A diferença entre violência revolucionária e fascismo

Sugerido por mcn

A diferença entre violência revolucionária e fascismo, segundo Chauí

Nassif e amigos do blog, uma das coisas que mais tem me incomodado nas manifestações de rua é a violência gratuita e toscamente justificada de certos grupos contra instituições, bancos, edifícios públicos e determinados políticos. Sou contra (1) porque é anticonstitucional, (2) porque há outros canais de manifestação não violenta disponíveis e (3) porque não estamos vivendo – nem de longe – uma revolução estrutural, que justifique a violência.

Na entrevista para a Revista Cult deste mês (link), a filósofa Marilena Chauí analisa esse tema, a partir das manifestações recentes de rua.

E há uma espécie de incitação à violência por parte de alguns líderes de movimentos sociais e intelectuais de “esquerda”.

Olha, existe a violência evolucionária. Ela se dá no instante em que, pelo conjunto de condições objetivas e subjetivas que se realizam, pela própria ação revolucionária, se entra num processo revolucionário. E, durante o processo revolucionário, a forma mesma da realização é a violência. O baixo da sociedade diz “não” para o alto e não reconhece a legitimidade do alto da sociedade. Esse é o movimento revolucionário, com operação de violência no interior dele, porque é um movimento pelo qual se destroem as instituições vigentes, a forma vigente da propriedade, do poder etc., para criar outra sociedade. E isso se faz com violência; não é por meio da conversa e do diálogo. Mas tem de haver organização. Primeiro a classe revolucionária tem de estar organizada e saber quais são as metas e quais os alvo físicos. Você não quebra qualquer coisa. Eu me lembro de uma frase lindíssima do Lênin em que ele dizia assim: “Há uma coisa que a burguesia nos deixou e que nós não vamos destruir: o bom gosto e as boas maneiras”. Ora, não estamos num processo revolucionário, para dizer o mínimo! Se não se está em um processo revolucionário, se não há organização da classe revolucionária, se não há definição de lideranças, metas e alvos, você tem a violência fascista! Porque a forma fascista é a da eliminação do outro. A violência revolucionária não é isso. Ela leva á guerra civil, à destruição física do outro, mas ela não está lá para fazer isso. Ela está lá para produzir a destruição das formas existentes da propriedade e do poder e criar uma sociedade nova. É isso que ela vai fazer. A violência fascista não é isso. Ela é aquela que propõe a exterminação do outro porque ele é outro. Não estamos num processo revolucionário e por isso corremos o risco da violência fascista contra a esquerda (mesmo quando vinda de grupos que se consideram de “esquerda”!).

Luis Nassif

8 Comentários

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  1. contraponto

    Violência revolucionária: o caminho da revolução!

    No início da década de 1990 o imperialismo lançou uma ofensiva geral contrarevolucionária. Para abrir caminho para suas políticas de ?globalização? e ?neoliberal? desatou uma ofensiva ideológica anunciando o ?fim da história?, o fim das classes sociais e da luta de classes. Decretou-se que revolução era coisa do passado, que o ?capitalismo é eterno? e o melhor mundo possível, prometendo uma era de prosperidade. Difundiu-se o pacifismo, pois no mundo da democracia capitalista, a violência é monopólio do Estado, de seus aparatos de ?segurança pública?. E para encobrir isto difunde-se, até exaustão, um conceito genérico de violência, pintando-a de barbárie, incivilidade, mal de todos os males, antidemocrática e moralmente inaceitável. E mais, de que a violência não levaa nada, senão que a mais violência. Tudo isso baseado na ampla e funesta corroboração dos meios acadêmicos, que sem cessar lançam pseudo-teorias para justificar e perpetuar a atuale cruel realidade social. Mas, por mais teorias que criem nunca poderão esconder que a violência existe, que ela existe de forma permanente na existência do Estado. E que,por isto mesmo, as classes oprimidas necessariamente lançarão mão da violência revolucionária para se libertarem. Como o maior cientista de todos os tempos, Karl Marx, descobriu, ?a violência é a parteira da história?.

    Vivemos em uma sociedade de classes.Assim como todas as sociedades de classes que precederam a nossa, existe uma ferrenha luta entre elas, fruto de interesses econômicos inconciliáveis das classes. E a classes dominantes exploradoras sempre impuseram e asseguraram sua dominação através da violência reacionária.

    Foi assim na sociedade escravagista, nacontradição entre os escravos e seus senhores, no feudalismo, na contradição entre senhor feudal e servos, e como é hoje no capitalismo entre burgueses e proletários. O que há de comum é que em todas essas sociedades existia uma
    estrutura para garantir essas relações de produção baseadas na exploração do homem pelo homem, que só poderia ser através da violência, da repressão: o Estado.

