
A Polícia Civil de Minas Gerais afirmou à imprensa nesta quarta (6) que as investigações sobre o suicídio de Jéssica Vitória, de 22 anos, mostraram que foi a própria jovem quem forjou conversas com o influenciador Whindersson Nunes e criou contas falsas para entrar em contato com páginas de fofoca no Instagram e divulgar a fraude.
Em dezembro de 2023, Jéssica virou algo de diversas publicações em páginas gigantescas como a Choquei, que acumula mais de 20 milhões de seguidores somente no Instagram, que divulgaram a história falsa do affair mesmo com o humorista Whindersson Nunes negando as informações. Jéssica também veio a público negar as publicações e foi ridicularizada pelo dono do Choquei. A mãe da jovem fez apelos para que as páginas suspendessem a narrativa, mas foi ignorada.
Mediante a pressão e ataques que passou a sofrer na internet, incluindo recebimento de mensagens induzindo à autoimolação, Jéssica Vitória ingeriu uma alta dose de medicação em janeiro de 2024. Ela chegou a ser hospitalizada mas, dois dias depois, veio a falecer.
Ao todo, a Polícia de Minas ouviu o depoimento de oito pessoas:
- Inês de Oliveira, mãe de Jéssica Vitória;
- O influenciador Whindersson Nunes;
- Raphael de Souza, dono da página Choquei;
- Os donos da página Fofoca Santa e Alfinetei;
- Duas amigas de Jéssica Vitória;
- Uma jovem indiciada por incitação ao suicídio.
A responsabilidade das páginas de fofoca
O caso de Jéssica Vitória gerou inúmeras críticas às páginas de fofoca na internet, que mesmo com milhões de seguidores, muita vezes pecam no processo de apuração do que decidem publicar na web.
“Ele [Choquei] é um veículo, é uma empresa de produção de conteúdo informativo. Sem dúvida nenhuma, precisa ter as mesmas responsabilidades definidas para um veículo jornalístico como outro qualquer“, disse ao GGN a pesquisadora Renata Mieli, ex-coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação.
O perfil Choquei ficou quase uma semana sem publicar conteúdo após a morte de Jéssica Vitória. Depois do período, divulgou nota lamentando o ocorrido, prestando solidariedade à família, além de se comprometer a ajudar nas investigações e a implementar um “filtros e códigos de conduta para evitar que episódios dessa natureza voltem a acontecer”.
Duas semanas após o suicídio de Jéssica Vitória, um novo documentário viralizou no Youtube mostrando como a chamada “indústria de influência” movimenta anualmente R$ 80 bilhões no mundo todo com um único objetivo: “chamar a sua atenção”.
No ramo da fofoca, existe um grupo de páginas de alcance massivo chamado de “banca digital”, “que cobra para falar de celebridades e tem o poder de elevar ou derrubar alguém na internet”. A página Choquei, segundo pesquisas, teria sido um dos membros dessa poderosa “banca digital” criada pela agência Mynd. >>> A história da Mynd, a agência de publicidade que controla as páginas mais engajadas da internet brasileira
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