro, no próximo ano, deve haver estabilidade nominal (numérica) do investimento público. “Parte dos investimentos do Minha Casa, Minha Vida deve ser assumida pelo FGTS [Fundo de Garantia do Tempo de Serviço] temporariamente”, informou.  Apesar disso, o governo vem trabalhando para estimular o investimento e, em consequência, a retomada do crescimento do país, acrescentou o ministro.

    “Estamos buscando fazer com recursos públicos e incentivar investimentos privados, por exemplo, com programas de concessão e uma consulta pública para rever o marco regulatório das comunicações.” De acordo com Barbosa, a mudança no marco regulatório tem potencial para “destravar investimentos” no setor. “[O marco regulatório atual] foi feito quando não havia smartphone, tablet, como hoje”, destacou o ministro, referindo-se à lei em vigor, que é de 1997. A consulta pública está aberta até o dia 23 deste mês.

    Matéria alterada às 17p7 para correção no segundo parágrafo: a projeção citada por Barbosa está acima da previsão (…), e não abaixo
    Edição: Nádia Franco

    URL:

    http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2015-12/balanca-pode-ter-superavit-de-us-50-bilhoes-em-2016-diz-ministro-nelson

    1. Para uma análise mais

      Para uma análise mais completa vai aí a evolução do saldo comercial entre 1985 e 2010 e os saldos finais de cada governo neste período:

      – https://brasilfatosedados.wordpress.com/2011/03/05/comercio-exteriorexportacoes-x-importacoes-e-saldo-comercialexportacoes-importacoes-brasil-evolucao-total-acumulado-e-media-anual-u-bilhoes-e-percentual-governos-1985-2010/

      ….

       

      Ex: Saldo Comercial entre 1985 – 2010 – a ser atulaizado até 2015:

       

        

       

       

       

       

  4. “As últimas décadas foi um

    “As últimas décadas foi um período….

    Nassif, pode me chamar de chato, pedante, pernóstico e por aí vai, mas inicicar um período desse jeito…

  5. A possibilidade da guerra

    “Felizmente, é uma hipótese ultrapassada”.

    Jamais subestime a insanidade.

    Além da economia, uma enormidade de conflitos assola o mundo, incluindo as justificativas religiosas, elemento explosivo por natureza.

    Como dar o próximo passo civilizatório sem queimar essa batelada de valores ultrapassados?

  6. O FED americano e a quadrilha brasileira

    “Essa construção foi facilitada pela permissividade monetária do FED”

    O que o FED fez foi financiar o Tesouro a taxas condizentes e atuar como Caixa Economica Federal no financiamento imobiliário. Deu algum dinheiro a intermediários, mas nem de longe é a quadrilha, a gangue, os assaltantes que comandam o Banco Central do Brasil.

    o FED fez o que um banco central como braço do Tesouro efetivamente teria que fazer naquela situação. Nosso “Banco Central”, por sua vez, não passa de uma guangue de mafiosos, ladrões da pior espécie.

    Por onde andará o Procurador Crente ?

  7. siderugia

    Alexis, muito bom seu comentário, estou aqui a me lembrar da ERA VARGAS, que fala sobre a saga de Getúlio e sua obstinação. Isto está faltando ao governo, que quer se dirigir pelo tal de mercado.

  8. Nossa própria China

    A USIMINAS desligou os fornos, em Cubatão, dando mais uma estocada na famigerada indústria básica no Brasil. Estamos retrocedendo para a mera exportação de: bananas, soja e minério (e de meninos para Disney).

    O Estado brasileiro deve assumir, urgentemente, o protagonismo das ações de desenvolvimento, pois está mais do que provado de que o chamado setor privado nunca o fará. Assim como o programa Bolsa Família que, a rigor, praticamente não custa nada ao Brasil (é um investimento que dá retorno), pois é dinheiro que fica circulando aqui mesmo, poderiam ser criados polos de desenvolvimento autogeradores de atividades econômicas locais à montante (pequenas mineradoras) e à jusante (Santa Matilde, trilhos, vagões, locomotivas, chapas, material de construção) de um alto forno.

    Em plena 2ª guerra, a Alemanha fabricou mais de 1000 submarinos (algo como 4 submarinos a cada semana). Deveríamos ter vergonha de não sermos capazes de gerar, proporcionalmente, menos aço do que Chile, por exemplo.

    Vagões de trem, da Romênia?

    Pouco tempo atrás, em agosto de 2014, foi noticiado o fato que a VALE importou vagões de trem para passageiros desde a Romênia (terra do Drácula). Seria cômico se não fosse trágico, pois, de modo quase sistemático VALE tem importado trilhos e até locomotivas usadas, para poder atender este “festival” de bitolas diferentes que existe na rede ferroviária do Brasil, uma espécie de torre de babel na forma de trilhos. Adicione-se a isso a construção dos navios gigantes VALEMAX no exterior (e agora colocados à venda). Ou seja, a VALE parece fazer de tudo para não utilizar aço produzido no Brasil. Vende-se minério e compra-se no exterior produto manufaturado de aço, e o Brasil fica onde mesmo, com maiores buracos nas jazidas.

