O que ocorre no Egito hoje também está encoberto por uma cortina de interesses, por extensas e teimosas análises de um cenário pós Mubaraki, em uma apologia a uma transição controlada pelos EUA e Israel, nas mãos dos mesmos capatazes dos últimos 30 anos, apenas mudando o titular da “sesmaria egípcia” norte americana.
As centenas de mortes que a ONU suspeita terem ocorrido desde o início das manifestações, em decorrência da repressão do governo de Mubaraki não fazem jus as manchetes, a imprensa quer nos fazer crer que as declarações do ditador egípcio, manchetes monumentais, são de um estadista que, a pretexto de evitar o pior (como se o que ocorre agora já não fosse o pior), decide ficar no comando, pela força, apoiado pelos EUA e grande imprensa, e conduzir a sua própria sucessão com “isenção”.
Com o desenrolar da crise a certeza que fica é que é preciso salvar os “dedos” americanos, porque os anéis já se foram. A insistência do Departamento de Estado americano e da imprensa alinhada em dizer que Mubaraki deve ficar até concluir a transição demonstra claramente o posicionamento dúbio e vacilante dos “defensores da liberdade e da democracia”. Fosse em Caracas tais fatos graves, os mesmos estariam pedindo a urgente saída de Chávez do poder e a imediata transição “democrática”, tal qual Carmona tentou dar cabo em 2002. Aos amigos tudo, aos inimigos a força (da lei?)…
Se algo similar ocorresse na Venezuela de Chávez, qual seria a chamada nos meios de comunicação brasileiros?
Quem não se lembra dos comentários de Miriam Leitão sobre os motivos que provocaram a “renúncia de Chávez” no Jornal da Globo em 2002?
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