
O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, afirmou que “sempre atuou de forma técnica” no comando da segurança da capital federal. A declaração foi dada durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas, na manhã desta terça-feira (8).
Torres é ouvido na condição de testemunha, a fim de esclarecer sua suposta omissão na segurança distrital, que teria colaborado com os atos golpistas, protagonizados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Sempre atuei de forma técnica e legalista. Quero dizer aos senhores e às senhoras membros desta CPI que estou aqui com espírito cooperativo. Tanto quanto os senhores, tenho todo interesse em esclarecer os lamentáveis fatos do dia 8 de janeiro. Em todos os depoimentos que prestei, sempre me pautei na verdade e me coloquei à disposição das autoridades para cooperar naquilo que estivesse a meu alcance para elucidação dos fatos“, disse Torres, no início da sessão.
Diante dos indícios de omissão sobre os ataques, Torres teve prisão decretada em 14 de janeiro e seguiu preso por quatro meses. Sua soltura foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, em 11 de maio, que determinou medidas cautelares, como o uso da tornozeleira eletrônica.
Se PAI tivesse sido cumprido os atos golpistas não “teriam sido consumados”
Segundo o ex-secretário, o Protocolo de Ação Integrado (PAI) – acordado por diversos órgãos de segurança do DF e federais – não foi cumprido e por isso houve a invasão dos Poderes.
“Importante ainda relembrar que o Protocolo de Ações Integradas previa o fechamento da Esplanada em alguns casos. O que posso afirmar com toda segurança é que houve falha grave na execução do PAI. Se tivessem cumprido à risca o Plano os atos de vandalismo do dia 8 de janeiro não teriam sido consumados“, afirmou Torres.
Ele acrescentou que até a noite de 6 de janeiro, quando viajou de férias para os Estados Unidos, não havia qualquer informação oficial que indicasse perigo.
“O Protocolo de Ações Integradas (PAI) é tão completo que não possibilitaria os ocorridos do 8 de janeiro. Por isso viajei tranquilo para os EUA, sem indícios de ameaças graves. Caso contrário nem teria viajado. Já disse que a Praça ficaria isolada e somente a queda de uma bomba poderia ameaçar os prédios“, disse.
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Operação da PRF
Já em resposta à relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), Torres negou que tenha tratado de operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) contra os eleitores do presidente Lula (PT) no Nordeste.
Cinco dias antes do segundo turno das eleições presidenciais, Torres esteve em Salvador para uma reunião com a PF. De acordo com ele, sua ida ao estado tinha como objetivo a entrega de novas instalações da corporação.
Ele disse ainda que não teve contato com comando local da PRF e que os órgãos de segurança cumpriram o seu papel institucional nas eleições.
O ex-ministro também negou ter sofrido ingerência de Bolsonaro durante seus 20 meses no Ministério da Justiça e que jamais questionou o resultado das urnas, que declarou a derrota do ex-chefe.
“Nunca questionei o resultado das eleições. Fui o primeiro ministro a receber a equipe de transição, no meu caso Flávio Dino, que seria meu sucessor. Entreguei relatórios, agi de forma transparente e sempre no sentido de facilitar. Durante a transição, não foi registrado qualquer contratempo e tudo correu dentro da normalidade“, afirmou.

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