Xadrez dos novos tempos, da democracia em risco

A democracia brasileira finalmente encontrou seu mais perfeito tradutor: o espanhol Lluis Barba. Conforme explicam os críticos, Barba é conhecido por “ter desenvolvido uma reinterpretação da fragilidade da memória histórica e sistemas de poder, juntando obras de artes de grandes mestres com elementos contemporâneos”.

Nada melhor para definir a maneira como o país está encarando a destruição sistemática dos mecanismos democráticos. 

Peça 1 – montagem de um pacto de governabilidade com Temer

A receita está dada. Juntam-se grupos econômicos, PSDB-DEM, estamento Jurídico, em torno de três objetivos claros:

1.     Desmanche das conquistas sociais.

2.     Abertura integral da economia.

3.     Recuperação pontual da economia garantindo as eleições de 2018.

Tem que combinar com os russos.

Como dificilmente o modelo Temer será eleitoralmente competitivo, haverá a tentativa de melar as eleições. Tudo obviamente dependendo da viabilidade política do governo Temer perante os grupos de poder.

Aí entra o imprevisível: as delações do grupo Odebrecht.

Peça 2 – o fator Odebrecht

A delação da Odebrecht significará a bomba de nêutron, o fato que zerará de vez o jogo político. Serão poupados apenas membros do Judiciário. No campo político, não restará pedra sobre pedra, cerca de 2/3 do Congresso, todas as lideranças partidárias, todos os presidenciáveis, incluindo os interinos que tomaram o poder de assalto.

Será um terremoto tão devastador que levará a um pacto inevitável.

Peça 3 – o pacto político da anistia

O caminho mais viável será o de separar as doações em dois campos: aquelas destinadas ao financiamento de campanha; a as que foram para enriquecimento pessoal. Trata-se de uma divisão tácita, que o meio político utiliza internamente para não misturar alhos com bugalhos.

Saliente-se que sempre houve uma prática generalizada do político utilizar sobras de campanha em proveito pessoal, mesmo em pessoas de reputação ilibada como André Franco Montoro (que adquiriu um apartamento com as sobras de campanha para governador), Fernando Henrique Cardoso e sua fazenda mineira, Tancredo Neves quando presidente eleito.

A proposta provável será votar uma anistia geral para o primeiro grupo e jogar o segundo grupo aos leões.

Esbarra, no entanto em alguns problemas políticos.

A Lava Jato e a Procuradoria Geral da República têm lado, o PSDB. E seu lado seria apanhado em cheio por uma peneira isenta, da qual não escapariam José Serra e os fundos de investimento de sua filha Verônica; Aécio Neves e Michel Temer, com elementos de enriquecimento pessoal muito mais consistentes que sítios em Atibaia.

Peça 4 – os desafios à normalidade democrática.

Ao zerar o jogo político, o novo redesenho comporta de tudo: até modelos de democracia mitigada. Especialmente porque o país já não vive tempos de normalidade democrática. E não apenas pelo golpe parlamentar.

Os sinais são cada vez mais evidentes. Não se avançou mais porque houve um refluxo das manifestações anti-PT, depois do susto de assistir à ascensão da camarilha dos 6: Temer, Jucá, Padilha, Geddel, Moreira Fraco e Cunha.

Mas é apenas uma pausa. Os sintomas do endurecimento político estão nítidos:

Sinal 1 – o medo das palavras

Na ditadura, jornalistas acostumaram-se a escrever nas entrelinhas, pela dificuldade de se abordar temas mais delicados. Voltaram-se às mesmas práticas:

Exemplo 1 – para desgosto de Madame Natasha, o colunista Elio Gaspari inventou o termo “golpe vocabular” para poder expressar sua opinião sobre o golpe do impeachment.

Exemplo 2 – o Ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso, explicando a não-tomada de decisão no caso do golpe: um lado pensa uma coisa e tem argumentos; o outro pensa outra e tem outros argumentos; como é uma discussão política, não cabe ao STF dizer quem tem razão. Foi o dia em que se igualou a Ayres Brito.

Exemplo 3 – o historiador José Murilo de Carvalho analisando todos os golpes da República e, na hora de analisar o atual, limitando-se a dizer que, na oposição, o PT também tentou o mesmo, demonstração cabal de que o historiador é um personagem da história que ele mesmo relatou: golpe é apenas o impeachment que os do outro lado planejam.

Exemplo 4 – a completa subversão de conceitos. A Lava Jato transformou em suspeitos qualquer forma de negócio ou de acordo político ou comercial. Esse clima persecutório atingiu financiamentos à exportação, atuação de diplomacia comercial. E qualquer tentativa de moderar abusos é imediatamente demonizada com o bordão de que “querem enfraquecer a Lava Jato”.

Ou seja, em vários dos campos do establishment, já se abdicou da defesa ampla da democracia, ou por temor ou por falta de convicções democráticas,

Sinal 2 – o dedurismo

Desde o primeiro momento, o governo Temer mostrou características de dedurismo como forma de retaliação contra adversários. Consiste em membros do governo levantar informações do Estado, dos quais eles se tornaram guardiões, vazando-as seletivamente e dando-lhes um sentido criminoso. Os precursores da volta do dedurismo foram Laerte Rimoli e os contratos da EBC; José Márcio Freitas e a publicidade pública; e o general Sérgio Ethchegoyen e as informações do Gabinete de Segurança Institucional sobre a segurança da família de Dilma.

Sinal 3 – o uso da Lava Jato para represálias

Gilberto Carvalho ousou criticar a Lava Jato e foi enfiado de contrabando em uma das ações. O mesmo vem ocorrendo com advogados e blogs que critiquem a operação. A difamação através da mídia tornou-se exercício banal: procuradores induzem delatores a inserir insinuações em uma delação para que jornalistas policiais transformem em manchetes.

Não há coincidência desses diversos sintomas com os períodos de intolerância que precederam guinadas autoritárias de governos e países. Hoje em dia, há um alinhamento de parte de alguns juízes e procuradores, visando atuar politicamente no cargo. E um forte grupo de homens de Estado trabalhando em direção ao endurecimento político, especialmente à medida em que o PSDB naufraga definitivamente como alternativa política.

Cenários possíveis

São muitas as variáveis e se tem um país relativamente complexo. Daí a dificuldade de cravar as fichas em um cenário apenas. Prefiro relacionar as forças em marcha para que vocês ajudem a desenhar o cenário final:

Jogo político – na medida em que o governo interino se consolide, haverá uma tendência de acomodamento político, com os governistas de sempre aderindo e a oposição parlamentar aceitando o jogo a fim de preservar algum espaço. E, com isso, permitindo o crescimento de partidos alternativos fora do parlamento e de movimentos sociais fora da tutela dos partidos.

Reformas – haverá uma disputa dura de informações. De um lado, os críticos tentando demonstrar que limite de despesas significará o desmonte do SUS e da educação. De outro, o establishment vendendo o peixe de que esses cortes serão a salvação da lavoura.

Jogo econômico – o interino envereda de novo pelo populismo cambial. O aumento dos limites de endividamento e a apreciação cambial darão um breve respiro à economia que eles esperam que dure até 2018. Daqui até a votação do impeachment o mercado reagirá positivamente. No dia da votação, despencará de novo, para realização de lucros.

Jogo jurídico – depois de inúmeras pressões contra sua parcialidade, o Procurador Geral da República (PGR) Rodrigo Janot esboçou alguma tentativa de isonomia, abrindo ações contra Aécio Neves. Cumpridas as formalidades, nada mais se sabe das investigações. No momento, ele está preocupado com os presentes que Lula e Dilma receberam de dignitários estrangeiros. A delação da Odebrecht exigirá outras estratégias evasivas.

Luis Nassif

69 Comentários

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  1. Excelente essa série

    Excelente essa série “Xadrez”, está em todas as minhas redes sociais, pena que os coxinhas das minhas redes não entendam e detonem tudo.

  2. A solução para esse imbróglio

    A solução para esse imbróglio é o povo nas ruas e a porrada comendo.

    Aí se tomará um rumo.

    Ou o povo ganha e volta a Democracia, ou o golpe se consuma com os milicos no poder.

    Tudo isso a um custo muito alto com mortes dos dois lados.

    O Brasil precisa de uma revolução para se definir que rumo tomará perante ao mundo.

     

  3. Sugestão de TAGs

    Prezado, na hora de ‘taggear’, utilize o vocábulo ‘xadrez’, pois assim, ao clicar no mesmo, será listado todos os artigos referentes a esse tema, a esse conjunto.

    Grato, grato.

    H.X.F.

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    H.X.F.

  5. Delação “bomba de neutron”,

    Delação “bomba de neutron”, zerando o jogo político?

    O Marcelo Odebrecht pode até entregar “gregos, troianos e petistas”, mas o que vai pegar é tudo que tenha a ver com os suspeitos de sempre e, claro, o que tiver relação com o Lula (fato ou ficção,  não importa), que será tratado como o escândalo do século, com direito a vários JNs, globo repórter,  fantástico,  etc. O acordo, vale ressaltar, já exclui (segundo informes) malfeitos do judiciário. E não é pq nessa seara não tem pecado. Daí, imaginar que  dessa “bomba” sobra estilhaço para todo o campo político,  golpistas e interinos incluídos, é complicado…

     

  6. O quadro é desolador, dentro

    O quadro é desolador, dentro da tradicional história da política brasileira depois de períodos democráticos e de inclusão passamos à períodos de retirada de direitos sociais conquistados e o recurso à velha chaga do golpismo para instalação de uma era conservadora.

    Tudo dentro do script e do relato exato desse que tem sido o melhor cronista do golpe Luis Nassif, somente algum desentendimento dentro do grupo golpista pode trazer alguma novidade alentadora para as forças democráticas e progressistas.

    Tempos Dificeis! 

  7. Dilma tem dever com o povo que a elegeu !

    A presidente Dilma deveria perder o medo de sujar as mãos e entrar no jogo pra valer, afinal ela é a presidente eleita, tem o dever de defender o seu mandato. A grande parcela da população pobre depende do governo popular que elegera para sobreviver, é um dever da Senhora Presidente lutar , com todas as armas disponíveis, para se retornar ao centro do poder.

  8. Resumo da ópera: o Brasil é

    Resumo da ópera: o Brasil é um país ridículo e não merece que nenhuma pessoa decente perca tempo de sua vida preocupado com ele, principalmente porque existe uma parcela de imbecis que são usados docilmente como massa de manobra. Ou se promove a demolição de “tudo isto que está aí” pra valer, ou não vale a pena perder tempo com este gigante bobalhão deitado em berço esplêndido. O Brasil se tornará ruína bem antes que esteja concluída sua construção.

