O jornalista Lucas Neiva, do site Congresso em Foco, teve seus dados pessoais vazados e se tornou alvo de ameaças de morte por ter divulgado um esquema de disseminação de fake news em favor do presidente Jair Bolsonaro.
Neiva divulgou neste sábado (04/06) uma reportagem onde denunciava a tática de produção de notícias falsas a favor do atual presidente no imageboard 1500chan – fórum onde é possível encontrar diversas postagens anônimas com teor antissemita, racista, extremista e disseminadora de teorias da conspiração nas abas relacionadas à política.
Um usuário da plataforma (considerado o mais ativo imageboard brasileiro) se propôs a pagar em criptomoedas pela criação de conteúdo a favor de Bolsonaro que viralizasse na Internet.
O anúncio em questão não só apresentou uma série de instruções para que o conteúdo seja disseminado, como apresentou uma carteira de bitcoins para os interessados em doar para a campanha, e a orientação de que o criador não precisa acreditar no que diz.
Os usuários também propõem medidas sobre como a própria plataforma pode moldar a população a favor de Bolsonaro por meio de propagandas online, com o foco na criação de um “sentimento de ódio contra tudo o que (o ex-presidente) Lula representa e no mínimo a sensação de ‘o Bolsonaro está certo em alguma coisa’”.
Em meio a sucessivos ataques à mídia, os usuários também discutiram a criação de uma biblioteca de material midiático a favor de Bolsonaro, assim como formas de jogar a culpa na oposição pelo desempenho econômico da gestão presidencial.
Com a revelação do esquema, Neiva passou a ser alvo de ataques à sua honra, seus dados pessoais e endereço foram divulgados, além de receber ameaças de morte. A editora do site Vanessa Lippelt também foi citada.
O site Congresso em Foco chegou a ser derrubado pela madrugada, voltando ao ar na manhã deste domingo (05/06). O caso foi registrado na 9ª Delegacia de Polícia de Brasília.
Após a descoberta, o site 1500chan trocou sua interface, tornando-a acessível apenas para usuários que utilizarem ferramentas específicas do navegador, em uma estratégia chamada de “máscara de chumbo”.
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