O Império não quer mais sócios, quer servos II, por Rogerio Maestri

O Império não quer mais sócios, quer servos II

por Rogerio Maestri

Há mais de três anos venho batendo na mesma tecla, porém ao ler o artigo indignado de Leonardo Attuch “A quem interessa quebrar as empresas?” no Brasil 247 que chega atônito a conclusão que o atual golpe está indo de setor em setor quebrando-os todos e reduzindo a atividade industrial ao nível de importância que ela tinha antes do ano de 1950, vou voltar o mesmo assunto, simplesmente não agora como alerta, mas sim como constatação.

A base de todo o meu raciocínio é simples, o Imperialismo mudou de proposta, antes era dominar o mercado internacional e colocar as fábricas mais poluentes, com mão de obra menos qualificada, baixo valor agregado e sem a necessidade de tecnologia sofisticada. Se achavam ruim, posso dizer a proposta atual é pior, é exatamente a redução dos países com alguma chance de industrialização ao nível de uma quase idade média.

Para não se ficar em mera especulação vamos ao por que desta opção de Imperialismo não mais de rapina, mas sim de destruição! A origem de tudo isto está na redução das fontes de matéria prima para um nível de consumo de sociedades capitalistas liberais que devido a total falta de planejamento estão levando as reservas de matérias primas a exaustão.

Vou exemplificar pelo exemplo do petróleo, países como Iraque, Líbia e outros estavam começando a se desenvolver e o consumo tanto nestes como em outros países emergentes estavam pressionando os preços das commodities, vejam nos dias de hoje, os preços do petróleo, tanto o WTI como o Brent atingem valores do barril superam as marcas dos US$62,00 e US$65,00 respectivamente com tendência de subir ainda mais. A farsa do “Shale oil e gas” está se desfazendo, pois, as empresas deste ramo estão tão endividadas que não trabalharão no futuro com valores abaixo de 80 a 100 dólares, ou seja, o petróleo barato ACABOU.

Se olharmos outros produtos minerais como antimônio, chumbo, cobre e mais outros o esgotamento das reservas variam em torno de 2025 a 2040, ou seja, como se diz correntemente, estão na “capa da gaita”, ou seja, daqui a menos do que uma geração os preços deverão subir ao ponto de inibir o consumo de grande parte da população mundial. Logo não adianta termos grandes indústrias para processar e utilizar estes produtos pois eles tornarão RAROS.

A grande solução para prolongar um pouco mais os estoques é com a diminuição do consumo!

Agora chegamos no ponto, esta diminuição do consumo se existissem em todos os países uma classe média pequena, mas com capacidade de pagar caro por alguns produtos, a vida em países como os USA onde o desperdício de recursos naturais é imenso, ou mesmo na Europa onde o desperdício é menor mas começam a adquirir padrões de consumo norte-americanos, a existência ainda de um sistema eleitoral universal, levaria a que nestes países se começassem a seriamente em restrições ao consumo destes produtos.

Logo a conclusão que cheguei já em 2014 no primeiro artigo que escrevi sobre o assunto é que a grande proposta do IMPERIALISMO DE DESTRUIÇÃO simplesmente levar os países a níveis de consumo para o DECRESCIMENTO da economia. Para os países centrais, onde cada família tem um ou dois automóveis passar a ter um e no lugar de trocá-lo a cada cinco anos, eles podem trocar a cada dez anos. Porém para os países periféricos o melhor seria que as pessoas NÃO TIVESSEM bens de consumo.

Respondendo ao Jornalista Leonardo Attuch, a quem interessa quebrar as empresas, exatamente este novo IMPERIALISMO DE DESTRUIÇÃO, pois eles querem ainda por mais uma geração andarem em suas Ferraris e ter os seus Iates.

Artigos escritos sobre o assunto:

Eles escolheram a barbárie. Em 26/12/2014.

Eles escolheram a Barbárie II. Em 09/02/2015.

O Neo-Escravagismo como visão de mundo. Em 24/08/2015.

Eles escolheram a Barbárie (DEFINITIVO). Em 12/03/2016.

Porquê da necessidade do fim do Estado Nacional. Em 08/12/2016.

O Império não quer mais sócios, quer servos. Em 03/01/2017.

A destruição dos Estados como objetivo principal. Em 22/11/2017.

 

Redação

16 Comentários

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    1. como?

      Carreando o pouco lucro gerado para os riquissimos e rebaixando todo o resto.