    A tubulação do mineroduto do projeto Minas Rio (Anglo American), de 529 km e 133 mil toneladas de aço, foi fornecida pela Techint e fabricada principalmente no Japão e na Argentina. Aço importado para transportar e exportar minério de ferro brasileiro, numa equação que exemplifica o Brasil colônia.

    Consumo per capita de aço

    Acontece que o consumo anual no Brasil patina (nestes últimos 4 anos) na casa dos 120 kg de aço por habitante (embutido em carros, construção civil, manufaturados e outros); contra 170 no Chile e no México; quase 500 na China e no Japão; e nada menos que 1.100 kg de aço per capita na Coréia do Sul, por conta da enorme expansão industrial, com ênfase na indústria naval. Brasil poderia elevar o seu consumo justamente com base na indústria ferroviária e naval, que é quase incipiente tratando-se de um país deste tamanho e, ainda, utilizar para isso a produção local de minério de ferro, estimulando a fabricação de aço e afastando-se da “comoditização” dos preços deste minério, pelo menos para os pequenos produtores locais.

    Por que não anda isso pra frente?

    Embora o anterior pudesse estimular enormemente a economia, acontece que, de acordo com as regras do “mercado” (mercado manipulado, em minha opinião), existiria um “excedente” de mais de 570 milhões de toneladas de aço no planeta (ano 2013). Número acachapante, que começa a aparecer, metendo medo ao mundo, nas estatísticas apenas a partir de 2009, e que bota freio nas iniciativas do Governo Brasileiro para incentivar a produção de aço localmente, como pode ser observado em entrevistas do hoje Governador Pimentel (MG) quando ainda era o Ministro de Desenvolvimento.

    “Já tentei de tudo para induzir a fabricação de trilhos no Brasil, mas as empresas não se animaram. Acho essa situação um absurdo, o certo é produzir aqui”, diz José Francisco das Neves, presidente da Valec (2011). Já em novembro 2014, segundo o presidente-executivo do IABr (Instituto Aço Brasil), Marco Polo de Mello Lopes: “o consumo de aço evolui junto com o desenvolvimento econômico” (ou seja, divagar quase parando). Bobagem! O problema é inverso, e seria justamente o aumento de consumo de aço (através de ferrovias e indústria naval, entre outras) e a maior produção de aço local, uma das molas que poderia alavancar a decolagem da indústria nacional, como aconteceu na Coréia e na China, nestes últimos anos.

    Ação do Governo

    O maior problema é a manipulação global do preço da commodity, de modo que nenhuma mineradora poderá enfrentar individualmente este assunto. Cabe aqui ao Governo, de maneira decisiva, partir para a criação de polos de desenvolvimento, em determinadas regiões do país, onde consiga estimular a geração de atividade econômica ao redor da fabricação de ferro gusa e/ou aço, por exemplo.

    ·         Gerar poder de compra de minério de ferro em regiões chave, com garantia de preço que viabilize todas as partes envolvidas;

    ·         Estimular a implantação de fábricas de alta utilização de ferro e aço: trilhos, chapas, locomotivas, vagões, construção civil, navios (ressuscitar a “Santa Matilde”).

    ·         Exigir ferro/aço de fabricação nacional na implantação de ferrovias, metrôs e todo tipo de transporte sobre trilhos.

    ·         Exigir ferro/aço de fabricação nacional na implantação de qualquer obra pública (PAC).

    O fato que exista excedente (supostamente) de aço no mundo não altera as premissas acima. Aço fabricado no Brasil constitui um investimento e não uma despesa. Investidores chineses estão oferecendo implantar siderúrgicas no Brasil. Um alto forno para produzir 1 milhão de t/ano de aço atenderia a construção de 83 prédios residenciais (desde que não sejam daqueles apenas de tijolo), anualmente, por exemplo. Outros consumos interessantes são: trilhos, corpos moedores (para moinhos), locomotivas e vagões, equipamentos de mineração, navios, etc.

    Apenas para empatar com o consumo de aço per capita do Chile (170 Kg/ano per capita, contra 120 Kg/ano no Brasil), o Brasil precisaria colocar dentro do mercado brasileiro mais 50 Kg de aço por cada habitante (façam as contas), permitindo a geração de 10 novos altos fornos, com 1 milhão de toneladas/ano de aço, em cada um. Centenas de pequenas mineradoras de ferro, ao longo do Brasil, seriam viabilizadas, gerando emprego e atividade econômica em outras centenas de municípios, os quais, ainda, conhecerão de perto o milagre da verticalização industrial no Brasil.

