Por retorno, mercado até questiona a democracia, por Alexa Salomão

Em artigo, jornalista diz que falta de traquejo das autoridades trouxe zero impacto para dólar e para a bolsa - mas deixou um alerta: não existe economia forte sem uma democracia saudável

Foto: Reprodução

Jornal GGN – Diferentes áreas do governo brasileiro flertaram com o autoritarismo e sinalizaram falta de traquejo para lidar com a democracia. Embora políticos e representantes da sociedade civil tenham se manifestado, nem o setor empresarial e nem o mercado financeiro se abalaram.

“Mês após mês, a cada polêmica, o reflexo na Bolsa (de Valores de São Paulo – Bovespa) e no dólar foi zero”, explica a jornalista Alexa Salomão, em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo.

Tanto que, no dia em que o ex-secretário da Cultura, Roberto Alvim, foi demitido por conta de um vídeo com estética inspirada no nazismo, o Ibovespa (índice da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo) subiu 1,5%, a 118 mil pontos – atingindo um patamar próximo da máxima histórica, enquanto a cotação do dólar recuou 0,6%, a R$ 4,164.

Para economistas consultados pelo jornal Folha de São Paulo, a emulação de um discurso nazista na cultura não se mistura com a agenda econômica, e o episódio é só mais uma polêmica do governo de Jair Bolsonaro. “Ao ignorar a indignação generalizada com o tom nazista do pronunciamento do já ex-secretário da Cultura, o mercado sinalizou o pior: que, se a economia ficar de boa, opera até contra a democracia”, afirma Alexa.

O argumento recorrente é que essa entidade chamada “mercado financeiro” é amoral e apolítico. E que não importa se um vídeo oficial do Ministério da Cultura tenha parodiado a estética nazista, se há aumento de queimadas na Amazônia, se querem fazer revisionismo histórico ou políticos defendendo a volta do AI-5. Se a economia for bem gerida, não importa o resto.

Porém, a gestão econômica não está blindada do resto do mercado. Entre outros eventos, o mercado simplesmente ignorou uma publicação da indústria global de fundos, representada por 230 gestoras que administram US$ 16 trilhões, em que protestava contra a aparente letargia do governo contra o aumento das queimadas na Amazônia.

Além disso, não existe uma economia que cresça sem uma democracia saudável – e, como aponta Alexa, mais cedo ou mais tarde toda a estrutura pode ser comprometida caso um dos elementos esteja contaminado.

Redação

6 Comentários

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  1. O mercado só se interessa por lucro. Muito e o mais rápido possível, democracia não entra nas suas contas.
    Se Bolsonaro editasse uma medida provisória recriando o escravidão a bolsa subiria e o dólar cairia, simplesmente porque a escravidão significaria novas oportunidades de acúmulo de riqueza.

    1. Olá André, é exatamente isso que você comenta, o tal mercado não se interessa em nada pela vida das pessoas, meio ambiente e menos ainda pela democracia, ainda que formal. O mercado se interessa apenas, e tão apenas, pelo lucro. Permita que eu aproveite essa réplica para divulgar o documentário de um amigo sobre um caso concreto relacionado com suas afirmações:

      https://youtu.be/74QEgxo-SEE

      Abraço!

  2. “É a Economia, estúpido”, frase que dispensa explicações. Então, numa simulação mental, imaginemos um regime nazifascista bombando. (Nem sei se isso é possível; como dito, é uma simulação mental) : Crescimento sólido e persistente, pleno emprego, aumento salarial acima da inflação, etc., etc.. Parece-me que nesse caso, muitos, talvez a maioria, aceitaria, nos limites das aceitabilidades, durante um certo tempo, as restrições políticas desse nefasto regime. Pergunto : é isso que está acontecendo, a economia está sendo bem gerida, é uma economia boa ? É sustentável, tem bases ? Minhas dúvidas são motivadas por uma suspeita, a de que a “nossa” Economia, mesmo que fosse possível caminhar independente do regime político, está sendo gerida por incompetentes e irresponsáveis, que levará o país ao buraco ainda que estivéssemos num regime democrático sólido. Será que estou errado ?

  3. A autora peca por concordar com o dito pelo Mercado Financeiro de que é apolítico. Nada mais mentiroso!

    Os agentes do Mercado Financeiro se reuniram em partido políticos clandestinos, como Lide, Instituto Millenieum, etc. A plantação de ventania para colher a “tempestade perfeita” era a tônica de todos os mercadeiros desde as “cagadas de junho de 2013”. Sabiam que suas opções preferidas de política econômica eram contrárias ao projeto apoiado pela maioria do povo verdadeiramente existente no país. As eleições e as avaliações dos governos deixavam isto cientificamente provado.

    Formaram bando para conspirar contra a maioria. Portanto, este comportamento nada tem de apolítico. Foi veneno político na veia.

  4. Peraí! Alguém é tolo, imbecil, idiota de achar que no governo Bolsonaro a democracia é mais importante que a “ taxa de retorno do investimento”?

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