  9. A obesa de cor de rosa é o

    A obesa de cor de rosa é o Judiciário brasileiro? A Frida é a esquerda? E as lindas mocinhas modeladas, são as garotas, casadas ou não com os políticos? A imprensa e a nossa elite estão no avião destruindo tudo? 

    E o nosso xadrez, o do povo, como fica nesse panorama em que uma elite decide a qual nível de tortura seremos submetidos?

    PS. Foi o espanhol que fez mas para o Brasil ficaria melhor uma figura de pastor no lugar de uma das imagens do Papa.

  10. Diretor da FIESP e seus

    Diretor da FIESP e seus irmãos devem ao governo federal 13 bilhões. O nome do empresário larápio, Laodse de Abreu Duarte. Assim caminhou a FIESP com o golpe para aliviar esse cidadão.

  11. Consolidou-se o algo muito pior que o golpe

    Consolidou-se algo muito pior que o golpe

    País “dividido” pela minoria seletista sem sinal de trégua no ar

    Velinhos ricos de dinheiro e pobres de mente pedindo a volta da ditadura e gente ensinando crianças a matar presidentes

    Juventude paralisada com medo de defender um Partido maculado pela corrupção

    Intolerância, ódio, rejeição, medo, asco, pânico, injustiça, revolta, impotência, mídia seletiva, domigão do faustão X internet, imprensa x universidades, Nordestinos x sudestinos, eu e somente eu contra nós, vós e eles

    E o país expôs uma brecha, uma ferida que nunca se curou e ainda procura remédio no norte exterior quando a cura é/deveria ser nossa

    Burros, sádicos, inocentes, manipuladores e manipulados sejamos bemvindos ao novo Brasil

    Ou ao verdadeiro e velho Brazil..

     

    http://www.ocafezinho.com/2016/05/03/brasil-um-pais-dividido/

    http://noblat.oglobo.globo.com/artigos/noticia/2016/03/os-caminhos-de-um-pais-dividido.html

    http://www.fazenda.gov.br/noticias/2016/maio/200bspe-divulga-relatorio-sobre-a-distribuicao-da-renda-no-brasil

     

     

  12. Notas sobre uma democracia mitigada

    Prólogo

    1. Democracias mitigadas (democracias relativizadas, democracias de poucos ou democracias em que a única alternância no poder envolve pessoas e não ideias) não são novidade, aliás se olharmos historicamente são a regra. A democracia de massas com ampla disputa eleitoral é uma inovação do século XX, como uma resposta ao avanço do comunismo, da necessidade de trazer para o jogo político da democracia liberal amplos espectros que, de outra maneira, estariam envolvidos em partidos revolucionários à esquerda.

    2. A democracia de massas funcionou muito bem num mundo em que os partidos majoritários mais ou menos concordavam em um mínimo. Mundo, este, que não existe mais.

    3. O movimento de volta à democracia mitigada surge como resposta ao fato de que, num mundo com a renda cada vez mais concentrada, os eleitores estão votando em partidos dos extremos do espectro político e em partidos que se colocam de fora dos “grandes acordos”.

    4. O movimento de refluxo da democracia de massas não é exclusivo do Brasil; este post do MetaFilter traz gritos de conservadores contra o plebiscito do Brexit e o Trumpismo (“não podemos deixar tanto poder na mão da plebe ignara”) e respostas à esquerda.

    (Sim, eu sei que no item 4 tem muita da questão da volta do nacionalismo e do Estado-Nação como contraponto à globalização, mas enfim)

    A democracia mitigada brasileira do século XXI

    Quem leu alguns dos últimos xadrezes do Nassif já entendeu de um dos vetores da democracia mitigada; a “elite do Estado”, as carreiras que, sem controle social algum, se consideram portadoras de uma excepcionalidade advinda da meritocracia (hahaha) como derivada da admissão dos concursos públicos (hahahahaha). Com um braço político ativo, o PSDB, esta casta tenta criar uma democracia em que, além de seu poder não ser questionado, mantenha as disputas políticas em temas irrelevantes, sem que ninguém toque na base da opinião econômica deles, de que o brasileiro é corrupto e que para qualquer coisa além de fazer 2+2 devemos receber ordens de um amer…er…estrangeiro.

    Por outro lado, há a tentativa do Centrão, da “camarilha dos 6”, de também criarem uma democracia mitigada; no caso, para garantir que não só poderão continuar a fazer o que sempre fizeram, mas também de que não serão incomodados. E de que qualquer um que queira empreender no Brasil deverá passar pelo pedágio deles.

    Estes dois grupos já estão em luta. Se a delação da Odebrecht é a bomba de nêutrons da “elite do Estado”, podemos ter certeza que a “camarilha dos 6” está preparando alguma resposta nuclear – na surdina, como eles sempre atuam.

    O fiel da balança? Sim, eles mesmos, os militares.

    A repressão aos de fora

    A democracia mitigada, para funcionar, conta com algum tipo de repressão aos que estão de fora/não aceitam este tipo de arranjo; logo, a repressão à liberdade de expressão, aos movimentos sociais, à liberdade na internet se torna inevitável.

    Olho em um item: a desculpa universal para qualquer repressão e perda de direitos no Ocidente, o “fantasma do terrorismo”. A primeira trombeta foi tocada com os tais 500 mil suspeitos de terrorismo anunciadas com pompa pelo ministro da Defesa.

    1. “O fiel da balança? Sim, eles

      “O fiel da balança? Sim, eles mesmos, os militares.”

      Pena que as forças armadas Brasileiras tem a maior concentração do mundo de apátridas e traidores da pátria. A única coisa que os militares Brasileiros e os americanos tem em comum é que o país que eles amam é o mesmo. 

      Engraçado que li um livro sobre a história de portugal, e em momentos críticos, como a união ibérica e as guerras Napoleônicas, as elites sempre se aliam ao conquistador estrangeiro… vai ver que nós já nascemos estragados com essa decendência maldita.

  13. Do golpe institucional ao golpe propriamente dito

    A votação final do impeachment no Senado está prevista para a última semana de agosto.

    As olimpíadas acabam no dia 21 de agosto.

    Lá por meados de agosto, se os golpistas acreditarem que possam perder no Senado, serão grandes as chances de um atentado terrorista “false flag” (plantado) atingindo espectadores dos jogos. Servirá como álibi para justificar a ruptura definitiva com o regime democrático.

    É absolutamente óbvio que os golpistas têm um plano B (golpe propriamente dito) caso venham a fracassar em seu plano A (o golpe institucional em curso).

     

     

  14. Estão tentando criar um fato político com as delações de Marcelo

    Estão tentando criar um fato político com as delações de Marcelo Odebrecht para criar comoção na classe média e arrebanhá-la para às manifestações do dia 31/07 pelo fica Temer e fora Dilma.

  15. En passant

    É interessante pontuar isso e aquilo na vida política do país. Mas no fundo, serve apenas como entretenimento, na falta de um bom gibi do Fantasma, ou do Tex, do Mandrake, tanto faz. Acompanhar a política do país hoje em dia é aquilo que se chamava nos anos 60 de leitura de banheiro. Em quase todos os banheiros havia um banquinho com uma pilha de revistas velhas, Manchete, O Cruzeiro, 4 Rodas, Casa e Jardim, Náutica, prospectos não encadernados de Conhecer, jornais velhos, revistas Sentinela e Despertai! Enfim… baboseiras sortidas para se ler cagando.

    Este era o comprometimento máximo com tais periódicos, ajudar o funcionamento dos intestinos. E como se escrevia, quanta coisa se escreveu. Críticas, previsões, exercícios de futurologia, fofócas sobre a família real londrina, artistas de cinema, cantores da jovem guarda, etc.

    Eu me lembro das fotos de Juscelino, ao lado das de Brasília, ainda em fase de término das construções. Dividiam espaço nas revistas com fotos da recém inaugurada Volkswagem em São Bernardo, de fãs tresloucadas dos Beatles na entrada de seus shows, de Barbarella em seu biquini marrom, mínimo em tecido e máximo em sensualidade.

    Que dias aqueles! O banheirista podia bater uma punheta para a Jane Fonda, limpar o rabo, dar a descarga e ir assistir o episódio inédito de Speed Racer na tv.

    A política era, como nos dias de hoje, uma coisa etérea e distante, uma quinta essência que se auto administrava, que só iria ser vista se estivesse na pilha de revistas do cagatório. Ninguém estava nem aí com os personagens políticos da época. Sabia-se, no máximo, o nome do general que ocupava o posto de presidente, nomeado indiretamente.

    A laia que fazia imprensa e arte sofreu nas mãos destes governos, mas nós, o povo em geral, não estávamos nem aí com nada. Alienação geral, total e absoluta. Porém, putzgrila, como éramos felizes.

    Daí veio essa merda de demoracia. Começaram a encher o saco do povo com coisas que eles lá é que tinham que resolver. Convenceram todo mundo que os militares roubavam. Ok, mas… qual a diferença entre eles e os de hoje? A quantidade absurda que se rouba hoje, talvez. Dai vieram os partidos, os movimentos, as eleições, os palanques, a liberdade de imprensa, as novas leis.

    É inevitável a comparação. Me pergunto: evoluímos em que? Na prática, quero dizer, e não filosoficamente. Em nada. A vida hoje é uma merda, nem trabalhar se consegue e o povo virou uma massa de pagantes de impostos que sustenta a mordomia de uma nova classe social, o funcionalismo público, incluídos os políticos.

    E como naquela época, se escreve, se escreve muito. O falatório é com certeza o maior já visto na história toda. Palavras vãs, que nem o vento quer levar. E nós? Filosóficamente corretos? Felizes?

    Tenho saudade da época em que, quando eu via um assunto de política em uma revista eu podia simplesmente virar a página, certo de que não precisava mais me incomodar com aquele assunto. Hoje em dia, os assuntos não morrem mais, se transformam em zumbis implacáveis e ficam o tempo todo atormentando nossa consciência. Pior, não podemos resolvê-los, continuam etéreos, distantes, insolúveis, preocupantes, aterrorizantes.

    Ontém, temíamos apenas o espectro da guerra nuclear. Hoje, temos medo até de dar a descarga.

  16. Grande risco

    A democracia não está em risco. Teremos eleições municipais neste ano com toda a normalidade. O que está em risco é nosso emprego e nossa economia. E todos sabem quem começou este imbróglio.

