Foto: Mídia Ninja
Do Justificando
Com protestos presos na narrativa de sempre, dificilmente haverá alguma alteração sensível nos planos políticos e econômicos
por Breno Tardelli
Impossível não acompanhar pessoas envolvidas e empolgadas com a greve geral contra as absurdas reformas trabalhista e da previdência. Posso estar errado, mas digo agora para refletir no futuro porque não consegui dividir o mesmo sentimento de esperança de que a Greve Geral barrará alguma dessas reformas.
Vale dizer que é provável que um evento dessa magnitute possa reverter em um posicionamento oficial, na revisão de dois ou três artigos do projeto de lei, ou ainda na postergação da aprovação dos projetos, enquanto o governo espera a poeira abaixar. O ponto do texto, contudo, é que não haverá nenhuma alteração drástica nos planos da elite política e econômica brasileira, por uma série de fatores que envolvem o modelo de manifestação atual:
1) O Governo de Michel Temer não possui compromisso com o voto e, portanto, com a população. Por mais que governos eleitos tomem decisões contrárias aos interesses de seus eleitores, alguma ações são feitas para agradar ao cabo eleitoral, mantendo-o minimamente satisfeito. Temer não tem esse compromisso e, portanto, não é atingido pelo povo.
2) Esse modelo de manifestação, de colocar gente na rua, foi criminalizado quando rompeu com absoluto pacifismo. Forçado a ser dessa forma, a manifestação pacífica se mostrou insuficiente para o impeachment, PEC 55 e outras pautas. Ou seja, mobilizações em massa como essa são superadas com mais ou menos facilidade pela estrutura que legitima Temer no poder.
3) As manifestações em massa podem – principalmente se houver repressão – produzir excelentes fotos que denunciam o absurdo que estamos vivendo aqui. Essas fotos servem muito se há interesse internacional em denunciá-las. Não há esse interesse de Estados estrangeiros e ficamos a depender apenas do voluntarismo da cobertura internacional das mídias, que não fazem verão se não houver interesse institucional das nações estrangeiras em pressionar o governo a atender as demandas.
4) O que pode surgir de efeito numa eventual repressão seria a elevação da revolta de quem foi atingido e a possibilidade de reflexão dessa pessoa então não querer mais passar por isso sem necessidade e buscar outras formas de reação que sejam mais diretas, algo desestimulado em larga escala pela estrutura do estado, social e midiática, simplesmente por ser forma de manifestação diferente da aceita pelo senso comum. Portanto, pode acontecer, mas é improvável.
5) A mídia brasileira de massa cumpre seu papel na maior cobertura sobre trânsito da história. Faz questão de desinformar e fugir do tema. Por mais que as mídias alternativas tentem fazer algo contra a dificuldade imposta pelo governo, há a dificuldade da mídia que não foi democratizada. Tem gente que sequer possui acesso à internet para acompanhar mídia alternativa, que é limitada até um ponto.
6) Temer governa para 1% e enquanto 99% mantiver uma postura dócil com seu governo, ou ainda no auge da resistência for apenas capaz de reunir pessoas pacificamente que, no máximo, rebelam-se contra vidraças e soldados da PM, vale a pena pagar o custo político do desgaste de passar por uma greve geral sem atender nenhuma pauta. Pacifismo atual só é excepcionado para manifestante se contrapor a peão, ao invés de se contrapor a quem tem, de fato, o poder. O Congresso do 1% precisa apenas dessa legislatura para fazer o que quer e nas próximas eleições conta com a desinformação e compra da vaga parlamentar pelo desequilíbrio financeiro.
7) Facebook, Twitter, Google e afins são plataformas que funcionam na base do ego. Isso significa que quem capitalizou com massagem no ego do curtir, amei e tantos comentários quando comemorou o impeachment ou foi nos protestos do pato, em geral não vai voltar atrás, pois para isso teria que haver uma auto-crítica, algo muito raro nos tempos de hoje. Ou seja, uma vez pato, sempre pato.