    Alexis Yovanovic

    1. Incentivos

      O Estado não deve assumir o protagonismo. Isso já foi tentado nos anos 70 e resultou na ressaca da “década perdida” dos anos 80. O que os atores privados precisam é de incentivos para investir, o que fica difícil com uma taxa SELIC na estratosfera e um cipoal jurídico (fiscal, trabalhista) totalmente desfavorável ao empresário. Além disso, a exigência de conteúdo nacional – por exemplo, para trilhos – vai facilmente atrasar a conclusão das ferrovias como a Norte-Sul e a FIOL em 3 anos ou mais. Notem que, ao contrário do que parece, um trilho de uma ferrovia moderna é uma peça sofisticada de engenharia com pouquíssimos fornecedores mundiais. Não há problema nenhum no Brasil importar trilhos desde que ao mesmo tempo exporte aviões, automóveis, softwares … não vale a pena a gente tentar fazer de tudo, o negócio é buscar setores em que temos vantagens comparativas e incentivá-los para que se desenvolvam. No fundo a política de desonerações do governo Dilma era assim no começo, mas depois descambou …

      1. Sim, deve

        Num país cujo setor privado fuje para Miami, é mais do que imprescindível a promoção planejada do seu desenvolvimento. A China assim fez. Não há vantagens comparativas para nenhum de nos, num mundo cuja economia global é dominada por 45 pessoas/empresas.

  9. guerra de mundos

    -> “Em outros momentos, esse impasse resolveu-se com guerras. Felizmente, é uma hipótese ultrapassada.”

    se a crise de 1929 só foi superada pela gigantesca destruição criativa provocada pela II Guerra. a crise de 2008 já não pode ser resolvida por uma reciclagem das forças produtivas através de conflitos bélicos globais. desembocaria na utilização de armas de destruição em massa. a porta de saída tradicional do capitalismo para as crises se fechou.

    tanto aqui como em toda parte o sistema está em colapso. o que é agravado por uma inédita e reveladora crise climática: o capitalismo cruzou um limite perigoso, ameaçando a sobrevivência da própria sociedade.

    a humanidade agora afeta cada aspecto da Terra em uma escala semelhante à das grandes forças da natureza. todos os ecossistemas do planeta carregam as marcas da presença humana. entramos em uma nova era geológica: o Antropoceno.

    todos nós que hoje habitamos o planeta Terra vivemos os horrores de uma guerra de mundos.

    de um lado estão o Homem, a Razão, a Ciência: os que se ergueram vitoriosos com as luzes do Renascimento apenas para mergulharem o planeta numa escala nunca antes experimentada de destruição e desigualdade. tudo e todos foram reduzidos ao valor de matéria-prima pela vã pretensão de manter indefinidamente girando os moinhos satânicos do capitalismo.

    do outro lado, na resistência contra a barbárie já instalada, há um povo. toda uma população que agora se levanta contra o aniquilamento generalizado: os seres da Terra. uma aliança entre humanos e não-humanos pautada não por leis, contratos ou instituições, mas pela urgente consciência da luta comum pela sobrevivência.

    por isto lutamos: por um novo modo de viver.

    We gotta make a change.

    It’s time for us as a people

    to start makin’ some changes

    Let’s change the way we eat

    let’s change the way we live

    and let’s change the way we treat each other

    You see the old way wasn’t working

    so it’s on us to do

    what we gotta do, to survive

    2Pac

     

    `

  10. Impossibilidade de uma guerra global.

    Enquanto houverem seres humanos sobre este planeta, haverá possibilidade que a guerra seja declarada, quer global ou localizada. Num cenário multipolar e instável, com a decadência de um polo hegemônico ainda extremamente rico e poderoso do ponto de vista militar, etc, etc… Gostaria que essa possibilidade fosse debatida com mais rigor teórico. Na primeira guerra mundial as opiniões era de que ela era necessária e que não duraria mais de 04 semanas. Antes prevenir do que remediar.

  11. “o problema não é a economia,

    “o problema não é a economia, mas a política e a ideologia.” pelo menos ele faz talvez sem querer a autocritica.

    Nunca o mercado financeiro esteve tão regulado como agora, vai e tenta abrir um banco é mais fácil abrir uma clinica de aborto do que um banco.

    Não se vive hoje um periodo de capitalismo Laissez faire como muitos afirmam pelo contrário nunca foi  tão regulado pelo estado.

     

     

  12. Redução de jornada, guerra ou estagnação secular

    NOVA DIVISÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO REQUER NOVAS E MENORES JORNADAS DE TRABALHO – O percentual da produção industrial no Brasil, com relação ao PIB, diminuiu nos últimos 35 anos.

    Isso aconteceu no Brasil, nos EUA, na Europa e no Japão. O aumento do setor de serviços é flagrante em todos os países citados.

    É preciso analisar com mais rigor (e com menos paixão ideológica) o impacto que a entrada de centenas de milhões de trabalhadores chineses e indianos teve e está tendo na economia mundial, em especial no setor industrial dos países centrais e em desenvolvimento.