  17. Bomba de nêutron x granada x traque

    A narrativa bombardeará quem é pior ou melhor, quem será totalmente destruído, quem terá danos sérios e quem será convenientemente alvejado sem danos fatais. Parece que sobra Geraldinho, que é tão conservador quanto privatista e autoritário, portanto ideal para a empreita (nem precisaria trocar muitos ministros).  

    Nao há massa crítica para o diálogo de alto nível, não há cidadania, consciência política e ativisto para reverter a onda punitivista e autoritária. A grande massa reverbera os mantras midiáticos, reproduz e potencializa a seletividade e a truculência.

    Falhamos, na educação e na comunicação. 

     

  18. Logo, logo nosso país viverá

    Logo, logo nosso país viverá uma tranqiuilidade extrema: pessoas já começam a ser expulsas do território nacional a partir de indícios, presos políticos deixarão de tumultuar o ambiente simplesmente porque encarcerados, e presos políticos não serão apenas políticos de profissão, mas blogueiros altenativos, pessoal ativo de movimentos sociais e políticos indesejáveis, advogados e funcionários públicos intransigentes com a função. Se hoje um terço da população não sabe quem é o presidente da república, amanhã será a metade porque essa coisa de parlamentarismo vai atrapalhar mais ainda a cabeça do povão. Logo, logo se cantará o hino nacional dentro das escolas e fora delas não haverá hino porque não haverá país (com tudo privatizado e sem soberania, para que país), a miséria, a doença e a morte se alastrarão, mas como delas não vai se falar, aos domingos os brasileiros alegres irão ouvir o sermão dos representantes de Edir Macedo, ao futebol e ao bailão mais próximo. E como tudo ficará tranquilo só se falará de coisas feias, vindas de fora para mostrar como foi possível aqui se conquistar a paz. E como tudo de tão repetido, normal permanecerá, a memória de outra coisa se desvanecerá por completo…por várias gerações. Quando alguma novidade acontecer…que lástima…eu já terei morrido.

  19. Perdi a crença no país

    Perdi a crença no país.

    Não estou nem um pouco interessado em OLIMPÍADAS!

    Serão dias difíceis, aumentará a violência tanto nas ações criminosas, quanto a reação da população, que se tornará mais dura, os bolsonaros se multiplicarão! –  SEREMOS MENOS HUMANOS!

    Menor humanidade refletirá em menor criatividade, tanto cultural, quanto científica!

    Raul castro pediu a volta de seus médicos!

    Teremos mais dor e sofrimento invisíveis a grande mídia, os sem importãncia sofrerão mais! – aumentará a mortalidade infantil!

    A roubalheira CRESCERÁ A NÍVEIS INSUPORTÁVEIS ATÉ PARA OS APOIADORES DO GOLPE! 

    O MP é corresponsável por isso – procuradores foram as ruas apoiar o GOLPE!

    Já que AS PROVAS TÉCNICAS APONTAM QUE NÃO HOUVE CRIME!

    O moro, os procuradores, as ações da PF estão sumindo do noticiário, até por desaparecerem por completo…

    Ai acabou a roubalheira…

     

     

    1. Perdi a crença no país e no

      Perdi a crença no país e no povo !!! O Povo mais frouxo do mundo !!!

      Até uma canalha como ERdogan os Turcos vão defender…

      Que vergonha, um povo como o nosso merece ser governados por Temer´s, Cunhas e Serras !!

      E merece ser totalmente espoliado !!! Está sendo roubado e está batendo palmas !!!

       

    2. Perdi a crença no país e no

      Perdi a crença no país e no povo !!! O Povo mais frouxo do mundo !!!

      Até uma canalha como ERdogan os Turcos vão defender…

      Que vergonha, um povo como o nosso merece ser governados por Temer´s, Cunhas e Serras !!

      E merece ser totalmente espoliado !!! Está sendo roubado e está batendo palmas !!!

      O povo Brasileiro e vítima e Cumplice  do golpe ao mesmo tempo !!!!

       

  20. Nassif, tenho metade de sua
    Nassif, tenho metade de sua idade e me considero velho pra acreditar que a delação vai zerar o jogo ou atingir o Cerra.

  21. Quem sabe, então, o novo podera surgir

    As ilustrações de Lluis Barba, iconoclasta, podem nos revelar através de suas imagens muito do que o Brasil é ou do que somos.

    As nossas instituições não estão funcionando como deveriam, se é que algum dia funcionaram bem. E com ela, a democracia no Brasil periclita. Mas como diz outro comentarista, sempre vivemos uma democracia mitigada, que funciona mais ou menos, conforme a situação. E vejo – até em comentarios neste bolog – que muitos acreditam viver numa democracia plena…

    Agosto esta chegando e teremos daqui la o que mais interessa no plano juridico-politico atual: a delação de Marcelo Odebrechet. Mas de pronto, digo que so vazara para a imprensa o que possa comprometer o PT. Somente apos o fim da circo montando para o impeachment golpista (até a Turquia nos humilhando), é que, quiça, saberemos mesmo se dessa vez a republica cai.

    E que caia!

    1. Sinceramente ??? A única

      Sinceramente ??? A única coisa que o “Novo” tem para o Brasil é liberalismo apátrida e fascismo.

      É um velho travestido de novo !!! Não espero nada melhor que isso, talvez algo pior.

  22. Infelizmente o sonho acabou,

    Infelizmente o sonho acabou, esqueçam democracia, esqueçam sonhos de menor desigualdade etc, a realidade chegou e esta ai escancarada pra quem quiser ver ou ouvir. Todos os sonhos que as pessoas tinha de um pais mais justo, mais democratico acabaram, jamais as elites irao se envergar, esse jogo existem desde que o mundo eh mundo, mas agora estao muito claras as coisas. 

  23. Concordo com o quadro

    Concordo com o quadro apresentado e as projeções. Faço apenas uma ressalva(Peça 4, Sinal 1) sobre “o medo das palavras”.

    Entendo não ser o caso se formos nos ater ao sentido tradicional do termo. No presente caso, não houve RUPTURA constitucional nem a participação DIRETA de atores fora do escopo político. Dá-lo como golpe é, sim, uma extrapolação. 

    O que houve foi um ato político contra uma presidente enfraquecida politicamente e com perda de apoio parlamentar.

    O “golpe” estaria na frágil, e ainda discutível,  fundamentação legal, sem o correspondente acionamento do Tribunal Constitucional para analisá-la.

    Decerto que poderá ser um ato de força perpetrado pelo Congresso, o que se configuraria numa aberrante desfiguração de um sistema institucionalmente estabelecido como presidencialista e não parlamentarista. 

    A se concretizar tal desgraça, cartas para o Sr, Supremo Tribunal Federal, guardião da Constituição. 

     

  24. Vamos aos chutes.
    Temer vai até 2018 fazendo a feira. PSDB e DEM juntos fazendo uma boquinha. Judiciário, MPF e PF tucanos tentando ferrar o PT e Lula principalmente. Em 2018 mais golpe nas eleições e um dos herdeiros de Temer ganha. O Brasil ficará por um bom tempo nesse caminho até que nada mais sobre para saquiar. As desculpas não mais colem, o povo cansado de levar na cabeça. Aí um novo grupo político terá aportunidade, como ocorreu com o PT. Espero que desta vez não sejam tão ingênuos. Não se dá poder ao inimigo para que ele o destrua.

    1. Aí esse grupo político de

      Aí esse grupo político de esquerda administrará terra arrasada e um país com todas as oportunidades desperdiçadas !!! O pais já estará morto e o grupo terá margem de ação igual à 0. Tal com o Tzipras.

  25. Até fevereiro o quadro estará nebuloso

    Para mim, o quadro só se tornará mais claro com o fim do período eleitoral e a virada do ano. Até lá, boa parte do congresso vai ficar em cima do muro e é pouco provável que as frentes de batalha de ambos os lados consigam grandes ganhos. De novembro a fevereiro, haverá um período de transição, pois as eleições já estarão passadas, mas o governo interino (provavelmente já definitivamente empossado) ainda vai ter um pé atrás pois haverá uma nova eleição para presidente do congresso em fevereiro e antes de janeiro ainda é possível haver eleições diretas para o cargo da presidência. De fevereiro de 2017 para frente eles vão vir com tudo como um rolo compressor buscando tornar as eleições de 2018 irrelevantes de algum modo, seja implantando o parlamentarismo, seja mudando as regras do financiamento ou cassando políticos populares. Quem tiver mais garrafa para vender será o vencedor e a princípio a esquerda está muito mal colocada no tabuleiro. Sua chance é conseguir tirar da cartola algumas prefeituras importantes na eleição de outubro o que pode fazer os golpistas agirem moderadamente.

  26. Esse momento é mais

    Esse momento é mais complicado que o primeiro semestre do governo Collor. O grupo no poder é mais articulado nacional e internacionalmente que o de Collor. Além disso, Collor, por mais paradoxal que possa ser, não se valeu das forças armadas para nada, ao contrário. Buscou diversas humilhá-las, como no episódio da Serra do Cachimbo. 

  27. o sultão turco e os emires do lulismo

    apesar de não ser exatamente um adepto da Democracia participativa, o proto sultão Erdogan não hesitou em lançar mão de um iPhone para convocar o poder do povo. foi com a heróica presença da população nas ruas que o golpe na Turquia foi debelado.

    no emirado do lulismo, pela via da conciliação permanente a serviço de uma hegemonia às avessas, pela qual o eleito pelos trabalhadores concede em governar para os patrões, Dilma foi incapaz de sequer denunciar o golpe na ONU, apenas mencionando de forma “corretamente protocolar” o ”grave momento que vive o Brasil”.

    mesmo a um passo do golpeachment se concretizar, ainda assim os emires lulistas se obstinam em seu vôo cego em direção ao fundo sem luz do abismo, no qual toda a sociedade brasileira agora se queda. na votação para a Presidência da Câmara, numa demonstração cabal de não querer a volta de Dilma à Presidência, o lulismo empenhou seu sub-reptício apoio a um parlamentar responsável pelo voto de número 247 pró impeachment.

    de choque em choque de realidade, que se vayan todas as máscaras. ao contrário do sultão turco, os emires lulistas não tem o menor pendor para a resistência ao golpe. sua expertise são os conchavos de cúpula, os acordos de gabinete, os pactos com a elite.

    se a Turquia não é um pais da América Latina, onde governos são depostos da noite para o dia, já o Povo sem Medo brasileiro em nada fica a dever aos destemidos turcos que rechaçaram o golpe.

