do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar – Diap
Acesso das mulheres à aposentadoria é dificultada pela “divisão social do trabalho”, diz pesquisadora do Ipea
Se a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/19, do governo Bolsonaro, que trata da reforma da Previdência for aprovada no Congresso tal como foi formatada, as mulheres serão as mais prejudicadas. Esta foi a constatação feita na audiência pública desta terça-feira (28), na comissão especial, que debateu a questão da aposentadoria das mulheres.
Pela proposta do governo, as mulheres serão as mais prejudicadas na hora de se aposentarem. Mesmo diminuindo a idade mínima de aposentadoria de 65 para 62 anos, a reforma continua penalizando-a. Segundo dados de 2016 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), 34,6% das mulheres jovens abandonaram o emprego para cuidar da família. Com isso, não terão tempo de contribuição necessária para ter acesso ao benefício da aposentadoria.
Caso a diferença de papéis sociais e as discriminações para as mulheres continuarem no mercado de trabalho prejudicarão, ainda mais, a conquista da aposentadoria. São as primeiras a serem demitidas, salários menores, jornada tripla de trabalho, oportunidade desigual, maternidade e ausência de companheiros nas tarefas domésticas e na educação dos filhos. Isto é, a divisão social do trabalho impacta mais as mulheres que os homens para acesso ao trabalho e à aposentadoria.
“A divisão social do trabalho dificulta o acesso ao trabalho e, por consequência, à aposentadoria das mulheres”, chamou a atenção a pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Joana Mostafá. “Divisão social do trabalho são convenções de gênero que separam e hierarquizam o trabalho de mulheres e homens”, explicou.
“Um índice internacional que sai todo ano, feito pelo World Economic Forum, que se chama Global Gender Gap Report, que faz um ranking de todos os países, a partir de uma medida sintética de vários indicadores, para comparar os países em relação ao gap de gênero, à desigualdade de gênero. O Brasil, representado pela barra vermelha [gráfico], vindo do mais igual ao mais desigual, está no número 95 em 149 países”, apresentou a pesquisadora.
A desigualdade está piorando desde 2014, de acordo com esse índice. E, no ritmo dos últimos anos desse índice, “nós só chegaríamos ao nível da Noruega, por exemplo, que é um país notório em termos de igualdade de gênero, em 62 anos, e chegaríamos à paridade de gênero, ou seja, a igualdade entre homens e mulheres, em 116 anos”, enfatizou Mostafá.
A divisão social do trabalho impacta nos indicadores de mercado de trabalho. A taxa de participação das mulheres é muito menor. “A taxa de desemprego deles [homens] é 10% no 4º trimestre de 2018, e das mulheres é 13,4%”, mostrou a pesquisadora. E acrescentou: “Parece pouco, mas é uma diferença brutal, são 35% a mais”.
Os salários são 29% menores, em média. “Ocupamos somente 39% dos cargos de gerência. Tudo isso é dado do IBGE. E somos muito empreendedoras. Esse também é um dado muito interessante de se olhar e ninguém nunca olha, o Global Entrepreneurship Monitor, que também sai todos os anos mostra que o Brasil é muito empreendedor. As mulheres são muito empreendedoras, tanto quanto os homens. Isso é bem diferente em vários outros países. No entanto, qual é a diferença entre nós e os homens?”, pontificou.
Demografia
Os aspectos demográficos foram abordados pela professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Denise Lobato Gentil. “Para contrabalançar o efeito demográfico, qual é a conclusão a que se chega?”, perguntou a professora.
“Era necessário o País ter um crescimento da produtividade de apenas 0,7% ao ano, o que é algo absolutamente factível”, enfatizou Denise Gentil. Isso, segundo a professora da UFRJ, iria manter o equilíbrio entre a oferta e a demanda e as condições de envelhecimento absolutamente sob controle.
“Bastava que o Brasil tivesse um crescimento. Não é preciso empobrecer as mulheres, não é preciso condenar os negros e as negras à ausência do benefício. Não era preciso fazer tudo isso que está sendo feito se houvesse uma política mínima de crescimento econômico neste País e uma política industrial mínima que assegurasse 0,77% do crescimento da produtividade”, ponderou. A base de dados é toda do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Hoje fui numa manifestação de rua. Acho que esse pessoal pesquisador também deveria ir, pois tá claro que quem deu o golpe, que continua, não quer crescimento econômico. No máximo uma farra com dinheiro da previdência pra enganar os trouxas.
Enquanto isso uma velha senhora, já fora dos holofotes mas que fez fama e fortuna em cima de (hoje fica claro) uma falsa defesa dos direitos femininos, declarando seu amor por um misógino proclama:
https://www.jb.com.br/cultura/2019/05/1002290-regina-duarte-diz-que-protagonista-de–malu-mulher–se-tornou–muito-chata–muito-feminista.html
Tosco!