    Note-se que metade da população chinesa vive na zona rural e que impressionantes 2/3 da população indiana também vivem no campo. O que isto significa?

    Significa um imenso exército de reserva, um fabuloso contingente de um bilhão de seres humanos (chineses e indianos) que estão a postos para entrar no circuito da produção industrial mundial. Isto segura os salários na China e na Índia, e também nos outros países do globo terrestre.

    Há um longo caminho de mais valia absoluta a ser percorrido pelos gigantes asiáticos, em contraposição à mais valia relativa auferida hoje pelos países centrais. É um descompasso que desfavorece e até mesmo solapa a produção industrial nos EUA, na Europa e no Brasil.

    O fato é que a humanidade precisa rebaixar as jornadas de trabalho, que hoje tem algumas variações, mas que em média são de 40 à 44 horas semanais. Já é possível diminuir esta jornada para 30 horas semanais, sem nenhum prejuízo à produção ou às economias de distintos países.

    Este rebaixamento das jornadas de trabalho precisa ser feito de forma concertada, é impossível tomar essa medida num único país.

    A diminuição das jornadas de trabalho, na maioria dos países, aumentaria os níveis de emprego e proporcionaria um valioso tempo livre para a classe trabalhadora, que poderia utilizar esse tempo para o lazer, o descanso ou para o aperfeiçoamento intelectual e profissional.

    O Crash de 15 de setembro de 2008 abriu uma janela neste sentido, mas é preciso que a luta pela diminuição da jornada de trabalho, no Brasil e em outros países, seja intensificada e melhor trabalhada politicamente.

    Os trabalhadores, no passado, chegaram a trabalhar 16, 18, em alguns casos até 20 horas diárias! E sem direitos trabalhistas alguns!

    Com a entrada da Ásia e da África no circuito capitalista mundial, a produção industrial existente hoje é gigantesca e nada justifica a manutenção de jornadas de trabalho de 40, 44 ou 48 horas semanais.

    Jornadas estas, é bom lembrar, que acompanham-nos desde o fim da II Guerra Mundial.

    Pelo lado dos países centrais a extração de mais valia relativa (aumento da mecanização do trabalho) chegará num ponto onde o número de trabalhadores industriais será cada vez menor (já estamos vendo isto).

    A competição com o continente asiático, possuidor de um exército de reserva superior ao número de um bilhão de seres humanos, é praticamente impossível.

    Logo, o único modo de preservar a indústria, os empregos industriais e as economias da feroz competição asiática é investir em educação, ciência e tecnologia e em novos métodos de produção.

    Mas isto, por si só, de nada adiantará se continuarmos com extensas e desnecessárias jornadas de trabalho.

    A purga do Crash de 2008 só acontecerá mediante uma nova Guerra Mundial ou mediante o rebaixamento nas jornadas de trabalho mundo afora.

    Fora disso talvez tenhamos que conviver por décadas com uma espécie de estagnação secular no crescimento econômico mundial.

    1. desigualdade geográfica de renda

      Concordo com muito do que o Diogo diz. Em comentário neste blog, eu já disse que a raíz do problema da crise econômica mundial é a entrada no mercado de trabalho de uma massa de chineses e indianos maior do que a população do Ocidente, o que tornou o projeto ocidental, principalmente o europeu, inviável. O Ocidente não se posicionou sobre como enfrentar essa novidade. Uma solução, o fim do comércio com China, Índia e outros países asiáticos, seria muito drástica e mergulharia essa massa na miséria. O mundo conheceria uma sequência de dramas sem precedentes na História. Outra solução seria cobrar um imposto de importação para produtos produzidos à custa de trabalho excessivo e mal remunerado. O Brasil obviamente também seria afetado por tal medida. A crise em todos os países pobres seria enorme, basta considerar que a produtividade de um trabalhador alemão ou americano é quatro vezes a de um brasileiro. Enfim, a crise mundial vem da desigualdade geográfica de renda e produtividade do trabalho.   

    2. guerra de mundos (2)

      -> “NOVA DIVISÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO REQUER NOVAS E MENORES JORNADAS DE TRABALHO – O percentual da produção industrial no Brasil, com relação ao PIB, diminuiu nos últimos 35 anos. Isso aconteceu no Brasil, nos EUA, na Europa e no Japão.”

      o tempo da economia centrada na indústria passou. a ilusão keynesiana de salvar o capitalismo dos capitalistas desmoronou junto com o Muro de Berlim. os anos dourados pertencem ao passado…

      vivemos o tempo selvagem da supremacia absoluta do capital financeiro. dinheiro gera dinheiro em operações de alta-frequência sem materializar-se como mercadoria.

      o estágio atual do capitalismo prescinde não apenas das nações como da própria democracia liberal. mergulhamos no abismo globalizado da tirania financeira. as mega-corporações cartelizadas estendem seus tentáculos por todo o planeta: países são destruídos e populações se tornam párias.

