Queiroga não mostrou força para enquadrar Bolsonaro, diz Natália Parternak

Para cientista, pandemia escancarou necessidade de desenvolver a cadeia de produção de vacinas no Brasil

Jornal GGN – O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, até pode ter “boas intenções” ao assumir o lugar do general Eduardo Pazuello, mas “ele não mostrou a força necessária para enquadrar o presidente [Jair Bolsonaro], explicar que uso de máscara e lockdown são necessários, e chutar para bem longe o kit-covid que, inclusive, está causando lesões hepáticas e renais graves em usuários. Isso precisa ser feito com urgência. O ministro precisa ter força suficiente para fazer isso”, avalia a cientista Natália Pasternak.

Em entrevista a Luis Nassif, na TVGGN, a microbiologista, divulgadora científica e presidente do Instituto Questão de Ciência disse que o novo ministro precisa dar ênfase na promoção de medidas de restrição contra o novo coronavírus, que são urgentes. “Se elas não forem implementadas, a gente corre o risco de prolongar a pandemia, porque a gente sabe que as vacinas vão demorar.”

Pasternak afirmou na entrevista que a maior crise sanitária do século tem pelo menos um “saldo positivo” para o Brasil: escancarou a necessidade de desenvolver o ecossistema da produção de vacinas. Isso significa que as universidades precisam superar seus “preconceitos” e se aproximarem mais da indústria, para que o País possa ser autossuficiente nos insumos necessários à produção dos imunizantes. Mais do que isso, é preciso um governo federal que encare os gastos com ciência e tecnologia como investimentos de longo prazo, que devem ser feitos de maneira perene.

A entrevista ocorreu na tarde de quinta (25), um dia antes do Instituto Butantan anunciar o desenvolvimento da primeira vacina de fabricação 100% nacional, que entrará em fase de testes clínicos.

Pasternak lembrou que cientistas da UFMG, Incor e USP também trabalham na criação de uma vacina nacional, mas esbarram justamente na falta de um ecossistema para garantir que os estudos sejam convertidos em produto final. Quem vai custear a fase 3 de ensaios clínicos dessas vacinas? Quem vai produzi-las depois, questionou a cientista, lembrando que as duas plantas que fabricam vacinas no Brasil – Bio-Manguinhos/Fiocruz e Butantan – já estão comprometidas com as vacinas de Oxford e Coronavac, respectivamente.

Pasternak ainda falou das tecnologias aplicadas às vacinas em todos o mundo atualmente, da questão da quebra de patentes e licenciamentos de produtos de uso emergencial em pandemias, da possibilidade de novas ondas a depender da mutação do coronavírus, entre outros tópicos.

Confira a entrevista na íntegra:

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Redação

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