    no Brasil, foram pessoas do povo que abraçaram uma certa idéia de nação. nossa construção nacional, ainda inacabada, sempre foi obra de Brasileiros apaixonados pelo país. por isto, nossa identidade nacional não resulta de raízes gloriosas, tampouco de ambições imperiais. nossa cultura de síntese não se baseia em raça ou em religião. não somos xenófobos, nem guardamos ressentimentos em relação ao colonizador.

    não deixemos que nos confundam! não somos e nunca fomos um “povo de frouxos”!

    frouxa é a plutocracia brasileira, eternamente sedenta de ser convidada para a mesa de jogo dos grandes lobos globais, mas servilmente resignada ao seu desprezível lugar como hiena periférica; frouxa é uma liderança especializada em capitular voluntariamente, dedicada à rendição sem luta e cujo único objetivo é salvar a própria pele, mesmo ao custo de entregar a cabeça de todo um povo.

    salve o Povo Brasileiro! salve, salve! salve os Tamoios, os Aimorés e os Potiguares! salve Ganga Zumba! salve Palmares! salve, salve! salve Filipe dos Santos e Tiradentes! salve os cabanos, os malês e os balaios! salve os Alfaiates e os Cariris! salve, salve. salve o Almirante Negro! salve o movimento anarcosindicalista e a Coluna Prestes! salve Apolônio de Carvalho. salve Lamarca! salve Carlos Marighella! salve, salve. salve as greves do ABCD! salve a fundação do PT! salve as “Diretas Já”! salve, salve! salve Junho de 2013! salve, salve. salve a resistência ao golpe do impeachment! salve o Povo sem Medo!

    https://www.facebook.com/RodrigoMaiaRJ/photos/a.219040218206269.44018.194263324017292/892860084157609/?type=3&theater

    1. “não deixemos que nos

      “não deixemos que nos confundam! não somos e nunca fomos um “povo de frouxos”!”

      Imagina se fóssemos !!!!

      Se os golpistas e a direitalha estão passeando por não sermos um povo de frouxos, imagina se não fóssemos…

      Que inveja dos Franceses !!! Por muito menos estariam guilhotinando todo mundo !!!

      “salve o Povo Brasileiro! salve, salve! salve os Tamoios, os Aimorés e os Potiguares! salve Ganga Zumba! salve Palmares! salve, salve! salve Filipe dos Santos e Tiradentes! salve os cabanos, os malês e os balaios! salve os Alfaiates e os Cariris! salve, salve. salve o Almirante Negro! salve o movimento anarcosindicalista e a Coluna Prestes! salve Apolônio de Carvalho. salve Lamarca! salve Carlos Marighella! salve, salve. salve as greves do ABCD! salve a fundação do PT! salve as “Diretas Já”! salve, salve! salve Junho de 2013! salve, salve. salve a resistência ao golpe do impeachment! salve o Povo sem Medo!”

      Todos fragorosamente derrotados em seu tempo pq o povo não teve coragem para seguir-lhes o exemplo !!!

      1. que inveja!

        -> “Que inveja dos Franceses !!! Por muito menos estariam guilhotinando todo mundo !!!” 

        -> “Todos fragorosamente derrotados em seu tempo pq o povo não teve coragem para seguir-lhes o exemplo !!!”

        – salve a Queda da Bastilha, em 1789, apesar do 18 Brumário em 1799;

        – salve os Três Dias Gloriosos, em 1830, apesar da Monarquia de Julho, quando os banqueiros passam a reinar na França;

        – salve a Revolução de 1848, apesar da História se repetir como farsa com o aventureiro Napoleão III;

        – salve a Comuna de Paris, 1871, apesar de massacrada, com dezenas de milhares de mortos;

        – salve Maio de 68, mesmo traído pelo Partido Comunista Francês;

        – salve as Greves contra a Reforma da Previdência na França, em 2010, apesar da derrota imposta por Sarkozy;

        – salve as manifestações na França em 2016 contra a Reforma Trabalhista! salve, salve!

        .

  28. 1.O jogo já está zerando,pelo

    1.O jogo já está zerando,pelo fato dos empresários PRODUTIVOS estarem se apercebendo que esse

    2.GOLPE fora PÉSSIMO a eles,foram iludidos pela MÍDIA FAMILIAR,pelo discurso anti-pt e corrupção!!

    3.O jogo VIRA quando a Odebrecht delatar TODOS,essa é a chave, ponto crucial de tudo(judiciário deixará?)

    4,Perde-se o jogo se Odebrecht  fazer a tal DELAÇÃO SELETÍSSIMA (Anti-PT) às vésperas do GOLPE !!

    Obs; Se Marcelo bater o pé e querer delatar a todos,ganha-se o jogo,a bola está em seus pés para chutar

    já que a MÍDIA FAMILIAR está doida para um fato novo para enterrar a minha DILMINHA QUERIDA !!!

  29. O Brasil pagará um preço
    O Brasil pagará um preço extremamente caro pelo PT não ter politizado o debate.

    No início de 2013, me utilizei do blog de Nassif para alertar quanto aos riscos de despolitizar o debate, de não ferver ideologicamente as ações do governo.

    No artigo está antecipado, e explicado, o marasmo da população em relação ao golpe.

    https://jornalggn.com.br/blog/utopia-e-pragmatismo

  30. Por Róber Iturriet Avila, no site Carta Maior:
    Dilma Rousseff sofreu uma derrota enorme e tem possibilidades quase nulas de retomar seu governo. Ainda que o Ministério Público Federal proponha o arquivamento das ações de “crimes de responsabilidade”. Houve, na verdade, uma derrubada do poder de uma classe por outra. As “classes populares” que vinham perdendo espaço dentro do próprio governo Dilma foram completamente desalojadas. Tal alteração foi viabilizada por uma série de descontentamentos da opinião pública, não cabe aqui detalhar profundamente. No congresso nacional, os conservadores, os milionários e seus representantes estão com maioria absoluta. A população, adormecida e paulatinamente emburrecida, naturalizou o processo.

    1. também vejo esse golpe como

      também vejo esse golpe como parte de uma ferrrenha luta de classes com conexões inertancionais tendo em vista a disputa pelo pre-sal por parte das grandes corporações……,..mas ainda creio que parte da elite se convecerá quemelhor para eles detentores dos meios de produção é a conciliação de classes e a defesa da construção de uma grande classe media que vinha sendo construida nos ultimos anos e que está sendo descontinuado pelo governo golpista servil ao mercado e as Empiricus da vida….,..sermos umma grande Síria ou Haiti pode ser vantajoso para petroleiras como a Chevron mas não para a elite que se pretenda ética, humanitária e nacionalista, posso estar sonhando demais, mas ainda guardo um certo otimismo e uma saida para o caos que se anuncia caso o golpe se consolide

  31. Omissões e distorcer frase do ministro Barroso fragilizam o post

     

    Luis Nassif,

    No último post desta sua série de “Xadrez do Golpe” que eu comentei, eu fiz elogios ao seu texto que que pareceu refletir bem a realidade política existente e a que se avizinhava pelo lado do futuro. Havia o problema da retórica que no caso eu chamei de truísmo tautológico e que no post com seu texto estava mais relacionado a um cacoete seu de sempre colocar muitas expectativas no novo e estar sempre pronto a enterrar o velho. Velho e novo no convívio de poucas gerações não se diferem tanto. Então dizer como você diz com frequência que o novo surge e o velho se vai é truísmo tautológico que não se justifica nem como retórica.

    Outro ponto que eu mencionei como crítica ao seu texto é o que eu considero certas omissões importantes que se podem observar na série “Xadrez do Golpe” que você vem publicando.

    O post de sua autoria e publicado aqui no seu blog e a que eu me refiro é “Xadrez do pós-impeachment e da morte do velho” de segunda-feira, 11/07/2016 às 07:08, e ele pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/noticia/xadrez-do-pos-impeachment-e-da-morte-do-velho

    E do meu comentário para você junto ao post “Xadrez do pós-impeachment e da morte do velho”, que eu intitulei “Triste a história de Dilma ser escrita pelos vencedores” e que eu enviei segunda-feira, 11/07/2016 às 21:21, eu transcrevo o seguinte trecho:

    – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

    “Não vi, em nenhum texto seu uma referência explícita de você à natureza paulista do golpe. Se São Paulo tivesse separado do Brasil há 50, 100 anos atrás, certamente não teria havido o golpe do impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. O golpe precisou do poder econômico das elites paulistas para se concretizar. E é bom que se lembre que se São Paulo tivesse separado do Brasil há tanto tempo nem mesmo a figura da reeleição teria sido aprovada. Foi a pressão do poder financeiro e econômico paulista que permitiu a aprovação da emenda da reeleição.

    Também não vi nas suas argumentações sob o enfoque do “Xadrez do Golpe” nenhuma referência ao fato de que o golpe só existiu porque a presidenta Dilma Rousseff é de esquerda. Se ela fosse de direita o golpe não teria ocorrido. Essa distinção entre esquerda e direita existe, você sabe que existe, mas não gosta de dar destaque a ela. Você prefere uma posição mais empresarial de quem quer chegar a todos os grupos para ter mais retorno comercial. Não vejo no mundo capitalista uma alternativa a essa visão empresarial. A minha crença na possibilidade de um milhão de I F Stone na internet cada vez se esvai na medida que vejo que a tendência será um isolamento maior de cada site individual. A solução é o coletivo, mas é de se ver se o coletivo pode-se manter sem ter um comportamento empresarial.

    E agora, neste post “Xadrez do pós-impeachment e da morte do velho”, não há referência aos erros da presidenta Dilma Rousseff. Parece que você adotou a tática de não chutar cachorro morto. Erros que às vezes você os concentrava na política, mas que nunca deixou de os apontar sob o aspecto econômico.

    Em relação ao enfoque político, o seu melhor momento foi talvez no post “Hangout do dia seguinte” publicado domingo, 7/04/2016 às 23:52. Ali ao que me parece no intervalo de 4 minutos até 4 minutos e 30 segundos, você fala da dificuldade de Mercadante trabalhar com o baixo clero e de certo modo o critica por não aceitar o fisiologismo. Só que você toma uma posição dúbia que eu venho apontando desde o post “FHC combate o fisiologismo que praticou” de quarta-feira, 16/11/2011 às 09:59, em que você comenta crítica de FHC ao fisiologismo. Provavelmente há posts seus ainda mais antigos em que há este posicionamento que eu considero dúbio.

    Em “Hangout do dia seguinte” você diz que Mercadante evita o contato com esse baixo clero, mas ao mesmo tempo você desqualifica muito o baixo clero. Você inicia o post “FHC combate o fisiologismo que praticou” afirmando que o “fisiologismo é uma praga do modelo político brasileiro” e termina dizendo que ele é necessário à governabilidade. Ora, se o fisiologismo é necessário à governabilidade isso significa que você não considera o fisiologismo como um ato criminoso, um ato ilícito, pois seria um absurdo a governabilidade exigir ilicitude. Ora se é um ato lícito porque o acusar de praga?