8) A autocrítica é algo tão raro que o simples apontamento de que precisa haver o rompimento do modo “oficial” de se manifestar gera críticas como “não é a hora de falar sobre”, “criticar não adianta nada”, “precisamos mobilizar e estimular”, como se o diagnóstico e apontamento em si não fossem algo positivo para melhoramento dos impactos da manifestação. Se há alguma hora para falar sobre, essa é a hora. Precisamos mobilizar e estimular as pessoas a agirem, mas de forma a romper com o status quo e não fortalecê-lo.
9) Por isso, enquanto for essa forma de manifestação pacífica sem autocrítica e a revolta não for pessoalmente contra quem está decidindo com apoio do estrangeiro por essas reformas, e enquanto ela não se libertar da mídia de massa, é realmente improvável que haja algum êxito, que não seja a capitalização política dos organizadores do protesto tão somente, sem qualquer reforma estrutural. Lembre-se, por último, que grupos autônomos que percebem essa limitação são pequenos e sem força política suficiente para elaborar algo em escala suficiente para repercutir no plano do poder.
Entender que há limites não significa que concorde nem discorde da manifestação. É a constatação de uma limitação, apenas. A greve é tudo que temos no momento e as pessoas que desejam ir têm todo direito e dever de assim agirem, pois, em regra, não têm relação ou influência com quem mobiliza o ato apostando no modelo pacifista. A massa das pessoas faz o que pode dentro do limite estabelecido pela esquerda organizada.
Por outro lado, ao perceber a limitação, quem tem o poder de mobilizar e tomar decisões vitais para os protestos de massa também tem a oportunidade de melhorar. Mas, enquanto isso não ocorre, não desmotivo quem está na gana de ir nos atos. Quem quiser ir que vá, que seja um sucesso e que, quem sabe por um milagre, o tirano com 4% de aprovação caia. Entendo que quanto mais gente for, quanto mais vezes as pessoas forem, mais perceberão a necessidade de transcender o que está posto como padrão na forma de reivindicar os direitos. Ir e manifestar-se pacificamente é insuficiente para produzir efeitos drásticos, mas essa reflexão final trabalha com o deserto do real.
Sinceramente, estou na torcida por quem está no ato, mas com receio e certeza de nada de sensível será alcançado a não ser que o “protesto pacífico” seja superado. Outro modelo, menos pacífico e indireto não só é possível, como também é necessário.
Brenno Tardelli é diretor de redação do Justificando.
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
Comentário.
Concordo.
Por parte dos ditadores, têm muita grana envolvida, muito interesse.
Falar em descolamento da representação política da população, embora verdadeiro, é a natureza deste golpe.
Golpe de plutocratas e atravessadores.
Por isso é que considerei já a questão de se fazer paralisações e manifestações de forma contínua. E mesmo esta, admito, não tenho certeza se é o meio mais eficaz (o artigo, segundo ma parece, aponta isto).
Alguém precisa botar os pés no chão e encarar a realidade
1) Não adianta greve geral, Projeto Brasil Nação, abaixo-assinado, protesto, nada disso adianta, estamos vivendo o pior dos mundos, essas ações são muito bonitas, porém inócuas;
2) Ontem, espancaram os palestinos e árabes refugiados que gravitam em torno do al Janiah, comandado por uma das melhores pessoas que á conheci, o Hasan Zarif. Estão presos, incomunicáveis, Hasan está em greve de fome. Consequências: vão expulsar do Brasil grande parte dos meninos que trabalham no al Janiah. Estão enquadrados na lei de terrorismo, formação de quadrilha, etc. quem explodiu as bombas? Vá uma noite no Al Janiah, conheça aquele pessoal e veja se alguém ali daqueles frapazes seria capaz disso, a maior parte estrangeiros, sabem perfeitamente dos riscos;
3) As bombas de ontem forma jogadas pelos integrandes do MBL e da Direita Brasil, do “príncipe” Orleans e Bragança;
4) A professora Elika Takimoto desativou seu perfil ontem no Facebook. Motivo: “A escritora Elika Takimoto desativou seu perfil que contava com 150 mil seguidores pouco depois de ‘memes’ começarem a circular no Facebook com a foto de seu rosto, a legenda ‘RACISTA’, reproduções de seu contra cheque, número do CPF e endereço! “
5) Não podemos contra isso. Não dá para iniciar uma nova luta armada.
