Youtube impõe restrições ao documentário “Xadrez da Ultradireita”, narrado por Luis Nassif

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Documentário aborda a ascensão da ultradireita mundial e a ameaça que o bolsonarismo constitui à democracia

O Youtube Brasil decidiu restringir o mais recente documentário lançado pelo GGN, o Xadrez da Ultradireita. Idealizado e narrado pelo jornalista Luis Nassif, a produção retrata a ascensão da extrema-direita mundial e a ameaça que o bolsonarismo constitui à democracia brasileira.

O Youtube comunicou, em 20 de setembro de 2022, que impôs restrições ao documentário que estava aberto ao grande público no canal TVGGN desde o dia 7 daquele mês. Uma restrição é por idade (para maiores de 18 anos) e outra de monetização (não gera receita com anúncios). As duas medidas consequentemente, impactam na audiência, pois configuram restrições de circulação ou alcance.

Não é possível saber com precisão o que levou o Youtube a adotar tais restrições. Na justificativa por idade, o Youtube informou apenas que o documentário foi analisado e considerado “conteúdo violento ou explícito”, que “parece ter sido postado para chocar, desrespeitar ou impressionar os espectadores”, o que “não é considerado adequado para todos os públicos”.

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Documentário aborda a ascensão da ultradireita mundial e a ameaça que o bolsonarismo constitui à democracia

Ao contrário do que diz o Youtube, o documentário tem caráter jornalístico e não contém cenas “chocantes”, à exceção de imagens de armas ostentadas, inclusive, por integrantes da família Bolsonaro, no capítulo em que trata da ideologia armamentista pregada pela ultradireita.

O Youtube, aliás, admite armas de fogo e conteúdo violento quando estes são relacionados à indústria de games. Também promete que conteúdo jornalístico – que é o caso do documentário – pode justificar a não imposição de restrições. A TVGGN recorreu contra as duas medidas de restrição, porém, não teve sucesso.

Recentemente, o Youtube foi objeto de um estudo do NetLab, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que concluiu que a plataforma privilegia e impulsiona organicamente conteúdo favorável a Jair Bolsonaro, incluindo vídeos de canais como o da Jovem Pan, entre outros veículos alinhados aos extremistas de direita. As informações foram divulgadas por Patrícia Campos Mello na Folha de S. Paulo.

O documentário Xadrez da Ultradireita tem produção de Patricia Faermann e edição de Nacho Lemus. Foi financiado exclusivamente pelos leitores e seguidores do Jornal GGN nas redes sociais, por meio do site Catarse. Ainda é possível contribuir com a campanha de arrecadação clicando aqui.

Assista ao documentário no link abaixo.

Inscreva-se gratuitamente na TVGGN clicando aqui.

10 Comentários

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  1. A cortesia do YouTube à campanha de Jair Bolsonaro é evidente e isso deveria ser levado ao conhecimentod a Justiça Eleitoral pelo partido de Lula.

  2. Ultimamente o YouTube está censurando muitas postagens de jornalistas não alinhados com a direita brasileira. Eu tive inúmeras postagens censuradas. Está na hora da ABI Associação Brasileira de Imprensa se manifestar.

  3. Os “filhos” Aynd Rand se mantêm vigilantes. Pouco importa as dezenas e até centenas de bilhões de dólares ganhas. São “racionais”. E de direita, óbvio. “A Revolta de Atlas” continua ser suas única bíblia.

  4. Esse poder todo na mão do youtube é muito grave… o próximo governo tem que atentar para isso e criar / fomentar alternativas para quem quer pruduzir / consumir conteúdos sem ficar na mão de censores privados

  5. Acione a Justiça Eleitoral, Nassif. A parcialidade do YouTube Brasil está escancarada, vejo pelas sugestões de vídeo que recebo em meu feed, mesmo eu tendo dezenas de canais progressistas e nenhum de bolsonarista nas minhas inscrições. Já passou da hora do Congresso aprovar uma lei para abrir a caixa preta desses algoritmos das Big Tech. Manipulação de mentes não pode ser albergada sob o discurso de proteção à propriedade intelectual.

  6. Da mesma forma para mim. Embora tenha eu varias inscriçoes em canais progeressistas, de Esquerda e alguns de Extrema Esquerda, TODO dia sugeram algum canal de extrema direita. Cada vez que o fazem eu aciono a tecla de “nao interssado”, mas no outro dia aparece outro canal fascista como sugestao.

  7. Ao contrário do que diz o Nassif, é perfeitamente possível saber, e com precisão, o que leva o Youtube a adotar essas restrições, e agir também da forma descrita por alguns comentaristas desse post. Essas plataformas são o primeiro passo do estabelecimento do pensamento único, a distopia orwelliana elevada à última potência. Chico Anísio disse, certa vez, que um acontecimento só era real, para ele, se fosse noticiado no Jornal Nacional. E era um homem reconhecidamente inteligente. A massa de consumidores do conteúdo do Youtube é inteiramente acrítica, largamente incapaz de analisar as informações que recebe, e igualmente incapaz de fazer as associações concretas entre a realidade e o conteúdo que o Youtube veicula. A receita está pronta, não?
    Há tempos eu venho dizendo que o jornalismo honesto e crítico que o Nassif e mais um punhado de abnegados publica nessas plataformas são apenas tolerados, e estão com os dias contados.
    O sonho – a liberdade irrestrita de comunicar-se de forma rápida e “gratuita” (se o serviço é gratuito o produto é você, e vice-versa) acabou, e o pesadelo está só começando. É só o tempo de poder, sem prejuízo, descartar a escumalha representada pelos eustáquios, allans, monarks da vida, com suas baixarias e escatologias, agindo contra os “poderosos” de uma forma que o homem médio gostaria e não pode, e substituí-los por comunicadores assépticos, de ternos bem cortados, dentição perfeita e barbas feitas, capazes de enunciar seus conteúdos em linguagem formal, e pronto. O gado vai voltar ao pasto, pacificamente, e deixar para trás a agitação. A distopia já está entre nós.

  8. Mas pelo jeito incomodou e incomodou muito essas direita internacional. Uma pena. Sou um professor aposentado e verei se consigo nem que seja a cada dois meses enviar uma colaboração. Um trabalho como esse merece respeito.

  9. Nassif, procure deixar o documentário acessível por outros meios. Tentei ver o vídeo, mas o YouTube exige, sob o pretexto de que este “pode ser impróprio para alguns usuários” que eu faça login. Eu sempre me recusei a fazer login no YouTube porque não gosto de ter minhas atividades monitoradas por quem quer que seja. Portanto fui impedido de assisti-lo. O motivo alegado para a restrição não parece ser consistente.

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