Os cenários para a esquerda na disputa para o governo de São Paulo e a eleição presidencial de 2022 foram tema da entrevista concedida por Guilherme Boulos (PSOL), pré-candidato ao governo paulista, aos jornalistas Luis Nassif e Marcelo Auler na TV GGN 20 horas desta sexta-feira (18/02).
Sobre o cenário de covid-19 no Brasil, o registro de casos no Brasil continua em queda. Nesta sexta-feira, foram 121.027 casos. A média diária semanal ficou em 110.479 casos, queda de 23,4% ante sete dias e de 37,7% ante 14 dias.
Apesar da queda, Nassif destaca que “o mês de fevereiro caminha para ser o mês com o maior número de casos na história. Mais do que em janeiro, que já foi um recorde”. Os Estados com maior variação per capita em 14 dias foram Pará, São Paulo, Goiás, Alagoas e Mato Grosso do Sul.
Quanto aos óbitos, 1.127 pessoas faleceram de covid-19 nesta sexta-feira. A média diária semanal ficou em 840, queda de 11,7% ante sete dias, mas 27,5% acima do visto há 14 dias.
No mundo, a média global de casos em sete dias ficou em 3,096 milhões, queda de 24% em sete dias e de 36,8% em 14 dias. Dos 20 países com maior crescimento de casos per capita, 13 estão na Europa.
A perseguição a um policial que cumpriu a lei
O programa TV GGN Jurídico destacou o caso do delegado Mário Renato Fanton – “um delegado que, em qualquer outro tempo, seria condecorado pela defesa da legalidade, pelo orgulho de ser Polícia Federal”, diz Nassif.
O delegado foi responsável por um inquérito que apura ilegalidades cometidas pela operação Lava Jato. Mesmo tendo sido indicado por um dos personagens da Polícia Federal do Paraná, Fanton cumpriu seu dever e reportou a ilegalidade.
“(Fanton) está há sete anos alvo de uma caçada. Uma coisa indecorosa. Pegou covid-19, quase foi dado como morto, e o inquérito da PF que pode ser feito virtualmente, exigindo a presença dele em Brasília, foram pesquisar ele na UTI onde ele estava, mandaram uma junta médica… Uma coisa indecente”, apontou Nassif
“O que estão fazendo com ele, a covardia, a maneira como o pessoal do Sergio Moro lá trás fez isso, e esse pessoal é mantido, é o maior desserviço já cometido para a Polícia Federal”, diz Nassif, ressaltando que aqueles que apostaram na ilegalidade foram promovidos, enquanto Fanton apenas seguiu os regulamentos e a Constituição.
Saiba mais sobre o caso Fanton no programa TV GGN Jurídico, que pode ser visto no vídeo abaixo
Guilherme Boulos e a eleição em São Paulo
Sobre o cenário eleitoral em São Paulo, Nassif destaca a pesquisa Ipespe/XP que indica o favoritismo de Fernando Haddad (PT) para o governo de São Paulo, mas ainda mostrando o poder de trazer votos do Bolsonaro em especial no interior.
“Esse Tarcísio (Gomes de Freitas), que vai ser o candidato dele… os pesquisados são confrontados com a informação de que ele é indicação do Bolsonaro, ele pula de quase nada para vinte e tantos”, diz Nassif.
Diante das indagações que tal salto traz para os pactos e acordos em andamento para a consolidação da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, Nassif e o jornalista Marcelo Auler conversam com Guilherme Boulos (PSOL).
O primeiro ponto é o fator João Doria (PSDB), que deve apoiar o nome de Rodrigo Garcia para o governo estadual. Segundo Boulos, “o Doria encarnou aquele tipo de político que é marqueteiro de si próprio. O Doria se tornou o símbolo dessa política fake, de marketing, de maquiagem”.
Para o político do PSOL, Doria dá continuidade a 30 anos de governos do PSDB que levaram São Paulo à estagnação. “Nós temos o aumento do desemprego, o aumento da desindustrialização, a ausência de respostas aos grandes problemas que o povo de SP está vivendo. Então, eu acho que esse conjunto de coisas fez do Doria alguém rejeitado por todos”.
Boulos diz que existe um grande descontentamento em torno de Doria e isso abre espaço para a esquerda, mas não se pode subestimar a máquina tucana. “A maior parte dos 650 prefeitos do Estado de São Paulo vão estar com Rodrigo Garcia, e essa máquina é a que tem reeleito sucessivamente governos do PSDB ao longo das últimas décadas”.
“Eu espero que a gente consiga ter unidade no campo progressista, temos buscado trabalhar por isso e, ao mesmo tempo, um projeto para o Estado e para o país que bote fim, de um lado, ao pesadelo bolsonarista e, de outra, a esse marasmo tucano no governo de São Paulo”, diz Boulos.
Tarcísio, Bolsonaro e a eleição presidencial
Sobre a projeção do nome de Tarcísio quando relacionado com o presidente Jair Bolsonaro, Boulos diz que “em uma eleição para prefeito, ela é sozinha. Em uma eleição para governo do Estado, ela é junta com a presidencial. Nessa eleição casada, é inevitável que a votação regional reproduza uma tendência nacional. Então, o Bolsonaro não é cachorro morto nem aqui no Estado de SP e nem em nenhuma outra parte do Brasil (…)”.
Para Boulos, a eleição presidencial de 2022 não está ganha. “Essa eleição vai ser uma batalha, vai ser uma guerra. O bolsonarismo, por mais que o governo dele seja trágico, seja a pior coisa que aconteceu na história republicana do Brasil – e aí você junta a insanidade, a desumanidade durante a pandemia, você junta a política neoliberal agressiva, selvagem, que devolveu o Brasil para o Mapa da Fome, inflação, desemprego, tudo isso – e mesmo assim ele (Bolsonaro) tem um piso que não cai para baixo de 20%”.
Outro ponto a ser lembrado envolve os efeitos do programa Auxílio-Brasil que, “embora a gente saiba que é uma política eleitoreira, que o Bolsonaro não está nem aí para o que as pessoas mais pobres estão vivendo, mas R$ 400 para 18 milhões de famílias, seria ingenuidade acreditar que isso não vai ter efeito eleitoral, sobretudo nas periferias do país”, diz Boulos
“O Bolsonaro vai precisar ser derrotado, não existe vitória de véspera, e o mesmo vale para o candidato bolsonarista aqui no Estado de São Paulo”, diz o político do PSOL
Sobre o pacto do ex-presidente Lula para a disputa eleitoral, Boulos diz que “em uma eleição como essa, em que o outro lado é a barbárie, é natural que você busque dar gestos ao centro, gestos ao campo democrático, buscar dialogar. Agora, isso, não pode ser feito ao custo de perder a identidade de um projeto político. Nós temos que ter em mente que 2022 não é 2002, e que 2023, se o Lula ganhar a eleição (e nós vamos trabalhar para isso), não será 2003 (…) A realidade do Brasil é outra”
Veja a entrevista completa com Guilherme Boulos na íntegra da TV GGN 20 horas. Veja mais no vídeo abaixo
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E o tal IREE ?
Guilherme Boulos ganha a minha admiração, por saber fazer suas escolhas, por respeitar e entender que dará saltos imensos no entendimento político e partidário, com o seu alinhamento e sua aproximação de Lula. Tenho certeza de que terá um admirável futuro político, em eleições não muito distante. Entendo que não se rende aos alarmistas e golpistas de plantão e que mostra claramente ao povo brasileiro que sempre estará ao seu lado. Espero que em breve eu possa, pelo Rio de Janeiro, lhe conferir meus votos em muitas eleições.