    A própria existência do Estado é uma prova de que os interesses das classes são inconciliáveis. O Estado é a estrutura das classes dominantes para reprimir a revolta das classes dominadas. Ele se sustenta principalmente em uma força armada. Em última instância podemos afirmar que o Estado é exatamente a violência organizada da classe dominante sobre a classe dominada e explorada.

    Como escreveu Engels, companheiro de armas de Marx e também fundador do marxismo: ?Como o Estado nasceu da necessidade de refrear as oposições de classes, mas como nasceu, ao mesmo tempo, em meio ao conflito dessas classes, ele é via de regra, o Estado da classe mais poderosa, daquela que domina do ponto de vista econômico e que, graças a ele, se torna também classe politicamente dominante e adquire assim novos meios para esmagar e explorar a classe oprimida.? ?Não somente o Estado antigo [escravagista] e o Estado feudal foram os órgãos de exploração dos escravos e dos servos, mas o Estado representativo moderno [burguês] é o instrumento de exploração do trabalho assalariado pelo capital.?

    Então, apesar da aparente naturalidade da atual situação, o cotidiano das massas é regido por uma constante violência das classes dominantes. As massas são vítimas de um sistema social que gera a fome, miséria, a falta de moradia, o desemprego, a entrega das nossas riquezas naturais de nosso país. Enfim, um sistemático empobrecimento e opressão fruto das relações de exploração. Ao mesmo tempo em que sofrem dessas mazelas, a presença violenta do Estado é uma constante. Basta dar uma olhada nos noticiários para ver que a polícia assassina jovens na periferia, aborda trabalhadores o tempo todo e o exército ocupa as favelas no Rio. E quando o povo se revolta, organiza-se e luta, necessariamente é alvo da mais furiosa e odiosa ação do Estado como ocorre nas greves, tomadas de terra, manifestações, etc.

    Quando as massas utilizam da violência para se defender como foi o caso dos índios no Pará que não queriam a implantação de uma usina hidrelétrica na região de Altamira na Amazônia, ou quando em 2006; quando os camponeses invadiram dependências do congresso nacional; quando os estudantes da Unifesp quebraram a reitoria; quando estudantes ocupam reitorias e entram em confronto com a polícia e quando os camponeses ocupam a terra e resistem, logo os monopólios de imprensa lançam uma campanha de ataques numa gritaria histérica interminável com acusações de baderna, vandalismo e violência. O que não falam é que o que as massas estão fazendo é exatamente respondendo a violência com que são tratadas em suas mínimas demandas. O berreiro cínico contra a violência só aparece para condenar, difamar e atacar o povo. A matança de jovens e pobres perpetradas pela polícia é tratada como rigor em prol da ordem pública. E nos casos mais escandalosos ponderam cinicamente tratando-os como excessos ou falta de preparo.

    Exatamente pelo fato de existir uma constante violência do Estado contra as massas é que elas também inevitavelmente usarão da violência para se defenderem. Como comprova a história, só com a violência revolucionária que as massas têm transformado a sociedade. Novamente tomaremos aqui os escritos de Engels: ?Que a violência desempenha ainda na história um outro papel, um papel revolucionário;que segundo as palavras de Marx, ela seja a parteira de toda velha sociedade que traz em si uma nova; que ela seja o instrumento graças ao qual o movimento social vença e destrua formas políticas petrificadas e mortas .?

    Em toda a História das sociedades de classes, as classes oprimidas só conseguiram derrubar as classes dominantes do poder e transformar a ordem social através da violência revolucionária. Na antiga Roma, numerosas revoltas de escravos derrubaram a aquela sociedade. Para destruir a sociedade feudal e instaurar a sociedade capitalista moderna, a burguesia pôs abaixo todo o sistema político do poder vigente. Na Inglaterra a burguesia revolucionária criou um exército para derrotar o Rei, na França ela colocou a guilhotina em praça pública para julgar e castigar os inimigos do povo. No EUA a guerra de independência pôs fim ao domínio inglês e a ?Guerra de Secessão? liquidou o escravismo no sul do país.

    No século passado o proletariado russo após anos de lutas grevistas passou à insurreição armada derrotando o exército czarista, estabelecendo um novo Estado, o do proletariado, o Poder Soviético. Também na China as massas tiveram que empreender décadas de guerra revolucionária contra o feudalismo, o capitalismo burocrático e a dominação imperialista até a conquista do poder em toda a China para o povo e o estabelecimento do socialismo. Diversos povos conquistaram a sua libertação nacional mediante a luta armada, como foi em Cuba, Vietnã, Argélia e muitos outros.

