Qual a importância da economia da Venezuela? Nova Economia responde

País sofre com a dependência econômica do petróleo e 930 sanções, crise que resultou no êxodo de um quarto da população na última década

Crédito: Reprodução/ Empresa petrolífera venezuelana

Desde o último domingo (28), data das eleições presidenciais na Venezuela que apontaram como vencedor o chavista Nicolás Maduro, não se fala em outra coisa a não ser a legitimidade do resultado anunciado pelo  Conselho Nacional Eleitoral (CNE). 

Para entender a raiz do conflito, o programa Nova Economia da última quinta-feira (1º) abordou a importância da economia venezuelana no cenário global, assim como as consequências da escolha do petróleo como principal produto do país na economia venezuelana.

O especialista em Teoria do Voto Samuel Braun comentou que a situação na Venezuela é sempre especial, devido ao contexto histórico geopolítico do país nos últimos anos. 

“A Venezuela sempre atrai questionamentos que não são levantados em situações homólogas em outras democracias e em outros países. Então, qualquer reivindicação na Venezuela para que mostrem os boletins de urnas, mostram as atas, é uma coisa que não se vê acontecer em qualquer outra democracia. A fé pública das instituições é colocada em primeiro lugar, mas na Venezuela não.” 

Para o Professor João Rodrigues Neto, as cobranças sobre a Venezuela estão relacionadas ao petróleo, uma vez que o governo privatizou, historicamente, diversos setores econômicos, menos o petrolífero. “Quando o Maduro assume  [em 2013], ele fecha todas as porteiras possíveis para evitar a privatização da petrolífera venezuelana.”

Ditadura?

André Kaysel, professor de Políticas Públicas (UERJ), chamou a atenção para o fato de a Venezuela ter uma reserva petrolífera 50 vezes maior em comparação à brasileira e, ainda assim, produzir menos. Consequentemente, os resultados na economia também são inferiores. 

“Eu iria que os meios de comunicação dominantes têm uma resposta fácil [para esta questão], que se resume na palavra ditadura. O que explica é a repressão, a coerção pura e simples. Essa resposta não me convence. Não é porque a coerção não exista. Acho que é um erro de parte da esquerda negar que o regime venezuelano foi se fechando depois de 2013, foi se tornando mais autoritário, até pelo abalo que sofreu pela legitimação naquele momento”, analisa Braun. 

Devido ao colapso econômico da última década, potencializado pelas sanções econômicas, cerca de 25% da população deixou o país na última década, segundo dados da Organização das Nações Unidas.

Kaysel comenta que a Venezuela tem, atualmente, 930 sanções, fazendo com que o país que tem 95% das receitas vindas do petróleo no mercado internacional sofra um efeito devastador. 

“O regime venezuelano não teve uma política que se poderia qualificar, a priori de socialista. Houve a nacionalização de uma série de empresas, mas se há uma coisa que se prima pela ausência na Venezuela e foi definidor nas experiências socialistas no século passado que é a planificação, o planejamento”, continua o entrevistado. 

O professor reafirma ainda que uma crítica que se pode fazer ao chavismo é justamente o caráter errático adotado nos últimos 25 anos é a insistente dependência na dependência do petróleo. 

“Como esse regime se sustenta? A minha hipótese é que, para além da repressão, o apoio militar como pilar da estrutura do estado venezuelano sob o chavismo é central, não só como agente repressivo, mas como agente organizador inclusive de uma espécie de economia de guerra que se criou no país nos últimos anos”, conclui o entrevistado. 

Confira a entrevista na íntegra:

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1 Comentário

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  1. O Chavismo nasceu sitiado, visto que desafiou os antigos donos do petróleo venezuelano. Desde que o Chavismo subiu ao poder ele foi atacado das formas mais abjetas. Teve até um presidente reconhecido internacionalmente, pelos ditos países democráticos do ocidente, que jamais foi eleito. Foi reconhecido para que no meio das sanções estes países pudessem se apropriar do dinheiro da Venezuela no exterior e dessem a Guaidó, que obviamente era apenas um fantoche conveniente. Como se tornou comum as sanções agora sempre expropriam o dinheiro dos países sancionados. É um grande negócio. Quando não fazem através de sanções, fazem em nome da luta internacional contra a corrupção, vide Lava Jato. Afora o dinheiro roubado as sanções tiveram o requinte de proibir remédios, insumos e até insulina. Agora estes democráticos países se jamais se pronunciam contra sanções se preparam para mais uma tentativa de golpe. Maduro parece vacilar com a não apresentação das atas, mas todos devemos saber que o processo de desqualificação das atas já está em andamento. Quando forem apresentadas já estarão devidamente desqualificadas. Ao contrário da tentativa de golpe no Brasil, a imprensa já desqualificou todas as instituições Venezuelanas, e desautorizam explicitamente o que seria o nosso TSE. Segundo a imprensa todas as instituições são aliadas de Maduro. Tenho muitas dúvidas quanto a isto, pois imagino que grande parte da velha oligarquia e da classe média ocupa os cargos por lá. Mas seja como for ninguém tem as atas mas todos já tem posição. A imprensa no Brasil tem memória curta quando conveniente. Passamos a bem pouco tempo por uma campanha contra as urnas e agora a imprensa começará uma campanha contra as atas.

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