A lógica para a nomeação do coronel do Carandiru, por Luis Nassif

Formação de governo obedece a um conjunto de preocupações, que obriga, muitas vezes, a tapar o nariz e fazer concessões.

Divulgação PM

O coronel Nivaldo Cesar Restivo, da Polícia Militar de São Paulo, era tenente na época do massacre de Carandiru. Limitou-se a conduzir uma das viaturas. Mas, posteriormente, defendeu a operação – uma das mais vergonhosas da história de São Paulo, ao lado do massacre de 2006, jamais apurado.

Qual a razão, então, para sua nomeação como Secretário Nacional de Políticas Penais?

Formação de governo obedece a um conjunto de preocupações, que obriga, muitas vezes, a tapar o nariz e fazer concessões. Uma delas, é a governabilidade, a necessidade de garantir maioria no Congresso. Outra é a prevenção contra golpes.

Tem-se, hoje em dia, enormes dúvidas sobre o legalismo das Forças Armadas. Na outra ponta, as três maiores Polícias Militares do país – São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, estão sob governos bolsonaristas. Minas e Rio tem aliados ocasionais; São Paulo, no entanto, está sob um membro de confiança do bolsonarismo.

Restivo foi o comandante da PM paulista, logo possui ascendência sobre a tropa. Além disso, no cargo que lhe foi confiado, terá condições de estabelecer contatos com a tropa em um dos ambientes naturais, os presídios.

Provavelmente, esta foi a razão da escolha. Perguntam: não seria possível um outro coronel para cumprir esse papel, sem a mancha de Carandiru nas costas?

Não sei. Só sei que, provavelmente, dois conselheiros do futuro Ministro Flávio Dino foram o Ministro Alexandre Moraes (que foi Secretário de Segurança de São Paulo) e o ex-governador Geraldo Alckmin.

Cada um julgue por si, mas em cima das informações completas.

10 Comentários

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  1. que belo duplo twist carpado retorico… Carandiru nunca foi uma “operação”, trata-se da mais grave e sistematica violação aos direitos humanos em território brasileiro pos-ditadura.. mas fique sossegado que seu amiguinho de farda desistiu do cargo. Embora seja importante a gente qual o carater do sr. Luis Nassif e o tipo de gente que ele deseja ver ocupando cargos no alto escalao para fazer jus a essa tal “logica” (neonazista)

  2. Mancha nas costas por mancha nas costas, Nassif, o próprio Alckmin já é uma, e bem grande.
    A lógica por trás dessa e de outras nomeações e/ou indicações é apenas uma: as políticas sociais de Lula poderão ser implementadas, mas sob tutela.
    E a tutela é da estrutura social e política secular do Estado Brasileiro, sob o controle de “sabemos quem”.
    Hoje em dia, atende pelo nome de Mercado, mais neutro e ameno do que os eufemismos tradicionais – elite, oligarquia, etc.
    E toda essa gente tem seu cão de guarda: os militares.
    Ao povo, o de sempre: Marcos 7,24-30: migalhas.
    0,45% do orçamento.

  3. “Limitou-se a conduzir uma das viaturas”.

    Errado.

    Documento do MP de São Paulo denunciou Nivaldo César Restivo por omissão; 94 detentos foram agredidos com “selvageria”, diz a denúncia.

    Lugar de criminoso é na cadeia, que é o lugar do Restivo

  4. Nas mudanças de governo sobra arrivismo. Servidores desejosos de conservar seus postos, poder e gratificações passam a defender coisas as quais sempre se opuseram. É um risco muito grande. Numa crise, são os primeiros a trair. A ascendência sobre a tropa do dito militar é uma faca de dois gumes, pois pode ser usado pra golpear ao invés de controlar. Aliás, é o mais provável. Pinochet jurou lealdade ao Allende até 9 de setembro. Dia 10 já tinha planos de assassina-lo.no dia 11…. Não podemos ser ingênuos em relação aos militares. Se há exceções, são somente pra confirmar a regra.

  5. As experiências de policiais de esquerda durante os governos Dino não foram boas. É o que consta em relatos de policiais ligados ao movimento Policiais Antifascismo. Segundo consta houve p ivelegioa ao alto oficialato, amordaçamento dos praças e de vozes dissidente, bem como encobertamentonde crimes cometidos por policiais, dentes os quais algumas chacinas. Segundo consta também, política de repressão aos movimentos populares como MST e quilombolas, privilegiando aliados preferenciais do agro negócio. São relatos de policiais de esquerda, maranhenses

  6. Lula abriu muito o leque….Feche.

    Tebet não tem que ser ministra ,ela não foi responsável por Lula vencer,e nem fez campanha por isto pelo contrário, sua vice e uma ferrenta em passar fakenews.

    No seu Estado, no primeiro turno,quantos votos obteve?

    E no segundo turno, quantos votos obteve a mais?

    Está é uma mensagem pra ela que disse estar apoiando Lula para combater o esta coisa que caiu na presidência no “segundo turno” e que não tinha nenhum interesse em ser Ministra do Presidente Eleito para 2023. 20 de out de 2022.

  7. Não sou uma pessoa de esquerda, sou um cristão e conservador, e ao contrário do que pensam os intelectuais de esquerda, leio e muito. É por falta de visão política que vocês não conseguem governar, se Stálin fosse pensar em coerência, teria arruinado a ex-URSS , caso não tivesse feito um pacto com Hitler. Já houve até acordo de anarquista com monarquista, mas o desconhecimento da História é algo lamentável na esquerda labradora.

  8. Informações completas são mesmo importantes. Por um lado, Nassif aponta para o contexto do Brasil. Por outro lado, é preciso apontar também para as ações do próprio Dino em relação ao tema (da Justiça e da Segurança).

    Leiam o comentário de PAULO JOSÉ MARQUES DOS SANTOS.

    Eu estava na periferia de São Luís (Sá Viana) e, de quebra, entre os anos de 2010 e 2018, acompanhava pescadores da zona rural em situações de conflito ambiental, na autointitulada Resex do Taim (reserva extrativista que, antes de ser assinada pelo Lula, deram um golpe no governo do J. Lago e extraviaram a carta de aceite do governador do Maranhão)

    Por um lado, vivi de perto o que foi o período Dino em relação ao policiamento, quando novos policiais, antes de serem colocados para dar “esculacho” em ônibus de trabalhador para “combater” o crime, aprendiam a dar geral em negros e estudantes. Por outro lado, toda vez que se falou, por exemplo, sobre Cajueiro (povoado que vinha sendo expropriado por capangas de empresas de bandidos) nas mídias “independentes”, argumentaram que isso era ambientalista tentando queimar o governo Dino.

    A justificativa por toda sorte de violência contra gente pobre da zona urbana e da zona rural era o “desenvolvimento” (que expropriava os pequenos) e a “luta contra a criminalidade” (na qual trabalhador de periferia é sempre o suspeito).

    E não foram poucas as vezes que o Dino disse que a esquerda não sabia resolver o problema da criminalidade (tanto a grande, com a lei da ficha limpa, e com a corriqueira, na qual negros e pobres são “culpados a priori”).

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