      Os reis viverão na pompa e riqueza, a vassalagem terá que se contentar com os restos.

      Vai faltar resto para a grande maioria.

      1. Exatamente por aí.

        Eles sabem que isto não será definitivo, mas mais alguns meses de prazer ilimitado ao custo de miséria, fome e morte, ainda será tentado.

    2. Lucros
      Colocando em contexto das próximas décadas onde a riqueza é basicamente investida em tecnologia e os lucros e poder provenientes dela, os impérios dominarão pelo poder da informação, do conhecimento e das tecnologias de substituição do trabalho humano, inclusive grande parte do trabalho dantes classificado como intelectual. Não desenvolver tecnologia de ponta significa estar destinado à destruição.

      1. Cuidado com o raciocínio, pode criar distorções ….

        Cuidado com o raciocínio, pode criar distorções fora da realidade.

        Há dois problemas neste raciocínio que pode ser derivado desta ideia de que o trabalho intelectual é preponderante sobre tudo.

        Os atuais criadores de novos processos criativos NUNCA SÃO OS BENEFICIADOS pela sua genialidade e por seu trabalho. Vamos citar um exemplo clássico. Alguém sabe quem foi Douglas Engelbart? Praticamente ninguém saberá, porém se eu modificar a pergunta para. Alguém sabe quem foi Steven Jobs? Todos pularão e dirão que é o inventor dos computadores Apple. Ou seja, se verificarem a história correta, Douglas Engelbart criou nada menos, nada mais, desde a interface gráfica (o que permite que manuseie seu computador com o mouse) o mouse e o hipertexto. Em resumo, Douglas Engelbart, uma das maiores inteligências em todas as áreas e a MAIOR INTELIGÊNCIA na área de informática, morreu fazendo o que ele sabia, ensinar e trabalhar em pesquisa para o bem dos outros. E Steven Jobs, que era uma das dezenas de fabricantes de garagem de microcomputadores simplesmente comprou o que Engelbart tinha feito e morreu multimilionário.

        Ou seja, o que importa nesta sociedade tecnológica do futuro não é tu desenvolveres a tecnologia, mas sim compra-la a bom preço.

        O segundo problema é que o capital nos dias de hoje não está nem um pouco a serviço da inovação e da produção, o capital está a serviço da acumulação. A concepção do capitalista tradicional está morrendo junto com o proletário internacional. Não há mais aquele capitalista que através da sua fábrica ou comércio inovava para ficar rico, assim como não há mais o operário que trabalhava naquela fábrica e passava a vida brigando com o capitalista para ganhar mais. O próprio conceito de capitalismo do passado está sendo substituído pelo IMPERIALISMO DE DESTRUIÇÃO.

         

    3. Luís,entenda a (i)lógica.

      Os lucros é a própria sibrevivência dos capitalistas, se eles entrarem numa lógica de uso racional dos recursos naturais, contraria por completo a lógica liberal, que o mercado regula por si mesmo (mesmo matando 2/3 da população).

      Isto é bem mais amplo, é uma filosofia de vida, ou seja, individualista e hedonista. Porém como eles sabem que não há para todos se desperdiçarmos tudo eles preferrem o IMPERIALISMO DE DESTRUIÇÃO.

  1. Concordo. Mas há um

    Concordo. Mas há um problema. 

    Na década de 1960 o império norte-americano tinha uma visão de longo prazo balizada pelos temores da Guerra Fria. Hoje a Casa Branca é obrigada a se submeter aos interesses mesquinhos de curto prazo. Isso vai apressar o fim do regime que os gringos tentaram construir no Brasil.

    Nada está decidido. A economia brasileira continua afundando. O último parafuso no caixão do golpe de 2016 pode ter sido enfiado quando Trump sobretaxou nosso aço condenando a indústria siderúrgica brasileira ao ocaso.

    1. Fábio, não se preocupe com o dano, a Europa foi destruída na …

      Fábio, não se preocupe com o dano, a Europa foi destruída na segunda grande guerra, em poucas décadas foi reconstruída.

      O problema político, do qual concordas, é o mais importante.

