IBGE mostra o tamanho da desigualdade racial no Brasil de Bolsonaro

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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A pobreza e o desemprego em 2021 foram mais do que o dobro para pretos e pardos no Brasil do que para brancos

Foto: Agência Brasil

A pobreza e o desemprego em 2021 foram quase o dobro para pretos e pardos no Brasil do que para brancos. Os dados constam no estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, divulgado nesta sexta-feira (11) pelo IBGE.

Em 2021, 22,5% da população branca estava desempregada ou com emprego insuficiente (a taxa de subutilização). Mas entre pretos e pardos, este número foi de 32% entre pretos e 33,4% entre pardos. E as taxas de desempregados no país no ano passado atingiram 35,2% dos brancos contra 12% de pretos e 52% de pardos.

A informalidade, outro fator negativo quando se trata de força de trabalho e condições de emprego, está também mais presente neste grupo: 43,5% dos pretos e 47% dos pardos estavam na informalidade, enquanto que esse tipo de trabalho atingiu 32,7% dos brancos.

Os indicadores mostram que as desigualdades raciais estão em todos os níveis: entre as pessoas com ensino superior, os brancos recebem 50% a mais do os pretos e pretos e pardos estão em somente 29,5% dos cargos gerenciais e somente 14,6% nos cargos de salários mais altos.

“As populações preta e parda representam 9,1% e 47% da população brasileira, respectivamente. Mas, nos indicadores que refletem melhores níveis de condições de vida, a participação dessas populações é mais baixa”, afirmou o analista do IBGE, João Hallak.

Quando se analisa a linha da pobreza do país, também os negros são a maioria dos afetados. Em 2021, 34,5% dos pretos e 38,4% dos pardos estavam na linha da probreza. E 9% de pretos e 11% de pardos na linha da extrema pobreza. Entre brancos, 18,6% na pobreza e 5% na extrema pobreza.

Para todos os demais enfoques registrados pelo IBGE, a população negra do Brasil é extremamente prejudicada. Brancos receberam quase o dobro do rendimento médio domiciliar; negros tem o dobro de moradia irregular e instável do que brancos; as condições de vivenda, como saneamento, número de cômodos, tamanho, etc, são superiores para brancos; brancos tem mais bens e posses de quase todos os segmentos do que negros; e quase 80% dos donos de todos os estabelecimentos agropecuários do Brasil são brancos.

Confira todos os dados no relatório completo aqui e na nota técnica aqui.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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  1. “Depois de ter chovido excessivamente por bastantes dias, suceedeu na noite do dia 2 do corrente das 6 para 7 horas cahir huma grande porção de alicerce da. antiga Igreja de São Pedro dos Clerig-os, já demolida, que se achava construido no alinhamento superior da montanha denominada da Ladeira da Mizericordia, levando adeante de si, huma extraordinária porção de terra, que encostando-se sobre 14 ou 15 moradas de cazas situadas na sobre dita ladeira, as lançou inteiramente por terra, com, perda de várias vidas de habitantes, que ahi rczidiam, sendo QUAZI TODOS PRETOS E PRETAS E NENHUMA PESSOA DE CONSIDERAÇÃO” (grifo meu).

    OFFICIO do Governador D. Fernando José de Portugal para D. Rodrigo de Sousa Coutinho, no qual se refere ao esmoronamento de uma parte da antiga Igreja de S. Pedro dos Clérigos, que arrazou varias casas da encosta e sacrificou algumas vidas.
    Bahia, 11 de julho de 1797.
    (Anais da Biblioteca Nacional, vol. 34, p.459, Rio,1912)

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