      -> “A diminuição das jornadas de trabalho, na maioria dos países, aumentaria os níveis de emprego e proporcionaria um valioso tempo livre para a classe trabalhadora, que poderia utilizar esse tempo para o lazer, o descanso ou para o aperfeiçoamento intelectual e profissional.”

      o mundo globalizado está sendo redesenhado para atender as necessidades do capital financeiro. adeus ao Estado de bem estar social. adeus aos direitos trabalhistas. adeus ao emprego formal.

      no auge de seu delírio esquizofrênico, capitalismo pretende que a acumulação de capital venha a prescindir do trabalho e da atividade produtiva.

      -> “A purga do Crash de 2008 só acontecerá mediante uma nova Guerra Mundial ou mediante o rebaixamento nas jornadas de trabalho mundo afora.”

       2008 é o marco inicial do colapso do padrão monetário Dólar e da inviabilidade do atual sistema global sustentar o duplo déficit da economia dos EUA.

      é igualmente inviável o mergulho no abismo do aniquilamento que uma nova guerra mundial provocaria, quanto a possibilidade de um ingênuo retorno aos tempos dourados do capitalismo industrial pós II Guerra.

      só há fuga para a frente.

      abraços

      ,

  13. as  guerras localizadas

    as  guerras localizadas dopminam o ambiente mundial, invadões sucessivas,

    retaliações dosque s]ao invadidos, dos agredidos.

    eresultou no estado islamico,

    no terror insano contra o dito terrorismo….

    e o terrorismo financeiro

    nada

    de braçadas….

  14. A melhor política anti-cíclica é a preventiva

    É preciso repetir isso sempre, porque senão esquecem. Os mais impactados pelas crises cíclicas do capitalismo são países gastadores, que não se preparam nos tempos de bonança. É o que faz a diferença entre uma Alemanha e uma Inglaterra para com uma Grécia ou uma Espanha. Depois que o caldo entornou, ficar reclamando que o xarope é amargo é fácil, mas os que insistem na esbórnia invariavelmente sofrem consequências ainda piores. Porque os que insistem em não haver problema nos governos se endividarem são os mesmos que depois reclamam das dívidas adquiridas? Deveriam dar-se por satisfeitos…

  15. Schwartzman, o sagaz

    Sobre a proposta de alterar para cima a “meta” (limite) de inflação:

    “A adoção de tal medida, porém, levará justamente ao contrário do esperado pelos autores da proposta. As expectativas de inflação (e não apenas para 2016) irão subir refletindo a nova informação.”

    É isso: Se a meta (na verdade o limite) for para cem por cento, amanhã mesmo todos os comerciantes dobram os seus preços (dane-se a renda nominal presente e a curva de demanda, dane-se o custo operacional e de manutenção de estoque, etc, etc). Bom, se esse é o caso, é melhor não estabelecer meta inflacionária alguma…

    Eu fico imaginando se um “economista” como um Armínio Fraga ou um Schwartzman da vida fosse presidente do FED em 1946-48 e resolvesse aplicar as tais “metas inflacionárias” lá, naquela época, com uma relação dívida PIB inicial de 121%, e chamando os opositores de “analfabetos econômicos” (Get out of my way, Truman !!).

    Que palhaçada, que desfaçatez, meu Deus…

     

    1. A Maxi é inevitável, mas têm de ser de 40% no mínimo

      Ai é segurar o rojão, mas, para quem têm uma bomba nas mãos, às vêzes é melhor.

      NMHO, é a saída mais rápida e indolor para a sinuca de bico em que o Brasil se meteu, mas o pessoal de fora (Citi rsrsrs..) ainda acha que é cedo para o pânico KKKKK!!!!!

      1. E só o Bacen tirar o corpo

        A questão não é declarar explicitamente uma maxi. Na verdade, trata-se do CMN autorizar o BACEN a “tirar o corpo fora” no cumprimento da meta, limitando a utilização dos juros a um impacto X com relação ao PIB na rolagem da dívida pública, dado o risco de uma situação de dominância fiscal.

      2. E só o Bacen tirar o corpo

        A questão não é declarar explicitamente uma maxi. Na verdade, trata-se do CMN autorizar o BACEN a “tirar o corpo fora” no cumprimento da meta, limitando a utilização dos juros a um impacto X com relação ao PIB na rolagem da dívida pública, dado o risco de uma situação de dominância fiscal.

      3. agora entendi

        Agora entendi. Confesso que não tinha lido o seu post (acima) inteiro.

        Eu não concordo em usar o câmbio para segurar a inflação. Pelo contrário, nós temos que nos livrar dessa prática. É o que nos levou a essa situação. Se é para vender câmbio, então é para vender com muito lucro e reduzir dívida, mas não para segurar um aumento de preços que tem de vir de qualquer jeito no contexto de um gasto com juros em níveis civilizados.