    Ainda no século XX, lutas de libertação nacional e revoluções se desenvolveram mediante a violência revolucionária como a luta de libertação contra o colonialismo europeu e norte-americano de inúmeros países africanos, o povo do Irã e da Nicarágua. Outros seguiram intrépida e heroicamente lutando por sua libertação como o povo palestino, as guerras populares dirigidas pelos partidos comunistas maoístas no Peru, Filipinas, Turquia e Índia. No iniciante século XXI o povo iraquiano através da guerra de guerrilhas combate de frente o imperialismo mais forte do mundo, o ianque. A resistência armada também se dá no Afeganistão, para resistir a ocupação do mesmo imperialismo. No Nepal, após doze anos de guerra popular dirigida pelos comunistas as massas derrubaram a monarquia e novos episódios revolucionários se avizinham.

    A História nos dá a lição. Para fazer a revolução de verdade, não basta tomar o poder. Como dizia Lenin ao fazer uma síntese sobre a teoria marxista do Estado: ?Este curso dos acontecimentos obriga a revolução ?a concentrar todas as forças de destruição? contra o poder do Estado; ele lhe impõe como tarefa, não melhorar a máquina do Estado, mas demoli-la, destruí-la?, e isso significa que para fazer a revolução tem-se que enfrentar e destruir o velho Estado, seu aparato policial e exército reacionário, uma vez que estes são a medula do Estado. Se se quer empreender uma verdadeira transformação social, se se quer fazer uma revolução e transformar definitivamente a vida do povo, acabando com a exploração e todas suas mazelas há que marchar necessariamente pelo caminho da violência revolucionária.

    http://www.midiaindependente.org/pt/red/2012/10/513519.shtml

    1. Pois eh…

      Tudo muito lindo e cheio de firulas…

      Mas quando um bandido invade a sua casinha burguesa quem o Senhor chama?

      Sua logica nao resiste a dois minutos de realidade!

  2. “A violência será sempre violência”

    Stálin é responsável por mais mortes do que Hitler. Hitler era “facista” e Stálin “revolucionário”?

    A violência será sempre violência mesmo quando venha das mãos dos “revolucionários”.

  3. Sobre o “brilhante” comentário da profa. Chauí

    Conheço bem a obra da Profa. Marilena Chauí, tendo mesmo sido, segundo creio, o único ser humano que, excetuada a autora, leu de cabo a rabo o volumoso “A Nervura do Real”, tese de doutorado estufada quarenta anos depois à força de generosos subsídios estatais e privados.

    No entanto, não vejo a menor possibilidade de escrever algo sobre o conjunto dessa obra. Só o que posso é tentar esclarecer, aqui e ali, algum trecho mais significativo, como fiz em “Lógica da mistificação ou o chicote da Tiazinha” (http://www.olavodecarvalho.org/textos/tiazinha.htm).

    O motivo disso é bem claro. Há tempos já escrevi que o privilégio constitutivo da mentira é ser mais breve que a sua refutação. A experiência não cessa de confirmar isso, mas nem sempre com a clareza exemplar da Profa. Chauí: um só parágrafo que venha da sua boca ou do seu teclado contém tantas mentiras compactadas que para analisá-las e desmontá-las seria preciso muitas páginas. Sua técnica expressiva é a do fingimento elíptico, uma espécie de entimema perverso, em que as premissas do raciocínio permanecem ocultas, não por exigência de brevidade como no entimema comum, e sim porque, se reveladas, desmascarariam no ato a farsa hedionda que essa mulher encena sob as aparências de opinião intelectualmente respeitável.

    Tomem, entre outros inumeráveis exemplos, este trecho da sua recente entrevista à revista “Cult”:http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-diferenca-entre-violencia-revolucionaria-e-fascismo. Não é preciso transcrevê-lo; o leitor terá a gentileza de abrir o link.

    Descontados os vaivéns da expressão oral, o que aí se diz é que a “violência revolucionária” é racional e justa, porque visa a derrubar uma classe e colocar outra em seu lugar, ao passo que a “violência fascista” é irracional e injusta porque nasce do puro ódio ao “outro” pelo fato de ser “o outro”, o diferente, o estranho.          

    O “revolucionário” e o “fascista” aí definidos são meros “tipos ideais”, fictícios, que ela tenta vender como personagens históricos. No mundo real, nunca existiram.

    O mais breve exame da propaganda nazista, por exemplo, mostrará que o partido de Hitler não odiava os judeus por serem “o outro”, “o diferente”, mas porque via neles a encarnação do capital espoliador, do dinheirista sem pátria nem honra, do sanguessuga explorador de  órfãos e viúvas. Dona Marilena faz de conta que não sabe, mas essa visão dos judeus coincide ipsis litteris com aquela que Marx apresenta deles em “A Questão Judaica”.

