Denunciado por corrupção advogado que mais conquistou benefícios da Lava Jato

Não há nenhuma explicação boa para o fato de um dos maiores atores da “maior operação anticorrupção do planeta” ganhar dinheiro de forma corrupta, valendo-se das facilidades que encontrava junto a juiz e procuradores.

Segundo reportagem de Chico Otávio, em O Globo, o principal advogado de delações da Lava Jato, Figueiredo Basto, foi denunciado por tráfico de influência e formação de quadrilha. Segundo a acusação, ele e seu sócio Luiz Gustavo Rodrigues Flores, receberam US$ 3,9 milhões de doleiros, de 2006 a 2013, a pretexto de pagar taxas de proteção a procuradores da Lava Jato.

Segundo as investigações, o dinheiro ficou depositado em contas no exterior, de propriedade de ambos os advogados.

A investigação inocentou Januário Paludo, a quem supostamente o dinheiro seria encaminhado, para alívio de seus amigos – Paludo é um procurador muito querido em seu meio.

Mas ficaram inúmeras dúvidas no ar.

1. O que manteve o doleiro Dario Messer protegido por tanto tempo, tanto da Lava Jato quanto da Operação do Banestado, apesar de ser público o seu papel como maior doleiro do país?

2. O que explica depoimento do próprio Paludo, isentando Messer de acusações, em uma das fases da operação?

3. O que tornou Basto um advogado influente, se seu único cacife era o bom contato com a Lava Jato? O que ele oferecia aos procuradores e ao juiz Sérgio Moro, para conseguir condenações favoráveis a seus clientes? Oferecia a delação que a Lava Jato queria ouvir? Segurava as revelações que a Lava Jato não queria reveladas, por atingir aliados? Se é isso, é uma forma de corrupção clara.

Não há nenhuma explicação boa para o fato de um dos maiores atores da “maior operação anticorrupção do planeta” ganhar dinheiro de forma corrupta, valendo-se das facilidades que encontrava junto a juiz e procuradores.

Desde o começo era nítido que as relações de advogados de delação com procuradores não cheirava bem. Os procuradores tinham poder sobre milhões de dólares dos acusados. Bastava deixar de fora uma conta fornida no exterior, para livrá-la de confisco. E com todos os jornalistas que cobriam diariamente a Lava Jato – e, portanto, como mais condições de investigar os fatos – atuando como cúmplices.

Era evidente que esse excesso de poder não acabaria bem. E é sintomático que o caso só tenha aparecido a partir da Lava Jato do Rio de Janeiro.

Luis Nassif

7 Comentários

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  1. Banestado, Moro e Messer. Esse triunvirato é bem antigo e talvez se tenha que cavucar as relações espúrias desde aquela época, começando com quem daquela época, de todos os lados veio para a lavajato.
    Do lado dos “mocinhos”: Moro, Procurador Luís Fernando dos Santos Lima, que parece ,livrou a cara da esposa, bancária.
    Do lado dos bandidos: Messer, Yussef.

    É só seguir o fio…

  2. Só uma coisa explica:
    O funcionamento do judiciário no país, desde sempre.
    Uai, quando a política crimimal e a operação da justiça ultrapassam suas utilidades de contenção social e punição excusiva da pobreza, e passam a tratar dos delitos do andar de cima, a registradora começa a tilintar.
    De fato, isso sempre foi assim…mas a farsa jato trouxe outros instrumentos, como delações, dentro de um contexto político que fez o guaraná do guarda alcançar o status de Romaneé Conti…
    Não é uma exceção…
    É a regra agora elevada a estratosfera.

  3. Só foram denunciados, agora, quando um seu representado, conhecido como “o doleiro dos doleiros”, delatou um procurador, “pai” dos outros da Farsa Jato. Claro que a delação era mentirosa, porque, como todo mundo deve obrigatoriamente ter absoluta “convicção”, a pureza dos procuradores dali é angelical . . .

  4. E quando é que sai investigação sobre as acusações de Tacla Duran contra Marlus Arns, Carlos Zucolotto – ex-sócio da mulher de Moro e compadre do mesmo – e Deltan Dallagnol?…

  5. Estão abertas as apostas para saber quem serão os primeiros, a:
    – blindar Figueiredo Basto e evitar que também sejam descobertos?
    – lançarem a bóia e o barcos salva vidas do corporativismo judiciário?
    – interferir nas votações de deputados e senadores para evitar ou esvaziar qualquer possível CPI sobre este assunto?
    – fazer de sua mídia uma varinha mágica que na telinha de horário nobre irá fazer a transformação de mais um delinquente criminoso em uma Excelencia e/ou Eminência e/ou Meretíssimo e/ou Doutor e/ou Vossa Senhoria ou o escambau a quatro. Parte da Nata da elite, da política, da PF e da Justiça pode até estar usando fraldas descartáveis, tal é a tranquilidade que demonstram com esta denúncia.

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