O primeiro turno das eleições de São Paulo se aproxima e o empate técnico nas pesquisas de intenção de votos entre os candidatos Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB) dificulta a projeção de quem disputará o segundo turno do pleito.
Mas para Paulo Roberto de Souza, cientista político e professor de pós-graduação em Mídia, Política e Sociedade da FESPSP, Nunes e Boulos devem sair vitoriosos no próximo domingo (6), tendo em vista que, com exceção da Veritá, que colocou Marçal na liderança da preferência dos paulistanos, Boulos e Nunes se destacaram nas pesquisas ao longo da campanha eleitoral.
“Na nossa pesquisa temos, com 28%, o Ricardo Nunes, o Boulos com 27%, os dois tecnicamente empatados, e o Marçal com 15%. Então, no nosso histórico, fizemos pesquisas mensais até agora, e nós temos o quê? Nós temos o Guilherme Boulos, que saiu com 26% em julho, oscilou para 23% em agosto, e agora está com 27%. Ou seja, nesses dois meses não teve uma mudança significativa, só uma oscilação. O Nunes sim cresceu de 22% nas duas anteriores para 28% agora, e o Marçal foi de 11% em julho, com um crescimento para 17% e agora está com 15%”, afirma Souza, convidado do TVGGN 20H da última segunda-feira (30).
O cientista político não acredita na ida de Marçal para o segundo turno porque o candidato PRTB cresceu nas pesquisas em um momento de ‘cristianização’ de Ricardo Nunes, em que os eleitores acreditaram que o atual prefeito de São Paulo não tinha forças para se reeleger e, por isso, cogitaram apoiar o coach.
“Só que veio o 7 de setembro e aquela confusão na Paulista, que o Marçal chega atrasado porque chegou da viagem que ele achou que ia encontrar o Bukele [nayib Bukele, presidente de El Salvador e ícone da direita], ele não encontrou, tenta subir no trio elétrico para falar, os seguranças não deixam, o Bolsonaro já sai cuspindo marimbondos, o Silas Malafaia faz vídeos atacando o Pablo Marçal. E aí, desse momento, vem o quê? Um início de recuperação do Ricardo Nunes”, lembra Souza.
O entrevistado acredita que o eleitorado mais fiel do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) acata o que o Bolsonaro quer, causando um conflito inclusive no segmento evangélico, que chegou a cogitar o apoio a Marçal, como a Assembleia do Ministério Belém.
No entanto, caso a marolinha de Marçal vingue, o candidato mais prejudicado será o Ricardo Nunes. “O voto da direita, o voto antipetista, (13:57) antiprogressista, ele é tão pragmático que identifica rapidamente a onda para quem pode ser mais viável para derrotar o candidato progressista no segundo turno”, explica.
Progressismo neoliberal
Já em relação à Tabata Amaral (PSB), Paulo Souza acredita que a candidata não tem chances de ir para o segundo turno, uma vez que não conseguiu passar dos 10% de intenção de votos nas pesquisas, além de não ter tanto tempo de TV, campanha de rua ou engajamento.
No entanto, ela representa o que a filósofa Nancy Fraser descrevia como progressismo neoliberal: uma corrente alinhada às pautas de direitos humanos, mas com um pragmatismo econômico neoliberal consistente.
“Ela está nesse lugar que hoje é um lugar não competitivo hegemonicamente, não só no Brasil. Não competitivo, mas que precisa de quê? Uma vez que a centro-direita foi arrastada para a direita e pela extrema-direita, resta a tentativa desse neoliberalismo progressista que flertava muito com essa direita, essa centro-direita, se transformar na alternativa esquerda”, resume o cientista político.
Um exemplo de progressista neoliberal é o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), que venceu Onyx Lorenzoni (PL) com o voto do campo progressista, “que tem uma responsabilidade do voto democrático histórico”, porque o oponente era uma pessoa que oferecia risco à democracia.
Cabos eleitorais
Se as projeções de Souza se confirmarem, Guilherme Boulos tem a maior probabilidade de vencer a corrida pela Prefeitura de São Paulo, ainda que as pesquisas neste primeiro momento indiquem uma disputa acirrada com Ricardo Nunes.
Isso porque Boulos ganha votos ao contar com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e também quando explora a imagem de Marta Suplicy (PT), com quem compartilha a chapa.
Já Nunes perde apoio ao exibir seu principal cabo eleitoral, Jair Bolsonaro, e o vice não demonstrou potencial para conquistar novos votos.
Eleições 2026
O resultado das urnas deve indicar tendências para a próxima eleição presidencial, realizada em 2026.
Além da divisão social, Souza ressalta que o eleitorado escolhe seus candidatos mais pela rejeição ao oponente do que efetivamente pela adesão às propostas do próprio candidato.
Diante de tal indefinição, a reeleição de Lula depende do resultado do próximo domingo. “Se aquilo que a gente conhece tradicionalmente como o centrão tradicional, que é o moderador ali, o pêndulo da governabilidade brasileira, ampliar as suas prefeituras, notadamente PSD, MDB, PP e até o Republicanos, há tendência que a gente tenha um caminho para a reeleição do Lula, mesmo que, por exemplo, Boulos não vença a eleição em São Paulo.”
Porém, se o antigo centrão debandar para a extrema-direita, o cientista político acredita que Lula terá mais dificuldades no pleito de 2026. “A batalha vai ser mais dura.”
Confira a entrevista completa:
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Progressismo neoliberal? My gosh, help me
Vou escrever em portugues por que ainda moro no Brasil. Não é um conceito dificil de entender. Ate ta explicado no texto. O PSDB tentou fazer isso mas nunca entregou o que prometeu. O Collor idem. Mas ela tava analisando o discurso vazio da Tabata e quis ser elegante. Mas no PORTUGUES claro, Tabata e candidata a Presidente da UNE ou a Sindica de condominio. Politica não é pra ela.
Progressismo neoliberal? Não seria socialismo mercadista, ou conservadorismo devasso, ou quem sabe anarquismo autoritário?
” a filósofa Nancy Fraser descrevia como progressismo neoliberal: uma corrente alinhada às pautas de direitos humanos, mas com um pragmatismo econômico neoliberal consistente.” pronto. Resolvi teu problema. rele e ve se entende.
Marçal sobe às custas da queda do Nunes. Boulos não perde nem ganha