    Então na verdade o que está falho no seu argumento é considerar o fisiologismo como uma praga do modelo político brasileiro. O fisiologismo não é praga e não é exclusividade brasileira. O fisiologismo é prática inerente ao processo da democracia representativa. Sem o fisiologismo a democracia representativa não funciona democraticamente. Pode até funcionar, mas de modo autoritário, ou seja, de modo não democrático.”

    – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

    E deixo aqui o link para o post “Hangout do dia seguinte” e para o post “FHC combate o fisiologismo que praticou”. O post “Hangout do dia seguinte” pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/noticia/hangout-do-dia-seguinte

    E o endereço do post “FHC combate o fisiologismo que praticou” é:

    https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/fhc-combate-o-fisiologismo-que-praticou

    Este último endereço é mais importante porque me equivoquei e não deixei o link correto lá no post “Xadrez do pós-impeachment e da morte do velho”.

    Embora avalio este seu post “Xadrez dos novos tempos, da democracia em risco” de segunda-feira, 18/07/2016 às 11:52, como sendo de boa qualidade, não o tenho como tão bom quanto o post “Xadrez do pós-impeachment e da morte do velho”. Além disso, você mantém as velhas omissões. De certo modo, você evita aceitar a importância que São Paulo teve no golpe para não se indispor com grande parte do seu convívio e até para não se indispor consigo mesmo pelo tanto que você deve a São Paulo desde a época de estudante como durante toda sua vida profissional.

    E evita também atribuir o golpe à direita porque você não gosta de dar destaque a essa dicotomia.

    E ultimamente você se omite de fazer a análise econômica do período da presidenta Dilma Rousseff. Tudo bem, pois como diz o ditado: “não se chuta cachorro morto”. No entanto é preciso destacar que a sua análise, que se impregnou no pensamento da maioria dos comentaristas do blog, independentemente de o comentarista ser de esquerda ou de direita, pecava por atribuir ao governo da presidenta Dilma Rousseff os péssimos resultados econômicos sem nunca ter inserido na sua análise uma referência à queda abrupta dos investimentos no terceiro trimestre de 2013, revertendo uma retomada dos investimentos que iniciara no quarto trimestre de 2012. E agora sua análise peca quando se trata de projetar o futuro econômico do governo do presidente às custas do golpe Michel Temer.

    Assim vejo sem fundamento dizer que o governo do presidente às custas do golpe Michel Temer tem por objetivo claro fazer o desmanche das “conquistas sociais”. O golpe tem matiz paulista e contou com o apoio ferrenho da FIESP, e é um golpe de direita com muitas medidas a serem tomadas de cunho de direita. Agora é preciso compreender que há ações e projetos que já se incorporaram institucionalmente ao orçamento público e à realidade econômica brasileira. É assim que devem ser entendidas as conquistas sociais tanto do período do PT no governo como as anteriores vindo desde a época de Getúlio Vargas sendo na sua maioria incorporada na Carta de Constitucional.

    Além disso, as conquistas sociais do período de Lula e da presidenta Dilma Rousseff não foram nada de sobrenatural. Somente alguém desprovido de bom senso pensa que Lula e a presidenta Dilma Rousseff são seres alienígenas que tinham mais poderes que realmente tinham e só por essa razão puderem trazer todas essas conquistas para a sociedade. Lula e a presidenta Dilma Rousseff são serem humanos normais e conseguiram algo normal que apenas chegou um tanto atrasado ao Brasil, mas não houve nada de excepcional que seja preciso retirar para que tudo volte à normalidade de antes.

    Também não creio que o Marcelo Odebrechet disponha de tanto poder assim para obrigar a que se faça uma lei da anistia. A lei da anistia em relação à corrupção parecia-me algo inerente ao projeto vitorioso do presidente às custas do golpe Michel Temer, mas a grande dificuldade da aprovação do projeto da anistia política é mais decorrente da baixa popularidade de Michel Temer e essa depende da questão econômica.

    Assim, se a economia se recuperar, o presidente às custas do golpe Michel Temer terá condições de, em 2017, propor uma lei de anistia. Ela independe da delação de Marcelo Odebrechet. Aliás o destaque para a possível delação de Marcelo Odebrechet para mim é fruto do superdimensionamento que se dá a Operação Lava Jato. Desde a época da Petrobras que se quer atribuir à operação Lava-Jato os resultados ruins que atingiram a economia. A Operação Lava Jato foi o fator preponderante para que se taxasse como corrupto o governo da presidenta Dilma Rousseff, mas o efeito na economia da operação foi pequeno. O que travou a economia na parte puxada pelo setor petroquímico foi o alto endividamento da Petrobras e a queda dos preços do petróleo.

    Outro ponto falho em meu entendimento diz respeito à sua crítica ao Ministro Luís Roberto Barroso. Sua afirmação de que para o ministro Luís Roberto Barroso: “um lado pensa uma coisa e tem argumentos; o outro pensa outra e tem outros argumentos; como é uma discussão política, não cabe ao STF dizer quem tem razão” distorce o que o ministro Luís Roberto Barroso disse. Do post “Barroso entra para o grupo dos “Esqueçam o que eu escrevi”, por Jandui Tupinambás” de quinta-feira, 16/06/2016 às 09:33, publicado aqui no seu blog e com texto de Jandui Tupinambás, o que se tem é a seguinte declaração do ministro Luís Roberto Barroso:

    “O impeachment depende de crime de responsabilidade. Mas, no presidencialismo brasileiro, se você procurar com lupa, é quase impossível não encontrar algum tipo de infração pelo menos de natureza orçamentária. Portanto, o impeachment acaba sendo, na verdade, a invocação do crime de responsabilidade, que você sempre vai achar, mais a perda de sustentação política”.

    O endereço do post “Barroso entra para o grupo dos “Esqueçam o que eu escrevi”, por Jandui Tupinambás” é:

    https://jornalggn.com.br/blog/jandui-tupinambas/barroso-entra-para-o-grupo-dos-esquecam-o-que-eu-escrevi-por-jandui-tupinambas

    É uma pena que seja como o ministro Luís Roberto Barroso disse, mas embora o meu conhecimento seja bastante superficial eu vinha dizendo há algum tempo o mesmo que dissera o ministro e não vejo como fugir disso. E o final da fala do ministro Luís Roberto Barroso é importante porque ela significa que mesmo havendo o crime de responsabilidade, o presidente pode não sofrer o impeachment desde que ele tenha sustentação política.

    Agora, mesmo tendo cometido o crime de responsabilização, o golpe não deixa de ser golpe financiado pelos poderosos paulistas e apoiado pela direita brasileira e contando com bom suporte popular à medida que houve os péssimos resultados econômicos tanto no primeiro governo da presidenta Dilma Rousseff como no segundo governo. E pelas palavras finais do ministro Luís Roberto Barroso, nessas mesmas condições nada obstaria a não se aprovar o impeachment mesmo tendo a presidenta Dilma Rousseff cometido o crime de responsabilização, pois esse julgamento não passa pelo crivo do STF.

    O que poderia passar pelo crivo do STF seria a presidenta Dilma Rousseff sofrer o impeachment sem ter cometido o crime de responsabilização. A Constituição Federal não prevê esta hipótese. Agora como estão redigidas tanto a Constituição Federal como a Lei do Impeachment é impossível um presidente da República não ter cometido uma infração de natureza orçamentária.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 18/07/2016

  32. Previsões

    Profecia 1 

    Temer se consolida no poder. Governo começa a implantar as reformas solicitadas por ” o mercado “, com apoio da ala liberal do Congresso, representada pelo PSDB/DEM. Principal reforma será a trabalhista, CLT será desmantelada, sendo substituída por acordos/convenções coletivas, negociados de maneira isolada por empresas e sindicatos locais. Justiça do Trabalho e centrais sindicais serão cooptados no processo. 

    No plano político partidário, é aprovada a cláusula de barreira partidária, partidos pequenos desaparecem do cenário nacional, incluindo PSOL, no campo da esquerda, e o PSC, do campo conservador. Em seguida, provavelmente já em 2018, será realizada a última eleição para Presidente, com mandato esticado para 5 anos, após esse período o país fará a transição para o sistema parlamentarista de Governo. Resta saber quem irá ser o presidente da transição.

    Profecia 2 ( menos provável ) 

    Lava-jato, com a delação de Marcelo Odebrecht, acaba por quebrar a espinha dorsal do atual sistema político brasileiro, com a prisão e/ou afastamento das principais lideranças partidárias, tanto da esquerda quanto da direita. Com isso, o vácuo de poder é aprofundado, emergindo então figuras dentro do cenário político que não pertencem ao establishment, ou mesmo o fortalecimento de políticos já conhecidos, como Bolsonaro, impulsionados pela onda moralizante que ainda toma conta do país. 

    1. Ontem em audiência pública na

      Ontem em audiência pública na OAB/SC do patronato só apareceu a representante da FIESC que como sabemos defende um aproposita proposta séc. XIX. É claro que foi ouvida com parte da plateia de pé e de costas. Todos os outros integrantes da mesa ( AMATRA, Ministério Público do Trabalho, CUT, representante da comissão de trabalho na assembleia legislativa , representante da 7ª vara do trabalho, Presidente da Comissão de Trabalho da OAB/SC) infelizmente não me preocupei em fazer anotações . Foi uma falha pois não achei , pelo menos hoje matéria que desse um panorama melhor sobre como transcorreu a audiência. Evidentemente havia direita no auditório. Mas o que importa relatar é que toda a mesa é contra a tal “‘flexibilização das leis trabalhistas” . não sei se vai ser tão fácil assim como tem gente opinando. Talvez com muita repressão. Da braba. Vamos ver. Enfim o presidente da comissão de trabalho da OAB apesar de se manifestar contrário a toda mudança que signifique retirada de direitos, deixou claro que sua posição não é a da OAB. A audiência foi feita com o propósito de que a entidade firme opinião. Vamos aguardar.

      É claro que no escracho não ficou de fora ” A verdade é dura a OAB apoio a ditadura. E ainda apoia. “

       O link a seguir não esgota o que aconteceu e , sequer dá conta da composição da mesa. Apesar de ser do gabinete do excelente vereador Lino Peres. Acompanho seu trabalho há anos. Ele é do tipo que não deixa passar nada. Infelizmente vocês podem imaginar a composição de forças maléficas para a cidade que compõem a câmara. Acontece aqui o mesmo que no restante do Brasil: um enorme, imenso analfabetismo político e encaremos a realidade: o brasileiro é corrupto , de pequenas e miseráveis corrupções.

