Bota na conta do Padilha, por Rogerio Faria

Bota na conta do Padilha, por Rogerio Faria

É interessante notar que Tropa de Elite, de José Padilha, marca o ano de 2007 como aquele em que os fascistas saíram do armário. A frenesi que antecipou o lançamento, como o filme mais pirateado do Brasil, já foi um termômetro do arrasa-quarteirão que estava por vir.

De repente, Capitão Nascimentoum bandido glamourizado agindo em nome do Estado, vira herói nacional e suas frases de efeito passam a ser repetidas com naturalidade, até por adolescentes e criançasO personagem de Wagner Moura não criou o fascismo, mas trouxe a tona todos aqueles reacionários que viriam a dominar o debate político nacional, em especial nas redes sociais nos anos seguintesOs fascistas tiveram ali o pontapé inicial para escancararem seus discursos reservados aos almoços de domingo.  Os idiotas perderam a vergonha.

Em Tropa de Elite 2 (2010)as câmeras se voltam para a classe política. É uma obra prima na medida em que consegue simplificar de forma natural a complexidade de um debate histórico  de formação do país. Os políticos são os inimigos. A farda preta é a solução.

Não se trata aqui de analisar as qualidades artísticas do filme, muito menos sua importância para a história do cinema nacional (eu gosto dos filmes). O que se trata aqui é de evidenciar como Padilha consegue, primeiramente, tornar o fascista orgulhoso do seu ponto de vista do mundo e, em seguida, canalizar esse ódio à política, pilar da democracia.

Tudo isso dentro do contexto de arrefecimento da direita mundial, claro.

Agora, com o Mecanismo, o que ele propõe? Novamente, referendar o sistema policialesco como solução para a Política no Brasil. E vai contar ali a história de heróis que se formaram assistindo seus dois filmes anteriores, numa autorreferência ainda que no subtexto.

Em 2007, bandido bom era bandido morto. Em 2010, o político era o bandido. Em 2018, Padilha traz a solução.

Padilha tem plena consciência política do lado que escolhe na história e do impacto que isso causa em ânimos já exaltados, ainda mais quando deliberadamente altera fatos e personagens para se encaixarem em sua versão, como fez em o MecanismoE ao contar sua versão no auge de uma narrativa real aguardando seu clímax (impedir o maior líder político da história brasileira de concorrer às eleições), não pode se eximir de suas responsabilidades. É preciso que reconheça o impacto de suas obras no Brasil de 2018 – e no seu futuro.

Com a série da NetflixPadilha aponta estar fechando sua trilogia fascista sobre uma democracia que não precisa do povoEste teria fracassado no processo (penoso e cheio de solavancos) de construção de um país. Todo o poder emana da Lavajato.  

 

 

Redação

8 Comentários

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    1. Os empregados do plim plim estão desnorteados,

      mas devo convir que são profissonais, até a Carta Capital veio com encarte desta fita nazista!

  1. O Brasil só se pacificará o

    O Brasil só se pacificará o dia em que TODOS os integrantes da lava rato forem presso e condenados por crime de alta traição e lesa pátria.

    Reparem que a lava rato atacou e destruiu TODOS os programas de governo que pretendiam o desenvolvimento e inserção mundial do Brasil como ator destacado.

    Isto foi m crime monumental contra o Brasil. Não deve ter perdão de jeito nenhum.

    TODOS os integrantes da lava jato deveriam ser presos, processados,  condenados e fuzilados.

  2. O “Sistema”, que foi tão

    O “Sistema”, que foi tão repetido pelo cineasta no filme tropa de elite, utiliza de “mecanismos” para se manter no poder, entre eles a subversão dos fatos, a criação de narrativas para colocar bandidos como sendo heróis da história e as vítimas como sendo os vilões.

    O sistema corrompe, coopta e financia canalhas como esse diretor que com essa “peça de ficção” se torna o porta-voz dessa legiao de imbecis que tomou a democracia de assalto.

  3. Tropa de Elite 1 e 2 foram

    Tropa de Elite 1 e 2 foram lançados em um momento onde esse pensamento fascista ainda era novidade para muitos, e o país estava bem economicamente. Logo, tais filmes foram quase uma unanimidade, não houve resistência e grandes questionamentos.

    Hoje, a série é lançada em um país que vive a pior crise economica de sua história, totalmente dividido e beirando à barbárie.

    Creio que o efeito desta série não será ganhar mais corações, e sim, incentivar os “convertidos” fascistas à prática da barbárie.

