Brasil foi incoerente na busca por vacinas contra Covid-19, apontam documentos

Telegramas da diplomacia brasileira apontam que o país agiu de forma ideológica e resistiu em fazer parte do mecanismo da OMS, que facilita a distribuição de vacinas

Ernesto Araújo (esq.), então ministro das Relações Exteriores, e Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução

Jornal GGN – O governo de Jair Bolsonaro (sem partido) foi negligente na aquisição de vacinas contra contra a Covid-19, agindo de forma ideológica, comprovam mais de 500 páginas de telegramas enviados pela diplomacia brasileira para órgãos e empresas internacionais. As informações são da coluna de Jamil Chade, publicada neste sábado, 7, no portal Uol. 

Grande parte dos documentos, são sobre as negociações para a criação da Covax, o consórcio da Organização Mundial da Saúde (OMS) para facilitar a aquisição de vacinas contra a Covid-19 pelos países subdesenvolvidos durante a crise sanitária. 

Segundo Chade, os papéis são como uma “rara janela para o que ocorria nos bastidores num momento em que o vírus saía do controle no país”, ao comprovarem que o governo sabia da ineficácia de medicamentos que estava sendo indicados para o tratamento de pacientes com Covid-19 e que “a concorrência por vacinas seria intensa”. 

“Os telegramas ainda confirmam os ataques do Brasil contra a OMS e revelam como o ex-chanceler Ernesto Araújo fez questão de usar encontros para martelar sua ideologia nacionalista”, destacou a coluna. 

Incoerência 

Os telegramas também mostram que, a princípio, o Brasil pretendia adquirir 86 milhões de doses de vacinas, por meio do Covax. “Queremos adquirir, por meio da [Covax] Facility, opções suficientes para cobrir 20% de nossa população”, o Araújo, em carta. 

Em menos de um mês, no entanto, o Itamaraty acordou apenas 10% das doses, ficou com apenas 43 milhões e abriu mão do restante.

Os documentos apontam que o país resistiu em fazer parte do mecanismo, mesmo ele oferecendo vacinas com um valor abaixo, do que o governo brasileiro acabou acertando com os indianos da Covaxin, meses depois.

Redação

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