A Comissão Parlamentar de Inquérito Mista (CPMI) dos atos golpistas encontrou indícios de uma negociação por parte do ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel Mauro Cid, que tinha o objetivo de vender um relógio da marca Rolex de ouro branco e cravejados com diamantes recebido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em uma viagem oficial.
Os indícios estão presentes entre as mensagens do e-mail institucional de Cid, que teve o sigilo quebrado após pedido do colegiado, segundo informações do jornal O Globo, publicadas na manhã desta sexta-feira (4).
Segundo o material, em 6 de junho de 2022, Cid recebeu um e-mail em inglês. “Obrigado pelo interesse em vender seu rolex. Tentei falar por telefone, mas não consegui“, disse a interlocutora. “Quanto você espera receber por ele? O mercado de rolex usados está em baixa, especialmente para os relógios cravejados de platina e diamante, já que o valor é tão alto. Eu só quero ter certeza que estamos na mesma linha antes de fazermos tanta pesquisa“, completou.
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Na resposta, o então ajudante de ordens afirmou que não possuía o certificado do relógio porque foi um “presente recebido em viagem oficial” e que pretendia vendê-lo por 60 mil dólares, cerca de R$ 300 mil pela cotação atual.
Em outubro de 2019, durante viagem a Arábia Saudita, Bolsonaro recebeu o Rolex, junto com um anel, uma caneta e um rosário islâmico, do rei Salman bin Abdulaziz Al Saud. O valor das joias é avaliado em R$ 500 mil.
O item de luxo foi devolvido pela defesa de Bolsonaro em abril deste ano, após a Polícia Federal (PF) instaurar uma investigação para apurar o caso de um outro conjunto de jóias da Arábia Saudita, este retido pela Receita Federal.
Neste caso, como ajudante de ordens, Cid tentou reaver o conjunto de joias em posse do Fisco no fim do ano passado, antes de Bolsonaro deixar a Presidência.
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