       

      http://www.professorlinoperes.com.br/pagina/576/escracho-na-oabsc-contra-a-retirada-de-di

       

  33. Delação de lata

    Ouvi hoje na CBN, próximo das 18h, um comentarista afoito, ríspido e certeiro com suas previsões: o cara vai delatar a reforma do Sítio de Atibaia!!!  ridículo a postura da mídia, pelos 15 min que ouvi. Só falta mesmo chamarem os militares para caracterizar golpe…. 

    É enfadonho o golpe com o mordomo servindo de escudo para o mercado explorador…. Não tem nem espelhinho para os caraíbas…

  34. Sugestões para a “Carta aos Brasileiros” da Dilma…

    Entendendo o que o PT não fez (E, a Direita vai colher)…

    …Mas a experiência na América Latina e no Sul da Europa revela, talvez, a maior debilidade da esquerda: a ausência de um programa claro para remodelar o capitalismo e a globalização focando o Século XXI. Do Syriza na Grécia ao Partido dos Trabalhadores no Brasil, a esquerda não conseguiu criar ideias economicamente viáveis e politicamente populares, além das políticas mitigadoras, como as de transferências de renda.

    A economistas e tecnocratas de esquerda cabe grande parte da culpa. Em vez de contribuir para esse tipo de programa, eles cederam muito facilmente ao fundamentalismo de mercado e incorporaram seus princípios centrais. Ainda pior: lideraram o movimento de hiperglobalização….”

     

    A abdicação da esquerda

    Dani Rodrik

    (Do Valor de 18/07/16)

    Enquanto o mundo está atordoado com o choque do Brexit, começa a cair a ficha – para economistas e formuladores de políticas governamentais – que eles subestimaram substancialmente a fragilidade política da atual forma de globalização. A revolta popular que parece estar em curso está assumindo diversas e complicadas formas: reafirmação de identidades locais e nacionais, demanda por maior controle e responsabilização democráticas, rejeição a partidos políticos centristas e desconfiança em relação às elites e experts.

    Essa reação era previsível. Alguns economistas, inclusive eu, de fato advertimos sobre as consequências de levar a globalização econômica para além dos limites das instituições que regulamentam, estabilizam e legitimam os mercados. A hiperglobalização do comércio e das finanças, destinada a criar mercados mundiais perfeitamente integrados, desagregou as sociedades nacionais.

    A maior surpresa é, inquestionavelmente, a guinada para a direita pela qual se expressou a reação no campo político. Na Europa, são predominantemente nacionalistas e populistas nativistas que ascenderam à proeminência, tendo a esquerda avançado somente em alguns países, como Grécia e Espanha. Nos EUA, Donald Trump, um demagogo de direita, conseguiu ocupar o espaço do establishment republicano, ao passo que o esquerdista Bernie Sanders foi incapaz de predominar sobre a centrista Hillary Clinton.

    A revolta popular que parece estar em curso assume diversas e complicadas formas: reafirmação de identidades locais e nacionais, demanda por responsabilização democráticas, rejeição a partidos centristas e desconfiança em relação às elites e experts

    Como admite a contragosto um novo e emergente consenso no establishment, a globalização acentua a divisão de classes entre, de um lado, os que detêm o preparo e os recursos para tirar proveito dos mercados mundiais e, de outro, os demais. Clivagens de renda e de classe, em contraste com cisões fundadas em identidade – com base em raça, etnia ou religião -, tradicionalmente fortalecem a esquerda política. Então, por que a esquerda foi incapaz de articular uma contestação política significativa à globalização?

    Uma resposta tem a ver com o fato de que a imigração ofuscou outros “choques” globalizantes. A percepção de ameaça da entrada de grandes contingentes de migrantes e refugiados de países pobres com diferentes tradições culturais agrava clivagens de identidade que os políticos de extrema-direita estão excepcionalmente bem posicionados para explorar. Portanto, não é de surpreender que políticos de direita – de Trump a Marine Le Pen – envolvam suas mensagens de reafirmação nacional em elevado teor de simbolismo antimuçulmano.

    As democracias latino-americanas constituem um contraste revelador. Esses países vivenciaram a globalização como um choque nos terrenos do comércio e do investimento estrangeiro, e não como um choque imigratório. A globalização tornou-se sinônimo das políticas do denominado Consenso de Washington e de abertura financeira. Assim, a reação populista na América Latina – no Brasil, Bolívia, Equador e, mais desastrosamente, na Venezuela – assumiu uma forma esquerdista.

    A história é similar nas duas principais exceções à ressurgência da direita na Europa: Grécia e Espanha. Na Grécia, a cisão política foi a política de austeridade imposta pelas instituições europeias e pelo Fundo Monetário Internacional. Na Espanha, a maioria dos imigrantes até recentemente vinham de países latino-americanos culturalmente semelhantes. Nesses dois países, faltou à extrema-direita o terreno fértil de que dispunha em outros lugares.

    Mas a experiência na América Latina e no Sul da Europa revela, talvez, a maior debilidade da esquerda: a ausência de um programa claro para remodelar o capitalismo e a globalização focando o Século XXI. Do Syriza na Grécia ao Partido dos Trabalhadores no Brasil, a esquerda não conseguiu criar ideias economicamente viáveis e politicamente populares, além das políticas mitigadoras, como as de transferências de renda.

    A economistas e tecnocratas de esquerda cabe grande parte da culpa. Em vez de contribuir para esse tipo de programa, eles cederam muito facilmente ao fundamentalismo de mercado e incorporaram seus princípios centrais. Ainda pior: lideraram o movimento de hiperglobalização.

    A entronização de livre mobilidade de capitais – especialmente do tipo de curto prazo – como norma de política governamental pela União Europeia, pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pelo FMI foi, sem dúvida, a decisão mais crucial para a economia mundial nas últimas décadas. Como mostrou Rawi Abdelal, professor na Harvard Business School, esse esforço foi liderado, no fim dos anos 1980 e início da década de 1990, não pelos ideólogos do livre mercado, mas por tecnocratas franceses como Jacques Delors (da Comissão Europeia) e Henri Chavranski (na OCDE), intimamente associados ao Partido Socialista na França. Da mesma forma, nos EUA, foram tecnocratas associados ao Partido Democrata, mais keynesiano, como Lawrence Summers, que lideraram a iniciativa por desregulamentação financeira.

    Tecnocratas socialistas franceses parecem ter concluído, a partir da fracassada experiência de Mitterrand com o keynesianismo no início de 1980, que a gestão econômica nacional já não era mais possível, e que não havia nenhuma alternativa real à globalização financeira. O melhor que poderia ser feito era estabelecer normas em âmbito europeu e mundial, em vez de permitir que os países poderosos como a Alemanha ou os EUA impusessem suas próprias regras.

    A boa notícia é que o vácuo intelectual da esquerda está sendo preenchido, e não há mais nenhuma razão para acreditar na tirania do “não há alternativas”. Os políticos de esquerda têm cada vez menos razões para não recorrer a um “respeitável” poder de fogo acadêmico em economia.

    Considere apenas alguns exemplos: Anat Admati e Simon Johnson têm defendido reformas bancárias radicais; Thomas Piketty e Tony Atkinson propuseram um amplo menu de políticas para lidar com a desigualdade em nível nacional; Mariana Mazzucato e Ha-Joon Chang escreveram criativamente sobre como mobilizar o setor público para promover inovação inclusiva; Joseph Stiglitz e José Antonio Ocampo propuseram reformas mundiais; Brad DeLong, Jeffrey Sachs e Lawrence Summers (o próprio!) têm argumentado em favor de investimento público de longo prazo em infraestrutura e na economia verde. Existem elementos suficientes aqui para construir uma resposta econômica programática da esquerda.

    A diferença crucial entre a direita e a esquerda é que a direita prospera ao aprofundar divisões na sociedade – “nós” versus “eles” – enquanto a esquerda, quando bem sucedida, supera estas clivagens mediante reformas que representam pontes. Daí o paradoxo de que as ondas anteriores de reformas de esquerda – o keynesianismo, social-democracia, estado de bem-estar – salvaram o capitalismo de si mesmo e na prática tornaram, a si mesmas, supérfluas.

    Na ausência de renovada resposta, o campo ficará aberto para populistas e grupos de extrema-direita, que levarão o mundo – como sempre – a divisões mais profundas e conflitos mais frequentes. (Tradução de Sergio Blum).

    Dani Rodrik é professor de economia política internacional na Faculdade de Governo John F. Kennedy, de Harvard. É autor de “Economics Rules: The Rights and Wrongs of the Dismal Science”. Copyright: Project Syndicate, 2016.

      

     

    1. Estranho o artigo de Rodrik sair uma semana depois de publicado

       

      Wong (terça-feira, 19/07/2016 às 02:30),

      Bom você ter dado o destaque ao ótimo artigo de Dani Rodrik. O que me surpreendeu foi a demora para esse texto ter sido publicado no jornal Valor Econômico a se tomar pela data que você fez constar de segunda-feira, 18/07/2016, ainda que o jornal se apresente como sendo de sábado, domingo e segunda-feira. No Project-Syndicate o artigo com o título de “The Abdication of the Left”, fora publicado na segunda-feira, 11/07/2016 e pode ser visto no seguinte endereço:

      https://www.project-syndicate.org/commentary/anti-globalization-backlash-from-right-by-dani-rodrik-2016-07

      E é estranho também que o endereço do post “The Abdication of the Left” pareça indicar outro título.

      De todo modo, há que considerar duas falhas no texto de Dani Rodrik. Ele parece não ter uma compreensão da realidade econômica, social e política brasileira e ele não fez nenhuma referência a artigos técnicos que tratam do crescimento da direita em períodos de crise econômica.

      Como referência a artigos técnicos trazendo dados que comprovam que sempre que há uma crise econômica a direita cresce no mundo, eu deixo o link para o post “Recessão alimenta a criação de monstros da intolerância, por Laura Carvalho” de quinta-feira, 28/04/2016 às 14:39, saído aqui no blog de Luis Nassif e oriundo do artigo “O mar está para monstros” de Laura Carvalho publicado na Folha de S. Paulo. O endereço do post “Recessão alimenta a criação de monstros da intolerância, por Laura Carvalho” é:

      https://jornalggn.com.br/noticia/recessao-alimenta-a-criacao-de-monstros-da-intolerancia-por-laura-carvalho

      No post há um comentário meu enviado quinta-feira, 28/04/2016 às 20:45, para junto do comentário de ML enviado quinta-feira, 28/04/2016 às 15:40, em que eu deixo o link para dois artigos acadêmicos e para um artigo que fora publicado no final de 2015 no jornal Valor Econômico tratando desse assunto do crescimento da direita em época de crise econômica. Um dos artigos fora mencionado por Laura Carvalho.

