Novo presidente da Petrobras já defendeu privatização “urgente” da estatal

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Da RBA

O economista Roberto Castello Branco será o novo presidente da Petrobras no governo Jair Bolsonaro. A informação foi confirmada nesta segunda-feira (19) pela assessoria do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes. Assim como Guedes, o novo comandante da Petrobras defendeu por diversas vezes a privatização “urgente” da estatal. A estatal confirma que o atual presidente, Ivan de Souza Monteiro, deixa o comando da empresa em 1º de janeiro de 2019.

Atualmente, Castello Branco dirige o Centro de Estudos em Crescimento e Desenvolvimento da Fundação Getulio Vargas (FGV). Ele também foi diretor da mineradora Vale e do Banco Central. Em 2015, foi nomeado para o Conselho de Administração da Petrobras, mas não teve sua indicação renovada após desentendimentos com o então presidente, Aldemir Bendine.

A nota que anuncia Castello Branco como novo presidente da Petrobras também destaca a sua passagem acadêmica pela Universidade de Chicago, onde realizou pós-doutorado. É a mesma instituição em que Guedes se formou mestre e doutor em economia, conhecida pela formação ultraliberal que tem no norte-americano Milton Friedman seu principal expoente.

A última vez que Castello Branco defendeu “a urgente necessidade de privatizar não só a Petrobras, mas outras estatais” foi em julho passado, em artigo publicado na Folha de S.Paulo, no rescaldo da greve dos caminhoneiros, que paralisaram o país por conta da subida do preço do diesel. Sua manifestação se deu após a gestão Pedro Parente na Petrobras decidir atrelar o valor cobrado na bomba às flutuações do mercado internacional de petróleo.

“No caso do diesel, embora seguindo o mercado global, é o comitê de uma única empresa, uma estatal dona de 99% do refino, quem anuncia os preços. Essa é mais uma razão para privatizar a Petrobras. Precisamos de várias empresas privadas competindo nos mercados de combustíveis”, defendeu o economista.

Ele criticou a saída encontrada pelo governo Temer de congelar temporariamente o preço do diesel e propor o tabelamento dos fretes, justificando a necessidade de “privatização urgente” da Petrobras. “É inaceitável manter centenas de bilhões de dólares alocados a empresas estatais em atividades que podem ser desempenhadas pela iniciativa privada, enquanto o Estado não tem dinheiro para cumprir obrigações básicas, como saúde, educação e segurança pública, que até mesmo tiveram recursos cortados para financiar o subsídio ao diesel.”

Em 2016, após ter saído do Conselho de Administração da estatal, Castello Branco também defendeu a privatização como solução para suposta intromissão do governo na gestão da Petrobras. Ele criticou a política de preços dos combustíveis que havia sido colocada em prática durante o governo Dilma e saudou Parente, então recém-nomeado como presidente. À época, ele também defendeu que a Petrobras acelerasse seu plano de “desinvestimento”, com a venda de ativos que vão desde campos de petróleo em terra e em costa à saída de parcerias com outras empresas – caso da petroquímica Braskem – ou em áreas de exploração de petróleo fora do país.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

7 Comentários

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  1. A Petrobrás nunca beneficiou os brasileiros

    Nem tirando petróleo de graça do subsolo e vendendo.

    O Brasil e o povo nunca viram a cor da grana.

    A única forma de corrigir isto e trazer o benefício para o povo e o Brasil é privatizando e aumentando a concorrência.

    Pelo visto estamos no caminho certo agora.

    1. Podia esclarecer-nos
       

      como a venda do nosso patrimônio para pagar dívidas vai nos deixar mais ricos?

      Adoraria saber.

      Assim também talvez eu resolvesse vender o que é meu para pagar minhas contas em vez de paga-las com o meu salário.

  2. Intenção é uma coisa…poder é outra

    Ser a favor da privatização significa muito pouco. O Governo detém pouco mais de 50% das ações e não pode privatizar coisa alguma por decreto. E o PT tem maioria que pode ser ampliada para derrubar essa idéia que nem existe. Sendo um administrador competente e não aparelhando a Petrobras para prover o caixa de partidos e o bolso de  políticos já está de bom tamanho. E tem mais: 99% dos presidentes e diretores da industria de cigarros são anti-tabagistas e nenhuma grande fábrica corre o risco de fechar. E se fecharem, não farão falta.

     

     

  3. Castello Branco, Waacks etc…

    Como disse David Zylberstajn, aquele que tanto defendeu as privatizações na epoca de FHC, Castello Branco será um gerente muito competente para defender os acionistas da Petrobrás.

    Portanto está definido, a nossa Petrobrás, foi construida para dar lucro aos acionistas da bolsa.  Estas pessoas falam isto com a boca cheia. FHC e talvez Zylberstajn tenha sido  um dos responsáveis, por abrir o capital da  Petrobrás na Bolsa de Nova York. O que   com certeza foi fundamental, para que os acionistas abutres acionassem a Petrobrás, por perdas e danos, e Parente tenha feito um acordo de mãe para acionistas ( não são filhos).

    A mentalidade da privatização é sempre a mesma tirar do povo para alguns no exterior. Ou alguém aqui imagina a possibilidade de  um empresário brasileiro comprar a Petrobrás.  A maior crítica que Willian Waack e outros interessados tinham era que  os preços sempre deveriam   seguir  o mercado , para honrar os acionistas. E sempre acharam que o papel da Petrobrás em nossa economia, deveria ser minimizado, e ela deveria se concentrar no mercado de ações.

    Com certeza este chega para privatizar, pois este era e sempre foi um dos objetivos máximos de grupos estrangeiros, e de seus representantes brasileiros.   Aliás, privatizar por privatizar é o refrão ideológico, dos boys de Chicago. Aquela escola que até agora só gerou crises.

    Mas não se iludam pois mesmo este disse me disse que vai ou não privatizar alimenta as especulações na bolsa onde muitos já devem estar faturando, quiçá eles mesmos.

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