Jornal GGN – A revista científica Nature publicada nesta terça-feira (05) mostra o segundo caso em que o transplante de células-tronco tornou um paciente imune ao vírus do HIV. O relato mais recente aconteceu com um homem que vive em Londres e não teve o nome divulgado. Ele foi diagnosticado com o vírus causador da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) em 2003 e com linfoma Hodgkin (um tipo de câncer) em 2012.
Para tratar o câncer, o paciente fez quimioterapia e recebeu um transplante de células-tronco de um doador resistente ao HIV. Desde que foi submetido ao tratamento da terapia genética, há 18 meses, o homem não registrou mais sinais do vírus. Por volta dos 16 meses havia parado de tomar os remédios antirretrovirais.
O primeiro caso foi registrado há dez anos. O paciente era Timothy Brown, residente de Berlim que também enfrentava um câncer, a leucemia, e recebeu um transplante de medula óssea de um doador imune ao HIV. Até hoje Brown não apresenta sinais do vírus HIV.
O tratamento
No segundo caso, os pesquisadores afirmam que ainda é cedo para dizer que o paciente está “curado” do HIV. Mas as expectativas são positivas.
Para entrar numa célula, um elemento precisa se combinar com um dos receptores do corpo. No caso do HIV, o receptor que permite a entrada do vírus no corpo humano é o CCR5. Os cientistas descobriram que pessoas com mutação nesse receptor são imunes ao HIV-1, a cepa mais comum do vírus.
Segundo a publicação da Nature, 1% das pessoas de descendência européia têm duas cópias dessa mutação e são resistentes ao HIV. Assim, os pesquisadores receberam células-tronco de doadores com essa mutação genética específica nos dois casos.
O professor Ravindra Gupta, da Universidade College London, na Inglaterra, que liderou o estudo sobre o segundo paciente, destacou:
“Ao conseguir que o HIV se torna indetectável em um segundo paciente, através de uma abordagem similar, nós demonstramos que o caso do paciente de Berlim não foi uma anomalia. Foi a abordagem de tratamento que eliminou o HIV nessas duas pessoas”.
Já o professor Eduardo Olavarria, do Imperial College London, que também participou da pesquisa pontuou que o sucesso nos dois casos oferece esperança de novas estratégias de combate à Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.
“O tratamento não é apropriado como um tratamento padrão contra o HIV, devido à toxicidade da quimioterapia, que, nesse caso, era necessária para tratar o linfoma”, acrescentou.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) cerca de 37 milhões de pessoas convivendo com a infecção por HIV no mundo e morrem todos os anos cerca de 1 milhão em decorrência da síndrome da imunodeficiência adquirida.
A melhor forma de combater o mal permanece sendo a utilização de preservativos durante as relações sexuais, além do diagnóstico rápido de infecção por HIV e o início do tratamento anti-retroviral, nos casos em que o vírus é detectado.

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