      E eu falo do desconhecimento de Dani Rodrik sobre a realidade política, econômica e social brasileira porque a crítica à esquerda no Brasil parece desconhecer a nossa realidade.

      O crescimento da direita em razão da crise econômica é um dado muito importante que o analista político não pode desconhecer. Só que no Brasil esse crescimento foi quase irrelevante. A direita que domina dois terços do nosso Congresso é a mesma direita que estava no Congresso Nacional na legislação passada que foi eleita no auge da recuperação econômica. Observe que em 2010, foram eleitos dois terços dos senadores. Era de se esperar que o PT tivesse garantido pelo menos um terço dos senadores o que seria suficiente para impedir o golpe.

      Dentro dessa realidade política, o PT não tinha como fazer todas as transformações que o Dani Rodrik gostaria que fossem realizadas. E quanto ao neoliberalismo, além de já ter deixado uma camisa de força no câmbio, no fluxo financeiro, na Lei de Responsabilidade Fiscal (Que o PT teve que utilizar para poder lutar contra as pressões políticas e dos entes federativos), há o problema da inflação que pelo lado econômico talvez devesse ficar em torno de 6 a 8 % em países emergentes, mas que por problemas políticos que a inflação acarreta, ao insuflar uma revolta da população em relação aos governantes, precisa ser mantida muito baixa. Um dos fatores da baixa popularidade da presidenta Dilma Rousseff, não bastasse a falta de carisma dela e os maus resultados econômicos (Embora em meu entendimento os maus resultados econômicos não foram decorrentes de erros da política econômica dela), foi ter mantido a inflação no ótimo patamar de 6% ao ano durante os quatro primeiros anos do governo dela.

      O artigo de Dani Rodrik é bom, mas por ser estrangeiro ele não foi capaz de perceber como a esquerda estava com as mãos atadas durante todo os quase quatorze anos de governo de esquerda no Brasil.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 19/07/2016

  35. Não há outra alternativa

    Fragilidades do sistema

    Ninguém tem saudade das ditaduras, sanguinárias, opressoras, corruptas e terríveis. Por outro lado, bem sabemos que a democracia capitalista também é corrupta e frágil, de exclusivo interesse das elites dominantes. Adequada para escancarada roubalheiras das elites. Vendida ao povão, como se este, tivesse condições de exercer o pleno direito escolher seus dirigentes pelo voto livre. Entretanto, para que esta escolha não atrapalhe os objetivos e interesses das desonestas e entreguistas elites, dentre outras providências, mantêm o povo, tanto quanto possível, longe da educação e cultura, principalmente, distante da politização. Assim opera em todo o “mundo livre”.

    Não bastassem incontáveis grandes exemplos por todo o mundo sobre a precariedade da democracia, a Inglaterra acaba de fazer a opção de sair da Comunidade Europeia pelo voto livre e democrático do povão, como de sempre, totalmente despreparado e despolitizado para tamanha responsabilidade, justo numa hora de persistente crise mundial desde final de 2007. Inclusive, essa estapafúrdia decisão poderá levar a já abalada economia da Inglaterra para situação desesperadora. Tão extravagante que foi, que logo a seguir o resultado final da apuração, os ingleses já entraram em desespero, antevendo o desastre econômico e financeiro que acabaram de arranjar para eles próprios. Quem sabe, para a Comunidade Europeia e para a economia mundial.

    A democracia é tão tosca, que possibilitou que os serviços de informação saíssem de fora de controle do Estado, possivelmente, em todo o mundo capitalista. E no Brasil, objetivando o impeachment de Dilma Rousseff por conta da Comissão da Verdade e outras atividades tentando lançar luzes sobre os hediondos crimes praticados na ditadura militar, sem arrependimentos algum e com muito ódio, facções da turma de preto(informação) envolveram o Brasil numa gigantesca operação de sabotagem da economia, que até junho de 2013 possuía invejável índices. Contando com total impunidade, promoveram gigantescas seguidas badernas pelas avenidas, praças e ruas das principais capitais do Brasil, nunca antes vistas. Deixando os investidores e empresários, daqui e de fora, inseguros e apreensíveis.

    Nessa inconsequente operação de demolição da economia Dilma/PT, contaram com total apoio da grande mídia “livre” tendenciosamente divulgando mentiras, vazamentos e distorções. Contaram ainda, com apoio da Justiça, Ministério Público, Congresso, principalmente do PSDB. Nessa implacável e injusta perseguição ao governo Dilma/PT, os golpistas conseguiram situar a outrora próspera e confiável economia do Brasil, ao nível de caos de hoje, de falências, desempregados, desânimos e descrenças por todas as partes e setores.

    Para aglutinar o povão e jogar mais lenha na fogueira do desmonte da economia, fizeram intenso uso de pretensa disposição de combate à conhecida corrupção. Nessa vertente, a devastadora operação Lava Jato, junto com a brusca redução da cotação mundial do petróleo, acabou paralisando importantes obras e projetos, causando a demissão de milhares de trabalhadores e incontáveis falências.

    Apesar de ter sido miseravelmente perseguida e investigada, nada a dever aos terríveis tempos da ditadura militar, não encontraram nada de sério que pudesse embasar o impeachment de Dilma Rousseff, brasileira honesta e nacionalista.

    Nessa devastadora direcionada caça a corruptos, localizada na Petrobras e em mais alguns setores isolados, para o desespero e surpresa das elites dominantes, foi capaz de tornar um verdadeiro inferno a vida empresarial, social, política e financeira de muitos poderosos, empresários e políticos.  Na afoita operação de desmontagem da economia, confundiram bandidos com suas empresas, algumas delas, com invejável histórico de importantes atividades por todo o mundo, possuidoras de grandes experiências e tecnologias, empregando milhares de trabalhadores nas mais variadas especialidades. Importantes e estratégicas empresas brasileiras, mortalmente atingidas, para a felicidade e alegria dos gringos.

    Por outro lado, as surpreendentes ações e prisões, legais e ilegais, atingiu expoentes da elite brasileira, instalando um clima de muita insegurança para os empresários, banqueiros e políticos. Jamais imaginaram que um dia, pudessem deparar com tamanha truculência, humilhações e prejuízos, por conta das conhecidas muito velhas roubalheiras, vergonhosamente impunes. Deixaram as elites preocupadas. Atordoadas e inseguras.

    Por paradoxal que pareça, os serviços de informações criados na ditadura militar para combater o “comunismo” – pesadelo das elites – por circunstâncias políticas, volta-se contra essas mesmas elites. Aqui no Brasil como em muitos outros países do mundo livre, os serviços de informação acabaram fora de controle do Estado, adquirindo vida própria e muito poder, passando a exigir maior espaço político, econômico e financeiro. Além do que, pelas suas origens, nunca tiveram maiores afinidades para com as próprias elites.

    Só que esse inacreditável quadro de conturbação, abre espaço para acreditar que de agora em diante, os próximos presidentes da República poderão ser depostos caso venham contrariar interesses da turma de preto. Ou seja, a imperfeita democracia, acaba de expor diante do mundo todo, uma perigosa fragilidade.  Amanhã, políticos e empresários, poderão cair em ruína junto com suas empresas, e toda a economia do pais. Pelo poder demonstrado, quem sabe, de agora em diante, nenhum cargo público importante poderá ser ocupado, nem mesmo ingressar  num partido político sem antes passar pela aprovação da turma de preto.

    Portanto, para evitar a desmoralização definitiva da democracia, inclusive, com golpistas chegando ao poder sem voto, é preciso desmontar essa destrutiva bomba armada contra a própria democracia do Brasil e do mundo todo, começando por devolver a presidência da República a Dilma/PT, eleita pelo povo. Acreditem, que dentro da democracia não há outra saída. E, que Deus nos ilumine.Fragilidades do sistema

     

    1. Como seu comentário saiu repetido, vale corrigi-lo e o reenviar

       

      Welinton Naveira e Silva (terça-feira, 19/07/2016 às 09:04),

      Concordo com muito do que você diz neste seu longo comentário, mas faço o alerta para o fato de ele ter saído com a inconveniência de estar repetido quatro vezes, ou três se não se considera como repetição o primeiro texto. Vale a pena você o repetir mais uma vez em um comentário à parte e sem as repetições e esse novo comentário poderia ser enviado como resposta ao seu comentário acima e com um título que informasse sobre a correção.

      Não concordo com a ideia de forças ocultas ou outras terem conduzido as manifestações de junho de 2013. Creio que elas foram fruto de um descontentamento com o governo porque o crescimento econômico tinha arrefecido e foi fruto do julgamento da Ação Penal 470 que antagonizou o PT com a classe média brasileira. Talvez esse antagonismo já existisse pela formação escravocrata da nossa cultura, e o julgamento da Ação Penal 470 no STF tenha apenas dado o “nihil obstat” para a direita exteriorizar os seus ressentimentos contra o PT.

      De todo modo a primeira leva das manifestações de junho de 2013 foi mais constituída pela esquerda. Só depois que a direita aproveitou o espaço e assim mesmo sem muita objetividade. Nas manifestações de 2015 e de 2016, é que a direita tomou conta e deu objetividade às manifestações e o “nihil obstat” veio também dos revesses econômicos que a política da presidenta Dilma Rousseff teve que enfrentar além é claro da repercussão da Operação Lava-Jato..

      Outro ponto a se considerar é a crítica a democracia. O problema é a falta de informação e que ocorre no mundo todo. No mundo todo a maioria não sabe como o capitalismo funciona, como a democracia funciona, como o processo orçamentário funciona e não há nenhuma tentativa de esclarecimento dessa realidade a ser feita desde nos bancos do jardim da infância. Tudo é repassado de forma idealística e assim o reconhecimento que por exemplo o capitalismo e a corrupção têm a mesma gênese: a apropriação do trabalho de terceiros é desconhecido de todos.

      E também não creio que a Operação Lava-Jato teve todo o efeito na economia como se propaga. Ela teve efeito para crescer as manifestações contra o governo da presidenta Dilma Rousseff. Só que as manifestações de junho de 2013 que em meu entendimento tiveram efeito na economia, pois pegou o país no exato momento em que a economia se relançava foram antecedentes à Operação Lava-Jato. Já as manifestações de 2015 e 2016 já encontraram a economia em frangalhos.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 19/07/2016

    2. Favor suprimir as repetições

      Prezado Editor

       

      Não sei porque o meu comentário “Fragilidade do sistema” saiu repetido. Favor excluir a repetição.

