Para Manuela D’Ávila, campanha 2022 começará de onde parou em 2018

Em evento no Rio, ex-deputada federal ressalta necessidade de regulamentação dos meios de comunicação caso Lula seja eleito

Foto: Twitter Manuela D’Ávila

“A eleição de 2022 vai começar de onde parou em 2018”, aponta Manuela D’Ávila sobre fake news

Do Brasil de Fato

Por Mariana Pitasse

“A eleição de 2022 vai começar de onde parou em 2018. Eles estão subindo degraus sobre como produzir fake news. Vamos tratar a comunicação com a centralidade que ela tem ou não?”, provocou Manuela D’Ávila, ex-deputada federal e militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

A fala foi o pontapé inicial de sua participação no debate que discutiu a comunicação em tempos de ódio no Teatro Popular Oscar Niemeyer, em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, na noite desta sexta-feira (25).

A fala de Manuela integrou sua análise sobre a necessidade de regulamentar a comunicação em um futuro próximo, mais precisamente após as eleições de 2022, caso Lula (PT) se eleja, conforme mostra a maior parte das pesquisas até aqui.

“E falo de todos os meios de comunicação. As rádios, televisão, também a Internet. É preciso voltar para trás nesse debate. Além disso, é preciso nos perguntar como comunicar de maneira permanente. Na eleição, a gente chega e eles estão há tempos falando diariamente com as pessoas. Estamos anos-luz atrasados em como nos comunicar”, complementou.

Também participaram da discussão Sérgio Amadeu, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), Orlando Silva, deputado federal PCdoB-SP, Leandro Demori, editor do The Intercept, e Suzy dos Santos, diretora da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). E evento fez parte da programação do Festival Vermelho, série de comemorações pelo centenário do PCdoB na cidade em que foi fundado em 1922.

Para Demori, o grande diferencial das eleições de 2022 é que os mecanismos utilizados pelos grupos de extrema-direita estão expostos e não são mais desconhecidos ou subestimados como foram em 2018.

“A estratégia inicial deles foi usar meios para atacar diretamente pessoas públicas e não as instituições ou meios em que trabalham. Escracho contra as pessoas. Eles passaram então a criar o produto, identificar o alvo e passar a sensação de que está todo mundo contra essa pessoa. É uma estratégia muito poderosa. Antes nós não a conhecíamos, agora nós sabemos e sabemos que são podres. E temos que enfiar o dedo no olho dessa gente até outubro de 2022”, disse aos aplausos da plateia, em grande parte formada por militantes do PCdoB.

Complementando a fala de Demori, o pesquisador Sérgio Amadeu falou sobre a maneira como a internet inverteu o fluxo de comunicação conhecido até então.

“E Bolsonaro chegou tocando o terror e usando a estratégia de micro segmentação, ou seja, se minha mãe tem ‘medo de homossexuais’, as notícias reforçando isso chegavam até ela, por meio do WhatsApp. Estamos enfrentando o fascismo na era digital. O fascismo clássico é outra coisa. Hoje é uma guerra via rede. Os fascistas são replicadores, eles não questionam, seguem o líder. Só tem um jeito do Bolsonaro ganhar a eleição e é por meio de uma campanha de desinformação, em uma campanha como nunca vimos: 2018 é fichinha perto do que vem por aí”, avaliou o professor.

Para Manuela, a estratégia para driblar o que promete ser a disputa eleitoral deste ano tem que ser o enfrentamento.

“Eu acho que temos que enfrentar e dobrar a aposta. Mostrar quem somos, falar menos do que eles falam e mais do que queremos falar. Para não virarmos uma esquerda que tem medo. Nós somos o terror deles, justamente porque acreditamos em um mundo completamente diferente deles, por isso querem nos eliminar. Nós temos que reforçar quem somos”, finalizou.

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Redação

1 Comentário

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  1. A opinião, especialmente a transmitida à massa sempre foi controlada. Por mais democrática que se tenha tentado.

    A primeira tentativa de fundação de minha cidade, em 1620 foi abortada por um padre. É que primeiro se fazia a igreja, que era o altar, o parlatório, palaque, para depois se instalar a “villa de cem vezinhos”. Consentimento do padre, e por intervenção deste, consentimento do rei. Porque a palavra tinha que ser controlada.

    A 1ª à Constituição dos Estados Unidos rompeu com esse monolitismo religioso; mas gerou o relativo auto controle religioso com a permissão de variados formas de religiosidade, estendendo ao jornalismo, que já se firmava remotamente.

    Sem meios legais de “freios e contrapesos” nas comunicações acaba-se inevitavelmente num esboço ditadura dos Diários Associados, ou numa ditadura total, tirânica, mesmo que huxleyana das ORGANIZAÇÕES GLOBO.

    Mas não pode ser só isso: PROIBIR. Fetiche comum a quase todos os “resolvedores”.

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