Minha carta ao PT: Lula presidente já!, por Marcelo Laffitte

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Foto Agência PT

Minha carta ao PT: Lula presidente já!

por Marcelo Laffitte

A luta política travada no Brasil de hoje se resume a duas frentes estratégicas: a social e a institucional. Trocando em miúdos, serão as ruas e as urnas ambas as responsáveis pelo nosso avanço ou retrocesso no futuro próximo que aguarda o país.

Não vou argumentar sobre o golpe parlamentar, judicial e midiático, pois muitos já escreveram e falaram tudo o que penso, mas digo eu da minha angústia: precisamos ser incansáveis em denunciá-lo, em gritar Lula Livre, em afirmar que a farsa da condenação de Lula foi montada apenas para impedir-nos de voltar ao governo, e, é claro, em mostrar que eleições sem Lula é fraude. Precisamos levar esse debate para as escolas, universidades, comunidades, sindicatos, praças públicas, pois esse é o campo da batalha social.

No espaço institucional, muito além das questões afetas ao Judiciário, que sabemos supremamente comprometido com o golpe, haverá eleições. E não podemos nos abster, principalmente porque a esquerda pode alcançar uma bancada parlamentar mais forte e mais representativa do que a atual. Seja qual for o presidente, o futuro Congresso Nacional será o fiel da balança entre o desmonte total do país ou a reconquista de um mínimo de decência para o povo brasileiro.

Por ser filiado, mesmo que há muitos anos sem participar da militância partidária, eu sei que o Partido dos Trabalhadores possui um processo deliberativo democrático e complexo, e creio eu que lento demais para o momento. São muitas as instâncias internas para definir suas questões essenciais: as zonais, os diretórios estaduais, a Executiva, enfim. Mas a hora emergencial requer a definição imediata e clara de uma chapa visando à eleição presidencial, declarando oficialmente a candidatura de Lula e escolhendo um vice entre suas lideranças. Mesmo que, dentro das datas-limites, esta chapa seja recomposta conforme a conjuntura política e nas possibilidades oferecidas em Lei, o povo brasileiro precisa desta referência. 

Uma chapa oficialmente em pré-campanha com nome e sobrenome seria uma ferramenta eficaz para lutar concomitantemente nos campos social e institucional. Primeiro porque estancaria de vez a boataria dos oportunistas, deixando claro para a sociedade que o PT, além de ser o maior partido da América Latina, quiçá do mundo, tem um projeto de Nação e não corre da raia. Isso seria bom para o moral da militância que precisamos mobilizar.

E segundo, porque teríamos um porta-voz para participar de debates, entrevistas e eventos afins. Neste sentido, é extremamente necessário que esse candidato à vice-presidência tenha o DNA do PT. O eleitor precisa enxergar essa figura não como um ser político que está compondo uma aliança de governabilidade, pois isto só acenderá o déjà vu. Esta pessoa precisa falar em nome do PT, em nome de Lula e em nosso nome.

Pessoalmente, e não cabe aqui discorrer meus motivos, eu defendo Fernando Haddad, mas também estaríamos muito bem representados por Jacques Wagner, Gleisi Hoffman, Patrus Ananias ou Celso Amorim. Aliás, tenho plena e total confiança que a direção do partido saberá definir.

Sei que a pressa é inimiga da perfeição, e que o açodamento pode ter custos, mas me vem à memória uma cena do filme “Terra e Liberdade”, de Ken Loach, onde os guerrilheiros contra Franco fazem uma assembleia para discutir a cor do uniforme enquanto os aviões do ditador devastam sua aldeia. Mal comparando, é o que fazemos nós, meros militantes, navegando e bradando pelas redes sociais enquanto eles fazem o que fazem.

No mais, perder uma eleição presidencial não é o fim, tampouco ganhar é um fim em si mesmo.

Marcelo Laffitte – Cineasta

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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