Um genocida acuado pelas mortes que plantou, por Jeter Gomes

Viramos uma ameaça global. Graças à nossa diplomacia terraplanista, já éramos párias internacionais. Agora nos tornamos a vergonha mundial, a Geni sem o Zeppelin.

Foto: El País

Um genocida acuado pelas mortes que plantou.

por Jeter Gomes

O sociopata que dá plantão no Palácio do Planalto vive o pior momento de seu mandato. A situação se deteriorou muito nos últimos dias e ainda vai piorar mais. Vários sinais indicam a trajetória ladeira abaixo do chefe do clã miliciano. A gestão desastrada do combate a pandemia revelou as vísceras malcheirosas de um governo inepto, negacionista, autoritário, fundamentalista e anacrônico. Desdenhou da doença, politizou sua origem, ironizou a vacina, debochou das mortes, incentivou aglomerações, desestimulou o uso de máscaras, receitou cloroquina, não comprou vacinas, não coordenou ações estratégicas, não preparou o país para a maior crise sanitária da humanidade em um século.

O Brasil se tornou o epicentro mundial da doença. Atingimos a marca assustadora de 300.000 mortes, o recorde de mais de 3.000 vidas perdidas em 24 horas e nos tornamos o país com o maior número de novos infectados e mortos do planeta. Viramos uma ameaça global. Graças à nossa diplomacia terraplanista, já éramos párias internacionais. Agora nos tornamos a vergonha mundial, a Geni sem o Zeppelin. A maioria esmagadora dos países não aceita voos oriundos de Pindorama. O pequi roído é eleito o pior gestor da pandemia do mundo. Não há vacinas para todos, não há leitos de UTI, não há esperança no fim do túnel.

A conta chegou. Morrem jovens, crianças, pessoas sem comorbidades, atletas, médicos, ricos, enfermeiras, senadores. As elites golpistas começam a pular fora do barco. Os hipócritas do PIB escreveram carta-manifesto, já com mais de 1.200 assinaturas, porque além de terem seus lucros afetados, já não há leitos de UTI nem nos hospitais de luxo e eles não podem voar para nenhuma nação civilizada para se tratar.

Milhões de pessoas são atiradas na vala da fome e da miséria. Famílias inteiras abandonadas à própria sorte. O desemprego explode, a economia encolhe, o comércio e a indústria abaixam as portas, muitas para sempre. Lira, o presidente da Câmara, eleito com o apoio do amigo do Queiroz, já lhe mostrou o cartão amarelo, diante de tanta incompetência e disse que “os remédios políticos no Parlamento são conhecidos e são todos amargos. Alguns, fatais”. O cheiro do impeachment começa a sair pelos bueiros do Centrão do Planalto Central.

A aprovação do Capitão Cloroquina está em curva descendente nas pesquisas recentes. A mídia corporativa começa a carregar nas tintas em editoriais e matérias ácidas, denunciando a pior gestão do país na história recente. Não, os barões midiáticos não conseguiram domar a insensatez, a insanidade, a mediocridade, a paranoia do adorador de torturadores e ditadores. A besta fera é mais besta do que fera.

Até mesmo os militares já dão sinais de cansaço por carregar nas costas um governo sem aptidão para a sua missão precípua, qual seja a de governar. Até porque eles também passam recibo da sua inépcia diante do desafio de governar um país gigante, importante e complexo como o Brasil. Mesmo os setores golpistas das Forças Armadas não querem sair na foto com suas fardas manchadas de sangue. Com a suspeição de Moro cravada pelo STF e Lula de volta ao jogo político, não se ouviu um pio na caserna, nem dos que já vestem pijamas, mesmo com o ministro bolsonazista sendo humilhado com requintes de crueldade por Gilmar Mendes. Emperrou o tuíte do general Villas Bôas? Acabou o histrionismo do general Heleno? O Clube Miliar desaprendeu de escrever cartinhas ameaçadoras de extrema direita?

Inclusive o general sem espinha dorsal (é uma rima, mas longe de ser solução), que comandava (?) a Saúde, saiu pela porta dos fundos do cassino, mas atirando. Disse que saía por ser honesto, denunciou pressões dos aliados do governo por maracutaias com o dinheiro público e disse que eles, os militares, não têm carros caros, não têm avião, moram em casas pequenas, em quartos de hotel. E num ato falho (falho?), disse que não moram no Lago Sul (um dos bairros mais luxuosos de Brasília). O subtexto saltou em negrito. Ganha um kit cloroquina quem adivinhar onde fica a mansão que o senador da rachadinha comprou recentemente por 6 milhões de reais, mesmo não tendo patrimônio suficiente para isso, numa operação de crédito pra lá de suspeita, junto ao BRB, o banco estatal do DF. Bingo pra quem disse “Lago Sul”! Obrigado Pazuello, por trazer à tona o único setor que prospera no Brasil, além do rentismo: os imóveis da familíca.

  • Jeter Gomes – Engenheiro mecânico, pós-graduado em Economia do Trabalho e Sindicalismo, mestre em Educação. Consultor para projetos sociais, educacionais e culturais. Poeta bissexto e cachacier.

Redação

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