        Não tem jeito. Se o combate à inflação com juros tem um custo fiscal muito alto, temos que deixar de procurar cumprir a tal meta, pelo menos até a dívida atingir um patamar de porcentagem do PIB que permita elevar juros  sem arrebentar as contas públicas. 

        O CMN tem que traçar uma trajetória de política monetária que observe uma crescente redução dos gastos com juros em relação ao PIB e fazer o BACEN observar também um mínimo de uso de capacidade instalada e emprego, caso contrário o País vai quebrar.

         

         

  16. O BC não precisa defender a moeda se a banda é de 40%

    Aqui é que a mágica funciona, se o BC não precisar defender a moeda, venderemos as reservas com o Real bem desvalorizado e teremos o suficiente para manter o Brasil solvente.

    A discussão sobre a dominância fiscal X dominância monetária não pegou o gist da coisa.

    O problema é o tamanho da banda e a desvalorização inicial, que têm de ser suficiente para garantir o pagamento de toda a dívida, ai e só ai, funciona.

    Um artigo sobre o tema, com links para os interessados.

    http://rgellery.blogspot.com.br/2015/10/sobre-dominancia-fiscal-politica.html

     

    Sobre dominância fiscal, política monetária e a proposta de âncora cambial (Roberto Ellery)

     Dominância fiscal passou a ser o tema central no debate sobre macroeconomia no Brasil. A discussão foi colocada por Monica de Bolle em uma série de entrevistas e textos curtos (exemplos aqui e aqui), alguns economistas, dentre os quais este que vos escreve, não se mostraram convencidos com o diagnóstico que a economia brasileira vive um período de dominância fiscal e, mais importante, com a proposta que o Banco Central deveria controlar a inflação por meio do câmbio e não por meio da elevação da taxa de juros. A questão da dominância fiscal é uma questão acadêmica que deverá gerar algumas pesquisas nos próximos anos da mesma forma que gerou no passado, porém a proposta de política econômica derivada do diagnóstico de dominância fiscal é assunto urgente que não pode esperar pelos debates acadêmicos. Neste post vou tentar explicar o que é dominância fiscal e comentar a proposta de retomar um regime de câmbio fixo ou de bandas cambiais para controlar a inflação. Para explicar dominância fiscal vou ter de fazer uma incursão no estranho mundo dos macroeconomistas, se o leitor não quer se arriscar a perder a fé nos debates sobre política econômica talvez seja prudente pular os próximos parágrafos e ir direto para a parte que falo da política econômica (sexto parágrafo).

     Comecemos nossa descida ao mundo da macroeconomia imaginando uma economia que consiste em um sujeito isolado que tem acesso a um único bem que serve para consumir e investir, se você não se sentiu bem com esta possibilidade ainda é tempo de considerar o conselho no final a parágrafo anterior e pular para a parte de política econômica. Para ajudar a imaginar o exemplo o leitor pode pensar em Robson Crusoé ou Chuck Noland preso na ilha deserta e vivendo à base de milho, parte do milho ele come (consumo) e parte ele planta para a próxima colheita (investimento), como ele faz para plantar sem possuir sequer uma pá é assunto para outras conversas. Tudo que o pobre naufrago tem a decidir é o quanto da sua riqueza ele vai usar para atender sua satisfação (o milho que vai comer) e o quanto ele vai transferir para o futuro (o milho que vai plantar), quanto mais ele comer menos milho terá no futuro, todas as transações dele com ele mesmo (eu avisei!) são feitas e contabilizadas em grãos de milhos.

     Suponha agora que nessa ilha chegou uma entidade chamada governo. Esta entidade cria um pedaço de papel pintado que é chamado de moeda, a tal moeda não serve nem para comer e nem para plantar, porém por alguma razão o naufrago aceita fazer transações (!!)com a tal moeda e expressar o valor do milho na tal moeda. No lugar de destinar tantos quilos de milho para consumo e outros tantos para investimento o naufrago agora diz que vai destinar tantas unidades de moeda para consumo e outras tantas para investimento. Para fazer tudo mais concreto suponha que a todo momento existem quatro vezes mais moedas do que quilos de milho, ou seja, se existirem dez quilos de milho então existem quarenta moedas, sendo assim é natural que um quilo de milhos valha quatro unidades de moeda (falar de natural em um mundo assim beira a loucura, mas eu alertei). Se em determinado ano o naufrago colhe cem quilos de milho, come sessenta quilos e planta quarenta quilos podemos dizer que o produto da economia foi de 400 unidades de moeda, o consumo foi de 240 unidades de moeda e o investimento foi de 160 unidades de moeda.