  2. Precisamos urgentemente nos
    Precisamos urgentemente nos transformar, cada um de nós, num Lula Livre, Comitê em Defesa de Lula e da Democracia.

    https://ptnacamara.org.br/portal/2018/01/18/ja-sao-dois-mil-comites-populares-em-defesa-de-lula-e-da-democracia/

    O regime golpista, fantoche viralata a serviço dos interesses do imperialismo, acaba de entregar aos americanos nosso espaço aėreo: para nós, nem o cėu restou

    http://www.robertorequiao.com.br/senado-aprova-a-toque-de-caixa-cessao-do-espaco-aereo-denuncia-requiao/

    1. O mais importante são exatamente os COMITÊS.

      Se a cada local tivermos um comitê com dez, vinte ou mais participantes e AMIGOS, a teia da aranha prende o mais violento dos insetos.

  3. Não vão correr o risco de

    Não vão correr o risco de botar tudo a perder com as eleições deste ano, por isso acho que Alckmin vai ser eleito, mesmo que seja por fraude nas urnas eletrônicas.

    Nem é tão difícil assim dar verossimilhança ao resultado, é só colocar uma quantidade enorme de votos brancos/nulos e acontece o mesmo que na eleição para prefeito de São Paulo. Então a isso vai ser atribuído o descontentamento do povo com a política.

    Ou a esquerda se mete  numa luta fratricida e Alckmin ganha sem nem precisar de fraude….

     

  4. Li, talvez por aqui, que
    Li, talvez por aqui, que estão reeditando a Divisão Internacional do Trabalho, o que, de outra maneira, é o que o professor aponta no texto e, se esse é o caso, bem que o professor poderia discorrer sobre o papel das clases subalternas.

    1. Meu caro, há duas posições possíveis:

      Meu caro, há duas posições possíveis:

      Ou a redução a uma sociedade distrópica, como a representada em inúmeros filmes de Hollywood (vejam o cinismo, até ganham dinheiro com o retrato de uma sociedade como esta no futuro).

      Ou se inverte tudo e se chega a uma sociedade de abundância para todos. 

  5. Excelente post

    Caro Maestri

    Magistral, concordo plenamente. Sempre defendi esta tese, de que os EUA querem reduzir todos os países a um Canadá ( em termos de densidade populacional ) afinal, o consumo de recursos seria muito menor e sobraria mais para o Império.

    Querem nos reduzir ao que éramos na Idade Média, até aí não haveria problema algum, só que, na Idade Média o Brasil tinha 10 milhões de habitantes… 10 milhões de índios. E hoje temos 208 milhões de brasileiros. Então só vai haver dois caminhos pela frente, ou o Brasil se adapta, e reduz a taxa de natalidade voluntariamente, e daqui há alguns séculos se tornará um Canadá dos trópicos, com 35 milhões de habitantes, o que eu duvido muito, conhecendo a mentalidade do povo brasileiro… Ou o Brasil continua no crescimento populacional que está, e aí seremos como uma Nigéria, ou como uma Índia, com mais de uma  centena de milhões de miseráveis, dezenas de milhões  de desempregados, e outros indicadores sociais péssimos mais. Sim, pois na Índia, ou na Nigéria, com a maioria da população na miséria, o consumo per capita de petróleo, ou de computadores é baixo, logo, sobram mais matérias primas para os países de primeiro mundo. Só a Índia tem cerca de 350 milhões de pessoas abaixo da linha de miséria.  Um destes dois caminhos  os EUA vão nos  impor por bem ou por mal, disto não tenha dúvida.

    Os EUA nem a Europa não querem mais levas de imigrantes invadindo seus países, e nem competindo com eles pelo consumo de matérias primas. Por isto países com taxa de natalidade baixíssima como Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Japão e outros tem um tratamento mais ameno por parte dos EUA do que os de terceiro mundo: Eles se adaptam às ordens do Império.

    As coisas se tornam mais complicadas ainda, por que as elites locais dos países de terceiro mundo querem justamente o oposto do Império, em termos de natalidade, , aqui no Brasil por exemplo, nossas elites são contra o controle de natalidade por parte dos mais pobres, porque com mais gente na miséria, eles podem pagar salários mais baixos.E as elites locais geralmente acabam vencendo esta disputa. A única coidsa que o mpério e as elites locais concordam, é em quebrar estatais geradoras de emprego, pois aí sobram mais desempregados para a a elite local explorar, e sobra menos concorrência para os países de primeiro mundo. Sem a Petrobrás por exemplo, as petroleiras de primeiro mundo tem carta branca para expropriar nosso petróleo.

    Só um detalhe, tanto o Canadá quanto a Nigéria são exportadores de petróleo para os países desenvolvidos, ou seja, de qualquer maneira seremos servos do Império, com população alta, ou baixa a diferença sera apenas no   sofrimento do povo.

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