Já digo a tempos que não há
Já digo a tempos que não há saída pacífica para o imbróglio que nos metemos.
Para que obtenhamos scesso é IMPERATIVO que o VERDADEIRO INIMIGO seja alvejado, e não de maneira pacífica.
O VERDADEIRO INIMIGO do povo brasileiro atende pelo nome de GLOBO.
É contra este inimigo que a população deveria se rebelar incendiando a matriz, de preferência com os marinhos dentro, e todas as afiliadas/metastases desse câncer que encontrar pela frente.
Depois diso, poderemos ter alguma esperança de dias melhores.
Mas, temo que haja outro câncer nascendo: chama-se Banco ITAU.
E quem comanda a Rede
E quem comanda a Rede Globo?
A globo é apenas um instrumento de um poder muito, MUITO MAIOR.
E também tem os seus pecados devidamente registrados, que podem ser usados para destruí-la caso haja qq recuo.
Igual a muitos países do mundo, estamos sob ataque. No nosso caso, sem uso da força militar. Os tais acordos de cooperação, bem definidos pelo post do André Araújo, foram suficientes.
É o fim!
Se eu entendi o que está escrito, então, jamais sairemos desta situação, onde o que o povo pensa ou deseja, não tem a menor importância e, como o povo brasileiro nunca se revoltou contra nada, exceto quando devidamente manipulado pela elite, voltaremos à escravidão nos moldes do século XVIII.
Concordo integralmente
Concordo integralmente com o texto. Venho me posicionando assim desde que o golpe foi efetivado.
Por tudo o que foi descrito, não há espaço nenhum para o mais brando otimismo, infelizmente. E eu concordo.
Mas precisamos encarar de frente a realidade e fazer nossas análises com os pés no chão.
Torço muito para estar errado, mas acho que demorará até sairmos dessa situação. Uma geração inteira, talvez.
Mas que lenga lenga é esse? Tá defendendo manifestaça violenta?
Aí é que justificaria repressao e a mídia faria um show. Cabeça de vento! Sugerir outras formas de protesto além das manifestaçoes OK, seria bom, mas nao sem proposta e criticando o fato das manifestaçoes serem pacíficas.
Concordo plenamente com
Concordo plenamente com você. Venho dizendo o mesmo desde as tais “Jornadas” de junho de 2013.
De mais a mais, não tem meio termo: ou o protesto é pacífico ou se defende a derrubada violenta do governo e apoiadores (Globo, Itaú, etc), com toda a terra arrasada inerente ao processo. Ficar nessa de quebrar vidraça de banco – por mais bonitinho que seja satirizar supostos “defensores de vidraça” – não ajuda P nenhuma na adesão aos protestos e ainda atrai os “idiotas da objetividade” defensores da repressão policial mais covarde e cruel. Taí 2013 que não me deixa mentir.
Concordo em boa parte, só que
Concordo em boa parte, só que se houvesse uma grande greve por tempo indeterminado, com adesão maciça da população, aí sim, ao pressionar o capital, haveria sucesso no movimento.
Alvisseras Analu,cabeça de
Alvisseras Analu,cabeça de vento não sei exatamente se ele é,agora o texto dele é um chamamento para o endurecimento do regime,quicá desenbocando em uma guerra civil.Sem duvidas,são duas alternativas já bastante consideradas pela quadrilha que assaltou o poder,basta verificar a forma como agem.Se você nunca leu,estará lendo pela primeira vez:Chegou a hora da onça beber agua,em outras palavras,ou calça de veludo ou bumbum de fora.