  4.  
    Ao que parece, o cineasta

     

    Ao que parece, o cineasta Padilha segue construindo sua obra cinematográfica de olho na trilha aberta pela cineasta alemã
    da era nazista, Leni Riefenstahl.

    Êita que inauguramos uma temporada interminável de farsas . Ainda bem a “Farsa a Jato” do juizeco de piso moro, não conclui sua temporada, e lá vem mais um filme de propaganda do feito. PqP!

    Orlando

  5. Sim! O lançamento do filme

    Sim! O lançamento do filme não foi mera coincidência. Foi programado para estrear junto com a prisão do Lula.

    Combinaram com Carmem Lucia, Fux, Barroso, Fachin e Moraes… Mas esqueceram de combinar com os outros 6!

    GLOBO, UOL, Estadão, Folha e até juiz de 1ª instancia… todos seguiram o script… teve até vídeo de atores GLOBAIS… (patético!)

    Essa nova “ERA” foi inaugurada pelo Sr. Joaquim Barbosa (aquele negro de alma branca, segundo Barroso!) que transformou julgamentos políticos em espetáculos midiáticos, e tem como fiel aprendiz o famigerado Juiz vingador Sergio Moro!

    Julgamentos finais sempre marcados com datas comemorativas: 7 de Setembro, Proclamação da Republica, dia da Bandeira… espetáculos deprimentes onde a democracia e a constituição são dilaceradas para o deleita da sociedade fascista…

    O lançamento iria coincidir com a prisão de Lula! Era a apoteose do FASCISMO!

    Padilha cairia nos braços dos fascistas e a LAVA JATO seria fechada com chave de ouro, quando no melhor do Capitão Nascimento…

    – Missão dada, é missão cumprida! 

    Derrota do PT, Lula preso e Dilma deposta!

    Brasil, Democracia e constituição em frangalhos… efeito colateral!

    Nenhuma tucano preso! O scrit saiu exatamente como combinado!

    E de quebra um grande acordo nacional estancando a sangria… com supremo com tudo.

    – Na voz de Lula! 

    VIVA O FASCISMO QUE DOMINA O BRASIL!

     

  6. Padilha X Verhoven

             Em plena era  Reagan /Tatcher o cineasta holandes Paul Verhoven foi convidado a trabalhar em Hollywwod e assim como  Padilha  dirigiu Robocop .

           Na certa Padilha deve ter vsto o original aonde o diretor holandes com um orçto modesto  para a epoca de US$ 10 milhoes  , produziu , utilizando os cliches da ultraviolencia   que atraiam o publico na epoca com filmes como Rambo, um dos classicos contra o neo liberalismo que começavama impor ao mundo ocidental.

        As consequencias do desmonte do Estado estao  todas ali profeticamente denuciadas no  longicuo 1987 , manipulaçao da opiniao publica atraves da midia televisiva nos telejornais e publicidade, privatizaçao da saude e serviços publicos com suas nefastas consequencias , entrega de areas publicas degradadas pelo abandodno de politicas publicas de forma  proposital a empresas privadas para especulaçao imobiliaria , e principalmente a associaçao de corporaçoes e politicos da administraçao publica ao crime organizado utilizando criminosos para atingir objetivos politicos.

       O filme arrecadou 6  vezes ais do que custou e foi considerado um sucesso graças a exploraçao corrosiva da cenas de ultraviolencia em moda na epoca ,( uso a palavra corrosiva pois as cenas de multilaçao a tiros e dissoluçao de uma pessoa em acido carrega um triste simbolismo ), tudo isso carregado de dramas pessoais individuo versus estado encarnado no chefe de policia que combate grevistas e termina liderando uma greve .

       A versao de Padilha aceita o sistema e limita se a dramatizar o drama do cerebro que vive em um corpo  que pertence a uma corporaçao. (muito melhor explorada na versao original ) 

        NAO HÁ INOCENTES  , como diz o justiceiro , Padilha escolheu um lado para exercitar sua arte dramatica, confesso qua nao assisti as suas tropas por preconceito de cineastas que sabem que da prestigio roteirizar a violencia , ele H6ector Babenco e Fernando Meirelles decolaram internacionalmente assim.

          Os EUA perderam no vietna , mas Ramo foi la e ganhou sozinho mas nao pos voz na garganta de ninguem    !

         VAI PRA CASA PADILHA ! 

       

        

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