King Kong, seu filho e o macacão desgovernado brasileiro

Adoro rever e meditar sobre filmes antigos, pois eles nos fornecem insights* sobre a realidade cotidiana.

Há diversas maneiras de interpretar King Kong (1933). Uma delas é focalizando o personagem Carl Denham, diretor de cinema ambicioso que imagina enriquecer ao transformar seu antagonista selvagem em atração da Broadway. A outra é colocar o foco no próprio King Kong, na imensa besta fera indomável que era o rei da selva primitiva e encontra a morte após escalar a torre mais alta da civilização.

Carl Denham e King Kong, porém, compartilham uma característica comum: a personalidade. Ambos são dominantes hostis. Entre eles não há e não pode haver compromissos e negociações pacíficas. O sucesso de um acarreta a ruína do outro. Todavia, a queda e morte de King Kong também arruinou Carl Denham. Isto é o que vemos no filme Son of Kong (1933).

Falido e perseguido pelos credores, Carl Denham foge de NY no barco do amigo. A aventura incerta de ambos acaba levando-os novamente à Ilha da Caveira onde eles encontram o filho de King Kong. O novo encontro é amistoso, pois um se mostra gentil e amável e o outro fiel e agradecido.

Carl Denham ajuda o filho de King Kong a se livrar de um atoleiro. Atacado por um urso gigante, ele é salvo pelo novo amigo. Denham faz um curativo no dedo machucado do primata infantil e ele arrebenta a parede que fecha o templo antigo entregando-lhe o tesouro. O filho de King Kong impede um dinossauro de devorar Carl Denham e sustenta o amigo acima da linha da água quando a ilha afunda.

Thomas Hobbes usou a metáfora do “grande homem” para descrever o Estado como um ser vivo que transcende os homens que constroem e sustentam o poder público. A função primordial do Leviatã seria assegurar a coexistência pacífica entre os cidadãos. Para tanto, apenas o Estado deve ter o monopólio da violência legítima. A coisa se complica quando dois ou mais Leviatãs entram em contato. Eles podem agir de maneira agressiva ou amistosa.

Pressionado por causa do petróleo muito desejado por potências estrangeiras o Brasil se tornou prisioneiro de um dilema. Em razão de sua fragilização interna o Brasil não consegue mais imitar King Kong. Nosso país perdeu temporariamente a capacidade de afirmar nosso poder na arena internacional de forma agressiva. Por outro, o Brasil não deveria apenas morrer agindo de maneira infantil e submissa como o filho de King Kong. Enquanto nosso Leviatã for apenas um “macacão desgovernado” a crise política e econômica não chegará ao fim.

É por isto que as eleições diretas para renovação da Câmara dos Deputados, Senado e Presidência são preferíveis à eleição indireta de um presidente tampão. Não foi o povo brasileiro que tirou o país do rumo. Quem fez isto foram os deputados e senadores corruptos que, com ajuda das empresas de comunicação, deram um golpe de estado para fragilizar o Brasil em benefício das potências estrangeiras que queriam roubar nosso petróleo com ajuda de Michel Temer (ou com o auxílio de um eventual sucessor dele eleito indiretamente).

 

 

*intuições

Fábio de Oliveira Ribeiro

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