Mutação do coronavírus no Amazonas é a 12ª e está se propagando rapidamente, mostra estudo

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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A nova variante do SARS-CoV-2 encontrada no Amazonas já foi registrada em 8 países, deve estar em outras partes do Brasil e é propensa à reinfecção

Imagem: IANS

Jornal GGN – A nova variante do SARS-CoV-2 encontrada no Amazonas em dezembro de 2020, que juntamente com a falta de estrutura, leitos e oxigênio ocasionaram a maior crise sanitária da região até hoje, é a 12ª mutação do coronavírus constatada.

A descoberta foi feita por pesquisadores da Fiocruz, que acompanharam 165 genomas em 25 cidades do Amazonas, desde o início da pandemia. Até dezembro do ano passado, as contas chegavam a 11 linhagens do novo coronavírus, com uma maior repetição de casos para três mutações – a B.1.1.28; B.1 e B.1.1.33.

Mas no dia 30 de dezembro de 2020, uma pessoa foi contagiada novamente, ou seja, teve reinfecção e a análise identificou a mutação P.1 (B.1.1.28.1), que agora leva milhares de pessoas a serem internadas e centenas de mortes diárias no estado.

Os detalhes dessa variante foram divulgados no último relatório epidemiológico da Fiocruz, um resultado das pesquisas do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) e do Observatório Covid-19 Fiocruz, nesta segunda (25).

“Levando-se em consideração que em uma pandemia milhões de pessoas são infectadas em diferentes locais do mundo, é natural supor que o processo evolutivo culminará com diversas linhagens sendo geradas. (…) A caracterização genética em larga escala, como vem sendo realizada com o SARS-CoV-2 de maneira sem precedentes na história da humanidade, ajuda a identificar eventuais mutações e suas possíveis consequências”, traz o documento.

Com o caso descoberto, na Nota Técnica, os investigadores destacam a capacidade dessa mutação de contagiar novamente uma pessoa que já foi infectada pela Covid-19:

Conforme o GGN revelou nesta quarta (27), o último relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde) informou que a cepa amazonense do coronavírus foi encontrada, somente na última semana, em outros 5 países, já totalizando 8 no mundo.

Em entrevista ao jornal O Globo, o infectologista Marcus Lacerda, da Fiocruz, disse que “é questão de tempo” para essa nova mutação que, ao que indica, é mais contagiosa e possivelmente mais fatal, dominar o Brasil. “Provavelmente essa nova variante já está em outras regiões do país, e é questão de tempo ela se tornar dominante. Em cerca de um mês já deve prevalecer sobre outras no monitoramento”, disse.

Ainda, os pesquisadores da Fiocruz destacam um capítulo especial sobre a vacinação contra a Covid-19 no estado. “É importante que o plano de imunização seja desenvolvido em curto espaço de tempo, para conseguir interferir de modo oportuno na cadeia de transmissão da COVID-19, levando em consideração as condições sociais, demográficas e ambientais”, apontam.

A Nota Técnica também sugere uma série de fatores a serem considerados pelas Secretarias de Saúde da região do Amazonas, que atendam às características locais, e pede a criação de um comitê de “monitoramento e aconselhamento” para a campanha de vacinação nos municípios amazonenses.

Leia a Nota Técnica abaixo:

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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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