Cordão da Mentira faz manifestação contra violência em SP

Da Cooperativa Paulista de Teatro

Artistas pedem o fim do genocídio popular

No último sábado, dia 29 de setembro de 2012, o Cordão da Mentira saiu às ruas com o tema “Quando Vai Acabar o Genocídio Popular?”. Seguindo os moldes de um bloco carnavalesco, foi realizada a manifestação bem-humorada contra as políticas higienistas adotadas pelo Estado. Durante a caminhada pelo Centro de São Paulo, todos os presentes cantavam sambas com letras escritas especialmente para o Cordão.

A música só parava quando dava lugar a intervenções teatrais. O grupo Folias D’Arte, a Cia Estável e a Kiwi Cia de Teatro ajudaram a compor a manifestação, que passou por pontos estratégicos, como o Memorial da Resistência e a Ocupação Mauá. Além das sedes de alguns órgãos da administração pública ligados aos crimes contra a população periférica: o Espaço do Projeto Nova Luz, a Sede da Guarda Civil Municipal, a Secretaria da Segurança Pública, entre outros, até chegar ao Tribunal de Justiça de São Paulo.

Intervenção teatral no Cordão da Mentira.

A programação iniciou com um sarau e culminou numa caminhada de mais de três horas pela região central da cidade. O percurso prestou homenagens aos mortos nos crimes de maio de 2006 e a todos os jovens que foram assassinados pela Polícia Militar até os dias de hoje. O Massacre do Carandiru, que completa 20 anos, nesta terça-feira, dia 02 de outubro de 2012, também foi relembrado pelos manifestantes.

A questão habitacional não foi deixada de lado. Durante a travessia do Cordão da Mentira, foram prestadas homenagens a todos os cidadãos que vivem em edifícios ocupados; aos moradores do Pinheirinho, em São José dos Campos, que foram abruptamente expulsos de seus lares, em janeiro deste ano; aos membros de todas as comunidades paulistanas que sofreram com incêndios misteriosos e foram proibidos de reconstruir suas casas. A operação brutal da Polícia na região conhecida como “Cracolândia”, que perseguiu os moradores e frequentadores da região, também não passou em branco.

As centenas de pessoas presentes se mostravam indignadas com o alto índice de violência policial no Estado de São Paulo. Desamparados pelo Estado, os manifestantes percorreram alguns quilômetros com o intuito de chamar atenção também para a recente fala do Governador Geraldo Alckmin: “Quem não resistiu está vivo”. Com estas palavras, ele tentou justificar uma ação violenta da Rota, que provocou a morte de nove pessoas em setembro deste ano. O ex-governador, Luiz Antônio Fleury Filho, se apropriou da frase para explicar o massacre do Carandiru, ocorrido durante seu governo.

Débora Maria da Silva, mãe do gari Edson Rogério Silva, assassinado em 15 de maio de 2006, e fundadora do “Movimento Mães de Maio”, foi uma das homenageadas do Cordão. Débora se comoveu durante todo o percurso e encerrou a manifestação com uma súplica ao Poder Público, proferida com aparente comoção e lágrimas nos olhos: “Chega de matar nossos filhos!”


Luis Nassif

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