Bolsonaro e o regresso de seu alien predileto, por Fabio de Oliveira Ribeiro

Ao fazer uma live para culpar as vítimas pelos crimes que ele mesmo incentivou, o presidente brasileiro pode ser considerado um duplo de Jonathan Gediman

Foto: Agência Brasil

Desde que assumiu a presidência, Bolsonaro tem estimulado o desmatamento e a violência genocida contra os índios e quilombolas. Os órgãos estatais encarregados proteger a natureza e de defender os interesses das vítimas das agressões dos ruralistas e mineradores foram sabotados e desmantelados. E para piorar, assim que a pandemia começou a se espalhar pela selva, o Ministério da Saúde se recusou a tratar os índios como cidadãos brasileiros.

Bolsonaro é um genocida. Todos os militares que se aliaram à ele na cruzada contra os povos da floresta merecem ser tratados como co-autores dos crimes ambientais e contra a vida que estão sendo cometidos na região amazônica.

O dolo de Bolsonaro é específico. Ele não só facilitou o acesso a armas de fogo e a munição como estimulou seu uso pelos ruralistas. Quando a floresta foi incendiada por grileiros o presidente brasileiro se recusou a criminalizar as ações dos apoiadores dele. Ontem ele passou a acusar os índios de serem os incendiários das áreas em que eles vivem e protegem desde tempos imemoriais.

Uma vez iniciada, a dinâmica do genocídio não pode ser facilmente interrompida. Assim que se torna uma realidade econômica lucrativa, o genocídio passa a atrair mais e mais pessoas interessadas em enriquecer praticando violências. A tolerância ou o incentivo dado pelas autoridades estatais aos comportamentos genocidas produzem um espaço de anomia em que as Leis que garantem a vida e protegem a natureza perdem totalmente sua eficácia e o crime se torna um fato consumado que se auto legitima.

O genocídio é uma fera incontrolável alimentada por um sistema tóxico de circulação de ódio e desinformações como o que foi criado por Bolsonaro. O genocídio é, portanto, comparável ao alienígena da série Alien. Sempre que sofre um ferimento, aquele personagem cinematográfico causa ainda mais destruição secretando ácido.

Nesse sentido, ao fazer uma live para culpar as vítimas pelos crimes que ele mesmo incentivou, o presidente brasileiro pode ser considerado um duplo de Jonathan Gediman. Afinal, o cientista do filme Alien Resurrection (1997) se esforça para condicionar o comportamento de um monstro indomável. Como Gediman, Bolsonaro obviamente será uma vítima da fera que ele criou, alimentou, soltou e tenta domesticar.

 

Fábio de Oliveira Ribeiro

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