Aldo Fornazieri
Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.
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Derrotar o banditismo político, por Aldo Fornazieri

Será a batalha das nossas vidas: ou somos capazes de vislumbrar alguma esperança no futuro ou seremos arremessados no abismo da descrença.

Salvador Dali

Derrotar o banditismo político

por Aldo Fornazieri

A marcha do bolsonarismo para e no poder é a marcha da afirmação do banditismo político. Da preparação de atos terroristas à expulsão do Exército, da violência verbal contra as mulheres, das promessas de fuzilamento de adversários, do elogio de ditadores e torturadores, do estímulo à violência sexual, das condecorações de policiais criminosos e milicianos, do violento descaso com  os mortos da pandemia, com a zombaria dos doentes, com a anistia dos crimes políticos de Daniel Silveira até chegar aos tiros disparados para matar policiais federais desferidos por Roberto Jefferson, Bolsonaro e o bolsonarismo verbalizaram e agiram para impulsionar práticas criminosas na atividade política para empalmar o poder e mantê-lo pela intimidação e violência.

Em meio a tudo isso há inúmeras outras práticas criminosas como o estímulo ao racismo e a todo tipo de preconceito. Profissionais da imprensa são covardemente atacados, principalmente as jornalistas, com violência verbal, ou com pancadas, como aconteceu na prisão de Jefferson. Calar a imprensa, intimidar a oposição, aparelhar as instituições do Estado, controlar o Congresso e alterar a composição dos tribunais superiores, eis aí a fórmula das ditaduras contemporâneas. Se vencer, Bolsonaro completará essa marcha que está em andamento. Mas a violência será muito maior.

Os tiros de Jefferson não são coisa de alguém “sem noção”, como afirmou Sérgio Moro, um dos artífices do banditismo político. Não podem ser aceitos e nem naturalizados, como muitos atos antidemocráticos de Bolsonaro foram naturalizados. Os tiros de Jefferson são apenas o sinal, a antecipação do que virá com muito mais método e muito mais violência se Bolsonaro vencer. É preciso que isto seja dito ao povo brasileiro, sem meias palavras, durante todos os dias que restam nesta semana. Os tiros de Jefferson colocaram a nu a “santidade” fétida do “padre” Kelmon.

 Há uma crescente escalada para transformar as forças policiais e militares, os órgãos de fiscalização e controle do Estado, a exemplo do Coaf e da Receita Federal, em instrumentos de poder particular e criminoso. Bolsonaro quer transformar as Forças Armadas em soldadinhos e chumbo. Alguns generais, sem honra e sem patriotismo, aceitaram essa covarde condição.

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Bolsonaro tem um Congresso cúmplice para degradar as eleições com um inaudito uso do dinheiro público para comprar apoio político e votos. Usou os decretos das armas para armar milícias, prontas para cometerem atos violentos. Bolsonaro não corrompeu apenas o sistema eleitoral. Aos poucos, corrompeu e degradou a democracia por retrocessos legais, pela ruptura dos procedimentos regimentais no Congresso e pela instituição do orçamento secreto. Enquanto a oposição, intimidada, ficou a ver o fantasma de um golpe militar, Bolsonaro foi degradando a democracia sistematicamente, sem enfrentar linhas de resistência a não ser no STF e TSE.

Bolsonaro destruiu os fundamentos morais da sociedade brasileira. Estimulou crimes ambientais, o garimpo ilegal, a destruição das condições de vida no planeta. Ele e seus sicários, a exemplo de Damares Alves, não hesitaram em imolar a inocência infantil para conquistar votos. Apoiado por proeminentes vendilhões do templo de igrejas evangélicas, não titubearam em apunhalar a consciência religiosa dos fiéis, enganando-os, ludibriando-os com as mais criminosas e pecaminosas mentiras.

O que são Bolsonaro e esses pastores? Sepulcros caiados, hipócritas, fariseus, com as almas mortas, cheias de vermes, assassinos da fé, amantes da mentira, cobiçadores do dinheiro. O que têm a dizer esses pastores sobre o banditismo político patrocinado pelo bolsonarismo? O que têm a dizer esses hipócritas sobre os quase 700 mil mortos pela pandemia, muitos dos quais poderiam ter sido salvos? O que tem a dizer esses vendilhões do templo sobre as mentiras sistemáticas, sobre os milhões de pobres que não têm o que comer? Os templos desses pastores são belos na aparência, mas estão coalhados pela morte, pela mentira, pelos crimes e pela degradação moral.

Bolsonaro conseguiu transformar os pastores em perseguidores dos seus próprios fiéis. São os anticristos do nosso tempo porque nada têm em comum com as verdades e com a prática pregadas por Cristo. São os falsos profetas que “profetizam” a mentira, o ódio no seio do povo, a desavença nas famílias, o mal na sociedade.  Esses pastores, lobos em pele de cordeiros, que dizem combater o mal, mas são os seus maiores promotores, são os advogados da maldade. Esses pastores  pronunciam a blasfêmia de apresentar Bolsonaro como um “profeta”. Na verdade, transformaram Bolsonaro no seu bezerro de ouro e eles o adoram com a ânsia da cobiça pelo poder e pelo dinheiro e negam o justo dos mandamentos. Precisam ser denunciados como semeadores da cizânia, como estimuladores da guerra religiosa.

Esta semana é decisiva. Ou resgatamos a democracia para o povo brasileiro ou ela será destruída pelo banditismo político, pelo fascismo, pela mentira. Será a batalha das nossas vidas: ou somos capazes de vislumbrar alguma esperança no futuro ou seremos arremessados no abismo da descrença.

São Paulo será o epicentro dessa batalha. É preciso reduzir a vantagem de Bolsonaro. E isto é possível. Assim como é possível Haddad virar o jogo e derrotar Tarcísio e o bolsonarismo. O crescimento de Haddad e sua possível vitória é condição do crescimento de Lula no estado e de sua vitória. As campanhas não podem ser separadas. São uma só campanha. Esta é a condição da vitória de Lula e da possível vitória de Haddad. Temos a missão de criar essa crença da vitória na militância e nos eleitores. Acreditar que é possível vencer é o primeiro passo para  vencer.  

Aldo Fornazieri – Professor da Escola de Sociologia e Política e autor de Liderança e Poder.

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Aldo Fornazieri

Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.

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  1. Lula vencendo domingo, começaremos a sonhar um novo mundo de justiça, paz, fraternidade e liberdade, começando por encontrar uma solução para os conflitos que ainda existem no Planeta. Caso as forças cegas do atraso saiam vitoriosas, que Deus Todo Poderoso, caso ele exista de fato, nos livre dessa má hora, cada Progressista, caso não continuem de mãos dadas após a eleição do atraso, vai ter que lutar sózinho para escapar das hordas fascistas.
    Os Lulistas precisam levantar a bunda da cadeira e se movimentar. Ontem teve uma passeata/carreata do Lula, na orla de São Luís/MA. Foi ótima e fraterna. Algumas provocações das almas sebosas bolsonaristas, que foram ignoradas para azar e raiva deles, já que queriam que caíssemos nas provocações. Nas casas, edificios e hoteis da orla, e no calçadão, as pessoas acenavam e faziam o Lula com as mãos.
    Hasta la victória siempre!

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