Qual é a alternativa?
Está bem, mas qual é a alternativa proposta por Bruno Tardelli? Dizer isso e aquilo em um texto é simples, ir ao campo concreto das propostas e do desafio de pô-las em prática é outra coisa. De minha parte, digo que é necessário dar amplitude e continuidade às manifestações, o que entendo por tê-las em maior número e em menor prazo. Mas concordo fortemente que o bom-mocismo petista é desanimador.
DITADURA NORTE AMERICANA JURÍDICA MIDIÁTICA 2016
Os batedores de panelas sumiram! Não precisam mais perder tempo com manifestações como fizeram para dar golpe e implantar a ditadura do temer. Foram substituidos por outros manifestantes grevistas, que estão ajudando a ditadura do temer parecer uma democracia…. DE GRAÇA!
ABAIXO OS DITADORES DA MÁFIA DO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO CLINTON E DEMOTUCANOS PEEMEDEBISTAS!
Ter que pôr fogo em tudo. É a
Ter que pôr fogo em tudo. É a única saída.
Comece pela sua casa, tirando
Comece pela sua casa, tirando a família, porém com você dentro.
Por fogo em tudo, principalmente em você, Caetano
“…Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima…”
Carlos Drummond, A Flor e a Náusea
Boicote
Não assito tv aberta
Não assino tv paga
Não compro (e me recuso a ler) produtos da grande mídia
Não entro em certos estabelecimento comerciais
Suspendi minha conta no Facebook (não confio no algoritmo que seleciona o que “pode ser do meu interesse”)
Somos milhões de consumidores. Uma ação com efeito econômico pode fazer que a nossa voz seja ouvida.
É assim que os líderes
É assim que os líderes gostam, gente pouco esclarecida, que não analisa os diversos pontos de vista.
Esta foi de preparação
A greve geral ocorrida foi uma advertência ao governo e uma preparação para a VERDADEIRA greve geral, por tempo indeterminado, até que o governo seja derrubado. Somente a mobilização dos trabalhadores pode por fim ao golpe. Não há saída dentro das instituições apodrecidas.
Os caras têm grana demais …
Pra colocar na parada… Fora a grana que vem de fora… É phoda… Somos uns sem grana e sem mídia!
Agora imagine se o poder não emanasse do povo
Com o poder emanando do povo, esses golpistas corruptos não dão a mínima para o atendimento das demandas sociais, imagina se o poder não emanasse do povo.
Resumindo… Guerra civil e
Resumindo… Guerra civil e começar a geração do zero.
Eles tem polícia, Exército, o
Eles tem polícia, Exército, o Tráfico e nos temos o que ???
E mesmo se nós sem nada estivermos apra vencer eles com tudo, eles ainda chamam os Marines e a 4ªfrota.
Precisariamos no mínimo rachar o Exército para pensar nisso, e mesmo assim, eles teriam fluxo de armas e munições continuo, e nós não. PRecisariamos de uma potência estrangeira apoiando nosso lado, mas ninguém vai ter corragem de ajudar uma guerra contra aliados dos Estados Unidos nas Américas. Russos e Chineses respeitam isso aqui como quintal americano, embora os americanos respeitem sequer a Ucrânia como quintal Russo.
Mas se tiver alguma chance de vitória para nós, sou a favor. E o Brasil vai ser mais um país que vai de uma “primavera” para uma guerra civil. Os Troskos irresponsáveis deviam ter visto o que aconteceu na Síria e na Líbia antes de arrumarem a mesma droga por aqui.
Para não termos protestos vãos…
Nada é impossível de mudar
(Bertolt Brecht)
Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.
Para não termos protestos vãos, para sairmos desse antro estreito, façamos nós por nossas mãos tudo o que a nós nos diz respeito.
Pau nos Golpistas Corruptos e nos seus lambe-botas. Eles são pouquíssimos, nós somos milhões.