Blindar Milton Ribeiro, o ministro da Educação apontado no esquema de repasses de propina de prefeitos a pastores, afetará diretamente a campanha de reeleição de Jair Bolsonaro.
Essa é a avaliação dos aliados do presidente, do comitê de reeleição, do Centrão, da bancada evangélica e de militares – todas as bases de apoio do mandatário, segundo coluna de Andreia Sadi, no G1.
Integrantes do Centrão fizeram a avaliação, que foi concordada pelas demais frentes, incluindo lideranças evangélicos e assessores diretos de Bolsonaro na sua campanha à reeleição este ano.
Segundo eles, o ideal é isolar e, de preferência, exonerar Milton Ribeiro do cargo. Mas o mandatário, a priori, não deu ouvidos. Nesta quinta (24), Bolsonaro chegou a sair em defesa do ministro, afirmando que botava a sua “cara no fogo por ele”.
Minimizou o grande esquema de corrupção revelado pela imprensa, com áudio divulgado pela Folha de S.Paulo, em que o ministro escancara que o MEC iria “priorizar” as demandas dos pastores nos repasses às cidades. Os pastores, por sua vez, como revelou o noticiário, pediam propina aos prefeitos para que os recursos do MEC chegassem às cidades.
“O Milton, coisa rara de eu falar aqui. Eu boto minha cara no fogo pelo Milton, minha cara toda no fogo pelo Milton. Estão fazendo uma covardia com ele”
Para Bolsonaro, as recomendações de aliados de exonerar o ministro eram “buzinadas”: “Agora, tem gente que fica buzinando, faz chegar pra mim: ‘Manda o Milton embora, já tenho um bom nome para botar aí.’ Tem gente que quer botar alguém lá, mas não fala publicamente, ‘ó eu tenho um nome’.”
Na avaliação do comitê de reeleição, a crise poderá custar a tentativa de recuperação da imagem do mandatário, chegando a caracterizar a situação como “crise sem freio” e “insustentável” a permanência de Ribeiro no Ministério.
O caso já chegou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nesta quinta (24), o PT acionou o TSE a investigar a conduta de Jair Bolsonaro e do ministro da educação com as irregularidades.
“Pelo menos 10 prefeitos revelaram que pastores bolsonaristas intermediaram verbas do MEC e três admitiram propina. É ouro, dinheiro público, orçamento secreto pra reduto eleitoral, uso da fé. PT acionou TSE contra Bolsonaro e Milton Ribeiro por abuso de poder econômico e político”, escreveu Gleisi Hoffmann, presidente da sigla, nas redes.
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