    Tornando as coisas ainda mais claras, hoje sabe-se que o grosso do financiamento do Partido Nazista, que o folclore comunista desenha como o partido do “grande capital”, vinha das contribuições da classe trabalhadora, que enxergava em Hitler o Messias ungido enviado para libertá-la da opressão e da pobreza. A elevação do padrão de vida popular nos primeiros anos do regime nazista pareceu confirmar a missão profética do salvador e a identidade do inimigo odiado, garantindo logo em seguida o apoio ao menos passivo da massa ao extermínio dos judeus.

    Nesse contexto, a luta de raças aparecia como expressão da luta de classes – uma idéia que não ocorrera somente a Hitler, mas também a Stálin, que a espalhou como palavra-de-ordem a todos os partidos comunistas do Terceiro Mundo desde o início dos anos 30.

    A diferença específica da atitude nazista é que, exumando velhas idéias de um filósofo menor – Houston Stewart Chamberlain –, teve a astuciosa idéia de aplicar aos judeus os estereótipos de uma biologia racista que Darwin e seu devoto admirador Karl Marx reservavam mais especialmente aos africanos e outros “povos inferiores” condenados, segundo eles, a ser esmagados, seja pela evolução biológica, seja pelo rolo compressor da “revolução proletária”.

    Na Alemanha dos anos 30, os judeus não eram de maneira alguma “o outro”, o diferente, o estranho. Estavam tão profundamente integrados na cultura nacional e haviam apoiado com tamanho entusiasmo a onda de patriotismo guerreiro em 1914, que identidade judaica e identidade alemã já se fundiam numa mescla indissolúvel, documentada, por exemplo, nas memórias do grande romancista Jacob Wassermann, “Meu Caminho como Judeu e como Alemão”.

    Uma campanha contra os judeus baseada na pura impressão de alteridade soaria tão deslocada quanto uma campanha desse teor contra os negros na Bahia. A única maneira de torná-los odiosos era identificá-los aos exploradores capitalistas e, por tabela, ao inimigo estrangeiro que estava esfolando a classe trabalhadora alemã com as exigências escorchantes do Tratado de Versalhes. Mas os judeus eram figuras tão familiares que para fazer com que parecessem estrangeiros foi preciso cavar artificialmente entre eles e o resto dos alemães um fosso biológico por meio de teorias racistas que, no fundo, nem o próprio Hitler levava muito a sério, antes servindo-se delas com o cinismo dos psicopatas. Por ironia, a direita francesa, na mesma época, via os judeus essencialmente como agentes da Alemanha: as primeiras e mais dramáticas advertências contra a ascensão do poder militar nazista vieram de intelectuais franceses que eram, ao mesmo tempo, notórios anti-semitas. A história não é o esquema simplório concebido pela Profa. Marilena para seduzir os meninos semiletrados da “Cult”.

    Tenho aliás a certeza de que, se amanhã ou depois, cansado de desmantelar truques da autoria da Profa. Chauí, eu resumir tudo com a palavra  “charlatanismo”, mensagens em penca circularão pela internet afirmando que só sei xingar, jamais argumentar. (Olavo de Carvalho)

    1. Meu caro, fico feliz em ver

      Meu caro, fico feliz em ver esse comentário, bem como as estrelinhas do lado. Acabei de ver o último voto, do Mello, e deu pra ver que o STF está a poucos instantes de ser transformado em um tribunal partidário. Só mais uma ou duas aposentadorias, e perderemos mais um dos pilares, já que o executivo se baseia em bolsas, e o legislativo quase foi tomado justamente pela ação que acabou de se reaberta.  Ainda há alguma esperança, não podemos deixar que a democracia escape novamente. abraços pra vc, e tristeza para aqueles que acreditam na democracia como o menos pior de todos os regimes.

    2. Muito bom. Não é sempre que

      Muito bom. Não é sempre que vemos um comentário estruturado dessa forma. No Brasil, a fraude, a mentira não são exceções mais as regras. Não só nas ciências humanas, mas nas naturais.

    3. Troll

      E não é que Olavo, bandido foragido do Brasil financiado por milionários brancos e racistas do EUA, escreveu aqui no blog sob pseudônimos diversos.

      O imbecil criticou M. Chauí defendendo A. Hitler.

      MUITO BOM! Continue assim! (Obs.: Estou sendo irônico, Olavo).

  4. comentario da analise de chauí

    que absurdo!! a esquerda se fazendo de facista e quebrando tudo por culpa do nao momento revolucionário, e se fosse, entao seria nao quebradeira e sim a morte, esta mulher deveria ser internada num ospicio, e o nassif deveria ser o doutor dela

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