     Agora que temos uma economia monetária passemos ao próximo passo. O governo pega dinheiro emprestado com o náufrago. Para manter o exemplo suponha que o náufrago produziu o equivalente a 400 unidades de moeda, consumiu 240 unidades moeda, investiu 100 unidades de moeda e emprestou 60 unidades de moeda ao governo. De forma alternativa poderíamos dizer que o náufrago colheu 100 quilos de milhos, comeu 60 quilos, plantou 25 quilos e emprestou 15 quilos ao governo. Notem que a diferença é na forma como os valores são expressos, ocorre que para chegar até a dominância fiscal forma importa, e muito. Na segunda forma, a dos quilos, também conhecida como forma real não há espaço para dominância fiscal, se as transações são todas realizadas e contabilizadas em quilos de milho o governo vai ter de arranjar um jeito de devolver os 15 quilos de milho, muito provavelmente taxando o coitado do náufrago. Na primeira forma, a das unidades monetárias, também conhecida como nominal existe uma alternativa a taxar o náufrago. Como o governo está devendo em unidade de moeda e o governo tem o poder de criar moeda então o governo pode criar 60 unidades de moeda e pagar pelo milho que tomou emprestado. Entretanto, ao fazer isso, o governo muda a relação entre unidades de moeda e quilos de milho, se antes tínhamos 100 quilos de milho e 400 unidades de moeda agora vamos ter os mesmos 100 quilos de milho, porém existirão 460 unidades de moeda. Como consequência o quilo de milho que custava 4 unidades de moeda passará a custar 4,60 unidades de moeda. Chegamos assim em uma das mais tradicionais teorias de inflação conhecida como Teoria Quantitativa da Moeda (TQM), segundo tal teoria o nível de preços é proporcional à quantidade de moeda existente e a inflação será dada pela variação na quantidade de moeda.

     Para chegar na dominância fiscal temos de ir além, alguns diriam ficar aquém, da TQM. Suponha que o náufrago perceba que o governo não tem como pagar a dívida, talvez porque o governo fique envergonhado de cobrar impostos do náufrago ou talvez porque o náufrago tenha um arco melhor que o do governo, não importa. Sabendo que o governo não tem como conseguir milho para pagar a dívida o náufrago passa a considerar duas hipóteses: o governo vai dar um calote ou o governo vai fazer moeda para pagar a dívida. No nosso exemplo as duas hipóteses têm o mesmo final e o náufrago perde os 15 quilos de milho que emprestou para o governo. No mundo real não pagar a dívida costuma ter efeitos bem mais danosos do que imprimir moeda, sendo assim vamos supor que o náufrago acredita que o governo vai pagar a dívida imprimindo moeda. Como nosso herói é náufrago mais não é bobo ele faz a conta que fizemos acima e define o preço do quilo de milho como 4,60 unidades de moeda. Sendo assim mesmo que o governo não tivesse pretensão de emitir moeda, talvez por considerar o calote ou talvez por ter conseguido um arco melhor ou um rifle, ocorrerá o aumento de preços. Ao contrário do previsto na TQM onde o aumento de preços ocorre por conta da política monetária temos agora um caso onde o aumento de preços foi causado pela dívida pública, ou seja, pelo lado fiscal. Quando isso ocorre dizemos que a economia está em dominância fiscal. Como de costume quando o assunto é macroeconomia existem debates intenso a respeito da possibilidade prática e teórica de ocorrer casos onde o lado fiscal determine os preços, não vou entrar o debate, para o leitor interessado deixo dois textos avaliando a possibilidade de dominância fiscal no Brasil (link aqui e aqui) e dois textos criticando teoricamente a possibilidade da dívida pública determinar preços (link aqui e aqui).

     Passemos agora à questão da política econômica. Em condições normais o combate à inflação é feito por meio da política monetária. Quando o governo entende que é o momento de reduzir a inflação o BC reduz o ritmo de crescimento da moeda, na prática isso equivale a vender títulos no mercado de forma que o BC entrega títulos e recolhe as moedas que recebeu em troca dos títulos. Para que as pessoas queiram títulos o BC deve tornar os títulos mais atrativos o que, via de regra, significa aumentar juros. Sendo assim a política monetária é feita por meio de juros, no lugar de aumentar e diminuir a taxa de crescimento da moeda os governos pelo mundo, Brasil inclusive, reduzem e aumentam alguma taxa de juros de referência. Isso tudo funciona muito bem na TQM e outras condições onde não exista dominância fiscal, na presença de dominância fiscal a coisa fica mais complicada. Quando o BC aumenta os juros a dívida também aumenta, se é a dívida que determina os preços então o aumento da dívida levará a um aumento dos preços. Em um certo sentido a dominância fiscal é uma sinuca de bico cujo a única saída é cortar gastos deforma a reduzir a dívida. O que acontece quando o governo não dá sinais que vai cortar gastos?

