Assembleia Legislativa de São Paulo aprova o PL 410/21 sobre a titulação das terras da Reforma Agrária

Luta popular barrou a emenda que pretendia legalizar um milhão de hectares de terras públicas no estado de São Paulo, mas os trabalhadores devem seguir mobilizados

Foto MST

da Página do MST

Assembleia Legislativa de São Paulo aprova o PL 410/21 sobre a titulação das terras da Reforma Agrária

O Projeto de lei 410/2021, apresentado pelo Governador de São Paulo, João Doria, em junho de 2021, vinha sendo denunciado por assentados e assentadas, movimentos sociais, entidades e pesquisadores universitários por propor a privatização das terras públicas estaduais por meio da imposição compulsória da Titulação de Domínio (TD) aos lotes em assentamentos rurais e a regularização da grilagem de terras públicas no estado.

Nesta terça-feira (8/2), o projeto foi recolocado em pauta em sessão realizada de forma remota. Em reunião ocorrida entre lideranças do governo, de partidos de oposição, do MST e representantes de assentamentos do estado, foi firmado, por parte do Governo, o compromisso em retirar de votação o polêmico artigo 4º, evitando, assim, a entrega de 1 milhão de hectares de terras públicas estaduais a grandes ocupantes irregulares.

Pelo menos 180 mil hectares já estão disponíveis em estoque de terras e seriam repassados ao agronegócio, grileiro de terras. Esse artigo era o que dava o nome de “PL da Grilagem” a esse projeto de lei.

As organizações do campo afirmam que seguirão em luta para garantir o direito de livre escolha entre o TD e a Concessão de Direito Real de Uso (CDRU). A obrigatoriedade do processo de titulação, conforme foi aprovado no PL, impõe ao assentado uma dívida compulsória com o Estado, estando assim em nítido desacordo com o previsto na Constituição Federal, que garante ao beneficiário, em seu Artigo 189, a opção pela CDRU.

O que Doria quer é impor aos assentados a titulação, que é custosa, e ainda coloca em risco a própria existência dos assentamentos. Conforme aponta Delwek Matheus, da direção estadual do MST, “a questão do título ficou como o Governo Doria propôs, ou seja, o título de domínio com pagamento pelas famílias, o que pode causar a reconcentração da terra, impactar a produção de alimentos e desagregar as comunidades com a venda de lotes dos assentamentos”.

Ainda de acordo com o MST, a luta pela CDRU não se encerra com a aprovação do PL. O Movimento seguirá em luta na justiça, nas ruas e mobilizando o povo em defesa desse, que garante maior segurança às famílias assentadas.

*Editado por Wesley Lima

Redação

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