      Grato

      Saudações

      Welinton

  36. Já era!!!!
    O povo brasileiro

    Já era!!!!

    O povo brasileiro foi jogado no esgoto, assim como qualquer esperança de ver esse país gigante prosperar.

    Intrigas palacianas egoistas.

    Nunca se discute grandes projetos.  É sempre o eu “eu” vou levar em troca.  Deputados e Senadores, Presidentes e Juízes com mesquinharia para depois poderem ir ali em Paris gastar tudo com espelhos e pentes.

    Não vejo nem mesmos os jornalistas apontarem para as grandes contradições da inserção do Brasil na economia global. 

    Não somos um povo.

  37. Túmulo

    Grave, muito grave para o futuro da nação o reconhecimento jornalistico de que a corrupção é devastadora e incontrolável:

    “Peça 2 – o fator Odebrecht

    A delação da Odebrecht significará a bomba de nêutron, o fato que zerará de vez o jogo político. Serão poupados apenas membros do Judiciário. No campo político, não restará pedra sobre pedra, cerca de 2/3 do Congresso, todas as lideranças partidárias, todos os presidenciáveis, incluindo os interinos que tomaram o poder de assalto.

    Será um terremoto tão devastador que levará a um pacto inevitável.”

    A ser verdade o fator Odebrecht, pode-se afirmar que o silêncio da camorra é um software de uso global:

    “Tente outra vez A Lava Jato adotou linha dura com a Odebrecht, um dos principais alvos da operação. Diversos delatores da empresa tiveram suas propostas de colaboração premiada recusadas. Investigadores reclamam que os anexos são superficiais e dão o recado: quem não entregar o ouro não levará o benefício. A demora em fechar os acordos prolonga a estadia dos executivos em Curitiba e dificulta a vida da empresa, que vende ativos para reduzir dívidas e afastar o risco de recuperação judicial.”

    http://painel.blogfolha.uol.com.br/2016/07/19/lava-jato-reprova-delacao-de-executivos-da-odebrecht-por-serem-superficiais/

  38. Podem estar certos que quem

    Podem estar certos que quem está rindo muito com a auto-destruição do Brasil são os donos dos EUA a partir de Wall Street!

  39. Depende

    A delação da Odebrecht só sera uma bomba de neutrons se houver repercussão na midia. Como os vazamentos e repercussões costumam ser seletivos, ai veremos quem sera apedrejado e quem sera preservado. Tem alguma dúvida? Qualquer coisa sobre Lula e o PT será capa da Veja e materia na Globo News pelo resto da vida. Qualquer coisa sobre os golpistas será encoberto. Até Cunha corre o risco de escapar.  O resto corre-se como o previsto. A proposito, vi uma materia hoje na Globo News  sobre o aumento do teto de financimanto de imoveis para os mais ricos, em que a questão do financiamento para os de baixo foi informada, sem que o Programa Minha Casa Minha Vida fosse citado, nem mesmo pelo “entrevistado”. É assim que a banda toca. E Lula ainda nutriu ilusões sobre esses canalhas … 

  40. Delação da Odebrecht

    Sabem o que vai acontecer com a delação da Odebrecht, além de inviabilizar a candidatura do Lula?

    Nada. Rigorosamente nada.

    PSDB, PMDB, FFL e o próprio PP, uma espécie de PT da direita, e PSB, aquele da epidemia de suicídios, não vão ter ninguém preso. A mesma coisa vai acontecer com a delação do Cunha. Além de um acordo pra salvar ele e a zoiuda, mais nada derivará dessa delação.

    Se quisessem pegar alguém desses partidos, já teriam feito isso com a Castelo de Areia e na época do Banestado.

    Invicto, coletando apostas e contando.

  41. Do golpe muito se falou. E da
    Do golpe muito se falou. E da nova forma de ditadura que se instala?

    Ficou claro para a comunidade internacional e para setores nacionais comprometidos com o desenvolvimento do país que o impeachment contra Dilma se trata de golpe disfarçado para convencer (apenas os incautos) da sua legalidade.

    Sem legalidade e sem a legitimidade da entronização via escolha direta pelas urnas, o novo governo não se sustentará pelas vias democráticas.

    Golpes de circunstâncias semelhantes

    O momento presente, de fácil leitura nos seus avanços inclusivos, com melhoria salarial, programas sociais diversos, foco na educação, resumindo, reformas de cunho social democráticos, exatamente em moldes como fizeram as democracias mais avançadas.

    Sempre que se tentou melhorar o padrão de vida do povo – atenção que aqui também está incluída a classe média – derrubadas de governos foram pactuados pela elite e cegamente receberam o apoio da nossa ignorante classe média .

    A classe média brasileira, é historicamente reconhecida como protetora e babadora da elite. Qualquer estudo irá apontar que desde os invasores que por aqui chegarem a classe s média até em serventia para as elites. Começarem por enviar as nossas riquezas para Portugal e ficar com a sobra dela. Depois vieram os Capitães do Mato, os capatazes, atualmente de formas mais sofisticadas, são os juízes e parlamentares defendendo os interesses dos ricos. Quem há de negar essa formação com base na casa grande e senzala, que perdura, derrubam governos e criam ditaduras?

    A classe média brasileira desconhece os benefícios para ela própria de reformas da social democracia.

    Aceita e aplaude a teoria da social democracia, mas derruba qualquer governo que tente aplicar os instrumentos inclusivos.

    A nova forma de golpe

    Outrora foram forças armadas que não só deram guarita, como foram promotora, em conluio com a elite civil, do golpe de 64. Não vamos nos esquecer que a imprensa foi defensora do golpe, reconhecendo sua estupidez em recente editoral da Globo.

    Desta vez, quem se alia aos interesses exclusivistas e produz o golpe é o parlamento – que em 64 não foi auto direto, mais reafirmou cada um dos atos da ditadura – agora como autor e com auxílio do poder judiciário.

    Forma tão clara e preparada, que um estudo realizado em 2007 por Aníbal Pérez-Liñán pela Universidade de Cambridge, cujo título foi enfático e premonitório, “O Impeachment Presidencial e a Nova Política de Instabilidade na América Latina”‘, descreve: “após os regimes militares na América Latina, a opção foi por golpes não violentos, travestidos de impeachment”.

    A nova forma de ditadura que se instala

    Como dito, sem legalidade devidamente constatada e sem a legitimidade da entronização via escolha direta pelas urnas, o novo governo não se sustentará pelas vias democráticas.

    O governo nestas condições, a história comprova, terá que se utilizar das mesmas artimanhas que qualquer ditadura utiliza para se sustentar.

    Assim, não é de se estranhar que Temer e sua equipe já tenha cooptado a grande mídia, ao mesmo tempo que tenta calar a mídia independente tirando recursos financeiros e articulando com a justiça uma série de ações judiciais contra os jornalistas que criticam o governo.

    Democracia vai muito além do voto. O exercício pleno dela inclui respeito à divergência, programas de inclusão e ampliação do que está posto, e todas as medidas possíveis que estabeleça condições semelhantes de oportunidades e disputas, tudo o que procure o equilíbrio, condição indispensável para que a democracia seja alcançada.

    A tentativa de esvaziamento da EBC corrobora tal afirmação. A famigerada proposta da “escola sem partido”, a disposição em acabar com o ministério da cultura, área eminentemente de crítica e propositiva, a derrubada de auxiliares e técnicos que divergem do pensamento. Tudo no sentido formar um pensamento único, de reprimir e calar todos os que possam criticar a criatura.

    Inocentemente (será?), o governo ora derrubado, apoiou uma série de ações e projetos de lei que visam reprimir qualquer manifestação contrária aí que está posto, como a cretina lei antiterrorismo, entre outras. A educação é esvaziada. O Ministério da Justiça se arma.

    O atual governo já aplicou, e ensaia uma série de outras ações para desmantelar as conquistas da social-democracia implementadas pelos governos anteriores, e isso é claro e insofismável.

    Se presenciamos um golpe com nova formatação, também estamos entrando em uma ditadura com nova roupagem.

    http://assisprocura.blogspot.com.br/2016/07/do-golpe-muito-se-falou-e-da-nova-forma.html?m=0

  42. fala, Marcelo!

    ->”A delação da Odebrecht significará a bomba de nêutron, o fato que zerará de vez o jogo político. Serão poupados apenas membros do Judiciário. […] Será um terremoto tão devastador que levará a um pacto inevitável.”

    condenado a mais de 19 anos e preso desde junho de 2015, qual a delação premiada que caberia a Marcelo Odebrecht?

    em 2014, a Odebrecht era a empresa brasileira com maior índice de transnacionalidade. em 2015 ficou no 2º lugar, suplantada pela Fitesa, indústria de TNT para uso médico e higiênico.

    grande parte da oligarquia brasileira (banqueiros, rentistas, agroexportadores, mineradores e as capitanias hereditárias midiáticas) desde sempre sonha com a total abertura da economia brasileira.

    o empresariado brasileiro com ancoragem no mercado interno (industriais, empreiteiros, usineiros, serviços) jamais assumiu estratégia própria e independente.

    ao financiar as campanhas eleitorais, distribuindo as doações entre os principais partidos e candidatos, os empresários apenas investem em seus negócios, cuidando de seus interesses econômicos. mas não estão de fato fazendo política. business as usual.

    alguma empresa brasileira pode se internacionalizar sem o suporte de uma política de Estado? a internacionalização não é acompanhada de inevitáveis conflitos de interesses, não apenas com empresas estrangeiras mas principalmente geopolíticos?

    e esta seria a única “delação premiada” que caberia a Marcelo Odebrecht, expor a Lava Jato e o golpeachment como uma intrincada luta política contra os interesses do Brasil, de suas grandes empresas e de sua população.

    fala, Marcelo! ninguém seja poupado. porque estamos todos na mesma jangada da Medusa…

  43. Se os brasileiros

    Se os brasileiros construíssem um só pensamento por trás dos vários tipos de políticos, economistas e juristas, com a história de expansão do povo, para apresentar às futuras gerações, eu diria que é uma democracia de merdas.

  44. Deflação e desemprego irão detonar o País

    O Brasil não dura muito mais como Estado.

    A deflação e o desemprego irão liquidar com o País, não tem como barrar isto, a Selic pode até aumentar, mas o pagamento do juros da dívida têm de parar.

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