     É nesse ponto que entra a proposta da Mônica de Bolle de usar o câmbio para controlar a inflação. Ao atrelar o real ao dólar o governo impediria o aumento excessivo dos preços em reais, como fixar o câmbio costuma ser perigoso a proposta é fixar bandas móveis para o câmbio, se funcionar a desvalorização aceita para o valor máximo do câmbio funcionaria como teto para inflação. Se o BC avisa que permitirá uma desvalorização de no máximo 5% em um ano então as pessoas podem aceitar reajustar seus preços em 5% ou até menos a depender das condições de mercado. Para controlar o valor do câmbio o BC faria uso das reservas que possui. Dois pontos devem ficar claros: a proposta coloca um teto e um piso no câmbio e, mais importante, a proposta não é igual a infame banda diagonal endógena, de fato existem bandas diagonais, mas, se bem entendi a proposta, as bandas são exógenas e isso faz toda a diferença.

     Qual o problema com a proposta? No lado mais acadêmico não sou exatamente um fã da teoria fiscal dos preços, a ideia que a dívida pública determina preços, e sem tal teoria o argumento não se sustenta. Não é que eu afirme que não existe dominância fiscal ou que eu seja um monetarista radical, menos do que defender uma teoria nessa nova versão do debate entre monetaristas e fiscalistas (sei que estou provocando!) fico na posição de quem não confia em nenhuma das duas teorias. A verdade é que os modelos macroeconômicos não estão desenvolvidos o suficiente para explicar fenômenos monetários de forma confiável. O “modelo” que usei para explicar dominância fiscal não é tão diferente dos modelos usados por macroeconomistas na academia e em bancos centrais. Como confiar nas previsões sobre inflação feitas por um modelo onde moeda não faz sentido? Para os que se interessaram pelo o assunto recomendo um blog (link aqui) e um artigo introdutório (link aqui). Não vou negar que em termos práticos eu acabe ficando do lado dos que querem usar política monetária, porém meus motivos estão mais associados a uma certa prudência conservadora do que a adesão a determinada teoria.

     Para além do lado acadêmico tenho preocupações práticas com a proposta. No post anterior argumentei que o uso de reservas na Rússia não conseguiu segurar desvalorização do rublo (link aqui). Por que acreditar que no Brasil seria diferente? Caso as reservas não segurem o câmbio podemos entrar no pior dos mundos, forçado a defender o câmbio o Banco Central terá de aumentar juros para atrair capitais e impedir que o câmbio passe do teto estipulado para a banda. A experiência dos anos 90 mostra que quando o BC está obrigado a defender o câmbio as elevações de juros podem ser mais abruptas e maiores do que as elevações de juros necessárias para controlar a inflação. A verdade é que qualquer política que não venha acompanhada de um ajuste fiscal de médio e longo prazo estará fadada ao fracasso, não que tal ajuste vá resolver todos os nossos problemas, quem acompanha o blog sabe que na minha avaliação os grandes problemas do Brasil não foram causados por questões fiscais, mas sem tal ajuste será impossível mesmo pensar na solução dos grandes problemas. Talvez a economia brasileira atual mude o sentido da frase de Keynes que no longo prazo estaremos todos mortos….

          

     

  17. Moeda e preços.

    Gostaria que algum economista escrevesse um artigo dizendo que O PAÍS NÃO POSSUI MOEDA, TEM APENAS MEIO CIRCULANTE. Após os acordos de Bretton Woods, NH, EUA, todos os países do mundo passaram a ter a obrigação de exportarem matérias prima, mercadorias e serviços para obterem a moeda US$ e, com ela, poderem honrar seus compromissos internacionais e formar reservas. O único país que ficou fora dessa obrigatoriedade foi os EUA porque eles são os únicos donos da máquina que fabrica essa moeda. Outra coisa, nosso país não controla os preços das matérias primas e mercadorias e/ou produtos que exporta. Se o país não controla preços e não possui moeda fica difícil administrar economica e financeiramente, seus destinos. A administração é sempre relativa.

    1. Os economistas fazem cenários

      Os economistas fazem cenários para enganar quem não entende de fundamentos da matriz da economia.

      Eles sabem que a inteligência dos brasileiros é um cabresto puxado pela economia americana, ou seja, a ideia do movimento interno é {aqui no Brasil} um princípio absolutamente impensável.

      A nossa moeda é um indeterminado real e o dinheiro deles essencialmente relativo. Se pretendemos nos libertar dessa ordem de determinação adquirida, nossa finalidade desaparece na potência da matriz.

      Os brasileiros estão achando que qualquer coisa que faça produzir qualquer coisa torna presente o bem, e nisso que faremos o movimento do crescimento econômico, mas não.

      É a ordenação da potência ao ato situado no tempo do espaço = EUA.

      Por detrás do ato sem sujeito perdemos a preordenação da nossa potência.

      Pobrezinhos ficam discutindo sobre FED, financiamento externo, âncora cambial que conduza à unidade; déficit público, taxa de juros, inflação, recessão, crime de responsabilidade fiscal, impeachment, ajuste fiscal. Quando tudo isto se trata de uma ação imanente que não reproduz a atividade fundamental do crescimento; eles são a sequência que move a potência a essa extensão passiva.

       

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