TVGGN analisa prováveis resultados da eleição: onda da direita e consolidação de Marçal na política

Com possível cassação de Marçal, eleições em São Paulo podem ser judicializadas se coach tiver votos suficientes para seguir para o segundo turno

Crédito: Reprodução/ TVGGN

A TVGGN acompanha as eleições municipais neste domingo (6) e contou com a participação de Frederico Krepe, mestre em Filosofia pela UFJF, para comentar as últimas pesquisas de intenção de voto e os cenários políticos após a disputa pelas prefeituras de todo o país. 

Uma das constatações de Krepe é que os resultados das urnas devem indicar uma nova onda da direita, talvez não tão forte quanto a de 2022, mas ainda assim expressiva. 

Isso porque em 2020, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apoiava três favoritos às eleições dos executivos municipais, assim como Jair Bolsonaro (PL), na época chefe do Executivo Federal. “Em 2024, você tem três com o Lula e 12 com o Bolsonaro. Então, há um impacto do Bolsonaro nas capitais muito forte.”

Outra tendência é a de que as eleições em São Paulo, que atualmente apresentam empate técnico entre Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB), talvez não terminem nem no dia 30 de outubro, quando acaba o segundo turno. 

“Na minha opinião, provavelmente eu acho que eles vão cassar a candidatura do Marçal e aí como vai ficar? Porque se o Marçal passa para o segundo turno, contra o Boulos, o Nunes vai se sentir prejudicado e vai querer outra eleição. Se o Marçal não passar para o segundo turno, aí tudo bem. Mas se tem um cenário de Nunes e Marçal, ou Marçal e Boulos no segundo turno, quem ficou de fora vai se sentir prejudicado e vai querer judicializar a eleição. Marçal ainda adicionou um elemento de insegurança na eleição”, opina o convidado. 

Derrotados

Para Krepe, um dos grandes perdedores desta eleição foi Jair Bolsonaro. Isso porque o principal expoente do bolsonarismo pode ainda manter uma estratégia digital forte, mas errou em São Paulo ao apoiar um candidato do sistema no maior colégio eleitoral do país. 

“Se o Boulos ganha, ele vai ver o candidato do Lula ganhar na maior cidade do país. Se o Marçal ganha, ele ainda vai ver um concorrente muito sério a sua base, um concorrente que entrou para disputar a sua base e ganhou. Se o Nunes ganha, o Bolsonaro vai ser visto com muita desconfiança, porque quando o Marçal cresce, o Bolsonaro vai e se afasta do Nunes. Aí Nunes retoma um pouquinho a tração e o Bolsonaro se aproxima de novo”, continua o mestre em Filosofia.

Caso Boulos e Marçal vençam a primeira disputa e sigam para o segundo turno, a derrota reverbera não só em Bolsonaro, mas também no governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Mas este último estaria em uma situação mais confortável, porque tem a opção de não fazer campanha para o coach. 

Vencedor

Pablo Marçal, candidato pela prefeitura em um partido considerado nanico, já pode se sentir um dos grandes vencedoras do pleito, mesmo sem disputar o segundo turno. Isso porque as pesquisas indicam que ele deve receber 25% dos votos, o que o torna um ator político com poder de negociação. 

“O caso Marçal é um caso muito importante de se observar. O nicho antipolítica está muito forte e a gente está em uma situação hoje no Brasil que existe uma direita tensionando muito nesse aspecto da antipolítica e a esquerda colocou em um aspecto de defesa do sistema. Então, a esquerda se colocou nas cordas para a direita fazer essa pressão e eles estão ganhando muito voto com isso. É muito impressionante, por exemplo, você ver que o bolsonarismo está dividido e tem duas candidaturas com mais de 25% dos votos em São Paulo. Pablo Marçal batendo de frente com a candidatura bolsonarista, que é também um reflexo dessa antipolítica, porque o Bolsonaro vem com esse elemento da antipolítica”, explica o convidado. 

No entanto, ao apoiar Ricardo Nunes, Bolsonaro incomodou a própria base, tendo em vista que o atual prefeito da capital faz parte do sistema. Marçal, então, explorou este erro estratégico, se colocando como o verdadeiro candidato anti-sistema. 

Centrão

Mais uma constatação: a ascensão do Centrão nas eleições das capitais. De acordo com as pesquisas, PSD, União Brasil, PP e MDB estão liderando 18 capitais. Com o PL, o total sobre para 24. 

Segundo Krepe, o fundo partidário e estrutura que os quatro partidos têm para fazer campanha no país inteiro justificam o desempenho, especialmente no interior. “Você consegue ser candidato pelo PSD no interior do Brasil com dinheiro e sem muito compromisso ideológico.”

Já a organização do PL e do bolsonarismo explicam que o partido tem um potencial para atrair o Centrão para a direita. “Você não se filia necessariamente a um desses partidos com um compromisso ideológico, mas na hora de buscar voto, dependendo de onde você vai buscar voto, você tem de botar esse voto mais a direita por conta dessa disputa que o bolsonarismo faz e que é eficiente, no sentido de internet, WhatsApp”, observa.

Veja a live na íntegra:

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