Opinião

Não podemos deixar que a necrofilia jornalística macule a imprensa de centro-esquerda, por Rogério Maestri

Não podemos deixar que a necrofilia jornalística macule a imprensa de centro esquerda

por Rogério Maestri 

Há duas semanas publiquei aqui no GGN um artigo intitulado “Onde deveria estar a diferença entre o jornalismo de esquerda e de direita?”. Descrevi a história que originou o meu descontentamento, mas não identifiquei os atores, principalmente porque uma parte seria vítima e outra seria um algoz do oportunismo que fiz uma equivalência a um estilo que no Brasil foi introduzido por Jacinto Figueira Jr. e continuado por uma série de apresentadores do mesmo tipo como Ratinho, José Luiz Datena e mais dezenas de outros. 

Esse meu respeito aos personagens vítimas e algozes continuarei a guardá-lo, porém quando se vê em menos de um mês esse tipo de comportamento se repetir no novo episódio da presumida morte do caricatural personagem Cel. Siqueira, onde o mesmo site presumivelmente de centro esquerda faz de novo um carnaval macabro abrindo sons e imagens para a presumida esposa do proprietário do personagem humorístico e crítico da direita brasileira. Começa a criar um padrão de uma necrofilia jornalística de entrevistar pessoas que perderam seus entes queridos e por motivos diversos se dispõe em intervalos de poucos dias do luto, para fragilizados esporem seus sentimentos e no segundo caso entrarem em contestações e debates sobre o falecido. 

Na chamada “grande imprensa” houve casos em que os repórteres antes de alguém da família ou a polícia comunicarem o falecimento de alguém bem próximo, isso tudo para fazerem imagens que são usadas em programas de baixo nível e apelo popular. Porém esse tipo de comportamento não é admissível para uma imprensa que tenta pousar de esquerda, pois se alguém procurar nas origens do comportamento de esquerda procura-se geralmente ser antes de outra coisa a solidariedade. Esquerda sem solidariedade não é esquerda, é qualquer coisa com um discurso esquerdizante que procura oportunisticamente aproveitar a fragilidade que o luto confere a qualquer pessoa normal para fazer. 

Vou escrever um pequeno resumo do que acho antiético e popularesco desse órgão de imprensa, que como diria o Silvio Santos faz tudo por dinheiro, no caso tudo por Likes e doações on-line pelos recursos do Youtube. 

Esse órgão de imprensa abriu suas câmaras e microfones a um companheiro de esquerda exatamente um dia após o falecimento de sua esposa não respeitando o luto e a fragilidade que uma pessoa em aproximadamente 24 horas estava de luto. Aproveitou de maneira mórbida o luto desse valente companheiro colocando em um depoimento que alternava choro com um depoimento forte e real, para não perder Likes e Superchats topou expor uma pessoa fragilizada durante mais de meia hora, a pessoa estava extremamente fragilizada, pois além de ter perdido seu ente querido estava convalescendo de Covid que o deixava mais fragilizado ainda. 

Duas semanas depois deixa uma senhora, que por motivos reais ou imaginários (o que não importa) durante o velório de seu esposo teve que enfrentar uma discussão que diria surreal sobre a propriedade de uma personagem conhecido pela esquerda, o Coronel Siqueira, que ela alegava ser inventada por seu esposo e que ele transferiu a conta para outra pessoa. O mais grave de tudo é que de forma oportunista esse mesmo site procura prolongar a discussão da mesma forma que programas popularescos submetiam pobres a exames de DNA para provas de paternidade de crianças em que havia alegações conflitantes. Ou seja, se existiam dúvidas contra essa paternidade o local que isso não deveria ser discutido é de fronte as câmaras de TV inclusive com público que vibrava assim como a plebe romana vibrava quando os cristãos eram colocados no Círculo Máximo (impropriamente citado como o Coliseu, que era para lutas de morte entre gladiadores). 

Em resumo, não estou criticando um companheiro que se expõe, nem mesmo uma viúva poucas horas depois do falecimento de seu marido entra em confronto com versões divergentes da propriedade do personagem, estou criticando a política de mundo cão, adotada no Brasil por Jacinto Figueira Jr. para ganhar notoriedade. Peço simplesmente pudor, pois o jornalismo que deixa marcas positivas na história é exatamente o que preza esse sentimento. 

Este texto não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Redação

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